Quase sem se dar por ela, e que diferença em relação a um passado quase recente, o PSD vai realizar eleições directas para a liderança e o posterior congresso para eleição dos restantes orgãos e aprovação da estratégia para os dois anos seguintes.
Pedro Passos Coelho será candidato único à liderança e a curiosidade estará mais em saber quantos votos tem (bem como brancos e nulos) do que propriamente a possibilidade inexistente de ter uma disputa eleitoral.
O que faz sentido pelo menos dentro de um certo ponto de vista.
O partido lidera o governo, estaremos na fase final da presença da troika, e a estabilidade partidária será um valor supremo mesmo para aqueles que não se revêem nesta liderança e gostariam de ver surgir uma alternativa.
Será então um congresso de unanimismo ( e como é traiçoeiro o unanimismo no PSD...) em torno da aclamação de Passos Coelho?
Duvido.
Desde logo porque há feridas abertas.
A maior das quais a derrota nas autárquicas em geral e nalgumas câmaras em particular.
Depois porque estaremos a pouca distância das eleições europeias e os candidatos a candidatos são mais que muitos e na altura do congresso haverá já algumas definições ou, pelo menos, a fundamentada suspeita de que já existem lugares cativos para alguns deserdados das autárquicas.
Com a agravante de que Portugal perde um eurodeputado (passa de 22 para 21) e as perspectivas do PSD não são muito animadoras quanto aos resultados face ao que se vai vendo e ouvindo pelas ruas deste país em crise.
E isso, mais o descontentamento das autárquicas, mais a insatisfação do partido face á forma como foi quase permanentemente tratado pelo governo, mais o desconforto face a determinados aspectos da coligação, terá seguramente expressão numa multiplicidade de listas para o Conselho Nacional e quiçá para outros orgãos.
Pelo que sendo expectável a reeleição de Passos Coelho com uma percentagem elevada dos votos expressos é igualmente expectável que votem pouquíssimos militantes (não sei como estará neste momento a situação das cotas mas admito que...catastrófica) e que surjam ainda assim um número significativo de votos brancos e nulos.
Não será um congresso tão fácil como parece.
Porque em volta de um líder eleito sem oposição e da equipa que ele vai escolher para a CPN ( e veremos o que se vai passar quanto ao secretário geral), dando de barato que para o Conselho Nacional dificilmente a lista oficial deixará de ser minoritária, estará uma maioria de descontentes, de insatisfeitos, de revoltados até, que apenas esperarão a melhor altura para expressarem de forma bem visível esses estados de alma.
A duvida é se será depois das europeias ou se se guardarão para mais tarde.
Não faço ideia.
Mas sei que Passos Coelho se quiser( e souber)ainda poderá evitar o deflagrar desse descontentamento.
Tem de fazer as opções correctas em termos de estratégia e de protagonistas sendo certo que neste ultimo caso não poderá deixar de fazer uma enorme remodelação na comissão politica levando para a direcção do partido gente que devolva ao partido a esperança perdida.
É que nuns casos por excesso e noutros por defeito a actual direcção está gasta!
Depois Falamos
Excelente a escolha da fotografia, não podia ser mais adequada ao texto. Brilhante, como sempre.
ResponderEliminarCara CMM:
ResponderEliminarObrigado. Por acaso achei esta fotografia extremamente curiosa e por isso a usei para ilustrar o texto