Embora o contexto deste post seja despido de qualquer assomo de rivalidade e procure ser o mais objectivo possível na análise dos factos verdadeiramente interessantes que se estão a passar no Braga.
A nível associativo mas também de natureza humana.
O Braga (SCB) é um clube que fruto da velha rivalidade com o Vitória conheço quase desde que me conheço.
E a memória que tenho dele, durante muitos anos, é a de um clube com permanentes dificuldades financeiras, dificuldades de encontrar dirigentes, pouca relevância desportiva e vivendo sob o terrível estigma de a maioria dos seus adeptos o serem também do Benfica.
Francisco Mesquita Machado, natural de Famalicão e bracarense por adopção aos 29 anos de idade altura em que ganhou pela primeira vez a câmara de Braga, foi durante três dezenas de anos o grande suporte do clube quer como dirigente quer utilizando a sua influência autárquica para arranjar dirigentes e meios financeiros que viabilizassem o SCB.
Construiu assim uma ligação umbilical entre clube e município tão forte que por vezes era difícil distinguir onde acabava um e começava o outro.
Sempre ligados aos orgãos sociais do SCB, duas vezes até como presidente da direcção, Mesquita Machado foi a figura mais importante do clube ao longo de muitos anos tendo sido pela sua mão (e validação) que chegaram ao clube alguns presidentes como Alberto Silva, João Gomes de Oliveira e António Salvador todos eles empresários na área da construção civil e muito ligados ao poder municipal.
Uma dezena de anos atrás Mesquita Machado escolheu António Salvador para presidir ao clube.
Jovem empresário, de uma geração de bracarenses mais virada para o Porto do que para o Benfica, encetou uma presidência de inegável sucesso desportivo em que o SCB obteve os melhores resultados da sua História, a nível nacional e internacional, e atingiu uma dimensão (o futuro próximo dirá se sustentada)que não se julgava possível uma década atrás.
Tudo parecia correr sobre rodas.
Quis o destino que o fim de ciclo de Mesquita Machado como presidente de câmara coincidisse com o fim de mandato de António Salvador como presidente do clube.
E depois da habitual cena da não recandidatura que se transforma na inevitável candidatura as coisas "azedaram" entre Salvador e Mesquita.
O pretexto parece ter sido a presidência da assembleia geral, desejada pelo segundo mas em que o primeiro queria manter o titular, mas os desenvolvimentos do caso indiciam ser muito mais do que isso e assumem contornos mais vastos.
Fruto dos desentendimentos as eleições já marcadas tiveram de sofrer um adiamento e para surpresa (quase) geral aparecem agora duas listas a concorrer.
A de António Salvador, sem Mesquita Machado, e a de Nuno Carvalho á que se anuncia(mas sem confirmação) o apoio do ex autarca.
E se tudo isto, por si só, já é interessante muito mais se torna quando se constata que na lista de Salvador para o lugar desejado por Mesquita Machado aparece José Manuel Fernandes.
Euro deputado do PSD, presidente da Câmara de Vila Verde entre 1997 e 2009, e mandatário da candidatura de Ricardo Rio à câmara de Braga!
Dificilmente a afronta da "criatura" ao "criador" podia ser maior!
E percebe-se agora, com alguma nitidez, que os problemas entre Salvador e Mesquita supostamente por causa de um lugar de presidente da AG (que noutros tempos jamais existiriam) mais não eram do que o pretexto para o primeiro se libertar do segundo e num gesto de "real politik" tentar aproximar-se do novo poder no município essencial ao concretizar de alguns projectos em curso no clube.
Fica agora a curiosidade de acompanhar os próximos capítulos desta interessante história e tentar perceber se Mesquita Machado ainda pesa em Braga e no SCB o suficiente para estragar os planos a António Salvador.
A ver vamos.
Depois Falamos.
concordo na integra com a análise expressa neste blogue pelo autor, apenas discordo na opinião em relação "a rivalidades" entre as pessoas de Braga e Guimarães, tenho como opinião que é mero "folclore", mas retiro deste texto um valor que se perdeu na nossa construção da democracia é o principio da lealdade.
ResponderEliminarCaro Sr Luís Cirilo
ResponderEliminarO SCB é um caso "sui generis",e que, devido à minha actividade profissional, e por ser um dos meus locais de trabalho, já que era uma das minhas praças, passei a lidar de perto com a realidade do clube.
Sempre soube da devotada dedicação ao SCB por parte de M.M., de tal maneira que qualquer construtor civil que lidasse de perto com ele, era certo que, ou por sua iniciativa, ou por iniciativa do mesmo, apareciam de vez em quando umas cadernetas com titulos de contribuição de ajuda ao clube, que os empresários tratavam de endossar a trabalhadores, Electricistas, Picheleiros, Vidraceiros e outros
obreiros. Estes por sua vez, tratavam de os distribuir pelos seus fornecedores, como foi o meu caso, em que fui algumas vezes contribuinte ao adquirir as ditas.
Vem isto a propósito, da dedicação que M.M. devotava ao clube, independentemente das cores partidárias. Agora é lamentável que se esteja a preparar um ajuste de contas, com a fulanização do SCB com a política de permeio.
O Sr. Salvador pode apostar que se o SCB ainda existe, pode agradecer ao M.M. e à sua carolice pelo clube. Aquele aproveitou os degraus que este lhe colocou na escada.
Cps
S. Guimarães
é sempre interessante ler uma crítica informada.
ResponderEliminarAinda não percebi o que quer Salvador
Caro Daniel Pedro:
ResponderEliminarA rivalidade entre comunidades é mais em termos desportivos que noutros termos. Quanto á questão da lealdade tem toda a razão.
Caro S.Guimarães:
Tem toda a razão em tudo que diz.
É também a minha visão do assunto.
Caro Anónimo:
Do meu ponto de vista quer encostar-se à câmara PSD/CDS tal como andou dez anos (ele porque o clube andou 30)encostado á câmara PS.
Transcrito do Correio da Manhâ:
ResponderEliminar" Braga: Mesquita Machado arrasa António Salvador
Em causa estão lugares na assembleia geral, direção e SAD nas eleições dos minhotos.
"Considero indigno, um gesto de indignidade da parte dele. Pelo meu passado no clube, que ele não tem, não merecia uma coisa destas. Não troco a minha dignidade por nada, tenho um passado que não está à venda nem é vendável, desiludi-me completamente", disse ontem Mesquita Machado sobre o facto de António Salvador o ter escolhido para liderar a lista de candidatos à mesa da assembleia geral do Sp. Braga, nas eleições de 13 de dezembro, e depois ter mudado de ideias.
O antigo líder dos arsenalistas e ex-presidente da Câmara de Braga, que no atual mandato presidiu ao conselho geral (órgão consultivo), assegurou ainda que seguirá com "atenção a vida do clube e da SAD", da qual também é acionista.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarEsta é uma "guerra" que dificilmente ficará por aqui.