Causa-me até alguns..."arrepios".
É uma área em que, tal como na água ou na saúde, me sinto mais tranquilo sabendo que são assegurados pelo Estado do que estando na mão de privados e dos famosissimos "mercados" que tanto tem contribuído para a"felicidade" com que todos vivemos nos tempos que correm.
Mas, ao que parece, nos tempos de soberania limitada em que nos encontramos (por exclusiva culpa nossa) esta decisão privatizadora vem de um célebre memorando e por isso há que comer e calar.
Adiante.
Vem esta questão dos CTT a propósito de uma recente deslocação minha á estação de Guimarães, onde raramente entro, afim de levantar uma carta cujo aviso me tinha sido deixado pelo carteiro.
A primeira surpresa foi ao entrar:
Porque habituado a uma certa austeridade daquele átrio de repente pareceu-me estar a entrar numa qualquer livraria.
Tudo se vende lá.
Livros, discos (CD e DVD), jogos infantis e sei lá que mais.
Mas o melhor estava para vir.
Depois do funcionário me atender com toda a simpatia, é justo reconhecê-lo, e me entregar a carta que ia buscar perguntou-me se não queria comprar uma "lotariazinha" !
Aí já me senti não numa livraria mas no balcão de uma qualquer gasolineira onde enquanto pagamos o combustível nos tentam vender chocolates, pilhas, águas, pastilhas elásticas e por aí fora.
Agora comprar lotaria nos CTT é que nunca me tinha passado pela cabeça!
Depois Falamos
P.S. A terceira surpresa foi a carta. Da câmara municipal a convocar para a tomada de posse dos orgãos eleitos a 29 de Setembro.
Registada e com aviso de recepção!
Não havia necessidade...
O teor deste seu "post", Caro Amigo, faz-me lembrar que nos anos 70, depois de estar ausente de Portugal há mais de 10 anos, e sendo director comercial exportação da minha firma, nessa época, fui visitar alguns clientes potenciais em Portugal, em companhia do meu agente. Fiquei muito admirado de descobrir diversos produtos à venda, que eram copias perfeitas do que se fazia em França e sobretudo na Itália. No decorrer dos anos, constatei essa tendência da copia da parte de muitos industriais Portugueses . Claro que a pesquisa e desenvolvimento custa dinheiro, e a copia é mais fácil e mais rápida. Sei que hoje, a visita das feiras e exposições no estrangeiro tem como objectivo de "ver" o que cá se faz, para copiar em seguida...
ResponderEliminarEsta tendência é perceptível noutros sectores. Portugal segue muitos exemplos estrangeiros. salvo que, no caso que cita, é a Troika que impõe. Assim, a ideia da privatização dos CTT, que vem a seguir à privatização da gestão dos aeroportos ANA e a venda de participações na REN e na EDP, aos Chineses e a Oman, e futuramente talvez a venda dos seguros da CGD, e talvez outros que me escapam, inscrevem-se na tendência descrita. E a dos CTT também faz parte. A Grécia vendeu uma parte do porto do Pireo e bem outras "joias", os Ingleses os caminhos de ferro, os Espanhóis o aeroporto, etc., etc.
Claro que a Troïka, tendo agarrado o pescoço dos Portugueses para obter o reembolso da divida, pouco lhes importa que pouco a pouco a soberania portuguesa desapareça no ajuste de contas com os credores internacionais. Mas ao menos, se esta decapitação do património português servisse para qualquer coisa e desanuviasse o horizonte, ainda vá lá ... Mas quando vejo os avisos reiterados da Troika , aquando da sétima avaliação, sobre o risco que Portugal, mesmo com estes sacrifícios," embora no bom caminho !",como eles dizem, não possa respeitar os objectivos de base do programa, que restam elevados, então ouço os sinos que dobram pela minha Pátria.
A privatização dos CTT, procede duma analise conhecida, que prova que o correio dos particulares só representa 10% da sua actividade e que é de facto a actividade da clientela profissional que representa o resto. O problema é que muitos pensam que, mesmo nas aldeias recuadas, com uma penetração cada vez mais importante da ADSL e dos telemóveis, e mesmo do "skype", o correio "papel" não tem mais importância. O que é falso. Uma parte importante da população ainda utiliza o "papel" e a presença dos correios nas aldeias distantes ainda é um elo de ligação com o exterior.
Resta o dilema da importância do "posto do correio". Claro que se fôssemos todos Suecos, já há muito que nos teríamos habituado a ir ao merceeiro, padeiro, ao café, à tabacaria, ao quiosque dos jornais, buscar a nossa carta ou postal... Na Suécia, existem 4500 "postos" deste género, onde antes existiam 1800 "estações de correio" . Portanto, melhor cobertura e economia.
No quadro da nossa pequena comuna, onde sou um "pequeno" autarca, eleito por uma maioria de centro-esquerda, estudamos atentamente este problema, e chegamos conclusão que se o prazo de distribuição de 90% da correspondência continua a ser de J+1 , satisfatório portanto, a "estação de correio" foi mantida . Noutras comunas perdidas na montanha, a solução do "posto de correio" na tabacaria, café, jornais, etc., foi adoptada porque mais económica e permitindo dar alguma substância e manter em vida alguns negócios que, se fechassem, desertificariam ainda mais as aldeias. O apelo das cidades é mortal para as pequenas aglomerações, que acabam por se transformar em vastos dormitórios.
Para uma cidade como a nossa, Guimaraes, nao vejo realmente o interesse da privatizaçao, excepto para oferecer mais uma negociata a alguns, como foi aquela das auto estradas!
Freitas Pereira
Caro Freitas Pereira:
ResponderEliminarComo de costume estou inteiramente consigo.
E o que vai acontecer com os postos de correios é o que aconteceu com as linhas de comboio,com os centros de saúde,com as urgências de hospital e outros serviços que o Estado se demitiu de prestar.
O preço,em Portugal,tem sido a progressiva desertificação do interior com todos os desiquilibrios que isso gera e os problemas que acarreta.
Temos, se calhar, o que merecemos.
Se calhar...
Também considero que há serviços públicos -não a patetice do 25 do A, em que havia floristas do estado-, mas penso que há serviços que t^wem de ser rponsabilidade do estado. Aliás no RU a privatização da água e dos caminhos de ferro deram tantos problemas que já se volta atrás.
ResponderEliminarEsqueci-me:
ResponderEliminar'Eles' queriam ter a certeza de que o caro Cirilo não se perdia e mandaram a convocatória e a morada. Simpáticos!
Cara il:
ResponderEliminaro "experimentalismo" custa muito dinheiro. E em portugal andamos a fazer experiências há demasiado tempo.
Quanto á simpatia da câmara não tenho razões de queixa.