Publiquei este artigo no site da Associação Vitória Sempre
Quis o
sorteio que Portugal vá encontrar a Suécia no play off de apuramento para o
Mundial de 2014 depois de uma fase de apuramento em que a selecção nacional fez
um percurso pouco mais do que deprimente.
De facto um
país que dispõe de um lote de jogadores seleccionáveis de muito boa qualidade a
que se junta o talento extra de um futebolista de classe mundial tinha
obrigação “naquele” grupo de se apurar tranquilamente sem estar à espera de
dois jogos de resultado completamente imprevisível.
Mas sendo
incapaz de ganhar um jogo a Israel (e não perdendo o jogo fora por “milagre”) e
cedendo um empate caseiro a essa “potência” chamada Irlanda do Norte não
podíamos de facto ter uma sorte diferente.
E isto
leva-nos ao tema deste artigo.
A selecção
perante Portugal.
Todos
sabemos que a nossa selecção teve uma década de grande brilhantismo (2000 a
2010) estando presente em todas as fases finais das grandes competições muito
por força do talento de uma geração que acabou (Figo, Pauleta, Rui Costa, Deco,
Costinha, Sérgio Conceição, Maniche, Jorge Andrade, Vítor Baía, Fernando Couto
entre outros) e do que dela resta mas não joga na selecção por diferentes
razões como Ricardo Carvalho, Tiago ou Simão.
Desse tempo
“resta” Ronaldo.
Que é muito,
porque é um excepcional jogador, e é pouco porque é caso único na selecção em
termos de talento muito acima da média.
Foram dez
anos extraordinários.
Para os
quais muito contribuiu (até 2008) Luís Filipe Scolari.
Que não só
criou um espirito de grupo fortíssimo como uniu os portugueses em volta da
selecção de uma forma nunca anteriormente vista.
Porque tinha
grandes jogadores é verdade.
Mas
essencialmente porque nós, adeptos, sentíamos que era verdadeiramente a
selecção de todos nós e não a selecção dos empresários, dos interesses
clubistas ou de outro tipo de interesses.
Podíamos
discordar da ausência deste ou daquele jogador (Vítor Baía e Pedro Mendes por
exemplo) mas sabíamos que era o critério do seleccionador e nada mais.
E os
resultados davam-lhe (quase) sempre razão.
Paulo Bento
deu cabo disso tudo.
É verdade
que já não tem o naipe de escolhas de grande qualidade que Scolari tinha, mas é
igualmente verdade que desde o primeiro momento pautou as suas convocatórias
por critérios e escolhas que semearam a desconfiança de que era sensível, e
muito, a alguns espíritos santos de orelha!
Somaram-se
os equívocos (André Gomes do Benfica B foi á selecção A!), os conflitos
(Ricardo Carvalho, Bosingwa), os ostracismos (Manuel Fernandes, Eliseu, João
Tomás) os sub aproveitamentos (Danny é um caso escandaloso) e as evoluções a
velocidade espantosa (Licá e Josué) que foram progressivamente afastando os
portugueses da selecção.
Veja-se
ainda agora, na dupla jornada com Israel e Luxemburgo, Paulo Bento convocou 25
jogadores (mais do que se leva para a fase final de um mundial!) e privado de
Pepe e Ronaldo para o jogo com os galácticos luxemburgueses ainda mandou vir
mais dois jogadores para completar o naipe.
Bruma da
selecção sub 21 e Rolando directamente do banco do Inter.
Que, aliás,
vieram fazer turismo porque não jogaram.
Mas como a
FPF é rica dá para tudo até para disparates destes sem que ninguém, pelo menos
que se saiba, tenha pedido ao seleccionador uma explicação racional para tanto
jogador convocado.
Não admira,
portanto, que cada vez mais os portugueses sintam que “aquela” selecção não é
nada com eles e até apareçam vozes em número cada vez maior a desejarem que
Portugal não vá à fase final do Mundial como castigo para tanta asneira.
Não penso
dessa forma.
Embora
entenda que o ideal seria a selecção apurar-se e mudar imediatamente de
seleccionador para não ir ao Brasil repetir as pobres exibições que a tem
caracterizado nos últimos anos.
Assumo que
como adepto do futebol e vitoriano não gosto de Paulo Bento.
Como adepto
do futebol (e da selecção) pelas razões atrás expostas.
Como
vitoriano porque entendo que o seleccionador não tem tratado o clube da forma
mais justa e merecida o que é particularmente incompreensível dado ter cá
jogado e sido sempre bem tratado.
O Vitória
tem sido nos últimos dois anos um clube exemplar na aposta no futebolista
português (Paulo Oliveira, Tiago Rodrigues, Ricardo, Luís Rocha, André André,
Baldé, Marco Matias entre outros) que bem merecia algum reconhecimento por
parte de quem beneficia directamente desse trabalho como é o caso da FPF que em
todas as selecções (menos a A) tem jogadores do clube.
Pois o
seleccionador que teve o arrojo de convocar para a selecção jogadores como
André Gomes, André Almeida, Cédric nunca deu uma oportunidade a um jogador do
Vitória de jogar pela selecção nacional nem que fosse num jogo particular.
E tenho a
certeza que não fariam pior figura do que alguns a que PB dá oportunidades
atrás de oportunidades sem proveito visível.
Pior: Não me
lembro, mas posso estar enganado, de alguma vez o seleccionador se ter dignado
a vir ao D. Afonso Henriques ver um jogo do Vitória em que tem a garantia de
ver vários jogadores portugueses mas é presença frequente em estádios de clubes
que bastas vezes alinham onze estrangeiros e onde não há portugueses com valor
para jogarem numa selecção A…mas jogam.
Definitivamente
espero que Portugal se apure para o Mundial.
Porque se
não o fizer já se sabe quem é o responsável.
Que nesse
caso ou se demite ou é demitido.
Portugal e o
futebol português merecem bem melhor do que um seleccionador com as
insuficiências de Paulo Bento.
P.S. A FPF,
como de costume, marcou o jogo do play off para o estádio nacional do “regime”.
Gulosa pela
receita e ignorantemente convicta que grande lotação significa grande apoio.
Também essa
escolha (porque repetida e repetitiva) nada ajuda a reaproximar Portugal (que é
muito mais que Lisboa) da selecção.
Mesmo
assim…Boa Sorte!
excelente caro Luís.
ResponderEliminarUm artigo que merecia ser publicado num jornal nacional porque diz com clareza e coragem alguns dos podres do nosso futebol.
MB
Caro MB:
ResponderEliminarMuito obrigado.
Mas acho que os jornais nacionais não gostam muito destes temas que mexem com o poder do futebol.
Caro Sr. Luís Cirilo
ResponderEliminarExcelente artigo e que subscrevo quase na íntegra, porque, pessoalmente, não gostava que a selecção ficasse apurada para o Brasil,por duas razões:
1ª- Com estes jogadores iremos fazer figura ridícula.
2ª- Paulo Bento como seleccionador ainda não convenceu ninguém, nem tem capacidade de diálogo, já que utiliza muitas vírgulas na sua verborreia.
Sei que posso ser mal interpretado, mas não me importo de correr esse risco.
Cps
S. Guimarães
Gosto destes artigos equilibrados com uma pontinha de amor pela terra que está sempre presente :)
ResponderEliminarConcordo. Vamos esperar que consigamos o apuramento (o que não vai ser fácil mas é possível) e depois renovar treinador para dar nova dinâmica à selecção.
Cumprimentos
"a que se junta o talento extra de um futebolista de classe mundial" ! Como tem razao ! Se ele jogar como ontem jogou na Bélgica, este extra-terrestre vai envergonhar a selecçao portuguesa.
ResponderEliminarCaro S.Guimarães:
ResponderEliminarPenso que Portugal pode e deve apurar-se. Mas este treinador é o grande responsável da mau futebol que a selecção joga. Porque escolhe mal e treina pior.
Caro Luis:
É o que me parece mais sensato.
Caro Freitas Pereira:
Percebi a ironia. Mas o jogador de classe extra a que me refiro é Ronaldo e não Ibrahimovic. Que juntamente com Messi são hoje os três melhores futebolistas do mundo