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terça-feira, outubro 01, 2013

Autárquicas (5) - Gaia

Há quatro anos fui director de campanha da coligação Gaia na Frente.
Que sob a liderança de Luís Filipe Menezes obteve 62% dos votos e elegeu oito membros para o executivo municipal.
Na noite das eleições, na sumptuosa tenda erguida na praça do "Corte Inglês" que o candidato usou durante 15 minutos para falar mais do Porto do que de Gaia,comecei a ter a intuição que as coisas podiam não correr bem daí a quatro anos.
Tinha havido um primeiro "ameaço".
Quando depois de seis meses na liderança do PSD Menezes resolveu de forma inopinada desistir e voltar a Gaia o seu sucessor natural,Marco António Costa,teve de se levantar da "cadeira de sonho" e voltar a um assento menos confortável.
E logo aí foi perceptível o desconforto.
Mas em 2009 voltaram a ser candidatos na mesma lista e LFM continuou a "vender" MAC (com a plena concordância pública deste) como aquele que o iria substituir nas eleições de 2013.
Acontece que um belo dia o PSD ganhou umas legislativas e perante a surpresa de muitos(que não a minha)MAC foi para o governo e deixou Gaia.
Não deixando , nem ele nem LFM, a lenga lenga de que qual D.Sebastião um dia MAC voltaria para assumir a candidatura e manter a liderança do município nas mãos da coligação "Gaia na Frente".
Houve quem acreditasse, quem duvidasse e quem se risse.
Foi o meu caso.
Até por saber que uma das condições para MAC assumir a candidatura nunca seria aceite por LFM.
Que era de deixar a presidência da Câmara com uma antecedência razoável e não quinze dias antes das eleições como sempre foi sua intenção fazer.
E nesse doce remanso as coisas foram-se arrastando.
Perante uma secção de Gaia desabituada de pensar, de decidir, de reflectir, de ter opinião própria.
Moldada ao longo de anos por LFM e MAC para ser apenas um instrumento ao serviço das suas ambições.
Mas chegou,inevitavelmente, o dia em que foi preciso fazer opções.
E perante a recusa previsível de MAC, que preferiu ficar no governo durante mais umas semanas, LFM enquanto presidente da concelhia teve de fazer opções.
E convidou Guilherme Aguiar.
Uma opção lógica e que garantia uma transição sem sobressaltos.
Mas então dá-se um golpe de teatro:
Na comissão politica por ele LFM presidida (e por ele escolhida) um grupo de pessoas que tudo lhe devem desde o estatuto politico ao bem estar económico, e que normalmente começavam a tirar o chapéu mal o viam ao fundo da rua,resolveram revoltar-se e boicotar a decisão de Menezes.
Não porque tenham tomado comprimidos para a coragem mas apenas porque cientes da fraqueza de quem já nada ia decidir para o futuro por estar de partida para outro desafio.
É da natureza humana mas é muito feio.
E aí Menezes comete o seu ultimo grande erro.
Em vez de ser fiel á palavra dada e leal ao compromisso assumido com Guilherme Aguiar resolveu lavar as mãos como Pilatos e assobiar para o lado.
E assim apareceu Carlos Abreu Amorim escolhido numa qualquer" loja" lisboeta que não dos 300 ou de produtos chineses.
E os membros da concelhia, mesmo os instigadores da revolta (na louca ilusão de que podia tocar a um deles a candidatura), aceitaram de braços abertos alguém que nada tinha a ver com Gaia, que era desconhecido dos gaienses e que para um concelho que vota á esquerda tinha como cartão de apresentação um percurso politico todo feito na extrema direita ou lá perto.
O resto da história é conhecido.
Guilherme Aguiar levou avante uma candidatura independente e que pese embora ter ficado aquém das expectativas teve,ainda assim ,um resultado muito honroso e Eduardo Vítor Rodrigues soube aproveitar as divisões nos adversários para ganhar as eleições.
A "Gaia na Frente" resta uma consolação:
Passou de 62 para 19% e de oito para três eleitos.
É um recorde a nível nacional!
Nalguma coisa haviam de ficar para a História.
Depois Falamos

P.S. Não sou militante em Gaia mas tenho uma ligação grande aquela concelhia e a muitos dos seus militantes. Espero que para o árduo caminho que tem pela frente o PSD de Gaia escolha novos protagonistas e novas formas de fazer politica. Apostar nos responsáveis pelo descalabro ou em "esqueletos" fugidos dos armários nas ultimas semanas será perpetuar o calvário.

3 comentários:

  1. Muita mágoa e desilução com os protaginistas...

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  2. "...que tudo lhe devem desde o estatuto politico ao bem estar económico..."

    Hoje, na politica o que interessa é o estatuto e, principalmente, o bem estar económico. Esta classe politica já deu mostras daquilo que vale - nada.

    O caminho a seguir foi dado no Porto.

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  3. Caro Anónimo:
    Acredito que sim.
    Caro Anónimo:
    Nem tanto ao mar nem tanto á terra.
    É fácil generalizar os erros de alguns mas não é justo fazê-lo.
    Quanto ao Porto...Depois Falamos

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