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quarta-feira, outubro 30, 2013

A Purga!

Estatutos do PSD
Artigo 9º (Sanções)
4. Cessa a inscrição no Partido dos militantes que se apresentem em qualquer acto eleitoral nacional, regional ou local na qualidade de candidatos, mandatários ou apoiantes de candidatura adversária da candidatura apresentada pelo PPD/PSD.
5. O disposto no número anterior determina ainda a suspensão automática e imediata de todos os direitos e deveres de militante, desde o momento da apresentação da candidatura até ao trânsito de decisão final.


É com base neste artigo dos estatutos que um vasto conjunto de militantes do PSD (quase mil nesta primeira leva segundo o Publico) se vê ameaçado de expulsão do partido.
Do qual se encontram já suspensos, com base no ponto 5, sem que facto lhes tenha sido dado conhecimento!
Nem nota de culpa, nem processo disciplinar, nem um simples aviso.
Uma simples denúncia(como nos tempos da PIDE) feita ao sabor dos interesses do bufo denunciante serve aos serviços centrais do PSD (onde pelos vistos existem admiradores de Estaline e não estou a falar obviamente dos funcionários) para suspenderem direitos e deveres com uma arbitrariedade que causa a maior repulsa em quem acredite nos princípios do Estado de Direito.
E deixa no ar a certeza que muitas dessas denuncias, não provadas ( e vivemos num país em que à face da lei se é inocente até prova em contrário), se destinam apenas a beneficiar eleitoralmente os denunciantes como em Gaia.
Porque a suspensão preventiva, e não comunicada aos próprios, impede-os de votarem nas eleições marcadas para a concelhia e mesmo que no futuro venham a ser absolvidas das acusações já ninguém lhes pode devolver o direito de participarem na eleição dos seus orgãos concelhios.
Tudo isto é tão grave como triste.
Grave porque leva o PSD para o caminho de um totalitarismo e uma arbitrariedade interna completamente ao arrepio dos genes do partido e dos princípios que nortearam o seu funcionamento durante muitos anos.
O que sendo por si só suficientemente triste é ainda agravado pelo facto de o partido andar a perder tempo (e presumivelmente militantes) em absurdas purgas internas em vez de se concentrar nas razões porque perdeu as autárquicas e quem são os responsáveis desse descalabro.
Provavelmente, e num ou noutro caso, os mesmos que andam agora tão empenhados em arranjar bodes expiatórios para os insucessos de que são eles os grande responsáveis tentando com isso criar uma manobra de diversão que permita esconder o seu fracasso.
De resto, e olhando para os estatutos fico com sérias duvidas sobre o que é ser apoiante de uma candidatura adversária.
Andar na rua com uma bandeirinha ?
Ir a um almoço ou jantar de campanha?
Manifestar pública oposição a uma candidatura do partido como fez Paulo Rangel?
Dar uma entrevista a dizer que não vota no PSD como fez Rui Rio?
Aceitar cargos de responsabilidade numa candidatura do PSD e não mexer uma palha?
Escolher candidatos para o partido que são um perfeito disparate?
É um conceito demasiado vago e permissivo a todas as arbitrariedades para fazer parte dos estatutos de um partido democrático como PSD.
Mas que agrada e muito a todos os olham para o partido como uma coutada ao serviços dos seus interesses e dos grupos que os rodeiam.
Depois Falamos

P.S. Creio que neste conceito larguíssimo de "apoiante" de candidaturas adversárias do PSD também cabe o famoso "...Que se lixem as eleições..." proferido por um não menos famoso militante do PSD.
Será que também já lhe suspenderam a militância?

4 comentários:

  1. Até percebo o esforço do PSD em não deixar crescer as hastes. Quer acabar com o cabronismo! Está bem.
    Não entendo é como se dá voz crescente e protagonismo a pessoas como Marco António Costa que andam extasiados a cortar gorgomilos aos militantes baralhados e apanhados desprevenidos entre as políticas autárquicas e as políticas governo.
    Há muito tempo que o partido extinguiu os barões para dar lugar a uma cambada de cabrões. Depois de um País em fragalhos, é muito triste que o PPD seja a próxima vítima do PS.

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  2. um post scriptum simplesmente genial

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  3. Homenagem a um militante desesperado.

    Militante dum partido ilegal, também na minha juventude colei propaganda, distribui propaganda, assisti a reuniões e sofri pelas minhas ideias. Tudo isso num ambiente extremamente perigoso para a minha liberdade no pais onde nasci.
    Compreendo perfeitamente o espírito do Luís Cirilo, o espírito do militante.Do militante desesperado de tanto desperdicio de energia e de boas vontades.

    Quando se observa de perto a actividade militante política não se pode deixar de constatar a quantidade incrível de energia generosamente dispensada e os magros resultados obtidos.
    Este desperdício incrível de energia, de tempo e de meios aparece ser uma fatalidade aceite por aquelas e aqueles que pagam caro esse esforço.: os militantes de base. Penso aqui no "verdadeiro" militante, o desinteressado, animado por convicções reais, sinceras e que não utiliza o militantismo como o fazem os burocratas para assentar o seu poder, encontrar uma saída favorável à sua mediocridade e à sua covardia ou continuar nas condições óptimas as sua pequenas e grandes negociatas mais ou menos mafiosas.

    O militante é uma espécie de novo construtor de catedrais... erige um edifício com o seu suor, benevolamente, para a glória duma causa. A paciência e a abnegação do militante são sem limite. Tem sempre uma boa razão para explicar o fracasso que não somente não o abate mas lhe procura novos recursos. Mas pode sentir-se frustrado quando constata que na realidade trabalhou para ingratos, ou, pior ainda, para medíocres, incapazes ou simplesmente parasitas.
    Quando o insucesso o aliena mais uma vez, ele crê ao contrário que a sua consciência se reforça. Um pouco como a mortificação dum crente que aceita o infortúnio em homenagem ao poder do deus que o submete à prova.

    O militantismo, tal como é praticado hoje, é uma forma de "mortificação laica" que permite suportar o insucesso permanente e de dizer que, "apesar de tudo se procurou" fazer!

    Hoje, o grau de degenerescência e de deliquescência das organizações politicas é extrema. Antros de profissionais ( eleitos, notáveis) de incapazes (é preciso nomes?), de imbecis ( é preciso nomes?), de arrivistas (é preciso nomes?), mesmo vigaristas (é preciso nomes?), a maioria das organizações políticas estruturam a actividade politica daquilo que chamamos, sem rir, de "grandes democracias". Milhões de cidadãos, por falta doutra coisa, confiam-lhes o seu futuro através de eleições formalmente democráticas mas, no fundo, jogados de avanço. Os militantes (de base) ajudam à sua legitimação e confortam-nos nos seus malabarismos e poderes.

    Para o militante, não pode haver lugar para dúvidas. Atenção às criticas dirigidas ao alto da pirâmide. O que é impensável. Ousar só imaginar que se possa mesmo fazer perguntas sobre a pertinência de tal ou tal decisão, é já uma traição... noutros tempos ter-se-ia dito um sacrilégio. A duvida ? Va de retro satanas!

    Como Sisifo, o militante empurra encosta acima o rochedo no que ele crê ser a mudança. Quando crê ter chegado ao objectivo, o rochedo cai e volta a descer e ele recomeça a empurrar.... indefinidamente.

    Freitas Pereira

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  4. Caro Anónimo:
    Descontando os excessos de linguagem estou de acordo consigo.
    Aliás o PPD,mais que o PSD,sempre foi um estorvo para aqueles que andam nos subterrâneos e lojas do poder.
    Caro Anónimo:
    E parecendo a brincar é a sério.
    Caro Freitas Pereira:
    Absolutamente extraordinária a caracterização que o meu Amigo fez do que é um militante.
    Independentemente do partido ou da ideologia.
    E nos tempos que correm,em que a Liberdade é uma valor indiscutivel e a Opinião algo de que ninguém pode prescindir, os militantes mereciam melhores dirigentes.
    Que não só valorizassem o diálogo como participassem dele, que encarassem as opiniões como um contributo e não um incómodo, que percebessem que o "posso,quero e mando" foi varrido pelos ventos da História.
    Infelizmente a realidade é outra.
    E quanto menor é o nível politico e intelectual de quem dirige maior é o recurso ao dogmatismo e às verdades absolutas.
    Hoje, como sempre, o refúgio de quem não tem convicções democráticas verdadeiramente assumidas.

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