Todos aqueles que nos interessamos pelo fenómeno desportivo, e que somos capazes de ver e perceber para além do óbvio e das respeitáveis simpatias clubísticas, sabemos que se há área onde a implantação da democracia em Abril de 1974 teve muitas dificuldades foi precisamente no futebol e no poder feudal de alguns clubes.
Se antes eram Benfica, Sporting e Belenenses depois passaram a ser os dois primeiros mais o Porto que a seguir á revolução, e muito por força de um revolucionário do futebol como o foi José Maria Pedroto, ganhou espaço, estatuto e poder.
Muito poder.
Dentro dos relvados, fora dos relvados e na comunicação social.
E essa tem sido a história dos últimos 40 anos do nosso futebol com três clubes (agora mais dois do que três) a disputarem a hegemonia, a beneficiarem de mordomias de toda a espécie e a desfrutarem de um apoio e uma promoção na imprensa que não só é escandalosa como fere profundamente a verdade desportiva das competições.
A tudo isto se junta uma enorme maioria dos portugueses que por razões culturais e de pequeno ego pessoal se intitula adepta desses três clubes apenas e só porque ganham mais vezes e isso permite-lhes a pequena satisfação de se sentirem melhores que todos os outros que tem a lógica preferência pelos clubes das suas terras.
São os tais adeptos das vitórias e não dos clubes.
Felizmente que em Guimarães desde sempre, provavelmente por boas razões culturais e de identificação dos nossos valores, o Vitória é o clube da esmagadora maioria dos vimaranenses que tem muito gosto e orgulho em serem pelo Vitória e não pelas vitórias.
E essa unidade da região em volta do clube, esse amor profundo dos vimaranenses pelo Vitória, a paixão com que em Guimarães se vive o dia a dia do clube se é verdade que nos torna objecto de admiração em muitos pontos do país é igualmente verdade que desperta invejas, más vontades e até atitudes persecutórias de quem entende mal esta rejeição que em Guimarães se faz de outros clubes e o apego que temos pelo nosso.
E á boleia disso vem as injustiças, a forma deliberada como somos prejudicados, as manobras de bastidores que já nos roubaram títulos nacionais e presenças na liga dos campeões entre outras malfeitorias que os vitorianos guardam na sua memória.
Na sequência da excelente época que o Vitória vem fazendo em termos de equipa A, quer no campeonato quer na taça de Portugal, atingindo uma posição na Liga que ninguém lhe augurava no inicio da prova e uma presença no Jamor quase inimaginável em Agosto de 2012, fácil tem sido detectar as manobras daqueles que não nos reconhecem o direito de disputarmos as classificações e os troféus que á partida parecem ter donos garantidos como o são o 5º lugar no campeonato á frente do Sporting e a referida presença na final da taça em detrimento de outros que já lá se julgavam até com o beneplácito de um jornal desportivo lisboeta.
São os jogos á porta fechada, são decisões disciplinares dos árbitros que nos prejudicam e impedem jogadores nossos de estarem em jogos de especial importância (como a expulsão de Douglas em Setúbal antes de recebermos o Benfica),é a dualidade gritante de critérios de quem supostamente aplica a disciplina no futebol e que tem dois pesos e duas medidas de que nos calham sempre as piores.
A par disso temos a imprensa nacional.
A “vender-nos” jogadores todos os dias ao preço da chuva, a inverterem a classificação e colocarem o SCP á nossa frente quando tinha um ponto de atraso (agora tem quatro e isso deve ser cá uma preocupação para esses escrevinhadores de textos), a fazerem a equipa B desaparecer da classificação da II liga como se já por lá não andasse, a colocarem em causa a nossa ida á liga Europa por causa do PER, entre outras manobras por demais conhecidas.
Só que esta semana resolveram inovar e primeiro o “Jornal de Negócios” e depois o “Diário de Noticias” (dirigido pelo famoso João Marcelino que passa a vida a pregar moral para os outros em programas televisivos), este de forma absolutamente vergonhosa, resolveram noticiar que o secretário de estado do desporto (Emídio Guerreiro) tinha dado benefícios fiscais ao “seu” clube insinuando que o Vitória estava a ser favorecido ilegitimamente por ter na secretaria de estado um seu associado que integra também os órgãos sociais do clube.
Na ânsia de venderem jornais, arranjarem escândalos e fazerem triunfar o jornalismo de sarjeta os “boys” de João Marcelino até deram, pela primeira vez em 149 anos do jornal, a principal notícia de capa ao Vitória imagine-se.
Claro que a habitual ignorância levou-os a enganarem-se no nome do clube (“Guimarães” é a cidade), a má-fé a não ouvirem o secretário de estado (como manda a deontologia) e a estupidez a não perceberem que o título tinha pouco a ver com o conteúdo da notícia.
Quando em bom rigor o que se passou foi que ao abrigo da lei foram concedidos benefícios fiscais a entidades promotoras do desporto não profissional num total de mais 45 processos para além do referente ao Vitória.
Mas insinuar favorecimentos ao Vitória (á boleia de pela primeira vez existir um secretário de estado do desporto associado do clube e não dos clubes do poder) e lançar suspeições sobre o clube dá muito jeito.
Mais que não seja para branquear (ou deveria dizer avermelhar?) favorecimentos escandalosos dados a um clube que provavelmente vai precisar da final da taça para “salvar” uma época em grande risco de insucesso e que receia necessitar das habituais “ajudas” para o conseguir.
Esse Marcelino toda a vida foi um palerma.
ResponderEliminarCaro Anónimo:
ResponderEliminarPois foi. Mas é profundamente irritante vê-lo a pregar moral quando permite(ou incentiva) badalhoquices destas no jornal de que é director.