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terça-feira, julho 10, 2012
O Sonho e a Vida
Publiquei este artigo no site "Top Futebol"
Infelizmente nem sempre o sonho pode comandar a vida.
Há até casos em que a realidade, pura e quase sempre dura, impõe caminhos bem diversos daqueles que os sonhos auguravam.
E isso pode aplicar-se a muitas coisas no complexo âmbito das relações humanas em sociedade.
À vida pessoal, profissional, associativa e por aí fora.
O sonho de todos os vitorianos, bem antigo até, é verem o seu clube ganhar campeonatos e taças, jogar a liga dos campeões, consolidar-se como um dos maiores clubes de Portugal e uma referência portuguesa na Europa do futebol.
Não conheço, porém, nenhuma realidade associativa em que como na vitoriana o sonho e o pesadelo tenham andado tão intimamente ligados ao longo dos anos e numa alternância que leva ao desespero uma massa adepta que não tem limite na sua ambição e no seu desejo de ver o Vitória ganhar sempre a todos.
Foram as cinco finais perdidas da taça de Portugal.
As cinco, por sinal, em que participamos!
E se é certo que a de 1976 foi roubada as outras foram perdidas no jogo jogado.
Foram os vários terceiros lugares conquistados (com Jorge Vieira, Marinho Peres, Quinito e Cajuda) em que ficou sempre um travo amargo de desilusão porque convictos de que podíamos ter ido mais longe nesses campeonatos e até ter vencido um ou outro tal a valia da equipa.
Não tenho duvida nenhuma que a equipa de 1968 só não foi campeã nacional porque as arbitragens nos últimos jogos nos arredaram de um título que seria bem merecido por aquela que foi a melhor equipa ao longo de toda a prova.
E o campeão nesse ano, convém recordar, foi o Benfica de Eusébio, Simões, Torres e por ai fora.
Foram os muitos quartos lugares, atrás dos três da “vida airada”, em que a valia das equipas vitorianas e a qualidade dos seus treinadores apenas foi derrotada por factores que passaram à história como “sistema” e que sempre tolheram o nosso desenvolvimento e afirmação no panorama nacional.
Quem não recorda, porque muito recente, o acontecido no campeonato em que treinados por Cajuda chegamos a quatro jogos do fim em segundo lugar e com a porta da “Champions” escancarada ?
Duas arbitragens “científicas” (em Coimbra a de Pedro Henriques o tal que na TVI se arvora em especialista de arbitragem e no Restelo a de Jorge Sousa outro crónico “adversário” do clube) retiraram-nos quatro pontos e deram o vice campeonato ao Sporting sem saber ler nem escrever.
Mas a saga continua.
Agora, por força de um regulamento vergonhoso da LPFP, existem clubes que tem direito a um sorteio de primeira e outros que tem direito a um sorteio de segunda com todas as consequências que isso acarreta para a verdade desportiva da competição e como se os clubes não devessem ser todos iguais em deveres e direitos.
O ano passado tivemos um início de campeonato “desgraçado” por força das condicionantes impostas para defenderem os interesses de Porto, Benfica e Sporting.
Este ano um início de campeonato “desgraçado” vamos ter.
É certo que todos tem de jogar com todos.
Mas por isso mesmo é inadmissível este sorteio condicionado que como diria George Orwell (noutro contexto é claro) consagra o princípio de que os clubes são todos iguais mas uns são mais iguais que outros!
E por isso o sonho vitoriano é cada vez mais um sonho de difícil alcance.
Por razões internas conhecidas (em que nos auto fragilizamos de forma completamente inaceitável) mas também por um contexto externo e de organização de provas que só não remete directamente para o feudalismo porque na Idade Média não havia futebol.
E aqui inclui-se, claramente, a situação de favor e até vassalagem (lá está outra vez o feudalismo a vir ao de cima) com que a generalidade da comunicação social trata os clubes do regime fazendo deles a razão de ser do futebol em Portugal quando há muito mais futebol (e desporto em geral) para além desses três clubes.
Adiante.
O Vitória, rumo ao seu sonho, fará o seu caminho.
Reduzindo substancialmente o seu orçamento e adaptando-o á sua realidade.
Construindo uma equipa A assente em critérios de racionalidade financeira (que levaram inclusive à saída de jogadores carismáticos como Pedro Mendes, Nuno Assis e Nilson entre outros) e de renovação geracional mas sem perda de qualidade competitiva e com um reforço natural da ambição de fazer o melhor possível jogo a jogo.
Inscrevendo uma equipa B na II Liga para permitir aos seus integrantes concluírem as etapas de formação e acederem ao profissionalismo de forma sustentada e dentro do seu clube.
É um plantel todo ele constituído por jogadores com menos de 23 anos, esmagadoramente de nacionalidade portuguesa, e quase todos “feitos” no clube.
As excepções serão, á partida, três ou quatro jovens (sempre com menos de 23 anos) de potencial reconhecido e que poderão trazer à equipa um acréscimo de experiência e qualidade bem necessárias à longa e duríssima “maratona” de 42 jornadas que vão enfrentar.
Esse é o nosso caminho.
Racionalidade financeira, renovação geracional, aposta na formação, opção por futebolistas portugueses como núcleo duro do Vitória do futuro.
Vamos fazê-lo de forma determinada.
Cientes das dificuldades, das “pedras” que nos vão colocar pelo caminho, do risco que corremos em ousar ser diferentes num tempo em que a prioridade parece ser mudar o mínimo possível para ficar tudo na mesma.
Pouco importa.
Porque ao fim de 90 anos a sonhar acreditamos, seriamente, que o sonho comanda a vida.
Há é que criar as condições para eles,sonhos,serem cumpridos.
É o que estamos a fazer!
Caro Cirilo,
ResponderEliminarGosto de ler os seus artigos pois fazem-me sonhar, mas de pés bem assentes no chão. Muito bem assentes, por sinal. Mas escrevo este comentário na ressaca da saída de um dos jogadores que mais respeitava e gostava de ver com a camisola do Vitória. Claro que não sei como as coisas se passaram, se lhe foi proposta a redução de salário e ele não aceitou; como foi a reação do jogador perante todo este processo, etc. Mas que fica um amargo e uma pena por ver o Nilsson sair e ainda por cima sendo assobiado e achincalhado num treino!? E isso aconteceu pela forma como a situação saiu cá para fora, quanto a mim indevidamente, e espero não propositadamente. Toda a sorte para ele, e espero muito sinceramente não o ter de encontrar como adversário. Mas isto leva-me a pensar também na forma como as coisas estão a ser encaminhadas. Concordo completamente com a ideia de que devemos apostar mais quer nas camadas jovens (já devia ter sido há mais tempo) quer em jogadores nacionais que proliferam pelas divisões secundárias, mas daí a atirarmo-nos de cabeça, fazendo tudo de uma vez e ficando com uma equipa completamente "imatura", assusta-me um pouco. A ver vamos.
Viva o Vitória
É o que estao a fazer e eu acredito!!!Com convicção e paciência o sonho é possivel...Grande abraço
ResponderEliminarYes! We can!!!
ResponderEliminarSem dúvida, um excelente texto. Infelizmente era há muito tempo fácil de perceber que o caminho que escolhemos, ou que escolheu quem nos dirigiu, era o errado. Espero que ainda possamos ir a tempo de reconstruir o Vitória, sem perder de vista quem o tentou destruir.
ResponderEliminarApesar das dificuldades, estou convicto que as vamos superar, e começar mais cedo aquilo que outros mais tarde terão de se lembrar de fazer. Agora, é importante que se feche o quanto antes os planteis e acima de tudo é imporante que os adeptos tenham paciência, porque o caminho não será fácil, como é natural.
Meu caro, identifico-me completamente com a estratégia adoptada e neste post +/- resumida.
ResponderEliminarÉ claramente o caminho a seguir, de forma intransigente e sem ceder a pressões, sejam elas associativas ou até de mercado. O êxito só será conseguido pela persistência no rumo delineado sem qualquer tipo de desvio ou concessões. É isso que eu espero como sócio (pagante).
Para já, sinais postivos. Muita coisa está a doer, mas o que tem de ser feito está a ser feito sem grandes alaridos, postura que muito me agrada. Espero que não haja surpresas negativas nesta caminhada, que com certeza mais tarde ou mais cedo será gloriosa. Não tenho dúvidas disso, a nossa hora há-de chegar...
Sr. Vice Presidente LC
ResponderEliminarA sua/nossa opinião sobre o sorteio da Liga é convergente com imensos sócios, e já antiga. Mas a sua voz ainda não se fez ouvir a nivel nacional, como era suposto, e como o LC reclamava, no passado, dos dirigentes de então. Ou eu ando a ler os jornais e a ver noticiários de tv em dias errados, ou de facto o sr LC ainda não foi visto/ouvido na CS nacional a criticar esse facto, na mesma forma aberta que aqui o faz. Se me disser que isso se deve a factores de bom senso (PEC por aprovar, burocracias de inscrição na LIGA por garantir, etc..) eu entendo e calo-me. Caso contrário, acho que este blog não é o sítio de um VP eleito defender o clube.
Cumps.
José Machado
Excelente artigo. É este o espírito vitoriano!
ResponderEliminarinfelizmente, paciência é coisa rara hoje em dia.
ResponderEliminarO que há mais é ansiedade e intolerância.
Vamos esperar que as coisas corram bem e que os adeptos saibam acreditar
Caro Luís Cirilo,
ResponderEliminarConcordo com o rumo, mas a aposta em jogadores jovens tem de ser gradual. Percebo que a prioridade tem de ser o equilibrio financeiro do clube, mas temos de pelo menos construir uma equipa competitiva. Não me parece que apenas com jovens promessas vamos lá. Sei que não temos dinheiro mas era fundamental garantir pelo menos mais 4 jogadores com alguma experiência de primeira divisão e qualidade! Pergunto-lhe se concorda comigo quando lhe digo que precisamos de pelo menos um defesa esquerdo, médio ofensivo (nº 10 - só temos o Barrientos), Extremo esquerdo e Ponta de lança para a equipa A.
Desculpe o desabafo mas como compreende só quero o melhor para o Vitória.
Felicidades!
Mas só existe coragem para escrever num blog!!!
ResponderEliminarPorque será?...
Sr. Vice Presidente LC
ResponderEliminarO PEC está aprovado !
O VSC inscrito na LIGA !
Agora é que vai ser, hein !
Cuidem-se os adversários e os batoteiros ........
José Machado.
Caro iur.vsc:
ResponderEliminarO Nilson cumpriu o seu ciclo. Como tantos outros que serviram bem o clube.QUanto á equipa B pode estar tranquilo. Vai dar alegrias aos vitorianos.
Caro RIcardo:
Claro que é.
Caro Zeca Diabo:
Podemos!
Caro Vimaranes:
O caminho é árduo mas vamos fazê-lo. Agora claro que o apoio dos adeptos é essencial.
E a paciência também.
Caro Anonimo:
Estamos a fazer o caminho convictos de que é o melhor para o clube. Não prometemos infalibilidade mas garantimos empenho e boa fé.
Caro José Machado:
Este é um blogue pessoal e não institutucional do clube. Aqui escreve o cidadão e associado não o VP do Vitória. Se andar atento constatará que a presença do VSC na CS tem aumentado. Longe do desejável? sem duvida.
Mas Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Caro Miguel:
Obrigado.
Caro Anónimo:
A paciência é fundamental.
Caro Ricardo VSC:
A equipa B está completa.
Para a A chegarão mais quatro ou cinco jogadores.
Caro Anónimo:
Por razões seguramente diferentes das que o levam a escrever sob anonimato.
Caro José Machado:
Vamos fazer o nosso caminho.
A presença do VSC na CS tem aumentado?? Não, permanece exactamente igual. O jogo dá uma página, a bola e o record depende do tema mas dão menos do que isso... Agora os temas é que têm sido mais bombásticos, devido à crise... Em termos de dirigentes a falar, o espaço é o mesmo.
ResponderEliminarE talvez por interesses diferentes também...
ResponderEliminarAfinal o respeito pelos associados continua o mesmo...
Afinal qual foi a rotura com a continuidade?
Caro Anónimo:
ResponderEliminarÉ a sua opinião.
Caro Anónimo:
Enfim...há afirmações que de tão ridiculas nem mereciam comentário.
Mas vou fazer três:
Qual foi a ruptura coma continuidade?
Que tal o clube ter passado a pagar os seus compromissos? regularizado a situação face ao Estado? conseguido inscrever-na nas competições profissionais?
Chega?