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quinta-feira, junho 14, 2012
Portugal e Afins...
Publiquei este artigo na edição de hoje do jornal Povo de Guimarães
Quando a edição do “Povo”, em que este artigo vai ser publicado, estiver na rua já todos poderemos deitar-nos a adivinhar com grande probabilidade de acerto sobre o futuro da selecção de todos nós (?) no Europeu de futebol que se disputa a leste pela primeira vez na história da UEFA.
Devo dizer, para que não se façam leituras erradas, que sou um adepto entusiasta da selecção ao ponto de sempre que me é possível assistir aos jogos disputados em Portugal.
Nos últimos cinco ou seis anos terei visto, por atacado, mais de uma dúzia de jogos de apuramento para europeus e mundiais com a curiosidade de o ter feito em nove dos dez estádios utilizados no Euro 2004.
Na “coleccção” falta-me o estádio do Algarve mas mais dia, menos dia juntá-lo-ei ao lote!
É por isso que hoje olho com alguma tristeza para o que se vai passando em torno da selecção com o regresso dos jogos de bastidores, dos lóbis, das interferência que não vemos mas pressentimos de quem nada devia ter com escolhas e opções para o lote de selecionáveis e até para a equipa que alinha no início de cada jogo.
Nessa matéria, de forma muito menos evidente mas nem por isso deixa de ser um retrocesso, estamos a voltar aos tempos delirantes do europeu de 1984 (em que cometemos a originalidade mundial de termos 4 treinadores no banco) ou do forrobodó mexicano de Saltillo em que jogar nos relvados parecia ser o que menos interessava ao grupo expedicionista que em 1986 demandou a terra dos Aztecas.
Nunca fui um entusiasta do feitio ou dos conceitos de jogo de Luis Filipe Scolari.
Mas reconheço-lhe o enorme mérito de ter formado grupos coesos, de ter criado enorme empatia entre os portugueses e a sua selecção, de ter mantido as suas escolhas imunes a pressões e grupos de interesses como acontecera com os seus antecessores e parece estar a acontecer com os sucessores.
É certo que Scolari se deixou enredar num “caso” ainda hoje mal explicado, o de Vítor Baia, a que declarações recentes por ele proferidas nada ajudam a entender.
Mas fora isso não restam dúvidas que o “sargentão” era de facto o primeiro e único responsável pelas escolhas.
Hoje parece ser de outra forma.
E alguns jogadores selecionados, alguns que ficaram de fora, casos disciplinares muito mal resolvidos e opções de jogo difíceis de entender parecem demonstrar um seleccionador nacional algo imaturo (a melhor das hipóteses) ou sensível a pressões (pior das hipóteses) o que não augura nada de bom á equipa de Portugal.
E prefiro nem falar daquele “estranhíssimo” resultado do jogo com a Turquia, ultimo da preparação para o Europeu, porque …porque sim!
Espero, apesar deste “desconforto”, que Portugal consiga vencer dinamarqueses e holandeses de molde a prosseguir em prova e seguir o bom exemplo das selecções anteriores que avançaram até fases bem adiantadas das respectivas provas.
Mas falar da selecção não pode resumir-se apenas aquela que neste momento disputa o Europeu de 2012 em terras ucranianas e polacas.
A FPF tem mais selecções.
Desde as dos mais jovens escalões de formação até à de sub 23 que funciona como antecâmara da equipa principal.
E nessas selecções, muito mais longe dos holofotes que iluminam a A, passam-se coisas estranhas e que deveriam merecer cabal explicação dos responsáveis federativos sem se refugiarem nos argumentos estafados das “opções técnicas” para justificarem escolhas (e não escolhas) incompreensíveis.
Porque sem ingenuidades todos sabemos que em termos de mercado futebolístico a valorização dos jovens jogadores, e por inerência o jeito que isso dá aos seus clubes, se faz muito através das chamadas às selecções e do número de internacionalizações obtidos nesses escalões.
E por isso assistimos a convocações massivas de jogadores do trio SLB/FCP/SCP, especialmente para as fases finais (porque nas de apuramento ainda vão disfarçando com chamada de jogadores de outros clubes), como se a realidade da formação em Portugal fosse essa.
Não é!
E dou um exemplo caricato mas bem demonstrativo:
No próximo mês de julho realiza-se o Europeu de sub 19.
Nos 18 convocados estão oito jogadores do Sporting, seis do Benfica, três do Porto e um do Leiria (ou é engano ou já está comprometido com um dos três clubes anteriores para a próxima época!) teoricamente os melhores jogadores desse escalão disponíveis.
“Esqueceu-se” o seleccionador Edgar Borges (que como treinador não conheço de lado nenhum) de um jovem chamado Ricardo Pereira.
Que joga no Vitória.
E que ao contrário de qualquer um desses 18 convocados já fez dois jogos (um como titular) na primeira Liga do futebol português e conseguiu até ser o melhor marcador da fase final de juniores mesmo sendo um extremo e tendo falhado alguns jogos devido às convocatórias para a equipa principal.
Por isso quando se fala da “equipa de todos nós” deixo um ponto de interrogação.
Porque, infelizmente, as selecções nacionais cada vez parecem mais as equipas de todos “eles”.
“Eles”… os donos da bola!
Isso para mim não é novidade, é preciso é descobrir como contornar essa situação, nomeadamente no que toca ao Vitória Sport Clube!
ResponderEliminarCaro Anónimo:
ResponderEliminarÉ uma tarefa dificil.
Provavelemnte teremos de ser nós,Vitória, a tratarmos cada vez mais da valorização dos nossos jogadores.
Porque com estes critérios na FPF não vamos a lado nenhum