Publiquei este texto no blogue "O Lado do Futebol que Nunca Viram"
A rivalidade faz parte da própria essência do futebol.
Nela ao longo dos anos assentou o crescimento, a popularidade, a divulgação do jogo como a modalidade desportiva mais apaixonante de todo o planeta.
A rivalidade não tem dimensão única.
Existe em todos os tamanhos.
Desde as turmas da escola, passando por ruas vizinhas, colectividades populares da mesma comunidade, até atingir a dimensão máxima que lhe é dada pelos grandes clubes de futebol.
Em que muitas das vezes a rivalidade atinge picos entre clubes da mesma cidade de que o melhor exemplo que conheço é a existente entre os dois maiores clubes de Sevilha.
O Bétis e o Sevilha.
Mas há muitas outras conhecidas a nível europeu e mundial.
Manchester United - Manchester City, Arsenal -Tottenham, Liverpool - Everton, Milan - Inter, Flamengo - Fluminense, River Plate - Boca Juniores, Juventus- Torino, Barcelona-Espanhol, Lazio-Roma, Benfica-Sporting e por aí fora.
Depois há as rivalidades entre polos opostos no mesmo país.
Barcelona – Real Madrid, Liverpool – Manchester United, PSG- Marselha, Porto-Benfica, Milan-Juventus entre tantas outras.
São rivalidades assentes na competição desportiva mas a que não escapa, em muitos dos casos, uma componente politica normalmente associada ao facto de um dos clubes ser da capital do país e o outro de uma grande cidade que se considera injustiçada face aos privilégios da capital.
Barcelona, Porto e Marselha são três casos claros de que a rivalidade desportiva tem uma forte componente de reivindicação regional!
Mas a rivalidade que quero aqui hoje falar é outra.
A existente entre Vitória e Sporting de Braga.
Ou entre Guimarães e Braga se quisermos ser mais abrangentes.
Costumo dizer que á beira dessa rivalidade minhota qualquer outra parece uma brincadeira de meninos tal a dimensão da “nossa”.
Porque a verdade é que esta rivalidade entre as duas maiores cidades/clubes do Minho, ao contrário dos nem cem anos de história que contam as rivalidades entre Benfica, Porto e Sporting, é milenar!
É uma rivalidade entre duas comunidades, que nos últimos 50 ou 60 anos se reflectiu e alcançou expressão máxima na disputa desportiva entre os dois clubes, que ao longo da História sempre reclamaram uma primazia de importância de uma face á outra.
Tem Guimarães e Braga bons argumentos, é indiscutível, para cada uma delas se reclamar mais importante do que a outra face aos indicadores que lhe dão jeito.
Uma é no comércio e serviços a outra na indústria.
Uma na sua importância histórica enquanto berço da nação e a outra o seu significado religioso face à importância da Igreja na construção de Portugal ao longo dos séculos.
Guimarães foi a primeira capital de Portugal.
Braga é capital de distrito e o seu arcebispo é primaz de Portugal e das Espanhas conforme o seu título.
Vitória e Braga não escapam a esse confronto de “importâncias”.
O Vitória tem a seu favor a posição no ranking de todos os campeonatos, nos quatro terceiros lugares que já alcançou, nas inúmeras vezes que se superiorizou ao seu rival nos antigos campeonatos do Minho, no facto de ter muito mais participações na 1ª divisão do que o seu oponente.
Mas também no facto de ter um estádio, um pavilhão e um excelente complexo desportivo seus.
Enquanto o Braga nem uma sala tem para fazer as suas assembleias gerais.
Tendo como cereja em cima do bolo uma massa associativa incomparável em dimensão, entusiasmo e dedicação exclusiva ao clube
Entre muitas outras coisas.
O Braga esgrime com a “sua” taça de Portugal, o seu vice campeonato, a participação na final da Liga Europa, o crescimento sustentado ao longo dos últimos dez anos, a crescente fidelização de uma nova geração de adeptos ao clube ultrapassando a tradição de muitos anos do bi clubismo que os caracterizava.
Creio que hoje, friamente analisado, o Braga vai desportivamente á frente do Vitória.
Fruto do tal crescimento sustentado, das boas opções desportivas, da escolha correcta de aliados.
Mas o Vitória, esse, mantém o seu maior trunfo.
Uma massa associativa que é do clube, só do clube, e que no seu pior momento dos últimos 50 anos (a passagem pela II liga) deu uma resposta espantosa de dedicação e amor à instituição.
Os vitorianos provaram, e provam todos os dias,que são do Vitória.
Falta os bracarenses provarem que são do Braga e não das vitórias que o Braga tem alcançado nos últimos anos.
Porque não deixa de me fazer alguma espécie que o Braga com a brilhante carreira europeia da época passada não tenha conseguido levar ao estádio municipal (e jogando com Arsenal,Liverpool,Sevilha,etc,) assistências superiores às que vão ao estádio do Vitória ver o Rio Ave, o Paços de Ferreira ou o Feirense no ano mais fraco de sempre em média de assistências vitorianas.
Concluo com duas notas:
A primeira para dizer que não trocaria nunca a nossa História pela História do Sporting de Braga.
Tenho muito orgulho em o Vitória ser como é, e ser o que é.
A segunda para constatar o belo desafio que se põe à direcção vitoriana que sair das eleições de 31 de Março:
Com base num trabalho racional e sustentado, em estreita ligação com a massa associativa, devolver o Vitória ao seu lugar de quarto clube português em termos desportivos.
Porque no resto, e é muito esse resto, nunca deixou de o ser!
Caro Sr. Luis Cirilo
ResponderEliminarDou-lhe os meus sinceros parabéns pelo excelente artigo e análise extraordinária que faz.
É provavelmente para mim, uma das melhores análises do fenómeno futebolístico que li até agora.
Continue e boa sorte.
Cumprimentos
S. Guimarães
Isto da rivalidade, quanto a mim, não passa da estúpidez e palermice de algumas dezenas de vimaranenses e bracarenses.
ResponderEliminarCada vez mais, existe a vários níveis, uma inter-ligação Braga/Guimarães e vice-versa.
Basta olhar para a economia, os serviços e até nos casamentos.
Afinal de contas, as duas cidades, estão ligadas por uma rua de 20 kms...
Sr. Juca,
ResponderEliminarO seu comentário é no mínimo risível. Para começar na "estupidez" e "palermice" quando diz "algumas dezenas". Um bom vimaranense (e vitoriano nem se fala) simplesmente não gosta de Braga, e isso não quer dizer que não se tenha relações com pessoas de Braga. Eu tenho família em Braga, e dou-me muito bem com eles, mas simplesmente não gosto da cidade nem do clube. É inato. Mas a nossa rivalidade é muito saudável e assim é que tem de ser. É evidente que há exageros, como em tudo. E para finalizar, digo-lhe que é precisamente pelas cidades estarem tão próximas que existe esta rivalidade.
Estupidez? Desde que seja uma rivalidade saudável e com muito fervor, não vejo mal nenhum em tal coisa. Aliás, chamar estupidez a uma rivalidade de cidades/clubes que já tem centenas de anos...é no meu entender pura ignorância!
ResponderEliminarSou natural de Valongo, vivo em Guimarães à 19 anos, e aprendi a gostar muito de Guimarães e suas gentes.
ResponderEliminarMas tenho de reconhecer que o Juca Alves tem alguma razão (quase) em tudo que afirma.
Caro S. Guimarães:
ResponderEliminarMuito obrigado.
Continuarei,certamente, a reflectir sobre o Vitória e o desporto em geral.
Caro Juca Alves:
Que dizer então da rivalidade benfica-sporting ligados por uma rua com 2 klm?
As inter ligações existentes não atenuam a rivalidade. Bem pelo contrário.
Caro iur.vsc:
Estou de acordo.
Caro Ricardo:
è,no minimo,desconhecimento da História das duas comunidades.
Caro João Vinha:
Por acaso não estou de acordo. Acho que a rivalidade é muito mais do que entre umas dezenas de pessoas. è entre comunidades e tem mil anos de História.
falar do Braga tolda-lhe realmente o pensamento.
ResponderEliminarenquanto assim for para os lados de guimarães a vantagem estará sempre do lado de braga.
Caro Ricardo Pinto:
ResponderEliminarè bom que pensem isso.
Caro Luís Cirilo,
ResponderEliminariur.vsc diz que um bom vimaranense (e vitoriano nem se fala) simplesmente não gosta de Braga. Luís Cirilo diz: "Estou de acordo". E foi assim que descobri que sou mau vimaranense e vitoriano, visto que gosto da cidade de Braga e o clube me é indiferente. Não pude estar presente mais de dez minutos na última assembleia geral do Vitória, mas creio que havia uma comissão a tratar da revisão dos estatutos. Talvez seja a altura da pura estirpe vitoriana propôr a expulsão de sócios que não entram em ebulição quando se fala em Braga, aqueles a quem falta o gene que "inatamente" lhes dá essa característica. E esses vimaranenses amputados também deviam pedir exílio a Famalicão, ou a Santo Tirso... ou, nem sei com é que não me tinha lembrado disto, a Braga. Lá, poderão rebolar na lama com aquelas pessoas com as quais os de pura estirpe se dão bem, mas cuja cidade (que é constituída por essas mesmas pessoas) não gostam. Para resumir, olho para estas rivalidades como o circo da Roma antiga transplantado para a contemporaneidade. Que não nos faça esquecer o pão!
Voltando ao Vitória, usarei Luís Cirilo para responder a Luís Cirilo: "...alguns vitorianos colocam a malha tão fina que desconfio que nem eles a conseguiam ultrapassar." E continuando no Vitória, parece-me que será difícil concretizar aquela sua ideia (com a qual concordo totalmente) de tornar o Vitória um clube "nacional" do ponto de vista dos adeptos enquanto tivermos esta ideia da "pura raça vimaranense" ou mesmo enquanto considerarmos que gostar de um clube de outra terra é equivalente a dizer que "em termos culturais continuamos no terceiro mundo". Não se apanham moscas com vinagre.
eu sou de guimarães e vejo isso que é bem diferente e assim simplesmente não vamos a lado nenhum.
ResponderEliminarCaro Luis ferreira:
ResponderEliminarQue fique claro que eu defendo uma rivalidade desportiva saudável com o braga.
E nada tenho no plano pessoal ou de comunidade contra Braga onde ,aliás, tenho familia com quem me dou magnificamente.
Dir-lhe-ei, a titulo de exemplo, que tenho um primo direito que já foi dirigente do Braga(curiosamente num tempo em que eu também o era no Vitória)e isso nunca perturbou minimamente o nosso relacionamento.
Agora entendo o vimaranensismo de outr amaneira.
Que é aforma como gostamos da nossa Terra e apoiamos o nosso clube sem reticências nem simpatias divididas. E é essa energia vitoriana, que se bem aplicada e dirigida , nos vai tornar maiores.
CAro Ricardo Pinto:
E está no seu óbvio direito
"Das inumeras vezes que bateu o seu rival no campeonato do Minho"
ResponderEliminarCurioso, pensava que o Braga tinha 13 titulos e o Vsc 12...
E também não fala dos 87 jogos nas competições europeias por parte do Braga, número consideravelmente superior ao do Vsc.
Cumprimentos
Caro Anónimo:
ResponderEliminarTem de acualizar as suas contas nessa matéria.Porque me refiro a campeoinatos em que ambos participaram.
Quanto à Europa é inequivoco que o Braga vai à frente