Aprender com os Erros

Creio que uma vez ultrapassada esta fase conturbadíssima da vida do clube, que se quisermos ser rigorosos dura há quase dez anos sem grandes interrupções, será tempo de os vitorianos reflectirem seriamente sobre a sua relação com o Vitória.
Porque não é normal, e a responsabilidade está muito longe de ser apenas e só dos adeptos, que os últimos três presidentes do clube se tenham visto empurrados pela porta fora ao invés de saírem num tempo por eles programado e desejado.
António Pimenta Machado teve vinte anos de glória a que se seguiram quatro de autêntico calvário.
Por responsabilidade própria, pela natural saturação que tantos anos de presidência provocaram nos adeptos (em especial nos mais jovens que não tinham memória do “antes” de Pimenta Machado) e por uma trama urdida por alguns “grandes” vitorianos que para o derrubarem a qualquer preço não tiverem pejo em colocar em risco o próprio clube.
Não deixa de ser curioso procurar hoje por esses “vitorianos”.
Que escreviam cartas abertas, que faziam queixas na Policia Judiciária, que incendiavam assembleias com violentas diatribes contra Pimenta Machado, que se afligiam perante um passivo de três ou quatro milhões mas que ninguém vê preocupados com o actual que é quatro ou cinco vezes maior.
A seguir apareceu Vítor Magalhães.
Habilmente “vendido” como a solução para todos os males, incensado até ao ridículo por alguns jornalistas e órgãos de comunicação locais, exaltado por ser muito “sério” como se isso fosse mérito e não obrigação de cada cidadão.
De vitoriano é que se não lhe conhecia nada.
Provavelmente por não existir.
A verdade é que a memória que dele existia era a forma exuberante como festejou as eliminações do Vitória aos pés do Moreirense (a que então como agora presidia) em sucessivas eliminatórias da taça de Portugal.
Como se algum dia pudesse ser um bom presidente do Vitória quem tivesse festejado derrotas do clube!
E se manda o rigor reconhecer que a sua chegada ao clube galvanizou os adeptos, fez disparar número de associados e médias de assistência, logrou imediato apuramento europeu depressa se constatou que nunca entendera a realidade do Vitória e a grandeza intrínseca do clube.
Do Coliseu à rocha Tarpeia foi apenas um passo e da Liga Europa passamos á então chamada Vitalis.
Contestadíssimo por muitos dos que anteriormente o aclamavam, viu-se constrangido a abandonar o barco sem honra nem glória deixando a equipa de futebol em 11º lugar na divisão de honra.
E chegou Emílio Macedo.
Que subiu de divisão quando já poucos o acreditavam possível (excepto um senhor chamado Manuel Cajuda e os sempre fieis adeptos!) e na época seguinte conseguiu um inédito apuramento para a pré eliminatória da champions.
Tudo isto sem nunca conseguir cair nas boas graças da maioria dos associados.
Como se constatava nas Assembleias Gerais.
De lá para cá, da eliminação incompetente e absurda aos pés de um Basileia perfeitamente ao nosso alcance até aos dias de hoje, foi um permanente degradar da imagem e credibilidade de Emílio Macedo.
Com a originalidade de mesmo assim ter sido reeleito em Março de 2010 (pese embora a lista concorrente se ter fartado de avisar os vitorianos para o que aí vinha se reelegessem os órgãos sociais), com 61% dos votos, por muitos dos que hoje o contestam abertamente.
Tal como com Pimenta Machado e Vítor Magalhães foi da sua base social de apoio que saíram os maiores contestatários.
Três presidentes, três histórias de sucesso (muito maior o de Pimenta Machado como é óbvio porque desportivo mas também patrimonial) que acabaram em saídas pela porta pequena em conflito aberto com os sócios.
Naquilo que é um claro aviso ao próximo presidente.
Mas também aos sócios.
Ao presidente porque não pode cometer os erros dos seus antecessores.
Aos sócios porque os dois últimos presidentes foram a demonstração clara que não pode ser eleito quem não for de puro ADN vitoriano e capaz de compreender o clube em toda a sua plenitude.
Se os sócios se compenetrarem disso e o eleito for capaz de interpretar essa vontade associativa de catapultar o clube para os seus verdadeiros patamares, creio que com uma gestão rigorosa, o apoio dos adeptos e o compromisso dos eleitos em dizerem sempre a verdade à família vitoriana estarão reunidas as condições para devolver a paz ao clube.
Tornando muito mais importante o estender a mão do que o apontar o dedo que tem caracterizado os nossos últimos anos!
Depois Falamos