Publiquei,hoje,este artigo no jornal "Povo de Guimarães".
Uma das críticas mais ouvidas na família vitoriana, ao longo dos anos, é a incapacidade que sucessivas direcções têm demonstrado em pensar o clube no médio prazo de molde a prepará-lo para os desafios que terá de vencer num futuro em constante mutação.
E não foi por falta de tempo ou condições para fazer essa reflexão estratégica.
Foi mesmo por não a considerarem necessária, nunca se terem lembrado disso ou por pura e simplesmente não terem capacidade de a fazer.
E foi pena.
Porque se perdeu tempo, não se planeou o futuro e desperdiçaram-se tempos de acalmia associativa e financeira que seriam bem mais propícios a que isso fosse possível.
Mas sobre o “leite derramado” não vale a pena chorar!
Em 1997, aquando das comemorações dos 75 anos do Vitória, foi levado a cabo um vasto programa de comemorações nas quais se inseriram um conjunto de conferências em que se começou a abordar algumas perspectivas de futuro para o clube (já então se falava de uma SAD) numa lógica de médio prazo.
Mas foi uma iniciativa que não teve sequência e da qual não ficou rasto visível.
Espero que as agora anunciadas “Conferências Vitorianas”, meritória iniciativa do conselho vitoriano, tenham sorte bem diferente e que se assumam como um necessário espaço de reflexão e debate sereno quanto ao futuro do Vitória.
Porque se há assunto que continua, do meu ponto de vista, a ter prioridade absoluta é a elaboração de uma estratégia de médio prazo que permita orientar o clube para além das contingências próprias da bola que entra ou bate no poste.
Devemos isso ao nosso passado se queremos que o futuro seja condigno dele.
Para o ano o Vitória comemora 90 anos.
Uma idade bonita, a merecer comemoração condigna, que poderá ser muito bem o ponto de partida para o estabelecimento de um objectivo bem concreto e dos caminhos para lá chegarmos.
Que Vitória queremos em 2022?
No centenário do clube.
Que clube somos e que clube queremos ser.
Qual o modelo de gestão que devemos adoptar?
SAD ou continuar com o modelo actual de gestão com as alterações impostas pelo passar dos tempos?
Quantos associados queremos ter em 2022?
Quantos lugares anuais vendidos?
Qual a estratégia para o crescimento associativo, para a venda de lugares anuais, e essencialmente para estabilizar os números a que se quer chegar?
Qual a estratégia patrimonial?
Sendo que o estádio é indiscutível que fazer do complexo desportivo?
Modernizá-lo, e fazer dele uma âncora para o futuro, ou pensar na possibilidade de construir um centro de estágio para albergar todo o futebol fora da cidade e em condições ideais para a alta competição?
E as outras instalações?
Sendo o clube possuidor de um excelente pavilhão deve investir na construção de outros espaços (pavilhões e piscinas) que sirvam as modalidades ou optar por outras soluções que lhe permitam manter os índices de competitividade que tem exibido?
E no futebol?
Que clube queremos em 2022?
Com quantos portugueses no plantel e com quantos deles oriundos da formação?
Que metas e objectivos devemos traçar nessa área?
Quantos jovens queremos na formação e nas escolinhas de molde a darem-nos a massa crítica suficiente para podermos ambicionar sermos um Atlético de Bilbau português?
E nas modalidades?
Mantermos as que temos, diminuir o seu número ou enveredar por outras modalidades como o futsal ou a ginástica por exemplo?
Que modelo de financiamento adoptar para que as modalidades sejam autónomas na gestão e auto-suficientes nos recursos?
Que tipo de envolvimento queremos com a comunidade em que estamos inseridos?
Que colaboração com outros clubes vimaranenses de molde a propiciar mutuas vantagens?
Que papel a desempenhar junto das escolas como forma de promover a atracção dos jovens pelo desporto e pelo clube?
Que acção social a desenvolver para de alguma forma retribuir o apoio que o Vitória recebe dos vimaranenses?
Que papel cultural pode o clube desenvolver para ser mais que um clube desportivo?
Qual a estratégia de crescimento nacional, que metas e objectivos a alcançar, para sermos definitivamente um dos maiores clubes de Portugal?
Que sinergias a desenvolver com a autarquia para tornar o Vitória um embaixador cada vez mais activo da “marca” Guimarães?
Creio que estas e muitas outras questões devem fazer parte das preocupações de quem dirige o clube como forma de o preparar para o futuro.
E são, naturalmente, questões a que as candidaturas a próximas eleições no Vitória devem estar preparadas para dar uma resposta cabal.
Porque o clube precisa e os associados merecem.
este artigo está simplesmente brilhante e deve ser lido por todos os vitorianos.
ResponderEliminarTraduz uma perspectiva global do clube e a preocupação em pensar o futuro.
Para voltarmos a ter o Toural cheio de vitorianos a festejar precisamos de liderança no clube.
E creio que hoje já ninguém tem duvidas sobre quem deve ser o próximo presidente. Espero é que as eleições não demorem.
gostei muito do post.
ResponderEliminare quando leio isto e outros artigos que tem escrito mais pena tenho que ainda não seja presidente do nosso Vitória.
Porque é vitoriano e porque sabe ver o clube por inteiro.
Porque tem muitas ideias e sabe exprimi-las onde é preciso.
é pena que os sócios que andem a recolher assinaturas pelos vistos as tenham perdido.porque é mais que tempo de correr com estes senhores que estão na direcção a aproveitarem-se do Vitória.
Objectivo 2012: CAMPEÃO !
ResponderEliminarObjectivo 2022: CAMPEÃO !
ResponderEliminarEm 2012 é um pouco impossível...
Cara Gabriela: Pensar o clube é um dever de todos os vitorianos.
ResponderEliminarQuanto ás eleições serão quando os sócios quiserem.
Caro Rui: há quase 30 anos que escrevo sobre o Vitória. E sou vitoriano desde que me conheço.
Daí o ter alguma facilidade em "ver" o clube e a sua realidade.
Caro Anónimo:
Em 2012 será impossivel.
Em 2022,ou antes, porque não?
Em parte depende exclusivamente de nós vitorianos.
Para lhe responder, digo-lhe com toda a convicção que dependemos 90% de nós. Nós temos uma energia e um potencial brutal , que infelizmente ainda nenhum presidente soube capitalizar, dinamizar nem impulsionar. O Dr. Cirilo sabe melhor do que eu o quanto isto é verdade.
ResponderEliminarPara além de um bom gestor precisamos de alguém que consiga mobilizar a nossa gente e fazer-nos remar num sentido só. Quando isso acontecer ninguém nos vai parar, nem árbitros...
Caro Anónimo:
ResponderEliminarLiderança é de facto uma enorme carência vitoriana.
E definir um rumo,um objectivo e a forma de lá chegar.
Peço desculpa caro Luis mas aqui em Guimarães se um ano correr menos bem hipoteca-se logo os próximos 10. O próximo presidente terá que explicar muito bem que o que vai ser construído é para médio prazo e não para o imediato. Não vai ser fácil incutir isso nestes adeptos, mas se pelo menos não se tentar nunca se chegará a lado nenhum...
ResponderEliminarCaro vitoriadofuturo:
ResponderEliminarAcho que os adeptos perceberão se a estratégia lhes for explicada com clareza e verdade.
É que não há mesmo outro caminho.
Ou mudamos de vida ou não há...vida
Essa é que é a mais pura da verdade caro Luís. O Vitória tem que viver com aquilo que produz e não com aquilo que não produz e que não tem. Aliás é comparável á crise actual, quisemos viver acima das possibilidades e agora andamos todos com as calças na mão.
ResponderEliminarCaro vitoriadofuturo.
ResponderEliminarExactamente.
E é isso que tem de ser dito aos sócios sem meias palavras.
Querem...querem!
Não querem...o clube é deles.