Uma amiga minha mandou-me por mail esta história que não resisto a reproduzir aqui.
Porque,em boa verdade,explica muita coisa.
E,há que reconhecê-lo,é muito bem pensado!
Depois Falamos
Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas. (mas podia passar-se hoje...).
Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo.
A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros.
Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:-
Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história.
Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.
O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...
Tristemente bem pensado, diria eu...
ResponderEliminarCaro Miguel:
ResponderEliminarTambém acho.
É um eufemismo muito engraçado, o do senhor Embaixador.
ResponderEliminarTão engraçado como aquele que diz que o Povo português é um povo de brandos costumes.
A verdade nua e crua é que nós somos mesmo é uns bananas.
Só assim se compreende que se tolerem as coisas que se têm tolerado, por exemplo, ao nosso Primeiro Ministro.
Depois de ver o que aconteceu ao Ministro da Defesa Alemão, aquilo que de imediato me ocorreu foi imaginar o que aconteceria a Sócrates se ele fosse PM alemão, depois dos episódios surrealistas que envolvem a sua "licenciatura", os projectos de engenharia em Castelo Branco, o caso Freeport, e tantos tantos outros...
Caro Sr. Luis Cirilo
ResponderEliminarPor acaso eu já conhecia essa história, mas por arrasto veio-me à memória outra que sintetiza extraordináriamente a nossa aptidão para o fado do desgraçadinho, que é, a imagem de marca dos portugueses:
"Um turista regressado de uma visita turística a Portugal e comentando com os amigos a sua experiência no nosso país exclamava:- É um país muito bonito, com paisagens maravilhosas e uma gastronomia muito boa, monumentos extraordinários, e uma história excepcional, mas tem um grande defeito. Vivem lá portugueses.
Poderá até ser anedota, mas no fundo é o retrato fiel da nossa gente. Infelizmente.
Cps
S. Guimarães
Já foi dito aqui, mas nunca é de mais voltar a dizê-lo:
ResponderEliminar"Portugal é um país de bananas governado por sacanas". A frase tem um século mas é actual.
Esta historia é realmente triste e ao mesmo tempo convida à reflexão. Não creio que a situação de Portugal na cauda da Europa se possa explicar pela menor “qualidade” intrínseca do “Português”, como indivíduo .
ResponderEliminarPenso antes que , quando se viveu meio século num espaço reduzido ,onde as instituições não geriam para o bem de toda a colectividade , mas sim duma certa elite ou camada social, que dispunha de todos os poderes, apoiada por um regime ditatorial, selectivo e constringente, perdia-se um capital humano enorme que, bem educado, podia ter contribuído à expansão da economia do pais, em vez de contribuir à criação de riqueza no estrangeiro.
Os Portugueses gostam de fazer negócios e são capazes de iniciativa. A Historia no-lo ensina! E se eles obtiveram um grande sucesso na descoberta do mundo desconhecido, foi precisamente porque a instituição política da época, o Rei, deu toda a liberdade necessária , e ajudou todos aqueles que eram capazes de iniciativa. Não podemos dizer a mesma coisa, das décadas que precederam a Revolução, onde o horizonte estava hermeticamente fechado. Pagamos isso hoje.
E isso foi tanto mais prejuducial, que o espirito empresarial é antes de mais uma questão de mentalidade. Ele designa a determinação e a aptidão do indivíduo, isolado ou no seio duma organização, a identificar uma oportunidade e aproveità-la para produzir um novo valor ou o sucesso económico.
A criatividade ou a inovação são necessários para entrar ou ser competitivo num mercado existente, mudar ou mesmo criar um novo mercado.
Milhares de empresas foram criadas no estrangeiro por Portugueses, oriundos de todas as categorias sociais.
O objectivo ultrapassa a simples gestão quotidiana, mas a ambição é primordial.
Um estudo britânico e o equivalente francês revelou que os estrangeiros são frequentemente mais entusiastas na criação de empresas, e por isso mesmo mais imaginativos que os nacionais. Mais ambiciosos e criativos também, incluindo a vontade de afrontar os riscos, procurar a independência e a expansão. Talvez pelo facto que, frequentemente, criam uma nova vida, num pais diferente... e .. trabalham mais!
Como dizia recentemente Carlos Gomes, Director Geral de FIAT-França, os Portugueses têm qualidades para obter o sucesso, e, mesmo se em França, durante anos, as empresas portuguesas se limitaram a certas actividades empresariais tradicionais e sobretudo ao comércio e nos serviços, hoje já se aventuram em certos sectores da metalurgia em tecnologia de ponta? O que é promissor.
Portanto, direi que foi a dimensão inferior, para não dizer mais, da estrutura social, política e económica , e a mediocre capacidade dos gestores, na qual os Portugueses vieram ao mundo, que ditou a “sina” deles! A moldura não permitiu aos figurantes de sair da tela!
Freitas Pereira
porque eu quero que o Dr. tenha um fim-de-semana em beleza até lhe deixo o sítio onde a sua amiga foi buscar a história...
ResponderEliminarhttp://duas-ou-tres.blogspot.com/2011/02/navegacoes.html
ResponderEliminar(aqui vai o link que deveria estar no comentário anterior)
Caro Miguel:
ResponderEliminarÉ um belo exemoplo.
Mas em Portugal,especialmente com Sócrates, a culpa morre solteira.
O senhor em causa já fez tanta tropelia,fora as que ainda não se sabem,que noutro país já tinha sido demitido meia duzia de vezes se tal fosse possível.
Caro S.Guimarães:
Já os romanos diziam que os lusitanos eram um povo que nem se governava nem deixava governar.
Caro Anónimo:
Portugal é governado por portugueses. Que nos ultimos 100 anos emmais de 50 elegeram quem quiseram.
Caro Freitas Pereira:
ResponderEliminarUma análise lúcida e verdadeira como sempre.
Gostei da expressão"...A moldura não permitiu aos figurantes de sair da tela! ".
É bem verdade.
Caro Anónimo:
Obrigado pela referência.
Já conhecia o blogue do embaixador Seixas da Costa mas não tinha lido este post.