Anda Pacheco...

"Anda Pacheco" era uma frase célebre usada pela grande fadista Herminia Silva para com um dos seus guitarristas a meio dos espectáculos.
Tornou-se um icone das suas actuações.
Mas não é desse "Anda" nem desse "Pacheco" que nas linhas deste post se tratará.
È de um Pacheco que anda por aí,a debitar opiniões bem pagas,e que de um modo Abrupto pretende impôr a sua azia ao sentir livremente expresso dos militantes de um grande partido democrático.
A esse Pacheco reconheço,sem azedume,a valia intelectual,a clareza de pensamento,o raciocinio rápido e ás vezes (cada vez menos) certeiro.
Mas não reconheço nenhuma autoridade moral para se pronunciar sobre as escolhas livres (eu sei que no marxismo-leninismo, de onde Pacheco é oriundo ,essa história de voto livre faz confusão) feitas a 28 de Setembro .
Por uma razão simples:
Porque para mim,Pacheco,move-se na politica com um sentido de oportunidade proveitoso para ele mas completamente alheio aos valores,realidades e história do PSD.
Pacheco,em 1974 e 1975,quando o PPD lutava pela liberdade estava do outro lado da barricada lutando pela ditadura do proletariado.
Era mais fácil.
Depois "cavalgou" o soarismo e fez parte do MASP.
Aguda percepção da conveniência.
Seguidamente,sempre atrás dos "amanhãs que cantam" mudou-se para o PSD em plena euforia cavaquista.
Mais uma vez atrás do "bem bom".
Usando o estatuto de politico para aumentar a cotação na comunicação social ,onde profusa e rentavelmente espalhava comentários, e usando o estatuto de comentador de referência para ganhar espaço na politica.
Chegou a presidente da distrital de Lisboa,um dos piores de sempre aliás,e ganhou estatuto para ser cabeça de lista em Aveiro.
Fez uma campanha miserável,espalhando antipatia e arrogância,transformando os contactos com eleitores numa maçada que não disfarçava e exasperando todos os que tinham a desdita de ter de andar com ele em campanha.
Uma vez eleito,mostrando uma vez mais os principios e valores porque se rege,nunca mais pôs os pés no distrito.
Desprezo absoluto por quem lhe tinha confiado o voto.
Em 1999,depois de uma atribulada passagem pelo Parlamento,onde em nome de nada se entreteve a criar quezilias desnecessárias com a comunicação social,conseguiu ser cabeça de lista para o Parlamento Europeu.
Mais 5 anos de "bem bom",trabalho desconhecido em termos de P.E. mas aproveitando o tempo para escrever uns livritos sobre Alvaro Cunhal (um tema caro aos militantes e eleitores do PSD como é sabido) e facturar mais um bocado.
Sempre,mas sempre mesmo,mantendo uma grande indisponibilidade para o trabalho partidário que seria legitimo esperar dele.
Do partido,os cargos,as remunerações,o mediatismo.
As bases,os militantes,os eleitores...os outros que os aturem.
Percebendo que ao governo nunca chegará e que o filão partidário estava esgotado depois da oposição que fez a um governo do próprio partido,Pacheco, arguto como sempre,descobriu um novo "El Dorado".
Manter-se como militante e ganhar a vida a dizer mal do próprio partido.
O que faz,apesar da ilustre concorrência do professor Marcelo,melhor do que ninguém.
É nos jornais,nas revistas,nas rádios e televisões,quem quiser ouvir criticar o PSD,por tudo e por nada,é ler e ouvir o ilustre comentador.
Percebo que se mantenha no partido.
Dá-lhe o tal estatuto de espécie rara que remuneratóriamente compensa.
Defendo que o partido o deixe andar.
Que jeito lhe daria um processo disciplinar e até uma expulsão.
Ia ser facturar até dizer chega.
Coisa que ele aliás nao costuma fazer.
Por muito menos,outros que não gozam do estatuto de espécie rara,sofreram sanções disciplinares e alguns foram expulsos.
Enfim,tal como o Zé Carioca que ilustra este post,Pacheco está convencido que é o mais fino do bairro e que os outros são um bando de parolos.
Embora bem lá no fundo,porque é inteligente,desconfie que hoje não passa de um entertainer pago e que na realidade partidária não conta para nada.
O que em bom rigor pouca diferença lhe fará.
O PSD nunca lhe disse nada.
Foi apenas um meio para...
Depois Falamos