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terça-feira, abril 03, 2007

O reverso da medalha


Salazar e Cunhal,os dois maiores portugueses segundo o concurso da RTP,tão diferentes na aparência e tão semelhantes na essência.
Que me desculpem os politicamente correctos,aqueles para quem existem ditaduras boas e ditaduras más,mas os conceitos ideológicos,e de regime,defendidos por Salazar e Cunhal não eram assim tão diferentes como as vezes se quer pensar.
Um admirava Mussolini,o outro idolatrava Estaline.
Ambos defendiam a ditadura do partido único.
Um em nome da revolução o outro em nome da evolução.
Ambos defendiam ditaduras opressoras da liberdade e negavam a democracia parlamentar.
Um era adepto do governo das élites bem preparadas o outro da vanguarda revolucionária do partido.
Um criou o Tarrafal para os adversários,o outro achava a Sibéria uma boa escola de reeducação dos contra revolucionários.
Um inventou a Pide o outro defendeu o KGB.
Salazar apoiou os crimes franquistas,Cunhal louvou a invasão da Checoslováquia .
Um mergulhou o país numa guerra de treze anos em Africa,o outro apoiou os que a despoletarem e nunca contribuiu para uma solução pacifica.
Um apoiou regimes ditatoriais ,o outro deu aval ao golpe contra Gorbatchov.
Um permitiu a eliminação de opositores politicos,ao outro nem uma palavra se ouviu quanto á eliminação de dissidentes nos paises de Leste.
Pessoalmente ascéticos,cultivando o secretismo e defendendo ciosamente a vida privada,brilhantes nas suas áreas de especialidade,que herança deixaram ?
Um deixou um país pobre,culturalmente atrasado e politicamente num beco sem saida.
O outro legou um Partido perdido no tempo,com uma ideologia ultrapassada e sem qualquer perspectiva de futuro.
Tenho muita consideração por quem pense o contrário,mas Salazar e Cunhal não foram grandes portugueses.
Pelo menos na História.
Que é o que conta.
Depois Falamos

3 comentários:

  1. Parabéns Luis pelo excelente post! Uma inteligente e lúcida comparação de 2 homens tão diferentes e, no entanto, tão iguais...

    (como vêem, também conseguimos dizer coisas positivas...)

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  2. Gostei do seu texto, mas já que aboliu o politicamente correcto eu direi que na igualdade dos dois um seria provavelmente mais perigoso, Cunhal. As ditaduras que usam o proletariado para fazer valer o seu posto maioritário é em meu entender mais perigoso e desonesto. Quanto a Salazar este mais do que um ditador foi em meu entender um “pai” presente e de convicções católicas fortes tendo instituindo mais do que uma ditadura um regime de paternalismo à imagem das teses Católicas de família, e tanto assim foi que só à luz de tal se justifica a fuga de Cunhal do Forte de Peniche ou a fuga para o exílio (exílio faustoso e pomposo) em Cabo Verde de Mário Soares, pois em boa verdade tal só foi possível com a permissão de Salazar. Note-se ainda que, segundo as memórias de Marcelo ou aos escritos de Fernando Rosas, Salazar nutria grande admiração e respeito por Cunhal recebendo-o e ouvindo-o atentamente sem nunca ter deixado de ser um “pai” de matriz Católico Mariano. Também se refira que Salazar foi sempre prudente quanto à manifestação de conceitos sobre a Revolução Bolchevista nunca permitindo comentários depressivos ou de desrespeito. É esta a grande diferença entre Salazar e os demais ditadores. Salazar pese a denominação de ditador foi sempre um gestor da nação com características muito próprias não sendo na pureza enquadrável nas ditaduras europeias. Quanto ao Cunhal mais do que um ditador foi um idealista que quando estudou na Ex - União Soviética bebeu com paixão as teses ideias de Marx e da Revolução do Proletariado. Tentar compara-los a Hitler, a Estaline ou até a Mussolini é não fazer justiça a Salazar ou a Cunhal.

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  3. Bom comentário.
    Inteligente o argumentário da análise comparativa.
    Deixe o desporto, onde é francamente tendencioso. Siga por aqui, se me permite o atrevimento do conselho.

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