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terça-feira, março 06, 2007

O Ministro da Doença



Publiquei,um destes dias, no "Diário do Minho" este artigo


O MINISTRO DA DOENÇA

Correia de Campos é o pior ministro da saúde desde o 25 de Abril o que é proeza assinalável dado tratar-se de uma pasta por onde ,ao longo dos tempos, passaram titulares bem…mauzinhos.
Mas então a que deve este ministro a honra, aliás duvidosa, de o considerarmos o pior do sector em trinta e três anos de democracia ?
Simplesmente ao facto de o ministro, que naturalmente acredita na politica que tenta implementar, agir com uma desumanidade e uma insensibilidade aos problemas das populações que causa estranheza tantos anos depois de Abril.
Foram as maternidades que encerrou, a eito, por todo o país, surdo aos lamentos das populações, insensível aos apelos dos autarcas, indiferente ao estar a condenar muitos portugueses do futuro a irem nascer a …Espanha.
Mais preocupado com imagem pessoal de politico fazedor, insensível a questões de popularidade, desdenhoso perante a opinião de quem não pensa como ele, o ministro tomou decisões cujo erro se vai repercutir durante gerações e gerações.
Não contente com o condicionar o futuro dos que vão nascer, nomeadamente o sitio (e o País) onde vão nascer, o ministro vira-se agora para os que estão doentes e os que correm o risco de morrer.
Perante um silêncio intrigante de José Sócrates, o ministro desata a fechar urgências de hospitais e centros de saúde, com critérios meramente económicos, ou nem isso, fascinado pela contestação de que é alvo e obcecado pela convicção de que vai entrar para a (pequeníssima) História como o grande reformador da saúde em Portugal.
Pura ilusão aquela em que vive Correia de Campos !
Completamente insensível (é o termo que melhor o define) aos problemas dos idosos, dos doentes, dos mais pobres, daqueles a quem terem de se deslocar mais vinte ou trinta quilómetros pesa no orçamento familiar.
De Norte a Sul, do Litoral ao Interior, levanta-se uma vaga de contestação como há muito não se via e, no sector da saúde, nunca se tinha visto.
Pessoas de todas as idades ,de todas as condições económicas, de todos os graus de instrução, completamente desesperadas manifestam-se á porta de hospitais e centros de saúde, cortam estradas e pontes internacionais.
Porque é de profundo desespero, de medo á doença e á morte, que se trata e leva as pessoas numa época sem causas a mobilizarem-se e mostrarem a discordância e a revolta.
Perante isto que faz o ministro ?
Tem um gesto de humildade, de compreensão e tolerância, de humanidade até e admites rever as situações mais explosivas ?
Não !
Limita-se a atribuir toda esta revolta, todo este descontentamento aos …autarcas do PSD.
Insinuando que o sentir das populações não é genuíno, que o desespero dos mais necessitados não é real, que os problemas gerados pelo encerramento dos serviços não afecta profundamente os deles mais necessitados.
È um argumento intelectualmente pobre, politicmente disparatado, humanamente…insensível !
E, já agora, saberá o senhor ministro qual é o partido que governa as câmaras de Valença do Minho, de Santo Tirso, de Espinho ou de Vila do Conde ?
Municípios onde a contestação ás suas medidas tem sido particularmente acesa.
Correia de Campos, o pior ministro da saúde desde o 25 de Abril, habituado aos salões alcatifados da capital, aos carros com motorista, ao recurso aos melhores meios de assistência ao mínimo sintoma de necessidade, dá completos sinais de não entender o país em que vive, o que não é grave ,mas do qual infelizmente é governante o que é trágico.
Poucos como ele, encerrando maternidade e fechando urgências, terão feito tanto pela desertificação do interior e pela migração de populações para o litoral.
Para o aprofundar das desigualdades e das assimetrias.
Este ministro, mais do que um problema politico, é uma tragédia nacional.
Com a complacência, o beneplácito, a cobertura politica de José Sócrates.
Que nada fazendo, nada dizendo, se torna conivente e cúmplice desta desastrada politica e deste desgraçado ministro.
A saúde em Portugal está muito doente.
Foi infectada por um vírus chamado Correia de Campos.
Urge encontrar o tratamento adequado para resolver este problema clínico e ,já agora, ir pensando em despedir o “médico engenheiro
” que permitiu que ele alastrasse a este ponto.
Depois Falamos

3 comentários:

  1. Caro Luís Cirilo

    Absolutamente incrível o seu "post" . Trágica e revoltante esta situação. Sabe, eu creio que a classe política Portuguesa e aquela que está no poder talvez com mais responsabilidades ainda, visto a sua filosofia política e social , lançados na corrida àquilo que elas consideram como urgente e imprescindível " de copiar ou seguir o que se faz noutros países mais desenvolvidos " , que consiste na rentabilização de todas as actividades sociais, ou mesmo na sua eliminação pura e simples, em nome do equilíbrio financeiro do Estado, não vêm que no que toca à saúde há quem tenha meios suficientes para se tratar e há os que não têm esses mesmos meios.

    Assim é o sistema de duas velocidades que se instaura em detrimento dos pobres e de todos aqueles que vivem economicamente no limite da sobrevivência.

    E se num governo nao existe ninguém para moderar esta tendência , esta insensibilidade à situaçao de tantos que sofrem , isso augura bem mal do que pode resultar um dia para toda a sociedade.

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  2. Algo saltou do meu comentário precedente:

    Assim, no Reino Unido, a "Thatchérisaçao" do sistema de saúde deu como resultado que os Ingleses vêm tratar-se na Normandia e na Bélgica. Conheço alguns amigos Ingleses que procedem assim. Mas o serviço de saúde custava dinheiro ao Estado e por isso estrangularam-no.

    ( Num outro aspecto, a mesma "Thatcherisaçao" dos transportes deu como resultado que eles contam entre os mais perigosos da Europa. Existem linhas que pertencem a uma sociedade e os comboios a outra sociedade. O recente grave acidente dum comboio pendular da linha Glasgow-Londres permitiu de verificar quão perigoso pode ser um sistema onde a linha pertence a uns e o comboio a outros (neste caso ao patrão de Virgin) ; se a manutenção da linha deve assegurar pouco beneficio, a segurança do sistema é prejudicada.)

    O sistema de saúde americano conta entre as primeiras prioridades dos democratas americanos se ganharem as próximas eleições. Pelas mesmas razoes.

    Duma maneira geral, nestes países, o que não é financeiramente rentável, descura-se. As vitimas são os utentes. A rentabilidade "à outrance" em certos sectores vitais não pode ser imposta se se quer evitar o sofrimento inaceitável para os mais desfavorisados. Esta deve ser a tal parte da economia dirigida que deve escapar à liberalização excessiva do mercado.

    (Da mesma maneira que a Defesa Nacional baseada no armamento nuclear não pode ser deixada à livre concorrência do mercado. Porque é vital.)

    Em Portugal esta injustiça é talvez mais grave, na medida em que as rendas ou salários são inferiores aos do resto da Europa desenvolvida, que o governo Português quer copiar.

    Creio que , quando em França , o SMIG (Salário Mínimo Interprofissonal Garantido) é de 1380 euros e certamente 1500 após as eleições legislativas , sabendo qual é este mesmo salário em Portugal, a disparidade é enorme, sobretudo quando pago 21 euros ao meu médico generalista e 45 ao meu cardiologista e não pago os remédios na quase totalidade nem as operações , que se podem efectuar em prazos de dias ou um máximo de um mês, se não forem urgentes.

    O preço do kg. de manteiga ou do pão, ou a IVA, sendo igual para todos , há algo de injusto nesta política .

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  3. Caro Freitas Pereira.
    Estou inteiramente de acordo com o teor dos seus comentários.
    Creio que a civilização europeia deve orgulhar-se de todos os passos que desde o século XIX tem sido dados quer em termos de direitos humanos que em termos de politicas sociais.
    Os direitos adquiridos nessas areas,que alguns ultraliberais querem agora por em causa em nome de uma produtividade e de uma rentabilidade inteiramente discutiveis,são algo que neste mundo tão competitivo e em tao acelarada mudança,marcam bem a diferença entre a Europa e os Estados Unidos por um lado,mas essencialmente a diferença entre o velho continente e as potências asiaticas emergentes.
    As politicas sociais de defesa dos mais fracos,dos mais pobres,dos mais velhos,devem continuar a ser uma imagem de marca do continente europeu e não uma contrapartida negociavel em termos de maior ou menos penetraçaõ em determinados mercados especialmente apeteciveis.
    Como o imenso mercado chinês.
    Bem pelo contrário,devem ser os paises europeus que ao
    negociarem com alguns desses paises devem exigir como contraspartida europeia,á entrada dos produtos lá fabricados,verdadeiros progressos em termos de direitos humanos,politicas socias e defesa do meio ambiente.

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