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domingo, outubro 15, 2006

O tabaco e o cancro

Numa navegação pela Net encontrei este" interessante" artigo numa revista cientifica.
Sendo que o cancro de pulmão é hoje a segunda forma de morte por problemas oncológicos,não deixa de ser também um daqueles que está mais na mão de cada um de nós prevenir e tentar evitar.
Por mim não fumador militante,desde sempre,espero apenas que cada um dos que não conseguem deixar o cigarrinho tenham,a tempo,a força de vontade necessária para dizerem "Basta".
Todos temos de morrer um dia ,é certo,mas escusamos de contribuir activamente para isso !
Vá lá,força de vontade que vale a pena.
Depois Falamos

O tabaco e o cancro
O cancro
O segredo da vida sempre intrigou os Homens.
Durante todas as épocas procuraram-no com tanto ardor como a pedra filosofal.
Desde que o homem existe, sempre tem lutado contra a doença. Desde os tempos pré-históricos revelou-se médico e cirurgião, tal como astrónomo e agricultor, definindo-se em relação às grandes leis da natureza para estar de acordo com elas ou para as combater.
Nessa luta secular, o homem ganhou inúmeras batalhas, mas não se pode orgulhar de ter ganho a guerra. Como os monstros lendários, o mal parece renascer das próprias cinzas ou dos seus detritos. A peste, a cólera, a tuberculose e a sífilis foram vencidas, mas o cancro toma agora relevo e faz planar sobre a humanidade uma ameaça terrível.
Contra esta ameaça, ao mesmo tempo tão nítida e tão misteriosa, a ciência decretou uma mobilização geral. Em todo o mundo alguns milhares de laboratórios modernos, centenas de milhares de pequenos animais para experiências, biliões de horas de observação ao microscópio, tudo isso testemunha a importância dos meios postos em prática e, por outro lado confirma a importância do perigo.
O cancro é uma das doenças que desde tempos recuados se observam na humanidade, dado que foi já reconhecida nos velhos escritos indianos e egípcios, quinze séculos antes de Cristo.
Também os animais se vêem tocados por esta doença quer os domésticos quer os selvagens e nem sequer as plantas são poupadas.
Até hoje nunca tantos meios foram utilizados contra uma única doença, e apesar do desenvolvimento já impressionante dos meios consagrados a esta luta, as causas e o mecanismo do "mal" permanecem ignoradas.
Tabaco vs. Cancro
O tabaco para fumar (cigarros, charutos, cachimbos) contém três perigosos produtos químicos: alcatrão; nicotina; e monóxido de carbono.
O alcatrão é uma mistura de diversas substâncias que, nos pulmões, se condensa sob a forma de um "xarope" espesso.
A nicotina é uma droga viciante, absorvida a partir dos pulmões e que actua principalmente sobre o sistema nervoso.
O monóxido de carbono diminui a capacidade de os glóbulos vermelhos transportarem oxigénio para o corpo.
O fumador tem 14 vezes mais probabilidade que o não fumador de morrer de cancro do pulmão, garganta ou boca; 4 vezes mais de morrer de cancro do esófago; 2 vezes, de cancro da bexiga; e 2 vezes mais de morrer de ataque de coração. Para além disso, os cigarros são a principal causa de bronquite crónica e do enfisema; e de doenças pulmonares, que aumentam elas próprias o risco de pneumonia e de falha cardíaca.
Também os fumadores passivos que inalam o fumo dos cigarros de terceiros vêem aumentado o risco de cancro.
Como o fumo provoca o cancro
Muitos dos chamados cancros do pulmão ocorrem de facto nos brônquios — os tubos por onde o ar circula até aos pulmões. Os brônquios estão revestidos de células altas, denominadas células cilíndricas, as quais são recobertas de pêlos finos, os cílios. Os brônquios são lubrificados por um muco segregado por células em forma de taça (caliciformes).
Durante um certo período de tempo, o fumo leva a que estas células — especialmente as que se encontram no ângulo da ramificação dos brônquios — sofram uma alteração designada por displasia. As células cilíndricas perdem os cílios e assumem uma forma mais próxima do cubo, progredindo para um tipo de célula escamosa e achatada, semelhante às da superfície da pele.
Durante este período, são geradas pela camada basal células de substituição e cílios, a fim de substituir as que sofreram mutação ou foram destruídas pelo tabaco. Todavia, sob certas circunstâncias, a regeneração não consegue impedir a disseminação das células escamosas. As células basais subjacentes multiplicam-se a um ritmo mais elevado, e algumas delas transformam-se em células cancerosas.
As células cancerosas multiplicam-se rapidamente, substituindo as células basais saudáveis e as células escamosas da camada superior. Eventualmente, o cancro em crescimento rompe a membrana subjacente às células e alastra para o tecido conjuntivo inferior. Cedo são afectados os tecidos dos órgãos adjacentes.
Distribuição do cancro entre homens e mulheres
Na mulher predominam os tumores do aparelho genital, ao passo que no homem são mais frequentes o cancro da pele e do pulmão.
Localização
Homem
Mulher
Boca
3%
2%
Pulmões
18%
5%
Mamas
1%
23%
Estômago e intestino delgado
11%
13%
Recto
11%
13%
Cólon e útero

14%
Próstata
11%

Pele
23%
13%
Sangue
7%
6%
Outras
9%
14%
Consequências do tabaco nas diversas áreas do corpo
Boca e Bexiga: Não há qualquer duvida que o cigarro (especialmente o alcatrão que contém) é cancerígeno — capaz de produzir o cancro nos tecidos com que está em contacto. Por isso os fumadores correm o risco de contrair cancro em qualquer parte do aparelho respiratório, incluindo a boca e a garganta.
Esófago: Muitos fumadores costumam "tragar" (engolir) uma certa quantidade de fumo, pondo assim o aparelho digestivo — o esófago em particular — em perigo de cancro.
Pulmões: Substâncias estranhas são continuamente removidas do tecido pulmonar por finíssimos filamentos (cílios) que forram os canais respiratórios e que varrem todas as partículas através da expectoração. Para além do risco do cancro do pulmão, os produtos químicos existentes no tabaco podem destruir gradualmente alguns desses filamentos, o que provoca a inflamação crónica do tecido pulmonar. A "tosse de fumador" é devida ao enfraquecimento da eficiência da "maquinaria de limpeza" pulmonar, com o consequente volume extra de expectoração.
Coração e Artérias: A nicotina pode aumentar o numero das pulsações cardíacas bem como os efeitos de uma pressão arterial elevada. O fumo do cigarro, provavelmente pelo monóxido de carbono que contém, parece intensificar a acumulação de ateroma nas artérias, que é um doas factores a considerar em muitas doenças de coração. É mais normal que um ataque coração seja fatal nos grandes fumadores do que em outras pessoas.
Bexiga: O cancro da bexiga pode ser resultado da absorção pela corrente sanguínea e respectiva excreção na urina de produtos químicos cancerígenos — principalmente os do alcatrão — inalados em resultado do fumo.


"Artigo publicado na revista Ciência"




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