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quinta-feira, junho 22, 2006
Zapateradas...
Espanha é o país,também por questões de proximidade,que melhor conheço para além de Portugal.
Até onde a minha memória alcança,lembro-me de ir a Espanha,nomeadamente á região da Galiza,visitar os seus monumentos,conhecer a sua gastronomia e ir-me inteirando de afinidades e diferenças.
Vigo,Santiago de Compostela,Pontevedra,Corunha estão presentes nas minhas mais remotas memórias de viajante,sempre numa optica de descoberta e uma permanente sensação de aventura num tempo em que de Guimarães a Vigo se demorava bem mais de três horas já não contando com as infernais filas na fronteira de Valença do Minho.
Hoje com auto estradas que fazem a ligação directa entre cidades,um percurso Guimaraes,Braga,Porto,Gaia,etc a Vigo demora uma horita bem contada,sem especiais pressas nem acidentes de percurso.
Espero que este blog não seja lido por ninguém da Brigada de Trânsito...
Tudo isto para dizer que com muitas e muitas viagens a Espanha e por Espanha,com um numero ja razoavel de anos com férias passadas primeiro na Andaluzia e depois na Catalunha,posso dizer que conheço bem as gentes,os costumes,a cultura ,os monumentos,as grandes e medias cidades,as costas e o interior,em suma o País !
E aqui é que entra a questão: Que País ?
Ao contrario de Portugal,que com as fronteiras actuais há muito definidas,é a nação europeia mais antiga nesse tipo de definição,Espanha é um mosaico de culturas,de linguas,de nacionalismos.
Desde o tempo em que se dividia em Leão,Castela,Navarra e Aragão,com o sul sob dominio muçulmano sob o controle do califado de Córdoba,que Espanha tem um claro problema de unidade do Estado.É certo que durante muitos anos,com especial incidência no periodo franquista,houve um claro esforço,por todos os meios,de impor uma unidade nacional e abafar os sentimentos autonomistas das várias regiões.
Foi assim com os bascos,foi assim com os catalães.
Proibições de falarem as linguas regionais,proibiçoes de serem ensinadas,proibiçoes de editarem livros,jornais ou revistas noutra lingua que não o castelhano.
Entre muitas outras formas de repressão.
Claro que tal deu origem a contestação,deu origem ao aparecimento de organizações independentistas que tem como expoente a tristemente célebre ETA,com um longo rasto de crimes terroristas,de dor e de sangue.
Mas deu também origem ao aparecimento iconográfico de simbolos da resistência a Madrid como é o caso,por exemplo,do Futebol Clube de Barcelona que não por acaso tem como slogan "Mais que um clube " !
Com o advento da democracia,tornou-se imparável o reforço das autonomias.
Catalunha,Pais Basco e Galiza,essencialmente,em sucessivas negociações do estatuto autonómico foram conseguindo uma cada vez maior "independência" de Madrid á custa de lideranças regionais fortes como as de Manuel Fraga,Ibarretxe e Pujol.
Curiosamente registando os maiores avanços quando no poder central estava o PSOE e maiores dificuldades nos tempos de Suarez e Aznar.
Porém,com Zapatero,está-se a ir longe demais.
Negociação com os terroristas da ETA,cedências quase totais nos estatutos autonómicos,um poder central fraco a caminho de ceder tudo.
Ou seja,muito claramente Catalunha e Pais Basco a caminho da indepêndencia,e as restantes autonomias á espreita...
Dir-me-ão que não é para já,que o processo demora anos,que com o regresso dos populares ao poder será posto travão ao processo.
Talvez !
O problema é que depois das cedências feitas não há retrocesso possivel,pelo menos em democracia,e por isso o caminho torna-se irreversivel.
Não sou dos que acha que uma Espanha fraca e fragmentada torna Portugal mais forte.
Pelo contrário penso que o foco de instabilidade em que o nosso vizinho,e única ligação terrestre á restante Europa,se vai tornar trará acrescidos problemas ao nosso País.
Neste tempo de globalização e de potências regionais fortes,com uma unica superpotência,uma Europa a "desfazer-se" não é bom para ninguém.
Pessimismo ?
Depois Falamos
Discordo. Portugal vive num micro-ambiente geoestratégico e económico altamente desequilibrado, representando, para me socorrer apenas dos dados mais básicos, cerca de 15% da superfície da Península, 20% da população e 12% do PIB. Tal discrepância, aqui como em qualquer outro lugar, cria dependências e vulnerabilidades e coloca Portugal numa quase permanente posição de subalternidade no plano internacional e no bilateral, com a agravante de Espanha ser o único vizinho. O regresso a uma Península Ibérica multipolar (cenário optimista, mas distante) permitiria atenuar muitos destes inconvenientes, desde que tal não fosse desencadeado no âmbito de um processo altamente conflituoso, mesmo derrapando para o confronto militar (o que é ainda mais improvável).
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