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O Caneco da Liga

O meu artigo desta semana no zerozero.

A taça da Liga, coitada dela, tem muito pouco prestígio e credibilidade então é melhor nem falar.
Popularmente conhecida como “taça da carica”, taça “Lucílio Baptista” e outras alcunhas, algumas delas impublicáveis, entrou no anedotário nacional face à forma “sui generis” como foram decididas algumas das suas finais que em nada contribuiram para que a prova se credibilizasse.
Sendo certo que mais que esses episódios o que realmente contribui para que a prova seja uma competição menor e descredibilizada  é o absurdo regulamento ao abrigo da qual é disputada e que é, para não sermos antipáticos, uma autêntica aberração.
Partindo do princípio que uma Liga é constituida por clubes profissionais, que agrupados em duas divisões disputam os respectivos campeonatos, entende-se que essa Liga deve defender os interesses dos seus filiados por igual, com isenção e competência, porque o negócio futebol não se deve compadecer com favoritismos, diferença de tratamentos, políticas de filhos e enteados.
Creio que será assim por toda a Europa onde há Ligas a organizarem provas mas não é assim em Portugal onde desde sempre a Liga nunca teve pejo nem vergonha em favorecer três e tratar como parceiros menores todos os outros.
E isso está expresso de forma clara no regulamento da famigerada taça.
Todo ele feito para a competição seja sempre ganha por Benfica, Porto, ou Sporting com a divisão em quatro séries  cujos cabeças são os quatro primeiros classificados do campeonato, onde esses três clubes só muito excepcionalmente não se classificam, o que os coloca desde logo numa posição de privilégio com vista ao triunfo na competição porque, entre outras razões, isso evita que se encontrem antes das meias finais contrariamente a todos os outros que tem de fazer percursos mais árduos para lá chegarem.
É certo que esse regulamento manhoso já foi contornado por Moreirense, Braga e Vitória FC que conseguiram vencer a competição mas mais não são do que as honrosas excepções que apenas confirmam a vergonhosa regra.
Mas, há que dizê-lo, esse regulamento  absurdo de uma competição sem credibilidade apenas existe porque ao longo dos anos em sucessivas assembleias gerais da liga os clubes o aprovaram pese embora ser lesivo dos interesses da sua esmagadora maioria.
De facto é incompreensível que trinta e um clubes aceitem um regulamento em que são tratados como parceiros de segunda , em que são obrigados a competir em situação de desigualdade, em que os seus emblemas não são respeitados, sem que tenham a dignidade de chumbar liminarmente essa aberração regulamentar.
Diz muito sobre a qualidade do dirigismo que temos e sobre o “amor” de alguns dirigentes aos seus clubes. Para não dizer pior!
Mas se a situação era má...agora piorou!
Com base em problemas de calendário, que são reais mas não são inultrapassáveis, a Liga decidiu uma aberração ainda maior para a disputa da próxima edição da sua taça.
Que é a de disputar uma edição da taça da Liga para apenas alguns clubes da Liga enquanto todos os outros ficarão de fora uma vez mais relegados para o papel de parceiros menores de uma instituição que a todos devia tratar por igual.
E nem o tosco regulamento inventado para este efeito, dispondo que a competição a oito (de 34...) será disputada pelos seis primeiros classificados da liga NOS e pelos dois primeiros da Liga PRO em Novembro, tentando atirar poeira para os olhos de quem quiser ser enganado com a falsa ideia de que estarão todos em plano de igualdade para a disputa dessas posições ( na PRO podem estar mas na NOS não estão de certeza absoluta) disfarça a realidade de ser mais um arranjinho para o desprestigiado “caneco” ser ganho por Benfica, Porto ou Sporting.
Com a inexplicável conivência de todos os outros.
Porque com as honrosas excepções de Marítimo e Sporting que votaram contra (eu sei que houve sete abstenções mas nunca caso destes abster corresponde a consentir ) todos os outros votaram favoravelmente um regulamento que os vai excluir na sua esmagador maioria da disputa da competição.
Absolutamente incompreensível a posição dos dirigentes de todos esses clubes.
Naquilo que foi mais um passo para desprestigiar uma taça da Liga que, coitada repetimos, já não tem prestígio nenhum.
Mais valia terem evocado o pretexto da falta de datas e não disputarem este ano a competição.
Tinham prestado bem melhor serviço ao futebol português.

quarta-feira, julho 29, 2020

Adjuntos


Ter trabalhado com um grande treinador é factor de aquisição de conhecimentos e de experiência nos grandes clubes e nos grandes palcos mas não é por si só habilitação suficiente para ser treinador principal.
Complementa mas não fundamenta.
É preciso mais, muito mais. 
E por isso aqueles que acham que ter sido adjunto de um grande treinador basta para ser também um grande treinador deixo o exemplo de dois adjuntos de José Mourinho. André Vilas Boas e Vítor Pontes. Acho que fazer um desenho será desnecessário. 
Acrescento, contudo, que este texto não significa a minha posição sobre nada que não seja a facilidade com que se usam alguns argumentos.

Nova Burla

Durante muito tempo pensou-se que a célebre burla de Alves dos Reis seria inultrapassável em engenho na forma de montar a vigarice e no resultado prático que foi o sucesso da mesma até um dia,por mero acaso, ser descoberta.
Mas tal como os recordes são para bater também o engenho dos burlões não cessa de aumentar e por isso esta burla em torno do Novo Banco, também ele sede de burlas gigantescas que todos vamos pagar durante gerações, ultrapassa de largo a burla do célebre falsário.
A história é simples e fácil de contar.
O Novo Banco vendeu 13.000 imóveis a um fundo anónimo sediado nas Ilhas Cayman por 364 milhões de euros, quando o valor da avaliação dos imóveis apontava para um valor de 631 milhões de euros, que o fundo não possuia pelo que os pediu emprestados ao...Novo Banco!
Ou seja o banco financiou a um fundo anónimo, repito o anónimo, a compra por este fundo dos seus próprios imóveis.
E como o negócio deu um prejuízo na casa dos 260 milhões de euros o fundo de resolução do Estado português, ou seja nos contribuintes, foi chamado a cobrir o prejuízo do Novo Banco neste negócio ruinoso.
Resta acrescentar que por incrível que pareça ainda não foi ninguém preso!
À beira destas burlas o "pobre" do Alves dos Reis era mesmo um aprendiz de burlão!
Depois Falamos

Treinador II

O nome do sucessor de Ivo Vieira está na ordem do dia.
Embora tenha a curiosidade normal de qualquer vitoriano sobre o assunto não contribuo para a especulação lançando nomes pelo que me limitei a escrever, dias atrás, um texto em que traçava o perfil do treinador que enquanto adepto gostaria de ver no clube. 
Neste momento são vários os nomes de que se fala, uns interessantes, outros nem tanto e outros nada mesmo ao sabor da tentativa de adivinhar o nome certo por parte da comunicaçao social e dos adeptos. Normal, sempre assim foi e sempre assim será. 
Quando o nome do "eleito" for divulgado então haverá quem concorde, quem discorde, quem lhe dê um voto de confiança e quem manifeste desde logo a descrença.
Também foi sempre assim e sempre assim será. Até quando Pimenta Machado contratou José Maria Pedroto, que era de longe o melhor treinador português desse tempo, houve quem em Guimarães discordasse e manifestasse essa discordância na imprensa local que nesses tempos não havia redes sociais.
E Pedroto nos dois anos que esteve no Vitória teve um papel decisivo no nosso crescimento a vários níveis.
Por isso acho normal toda esta agitação em torno do próximo treinador do Vitória.
 Até porque os adeptos cansados de anos zero, e de verem clubes à nossa volta a crescerem enquanto nós marcamos passo, tem consciência plena que poucas vezes na nossa História a escolha de um treinador assumiu contornos tão importantes em relação ao futuro do futebol vitoriano como a do próximo treinador assume.
 Porque como já escrevi ele terá de ser o primeiro factor de mobilização e esperança para a próxima época e o garante, tanto quanto no futebol se pode garantir, de um ano de sucesso. Vamos pos ter calma. 
E ter calma é exactamente o contrário do que fazem alguns tontos nas redes sociais que se acham no direito de terem opinião sobre o assunto mas recusam aos outros o mesmo direito se esses outros não estiverem de acordo com eles! 
E porque em relação a um ou outro nome que veio a público houve quem legitimamente manifestasse discordância ou dúvidas (num clube "vivo" há normais diferenças de opinião) lá veio a desmiolada conversa dos "vitorinos", do "deixem-nos trabalhar e no fim logo se vê", do "o homem ainda não veio e já o criticam" esperando-se para breve a velha ladaínha do "quem discorda que se candidate nas eleições" e "só aparecem nas festas do Jamor para comerem panados"!
Práticas e dizeres vindos de um "antigamente" ainda recente e que assentam na estúpida presunção de alguns que acham ter o direito de avaliarem o vitorianismo dos restantes.
Vamos com calma que temos pressa.
Pressa de ter sucesso.

JSD

"Rio pede lealdade e disciplina ao novo líder da JSD" (Sábado).

Depois de um excelente mandato da Margarida Balseiro Lopes a JSD elegeu Alexandre Poço para a liderança. 
Um jovem inteligente, com personalidade e que pensa pela sua cabeça como é boa tradiçao dos líderes da JSD.
Também por isso soa a estranho esta forma de o líder do PSD se lhe dirigir, via redes sociais (o presidente do PSD falar com o presidente da JSD pelas redes sociais já é em si uma originalidade) , num tom de mestre escola a falar com um aluno suspeito de indisciplina. 
A avaliar pelo início aí está uma relação que tem tudo para não correr bem.

domingo, julho 26, 2020

Ronaldo


Se há certeza que Cristiano Ronaldo nos anda a dar há muitos anos é que com ele não há impossíveis. Hoje sagou-se campeão de Itália, bi campeão para ser mais preciso, numa época em que será no mínimo o segundo melhor marcador do campeonato dado que com 31 golos marcados está a três de Immobile e ainda faltam duas jornadas pelo que tudo é possível.
Trinta e um golos, aos trinta e cinco anos, num dos melhores campeonatos da Europa onde nem todos atacam com a mesma efiácia mas todos sabem defender bem é simplesmente extraordinário e é mais um grande momento de uma carreira recheada deles.
A Juventus foi a melhor equipa, dominou a prova sem especiais dificuldades pese embora Lazio, Atalanta e Inter tenham feito os possíveis para ultrapassarem esse domínio, mas não deixa de fazer alguma impressão que num campeonato onde estão clubes com a História de Milan, Inter, Lazio, Nápoles, Torino, Roma a "velha senhora" tenha conquistado o seu nono título consecutivo dando provas de uma supremacia que não é do interesse do futebol.
Um pouco à imagem do que vem acontecendo na Alemanha com o Bayern de Munique e que alguns gostariam que sucedesse noutros países e noutros campeonatos.

Portimonense

A última jornada da Liga não me agradou rigorosamente nada. 
Especialmente pela descida do Portimonense e pelo não apuramento europeu do Famalicão.
A descida do Aves foi justa e há muito tempo estava decidida mas os algarvios bateram-se valentemente durante esta fase final da Liga, tiveram razões de queixa das arbitragens, conseguiram uma recuperação que lhes permitiu sonhar mas as duas últimas jornadas foram fatídicas pela derrota em Paços de Ferreira e pelo empate do Vitória FC em Alvalade seguido por um triunfo frente ao B SAD no Bonfim.
E assim desceu um clube de cara lavada, o Portimonense, enquanto permanecem na primeira liga clubes como o Vitória FC ,que todos os anos apresenta imaginativas certidões de não dívida ao fisco e segurança social, e o B SAD que é uma espécie de "corpo" estranho sem clube de suporte, sem adeptos, sem estádio e com um emblema feito à pressa depois de o tribunal o ter impedido de usar o histórico emblema do Belenenses. 
Fica assim adiado um ano mais o regresso do derbi algarvio na primeira liga que, aliás, já não acontece desde 1989 salvo erro.
Resta desejar que o Portimonense regresse na próxima época e, se possível, acompanhado pelo Chaves.
Quanto ao Famalicão teve o pássaro na mão por duas vezes e deixou-o fugir. na penúltima jornada esteve a vencer o Boavista por 2-0 e esse resultado garantia a Liga Europa. 
Mas deixou-se empatar e remeteu tudo para a última jornada no Funchal face ao Marítimo.
Aos 87 minutos perdia 1-2, deu a volta ao resultado para um 3-2 que lhe garantia a Europa e depois nos instante finais permitiu o empate num lance em que o seu guarda redes demonstrou muita falta de classe. 
E assim perdeu a Europa face a um adversário que se tivesse jogado todo o campeonato com o mesmo empenho com que defrontou o Famalicão teria certamente ficado bem melhor classificado. 
Não, não gostei nada desta última jornada. 
Como não gosto do actual estado do nosso futebol.

sexta-feira, julho 24, 2020

Uff

Até que enfim acabou.
Acabou o campeonato para o Vitória e acabou o tempo de Ivo Vieira como treinador do Vitória. 
Foram dez jogos penosos no pós interrupção, independentemente do resultado, face à forma como o treinador escalou as equipas, fez as substituições, gizou as estratégias de jogo, fez a gestão do esforço (aqui é que a conversa daria pano para mangas...) de alguns jogadores.
Hoje foi apenas mais do mesmo.
Uma equipa inicial difícil de perceber, meia parte de avanço, substituições tardias e ficando duas por fazer (Ivo deu a sensação clara de nunca ter percebido o mecanismo das cinco substituições) e num jogo que era claramente de ganhar porque a nossa camisola (mesmo que mais uma vez tenha sido a preta sem qualquer motivo) tem de ser honrada o treinador apenas mexeu na equipa a vinte e três minutos do fim com uma dupla substituição e depois teve o arrojo de lançar Joseph apenas aos 87 minutos(!!!) e a lata de deixar Davidson sentado no banco num jogo, repito, que era de ganhar.
Ivo Vieira que até à paragem do campeonato pareceu sempre fazer parte da solução para o futuro a partir daí tornou-se na parte maior do problema e acaba por sair sem honra nem glória deixando o Vitória num modesto sétimo lugar. 
E sobre este jogo de hoje resta dizer que o árbitro João Bento tomou tantas decisões incompreensíveis, cometeu tantos erros de análise disciplinar e foi tão mal ajudado pelos fiscais de linha e pelo VAR que também ele bem precisa de ir de férias e reflectir sobre o que anda a fazer na arbitragem!

Apparatchicks

A decisão de sete deputados do PSD ( e 28 do PS) de votarem contra o fim dos debates quinzenais com o primeiro ministro, nascida de uma absurda sugestão do PSD prontamente aproveitada pelo PS, mereceu um enorme relevo noticioso e político pela coragem e dignidade daqueles que ousaram afrontar os directórios partidários.
No caso específico do PSD, que lançou a sugestão e decidiu votá-la favoravelmente sem sequer a discutir no seio do seu grupo parlamentar(!!!), o assunto levantou enorme celeuma porque não só um partido de oposição quer o máximo de oportunidades de confrontar o governo (no tempo do primeiro ministro Pedro Passos Coelho nunca o PS apresentou semelhante proposta por razões óbvias) como considerar a ida do PM ao Parlamento uma perda de tempo,e não um momento nobre do seu trabalho, revela uma visão canhestra da democracia e uma enorme falta de respeito pela Assembleia da República que é a casa da democracia.
E por isso a atitude de Pedro Rodrigues, Margarida Balseiro Lopes, Emídio Guerreiro, Alexandre Poço, Pedro Pinto, Alvaro Almeida e Rui Silva mereceu o apoio e admiração de muita gente, dentro e fora do PSD, por considerarem que com o seu voto tinham honrado o cargo que ocupam, defendido o prestígio do Parlamento e mostrado que ainda há no PSD quem honre a história do partido e aquela que é a sua boa tradição parlamentar.
Claro que também incorreram na ira dos poucos "apparatchicks" que ainda se prestam a defender o indefensável e que na tarde de ontem não devem ter feito mais nada que não fosse andarem pelas redes sociais a vomitarem o seu desagrado, a sua intolerância, o seu sectarismo contra aqueles que tinham ousado desobedecer ao "querido líder".
E de caminho tentando exorcizar todos quantos, militantes ou não do partido, apoiaram publicamente os sete deputados.
Acontece que esta questão da imposição do fim dos debates quinzenais não é uma questão interna do PSD (ou do PS) como os "apparatchiks" radicais querem fazer crer e andam a propagandear por quem tem paciência para os aturar nas redes sociais.
Tem a ver com a qualidade da democracia, com o regular funcionamento das instituições, com a asfixia que se pretende fazer aos partidos que não concordaram com esta aberração , com o direito de a oposição fiscalizar e controlar a actividade do governo. 
E por isso me sinto representado, enquanto cidadão, pelos 35 deputados que no Parlamento votaram contra este enfraquecimento propositado da qualidade da democracia perpetrado pelas direcções do PSD e do PS.
Depois Falamos.

Fantochada

Com o campeonato a uma jornada do fim, e a consequente perda de notícias diárias, a comunicação social vai-se dedicando à especulação e a atirar para o ar hipóteses de transferências que na sua esmagadora maioria acabam por não se verificar.
Simultaneamente os clubes chamados "grandes" vão deixando cair uns nomes para alimentar o foclore ora para desviarem atenções dos verdadeiros alvos ora para atirem o barro à parede a ver se do outro lado há alguma reacção favorável.
Hoje o jonal "O Jogo" notícia que o Sporting está interessado em Marcus Edwards.
O mesmo SCP que foi buscar o treinador ao Braga mas até hoje "esqueceu-se" de o pagar, o mesmo SCP que por valores seguramente muito inferiores demorou uma eternidade em pagar Raphinha ao Vitória, o mesmo SCP que põe a correr  (e os jornais nem questionam) que tem ofertas de 45 milhões por um tal Joelson que não tem curriculo como profissional mas acha muito pagar 15 ou 20 milhões por Edwards que marcou nove golos e fez nove assistências na primeira liga.
Uma fantochada em suma.
Se Marcus Edwards não ficar mais um ano no Vitória, a opção mais desejável, certamente que o Vitória encontrará no mercado externo, nomeadamente no inglês, bem melhor negócio do que aqueles que nos últimos anos fez com os chamados "grandes".
Que gostam de vender por milhões, que por milhões gostam de comprar  na América do Sul, mas que no mercado português estão habituados a oferecer três reis de mel coado por jogadores que valem muito mais do que isso.
Com Tapsoba a SAD do Vitória provou saber qual é o caminho.
Com Edwards seguramente fará o mesmo.
O Sporting, mais o Benfica e o Porto, que vão enganar outros.
Depois Falamos.

Sondagem

Imagem: Partido Chega

Tenho um "velho" e sábio amigo que me costuma dizer que as sondagens são como os cavalos, ou seja, quando "correm" todas para o mesmo lado isso alguma coisa quer dizer.
E é inequívoco que as sondagens que nos últimos meses tem vindo a público traduzem resultados estáveis para a generalidade dos partidos parlamentares com o PS a manter-se numa liderança destacada mas sem chegar à maioria absoluta, o PSD muito longe de ser alternativa, o BE a cavalgar a onda dos populismos vários que acracterizam a sua acção, a CDU a resistir ao seu maior adversário
-o passar do tempo-  o CDS a deslizar na tal rampa inclinada que o conduzirá à irrelevância e o PAN a manter as percentagens de Outubro de 2019.
Há, contudo, duas excepções.
A Iniciativa Liberal a subir nas intenções de voto, fruto de uma oposição esforçada no Parlamento complementada com uma comunicação que continua a ser de alto nível, e o Chega a crescer exponencialmente sendo já o terceiro partido nas intenções de voto o que é verdadeiramente significativo.
Significativo de que o partido encontrou um eleitorado que conseguiu captar e significativo de que conseguiu aparecer como a principal referência à direita do PS face ao desinteresse do PSD em fazer oposição e à tal irrelevância para que caminha o CDS.
E se a isso juntarmos o facto de crescimento e galvanização para o partido que será a candidatura presidencial de André Ventura (que seguramente terá um excelente resultado na casa dos dois digítos) face a uma estratégia presidencial desconhecida do CDS e à inevitabilidade de o PSD apoiar Marcelo é evidente que no futuro qualquer alternativa de governo ao PS terá de contar com o Chega.
O que para um partido tão recente é verdadeiramente significativo.
Mas resulta também dos errados caminhos que PSD e CDS resolveram trilhar.
Depois Falamos

quinta-feira, julho 23, 2020

Treinador

No próximo fim de semana com o fim da Liga finaliza também a ligação de Ivo Vieira ao Vitória. 
E com "rei morto, rei posto" a questão que se põe agora é saber quem será o novo treinador. 
Tem-se lido por aí muitos nomes. Pedro Caixinha, Laszlo Boloni, Vítor Pereira, Paulo Sousa, Miguel Cardoso e mais um ou outro de que já nem recordo o nome mas são apenas especulações que podem nunca passar disso. 
Não faço, portanto, a mínima ideia de quem será o sucessor de Ivo Vieira. 
Mas sei qual o perfil de que gostaria. Ou um "clássico" como Manuel Cajuda ou Vítor Oliveira, homens que sabem tudo de futebol, naquilo que seriam opções mais "conservadoras", digamos assim, ou então uma aposta que significasse o rasgar de outros horizontes.
Um treinador estrangeiro, experiente, com conhecimento do nosso futebol e que já tenha treinado na Premier League, em La Liga, na Série A, em todas elas , numa ou duas e que tenha portanto a experiência dos grandes jogos, dos grandes campeonatos, da grande pressão.
Alguém que venha para Portugal imune a complexos face aos chamados "grandes", insensível ao jornalismo cartilheiro, com o distanciamento necessário a tomar decisões e atitudes que rompam o marasmo.
Num clube como o Vitória, em que o dinheiro não abunda, defendo que o maior dos investimentos deve ser feito na contratação do treinador porque ele é a pedra angular do edifício que se vai construir. 
Já se sabe que os jogadores que saem e que entram, os reforços que se contratam e os reforços que não se contratam dão sempre origem a discussão e a polémica num clube cujos adeptos estão feridos por inúmeros anos zero
Convém, por muitas razões e também por essa, que o treinador não só seja o mais consensual possível como constitua também o primeiro factor de entusiasmo e motivação para a próxima época.
E a fotografia que ilustra este post não foi seguramente escolhida por acaso!

quarta-feira, julho 22, 2020

81

Aníbal Cavaco Silva fez por estes dias oitenta e um anos.
Nas redes sociais levantou-se a habitual celeuma entre os que comemoravam a data realçando pela positiva o seu legado ao país e aqueles que ainda hoje abominam o seu nome e não perdem oportunidade de o atacarem de toda a forma e feitio.
Mesmo quando ignoram aquilo sobre que estão a falar.
Lá no fundo, num país em que é chique ser de esquerda e pensar à esquerda , o que eles nunca digeriram foram as tremendas derrotas eleitorais que Cavaco liderando o PSD infligiu a toda a esquerda e que Cavaco como candidato presidencial infligiu a icones dessa mesma esquerda como Mário Soares , Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã em 2006 e ao mesmo Manuel Alegre em 2011.
Cavaco Silva foi um excelente primeiro ministro tendo os seus três governos contribuído para um acentuado desenvolvimento do país, pese embora uma ou outra opção errada que acontece com qualquer governo, deixando-o bem melhor do que o tinha recebido do último governo de Mário Soares.
Cavaco Silva foi um bom Presidente da República em tempos extremamente difíceis em que à crise económica se juntou o desgoverno de um demagogo mentiroso como o foi, enquanto primeiro ministro, o socialista José Sócrates.
A História se encarregará de provar que os desmandos desse governo não foram mais longe porque em Belém se encontrava um Presidente com verdadeiro sentido de Estado.
Foi Cavaco Silva o político perfeito?
É evidente que não.
Cometeu erros, tratou injustamente pessoas que lhe foram leais, pôs o seu interesse pessoal à frente dos interesses do seu partido (do tabu ao contributo para a queda do governo de Pedro Santana Lopes), não terá travado atempadamente as desmedidas ambições de alguns que o rodeavam.
Mas o balanço é extremamente positivo e faz de Aníbal Cavaco Silva o político mais importante, melhor sucedido e mais decisivo desde o 25 de Abril.
Por muito que isso doa a quem vê Portugal e a política com as palas da ideologia e a cegueira do radicalismo.
Depois Falamos

P.S. Escrevo isto uns dias depois do aniversário precisamente para evitar "ruídos" para que já não tenho qualquer paciência.

Venezuela...Aí vamos

Hoje Portugal deu mais alguns passos para deixar uma Europa que cada vez nos percebe menos e para se aproximar de uma Venezuela com a qual cada vez nos parecemos mais.
1) No Parlamento o maior partido da oposição (pelo menos assim se supõe) ajuda o governo a livrar-se dessa inenarrável "maçada" que é prestar quinzenalmente contas da sua acção, naquilo que é uma das áreas mais nobres que compete a qualquer governo, porque o suposto líder da oposição não considera que um governo prestar contas é trabalho mas sim perder tempo. 
Conhecendo-se a sua falta de apetência pelo debate democrático e pela prestação de esclarecimentos supor-se-à que o faz para no dia em que seja primeiro ministro não ter também de se prestar a esse chatice de ir explicar  quinzenalmente o que anda a fazer. Está errado em três questões:
A primeira é que esta lei, como qualquer lei, pode ser mudada. E se hoje dá jeito ao PS amanhã pode deixar de dar. E nessa altura mudam-na sem qualquer prurido.
A segunda é que um país em que há uma "ditadura" (para já ainda com aspas) de uma maioria composta pelo governo e pelo maior partido da oposição é um país com uma democracia doente e com uma tentativa de asfixia a todos os outros partidos que é uma vergonha. E o PSD nunca foi assim.
A terceira é que nunca será primeiro ministro. 
2) Hoje regressou ao país um emigrante que trabalhava numa agremiação brasileira, e regressou a uma agremiação portuguesa de onde anos atrás tinha sido corrido no âmbito de uma novela tipo mexicana, soltando uma histeria inacreditável na comunicação social especialmente televisiva que acompanhou até à exautão a chegada do referido emigrante e teve o seu corolário num pateta, repórter da RTP, a correr atrás do carro do regressado para tentar obter umas palavrinhas que, aliás, não conseguiu.
Num dia em que aconteceram coisas realmente importantes para o país, nomeadamente no conselho europeu, a prioridade das televisões foi a chegada de um emigrante que apesar do nome não virá fazer nenhum milagre que realmente interesse a Portugal.
3) Depois do fundamentalismo anti racista, do fundamentalismo contra as estátuas, do fundamentalismo contra a nossa História, chegou a vez do fundamentalismo canino.
Ao abrigo do qual se soltou uma histeria de alguns defensores dos animais que os leva a acharem-se no direito de invadirem casas e propriedades privadas, agredirem proprietários de canis, arvorarem-se em vigilantes de actividades ligadas aos animais sem qualquer competência legal para o efeito e até tentarem fazer justiça pelas próprias mãos contra quem entendem responsável pela lamentável morte de umas dezenas de cães em Santo Tirso.
4) Face à recusa das câmaras da Moita e do Seixal em darem parecer favorável ao famigerado aeroporto do Montijo o bolchevique que ocupa a pasta das obras públicas não encontra outra solução que não seja insistir em  mudar a lei com efeitos retroactivos para contornar esse obstáculo e levar a obra avante custe o que custar.
São quatro exemplos apenas mas que mostram bem o caminho perigoso que Portugal está a trilhar com um governo do PS apoiado aqui e ali por BE e CDU e ali e acolá pelo PSD que desistiu de ser oposição.
Quando se enfraquece o debate democrático no Parlamento diminuindo a obrigação do governo prestar contas, quando se faz do" pão e circo" do futebol uma cortina de fumo para os reais problemas do país, quando se assiste à tentativa de retomar  procedimentos de "poder popular" que não se viam desde o PREC, quando o primado das leis, que é apanágio de um Estado de Direito, é posto em causa por um ministro que não se importa de atropelar tudo e todos ( a começar pela própria Constituição que não permite que a lei seja retroactiva) para fazer o que quer e lhe apetece então podemos considerar que não só a democracia está doente como o próprio país navega por mares muito perigosos.
Caso para dizer...Venezuela aí vamos nós.
Depois Falamos.

Depor

Tenho uma velha simpatia pelo Deportivo da Corunha normalmente conhecido por Depor.
Talvez por conhecer muito bem a cidade onde estive muitas vezes ao longo dos anos, talvez por ter acompanhado o processo de crescimento do clube ao longo dos anos 90 e início deste século, marcado pela conquista de um título de campeão, duas taças do rei , três supertaças e uma presença nas meias finais da champions mas também por um campeonato perdido no último minuto do último jogo do campeonato, num penalti falhado, em 1993/1994 se não me falha a memória.
No Corunha vi grandes equipas e grandes jogadores como Bebeto, Donato, Fran, Songo, Mauro Silva, Pauleta, Makay, Valeron, Rivaldo, Djalminha e tantos outros que permitiram a conquista dos titulos e troféus mas também de classificações nos primeiros lugares e participações europeias.
Os ultimos anos não tem sido nada bons.
Alternando descidas à segunda liga com manutenções alcançadas com grande custo e equipas longe do brilho do período que referi.
Mas este ano foi mau demais.
Disputando a segunda liga, o que para um clube como o Depor já é mau, a época foi tão má que o clube acabou por descer à terceira divisão algo que anos atrás pareceria completamente impossivel de acontecer.
E com ele desce outro histórico da primeira divisão, o Racing de Santander, e duas equipas que também já andaram pela primeira liga como o Extremadura e o Numancia.
Mas o Depor, pelo seu palmarés, é particularmente chocante.
Esperemos que para o ano regresse à segunda liga como passo primeiro do regresso ao principal escalão que é onde, de facto, o Depor tem que estar sempre.
Depois Falamos.

domingo, julho 19, 2020

Calendário

Era mais um jogo para cumprir calendário entre um Vitória desiludido pela não apuramento europeu e um Marítimo aliviado por se ter visto livre das aflições dos últimos lugares por onde andou durante algum tempo bem contra o que lhe é habitual.
Sem pressão, sem objectivos, tinha tudo para ser um jogo bem jogado com as equipas a jogarem descontraidas o jogo pelo jogo de molde a proporcionarem um bom espectáculo aos telespectadores que ainda tenham paciência para verem futebol nesta longa época.
Há que dizer que o Vitória fez uma muito razoável exibição com André André a pautar o jogo, Florent e Sacko a subirem bem e os alas Ola John e espcialmente Edwards a criarem problemas à defesa maritimista embora sem oportunidades flagrantes de golo.
Até Edwards tirar da cartola mais um golo sensacional e abrir o marcador sentenciando o jogo como no final se viria a perceber.
Na segunda parte o Vitória continuou a ser superior com o Marítimo muito débil nas saídas para o contra ataque sendo sempre mais provável um segundo golo dos visitados do que o empate dos visitantes o que até viria a acontecer numa assistência de Edwards para Bruno Duarte mas com fora de jogo do inglês no início da jogada.
Nos instantes finais o Vitória quase sofria o empate num remate ao poste e na resposta também Ouattara rematou ao poste da baliza madeirense com Frederico Venâncio a atirar a recarga para as nuvens.
Nesses dois lances o retrato daquilo que tantas vezes se viu ao longo da época com o Vitória a sofrer golos quando já não o esperava  a par de criar situações flagrantes e as desperdiçar de forma inglória quando marcar parecia ser o mais fácil.
Nas substituições "brilhou" Ivo Vieira de uma forma que não nos é estranha.
Ola John por Rochinha refrescou o flanco esquerdo mas sem grandes resultados práticos.
Bruno Duarte por Ouattara apenas terá tido, pese embora o remate ao poste de Ouattara, o triplo efeito de desmoralizar o ponta de lança Bruno Duarte que é quase sempre substituído, de desmoralizar o ponte de lança João Pedro que não entrou para o lugar do colega de posição e de desmoralizar Ouattara que entrou para uma posição que não é a sua.
A entrada de Pedro Henrique para o lugar de André significou apenas o tomar cautelas num jogo que já não contava para nada quando elas deviam ter sido tomadas em jogos em que ainda disputávamos lugares europeus e perdemos pontos por falta das tais cautelas.
A entrada de Pepê aos 91 minutos foi para queimar tempo e o ficar uma substituição por fazer foi apenas um hábito retomado de jogos anteriores.
Não deixo contudo de considerar que André Almeida passar os noventa minutos sentado foi tão incompreensível como iniciarmos o jogo sem guarda redes suplente no banco.
Felizmente falta apenas um jogo!
Porque a época não deixará nem saudades nem boas recordações que não pontuais exibições colectivas e individuais. E nesse aspecto Marcus Edwards tem-nos suavizado os desgostos com jogadas e golos de antologia.
O árbitro Luís Godinho fez um trabalho sem margem para reparos.
Depois Falamos.