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terça-feira, junho 30, 2020

Dever Cumprido

Quando entrou em campo o Vitória SC sabia que o Portimonense tinha ganho em Famalicão, o resultado que lhe interessava, e portanto um triunfo sobre o homónimo de Setúbal valia o aproximar do quinto lugar.
E o Vitória SC entrou bem, pese embora os primeiros ataques tenham sido do Vitória FC, e aos três minutos dispôs de uma clara oportunidade de golo através de uma grande penalidade que contra o costume André André desperdiçou atirando ao lado.
A equipa nao se perturbou e realizou uma boa primeira parte dando mostras de não se ressentir das quatro alteraçoes no onze titular em relação ao jogo de Braga com a chamada à titularidade de Edwards (depois da tal gestão de esforço...), Mikel, Florent e Suliman a render o lesionado Bondarenko.
Perante um adversário muito encolhido no seu meio campo o Vitória foi construindo algumas oportunidades por força das boas movimentações nos flancos de Edwards , Ola John e Sacko , da dinâmica que André André imprimia no ultimo terço do terreno e pela boa circulação de bola e segurança defensiva de Mikel.
Edwards fez um golo que é todo ele uma obra de arte ,e que se vestisse outra camisola daria para uma semana de conversa, e a vantagem tangencial ao intervalo era curta para o domínio exercido perante um Vitória FC que demonstrava dificuldade em sair para o ataque.
No segundo tempo o jogo foi diferente.
Porque os visitantes apareceram mais ousados, e também mais agressivos o que viriam a pagar com três expulsões, mas também porque o Vitória deixou o seu nível exibicional decair bastante limitando-se durante bastante tempo a gerir o andamento do jogo e expondo-se a sofrer o glo do empate face a alguma apatia evidenciada.
Ao intervalo Ivo Vieira trocou um irreconhecível Pepê por um determinado Poah que ajudou a manter o controle do meio campo e por volta dos 65 minutos trocaria Bruno Duarte e Ola John por Davidson e Ouattara (passando a jogar sem ponta de lança com o resultado ainda em 1-0) que entraram bem e ajudaram a recuperar a iniciativa e o controle do jogo.
Faria ainda uma troca de Andrés tirando André André e dando entrada a André Almeida e logo a seguir Ouattara faria a sua pequena obra de arte e "mataria" o jogo com o 2-0 até porque o adversário já então reduzido a dez jogadores veria ainda mais dois cartões vermelhos e terminaria com apenas oito jogadores.
Houve tempo ainda para a troca de Edwards por Rochinha, que seria uma saída para o aplauso se houvesse espectadores nas bancadas, fazendo assim pela primeira vez o Vitória SC as cinco substituições permitidas nesta altura tão especial que também o futebol vive.
Em conclusão um triunfo justo, uma exibição melhor na primeira parte e nos ultimos vinte minutos da segunda com um "apagão" inexplicável nos primeiros vinte e cinco minutos do segundo período e a reentrada na luta pela Europa quando faltam disputar cinco jogos.
Em termos individuais há que registar a boa estreia de Suliman , a genialidade de Edwards que dificilmente voltaremos a ver ao vivo com a nossa camisola, a dinâmica de André André , bons apontamentos de Ola John e entradas decisivas de Davidson e Ouattara que é um jovem talentoso que precisa de tempo e paciência porque qualidade tem.
E uma pergunta sem resposta: Como é possível que Mikel não jogasse desde Dezembro na visita ao Gil Vicente?
Porque com todo o respeito por quem pensa o contrário ele dá à posição de trinco uma capacidade defensiva e uma dinâmica ofensiva que não tem igual no actual plantel e que ainda torna mais misterioso este longo eclipse das opções.
O árbitro Gustavo Correia fez um excelente trabalho com grande sobriedade na aplicação das leis, acompanhando bem as jogadas e tomando decisões corajosas quando foi tempo disso.
Foi bem auxiliado pelo VAR nos lances polémicos mas mal auxiliado pelo fiscal de linha que acompanhava o ataque do Vitória que na primeira parte marcou dois fora de jogo inexistentes e num deles anulando uma jogada perigosa de Edwards.
De qualquer forma há que registar o bom trabalho do árbitro e a ajuda competente do VAR algo a que o Vitória SC não está muito habituado.
Depois Falamos.

Dia da Europa

Com a questão do título praticamente resolvida a favor do F.C.Porto, embora matematicamente ainda possa não ser assim, o principal interesse do campeonato centra-se nos apuramentos europeus e nas descidas de divisão.
Neste último caso o Aves já desceu, e terá agora tempo para reflectir nos muitos erros que cometeu internamente e que ajudam a explicar o insucesso, enquanto o Portimonense parece ser aquele que corre risco maior de o acompanhar o que a suceder impossibilitará que na próxima época se reedite o derbi algarvio com o já promovido Farense.
Mas embora a situação seja difícil ainda não é desesperada.
Quanto à Liga Europa hoje é um dia importante para as contas finais com os desafios entre Famalicão e Portimomense, o clássico entre os dois Vitórias e um interessante Rio Ave x Braga.
Em Vila Nova de Famalicão a equipa da casa, que neste momento ocupa o quinto lugar que é o último que dá acesso à Liga Europa, recebe um Portimonense em luta por deixar o lugar de descida e sabe que um triunfo além de lhe garantir a manutenção do lugar europeu ainda lhe pode permitir uma aproximação ao quarto lugar se o Braga não vencer em Vila do Conde.
O problema é que o adversário também precisa imenso de pontuar e tem feito um bom reinício de campeonato pelo que será um jogo disputado, assim o creio, de forma intensa e com um resultado equilibrado nos números. Mesmo assim considero que o Famalicão provavelmente vencerá.
Em Vila do Conde um Rio Ave com 44 pontos receberá um Braga com 50 e sabe que um triunfo a colocará a três pontos dos bracarenses e portanto na luta pelo quarto lugar independentemente do que suceda em Famalicão.
Por seu turno o Braga, a dois pontos do terceiro lugar ocupado pelo Sporting, sabe que um empate e especialmente uma derrota poderão ocasionar uma maior distância para os "leões" (se vencerem o Gil Vicente é claro) e o aproximar de vários concorrentes desde o adversário de hoje ao próprio Famalicão que poderá ficar a apenas dois pontos.
A vantagem dos dois contendores é que ao iniciarem o seu jogo já conhecerão os resultados de Famalicão e Guimarães o que lhe permitirá fazer contas pela certa.
Resta o encontro dos dois Vitórias.
Com a equipa visitante, neste momento a seis pontos dos lugares de descida,a iniciar o jogo já sabendo do resultado do Portimonense em Famalicão e podendo ver-se com os algarvios a apenas três pontos o que nada terá de tranquilizador.
Quanto ao Vitória entrará em campo sabendo que não vale a pena fazer contas aos jogos de outros estádios se não garantir um triunfo que o mantenha , ainda que já algo remotamente, na luta pelo tal apuramento europeu que é a sua obrigação todos os anos mas que se tem "esquecido" de cumprir demasiadas vezes.
Com três empates e uma derrota nos quatro jogos depois do reinício de prova o Vitória estaria em décimo quinto lugar numa classificação que contemplasse apenas essses jogos o que mostra bem o quanto a equipa entrou em falso neste finalizar de campeonato.
A quatro pontos do Rio Ave, cinco do Famalicão e dez do Braga (e esse já é inalcançável) a margem de erro acabou de uma vez por todas pelo que hoje a única opção é ganhar sabendo que qualquer outro resultado significará quase certamente um adeus à Europa.
Depois Falamos.

segunda-feira, junho 29, 2020

Sórdido

O assunto é tão sórdido quanto incontornável e apenas o como vai acabar pode merecer algum interesse face à infelicíssima circunstância de a instituição Vitória Sport Clube se ver nele envolvido sem qualquer responsabilidade própria.
A história conta-se em poucas palavras.
Dois adeptos do Vitória resolveram ir conversar com o treinador Ivo Vieira para lhe manifestarem a insatisfação com os resultados e a incompreensão quanto a algumas opções que o técnico tem tomado no legítimo desempenho das suas funções.
Não sei , nem me interessa, porque razão eles acharam ter o direito de o fazer mas a verdade é que o fizeram e a conversa teve lugar, ao que parece, à porta de casa do treinador que se predispôs a conversar com eles quando nada o obrigava a fazê-lo.
Longe de supor que os meninos, porque ao que me dizem são dois jovens, se preparavam para a sórdida perfídia de gravarem a conversa e posteriormente a divulgarem na redes sociais o que denota a premeditação e má fé com que agiram ou foram levados a agir.
Meninos mas com idade suficiente para poderem ser considerados uns canalhas.
Ingenuamente, e com falta de profissionalismo há que dizê-lo, o treinador durante a conversa proferiu um conjunto de afirmações em que avaliou o plantel, comparou jogadores do clube com jogadores do Braga e teceu algumas afirmações sobre a idoneidade de terceiros (que não identificou) que são graves. 
É verdade que Ivo Vieira não sabia que a conversa estava a ser gravada ( porque se soubessse então o assunto ainda conseguia piorar) para posterior divulgação mas nem por isso se pode fazer de conta que não disse o que realmente disse.
E o que disse é grave.
Deixando uma "batata quente" nas mãos da administração da SAD e um mais que previsível descontentamento no balneário.
Veremos o que vai suceder.
Sendo certo que sem culpa nenhuma o Vitória vai sair prejudicado deste sórdido assunto.
Depois Falamos.

P.S: Se Ivo Vieira vier a agir judicialmente contra os espiõezinhos creio que ninguém lho levará a mal.  Há gente que tem de perceber que neste mundo não vale tudo.

Godinho

O futebol português tem coincidências estranhissimas e que deviam fazer dele um caso de estudo a nível mundial porque não acredito que aconteça em muito lado o que é frequente por cá.
Veja-se esta por exemplo: O Benfica está a fazer um campeonato algo abaixo das expectativas tendo nos últimos doze jogos vencido dois, empatado seis e perdido quatro.
Os dois que venceu, ambos fora de casa, foram frente a Gil Vicente e Rio Ave em duas partidas em que houve queixas da arbitragem por parte dos adversários.
Em Vila do Conde gerando até uma reacção de grande inconformismo de Carlos Carvalhal face aquilo que é o futebol português.
Onde está a coincidência?
Muito simples.
Esses dois jogos em doze que o Benfica conseguiu vencer foram arbitrados pelo mesmo árbitro.
Luís Godinho! 
Para coincidência não está nada mal. 
E ainda melhora se atentarmos que foi agora nomeado para o Paços de Ferreira-Porto.
Muito se joga em Portugal sete dias por semana e vinte e quatro horas por dia.

Chega

Sobre a manifestação de ontem do Chega já tinha tido a oportunidade de manifestar a minhas discordância quanto á mesma porque atendendo à gravidade de que se reveste a pandemia na zona de Lisboa, dando a clara sensação de estar incontrolável, teria sido mais prudente ela não se ter realizado nesta altura.
Apenas e só por essa razão.
Não tem, apesar de tudo, o mesmo grau de irresponsabilidade da comemoração do primeiro de Maio pela CGTP porque nessa altura o país estava sob o estado de calamidade (agora parece que levianamente vamos a caminho do estado de alerta...), estavam proíbidas as deslocações entre concelhos, facto que a CGTP olimpicamente ignorou com os tristemente célebres autocarros de Loures, Seixal e outras autarquias do PCP, e eram proibidos agrupamentos de mais de dez pessoas o que manifestamente também não foi respeitado.
E portanto se o Chega perde alguma da razão com que criticou essa celebração da CGTP é igualmente verdade que ninguèm à esquerda tem o mínimo de moral para criticar a manifestação do Chega porque ao contrário do que alguma esquerda gostaria ainda não vivemos numa Venezuela europeia em que há leis para uns terem de respeitar integralmente e leis que outros só respeitam se lhes apetecer.
E geralmente nem respeitam como CGTP, PCP, BE e alguns socialistas com complexos de esquerda tem abundantemente demonstrado.
Dito isto há que dizer que o Chega mostrou coragem ao convocar uma manifestação para o centro de Lisboa e provou, e há que lhe reconhecer isso, que a rua não é nenhum feudo da esquerda nem o centro e a direita tem que ter medo de se manifestarem em defesa daquilo que entendem como correcto.
Alías há o exemplo das últimas europeias em que  ,nos respectivos encerramentos de campanha , não foram só PS e CDU a fazerem a tradicional descida do Chiado porque também a Aliança o fez, e com número muito significativo de participantes, demonstrando que não há que temer o teste da rua quando ele é importante ser feito.
Uma nota final sobre esta manifestação do Chega para repudiar, claramente e sem meias palavras, a associação que ,com base em fotografias que nada provam, gente intelectualmente desonesta e imprensa vendida ao poder dos 15 ME quiseram fazer de André Ventura com simbologias e gestos nazis.
Não sou, nem serei, militante do Chega, não sou nem serei seu eleitor mas como cidadão estou farto destas mistificações da realidade que impunemente se fazem neste país e mais farto ainda de uma esquerda que acha que vale tudo, mesmo a infâmia, para atacar os seus adversários.
Depois Falamos.

Azia

É verdade. 
Quando o Vitória perde fico com azia.
Que aumenta quando perde certos jogos como, por exemplo, o dérbi com o Sporting de Braga.
E essa azia ainda consegue piorar quando vejo a equipa entrar em campo para certos jogos, em especial este dérbi, com o equipamento secundário.
Porque um dérbi joga-se com a nossa "pele" e a nossa "pele" é a camisola branca e nenhuma outra.
A História destes dérbis é uma História feita com camisola branca de um lado e vermelha do outro.
E quando vejo na primeira volta, e muito bem, o Sporting de Braga entrar no nosso estádio com a sua camisola principal interrogo-me porque razão ontem não fizemos o mesmo.
Pode parecer uma questão menor mas não é. Tem a ver com identidade, orgulho e brio.
Nos grandes dérbis do futebol mundial as equipas fazem questão de jogarem com o seu equipamento principal.
Inter e Milan, Barcelona e Real Madrid, Sevilha e Bétis, River Plate e Boca Juniores, Celtic e Rangers por exemplo. 
Como acontece em Portugal com Benfica, Porto e Sporting que nos jogos entre si usam sempre o equipamento tradicional. 
Não aceitarei nunca que o Vitória seja considerado "filho de um Deus menor" no respeito que tem de existir pela sua História e pela sua camisola.

Gestão

Marcus Edwards e João Carlos Teixeira não foram convocado para o jogo frente ao Sporting de Braga por uma questão de alegada gestão de esforço.
O que suscita algumas questões:
Gestão de esforço num dérbi? 
Gestão de esforço num jogo decisivo para o apuramento europeu?
Gestão de esforço dos dois jogadores mais decisivos da equipa no mesmo jogo?
Gestão de esforço que não dava para jogarem vinte ou trinta minutos que fosse?
Gestão de esforço quando nos quatro jogos depois da paragem nunca se fizeram as cinco substituições permitidas? 
Gestão de esforço quando ainda ontem três das quatro substituições foram feitas depois dos oitenta minutos de jogo?
Gestão de esforço quando contra o Moreirense se faz uma substituição aos 92 minutos?
Gestão de esforço quando se tem dois jogadores no banco que podiam dar qualquer coisa à equipa e se prefere manter um que se arrastava à largos minutos?
Mas que conceito de gestão de esforço se pratica no Vitória Sport Clube?
Respeito muito o trabalho de todos os treinadores. Não sou é obrigado a entendê-los. E menos ainda a entender conceitos e opções que já está provado não resultarem.

quinta-feira, junho 25, 2020

Por Culpa Própria

Serenamente há que dizer o seguinte.
Foi um bom jogo de futebol, com emoção e golos, duas equipas que proporcionaram um bom espectáculo a um público que infelizmente apenas pôde ser televisivo face aos condicionalismos que são conhecidos.
Venceu com mérito o Braga, o empate seria o resultado mais adequado e um triunfo do Vitória nada teria de injusto porque o jogo deu para tudo tantas as alternâncias no marcador e as oportunidades desperdiçadas por um e outro lado.
Foi, pois , um verdadeiro dérbi com tudo aquilo que um dérbi traz de valor acrescentado ao futebol.
Dito isto falemos do Vitória.
Que entrou no jogo literalmente a dormir, sofreu um golo ainda não estava decorrido um minuto de jogo (com o peso acrescido que isso tem num dérbi) mas soube reagir e dar a volta ao resultado com classe e empenho equilibrando a partida em todos os sectores do terreno e mantendo o adversário em respeito.
O Braga empatou pouco antes do intervalo, num soberbo remate de Trincão, e a igualdade ao fim dos primeiros 45 minutos era justa e justificada pela produção das duas equipas.
Na segunda parte o jogo continuou intenso (terá sido o melhor depois da paragem do campeonato) , as equipas continuaram a ter oportunidades mas apenas o Braga concretizou num lance em que a defesa do Vitória foi uma autêntica avenida para o dianteiro bracarense que correu metros e metros com a bola e depois rematou para onde quis.
Esperava-se , então, uma reacção diferente o Vitória.
Mas o banco (leia-se Ivo Vieira) lento e timorato a reagir pouco ou nada fez para inverter o rumo aos acontecimentos mexendo na equipa tardissímo e sem efeitos práticos.
Seis minutos depois do terceiro golo bracarense fez a primeira alteração trocando Ola John por Rochinha com 71 minutos já decorridos e em desvantagem no marcador.
Demorou longuíssimos onze minutos até voltar a mexer quando aos 82 tirou Pepê e Victor Garcia para lançar Bonatini (João Pedro terá emigrado?) e Joseph  cuja entrada se justificava há muito face ao estoiro de Lucas Evangelista que misteriosamente foi para lateral esquerdo (ai se o Braga tivesse um treinador com "olho") felizmente sem consequências de maior.
E aos 89 minutos(!!!) não arranjou melhor para fazer, numa altura em que o Vitória pressionava e o Braga já tinha metido outro central, do que tirar Bruno Duarte para meter Ouattara retirando do centro do ataque o melhor goleador da equipa.
No banco, ficou uma substituição por fazer, ficaram Poah e Mikel que podiam ter dado ao meio campo a força, o músculo e a intensidade que a equipa bem precisava para o assalto final à baliza bracarense.
Uma gestão incompreensível do banco, das substituições e do timing em que mexeu na equipa.
Resta dizer que Tiago Martins fez um bom trabalho apenas pecando por ter sido forreta no tempo de descontos da segunda parte em que ficaram a faltar dois ou três minutos mais de tempo de compensação. 
Mas não foi por isso que o Vitória perdeu como é evidente.
Depois Falamos

P.S. Pelos vistos Marcus Edwards e João Carlos Teixeira lesionaram-se durante a semana e por isso não foram convocados. Obviamente fizeram falta e espera-se que as lesões, sejam quais forem, não sejam graves.

Lage

Cairam muito mal, numa comunicação social muito sensível quando lhe pisam os calos, as declarações de Bruno Lage após o jogo com o Santa Clara acusando alguns jornalistas de serem beneficiários de almoços, jantares e viagens pagos por um treinador que quer o seu lugar a troco de o criticarem.
Não disse o nome de Jorge Jesus mas toda a gente percebeu de quem falava.
Mas quem é, se é que é, pouco interessa.
Interessa é que Lage acusou os jornalistas de venderem as suas opiniões e críicas profissionais a troco de refeições e passeios e na dezenas de jornalistas que estavam à sua frente não houve um que tivesse a honrada atitude de se pôr a pé e abandonar a sala.
Um que fosse.
Portanto calando...consentiram!
Claro que depois veio a segunda vaga, não da pandemia mas daqueles que acharam que era um número bonito mostrarem-se indignados e rasgarem as vestes contra o treinador que durante meses puseram nos píncaros mas agora convinha , de facto , deitar abaixo de qualquer forma.
Caído em desgraça perante os adeptos, descartável para a SAD, Bruno Lage tornou-se um alvo fácil e gerador de gratidão benfiquista o ajudarem a empurrá-lo para a porta de saída.
E tem sido um forróbódó.
Até um subdirector da SIC televisão do grupo Impresa ao qual pertence o Expresso, aquele jornal que se comprometeu ( mas rapidamente se esqueceu) a divulgar uma parte dos "Panamá Papers" em que eram revelados os nomes de jornalistas que estavam na folha de pagamentos do BES, veio escrever uma parola carta aberta ao treinador convidando-o para almoçar e assim se juntando ao coro anti Lage.
Penso que Bruno Lage faria bem pondo os nomes aos "bois".
Por uma questão de transparência e para se saber quem são os jornalistas que vendem as suas opiniões a troco de uns "vouchers" (perdão vouchers são para outros destinatários) quero dizer de uns almoços e umas viagens.
Embora deva dizer, por uma questão de princípio, que mesmo sem saber nomes não duvido que Bruno Lage tenha falado verdade.
Porque basta ler jornais, ouvir rádios e ver televisões ( então alguns comentadores de jogos da sport-tv são de arrepelar os cabelos)para perceber que há cartilheiros muito para lá dos paineis de debate futebolístico.
Depois Falamos.

quarta-feira, junho 24, 2020

G-15

O meu artigo desta semana no zerozero.
Formalmente o grupo chamado de G-15 não existe nem consta que alguma vez tenha existido.
Mas periodicamente, ao sabor dos “roubos de igreja “ do nosso futebol e de outras questões em que há três sempre favorecidos e muitos continuamente desfavorecidos, vai-se falando desse mitológico G-15 que qual D. Sebastião um dia sairá do nevoeiro para devolver ao futebol aquela verdade desportiva a todos os níveis que em boa verdade ele nunca teve.
Entende-se assim o G-15 como um movimento reivindicativo de todos os clubes da primeira liga , ao qual desejavelmente se poderiam juntar clubes da segunda liga com frequência regular da primeira, para imporem no futebol uma nova ordem e romperem de vez com o “status quo” que favorece desde sempre Benfica, Porto e Sporting.
A verdade é que nunca foi feito nada de concreto para esse movimento se institucionalizar, organizar e ganhar a força necessária a influenciar decisões estruturais do nosso futebol e mudar o actual paradigma de completa falta de verdade desportiva.
De vez em quando, ao sabor desta ou daquela arbitragem que lese este ou aquele clube, lá aparece o presidente do clube lesado a falar na importância do G-15, na necessidade de o tornar actuante, mas rapidamente se esquece do assunto ao sabor de mais um jogador emprestado, mais uma transferência ligeiramente acima do valor do transferido, mais uma palavrinha dado pelo poderoso de serviço que desbloqueie este ou aquele problema.
E o G-15 volta a cair no esquecimento.
E é pena.
Porque face à forma como Benfica, Porto e Sporting se posicionam perante os outros clubes, quase como senhores feudais perante os seus vassalos, bem preciso é que haja a coragem de os pôr no seu lugar e fazê-los perceber que pese embora a sua dimensão associativa ser maior que a dos outros os seus deveres e direitos são exactamente os mesmos.
E aí seria o terreno em que o G-15 poderia ter o seu papel.
Desde que os clubes integrantes, os tais 15 da primeira liga mais os da segunda que se quiserem associar, sejam dirigidos por presidentes capazes de assumirem compromissos até ao fim, não caiam na tentação de por baixo da mesa negarem o que por cima assumem, não cedam ao negócio “espertalhão” com este ou aquele dos três habituais e essencialmente por baixo da camisola do seu clube não vistam uma camisola “interior” vermelha, azul e branca ou verde e branca!
E quais são as áreas em que o G-15 deveria intervir de imediato?
Desde logo na fundamental questão da negociação centralizada dos direitos televisivos que é absolutamente decisiva para um maior equilíbrio competitivo do nosso futebol .
E que por isso tem merecido a resistência de SLB, FCP e SCP que não só não querem (mal, mas isso será assunto para outro artigo) um futebol mais competitivo como sabem que receberão mais com a negociação individual do que com a colectiva.
Porque ninguém negando que esses três clubes pela sua dimensão associativa e mediática devem receber mais que os outros é absolutamente óbvio que no actual cenário recebem demais enquanto os outros recebem de menos e isso tem de ser alterado rapidamente em prol de um campeonato muito mais competitivo.
E por isso uma distribuição mais justa das verbas televisivas, observando critérios que respeitem a dimensão, palmarés e classsifcações  nos últimos campeonatos é um passo indispensável para que cada clube possa ter acesso a mais dinheiro, e consequentemente a possibilidade de construir equipas mais competitivas, melhorando o nível das competições.
Outra questão que me parece para actuação do G-15 é a que se prende com as mentalidades que levam a práticas inaceitáveis.
Nomeadamente as mentalidades que consideram que existem três clubes num patamar e os restantes num patamar inferior com tudo que isso significa em termos de violação da verdade desportiva das competições, do tratamento de favor que esses clubes recebem, da vergonhosa discriminação com que quase toda a comunicação social trata os restantes.
E isso começa dentro da própria Liga perante o gáudio dos favorecidos e o silêncio envergonhado e complacente dos restantes.
Como é que alguém se pode admirar com aquela triste romaria a S.Bento em que ao lado dos presidentes da FPF e da LPFP marcharam os presidentes dos três clubes habituais (perante, uma vez mais, o silêncio de quase todos os outros com as honrosas excepções de Vitória Sport Clube e Marítimo se bem me lembro) consagrando uma discriminação que devia envergonhar em vez de ser regra se nos próprios actos da Liga isso é comum?
Quando os clubes aceitam, a título de exemplo, que no próprio sorteio dos campeonatos existam regras especiais para Benfica, Porto e Sporting (não podem jogar entre si nas primeiras jornadas, não podem defrontar-se em duas jornadas consecutivas, etc) como podem admirar- se depois que nas arbitragens, nos VAR, na disciplina isso seja levado à letra e também esses clubes tenham tratamentos “especiais”?
E por isso o G-15 devia, se existisse é claro, exigir um sorteio absolutamente livre e sem condições tratando todos os clubes por igual porque é profundamente injusto que para uma mesma competições existam competidores com tratamentos diferentes.
Finalmente o “fair play” financeiro.
Que a UEFA impõe aos clubes que participam nas competições europeias mas em termos nacionais é assunto que nem falado é.
É profundamente injusto que joguem na mesma competição clubes com passivos brutais na ordem dos 200, 300, 400 ou mais milhões de euros, que ninguém os obriga a pagar, a par de outros com pequenos passivos (mas que tem de pagar ao cêntimo sem qualquer contemplação ou condescendência) ou até sem passivo.
Com a agravante de esses clubes com grandes passivos, oriundos de má gestão, ainda poderem contrair empréstimos obrigacionistas ao mesmo tempo que adiam o pagamento dos anteriores,  terem recurso a crédito bancário para pagamento de salários e perdões de passivo em montante escandalosamente grandes e bem maiores que qualquer passivo de qualquer outro dos clubes “filhos de um Deus menor”.
E por isso a esses clubes, crónicos devedores, deviam ser impostas limitações sérias nomeadamente nas verbas que dispendem com a contratação de jogadores e na obrigatoriedade de tectos salariais em função das dívidas.
Só para combater por estas três causas já vale bem a pena a existência de um G-15.
Sob pena de continuarmos a ter um futebol cada vez menos competitivo, cada vez com maiores atropelos à verdade desportiva, de dia para dia mais fraudulento para quem paga bilhetes, paga cotas, compra lugares anuais, investe promocionalmente em clubes e tem como retorno as mentiras que de jornada a jornada acontecem nos estádios deste país.
Tem a palavra os clubes.

Derbi

Amanhã é dia de derbi.
É o centésimo vigésimo segundo jogo a contar para o campeoanto entre ambos os clubes e por isso pode considerar-se , sem favor, como um grande clássico do nosso futebol e que se visto na sua globalidade se pode igualmente considerar de longe o mais antigo.
Porque vindo na  sequência de uma rivalidade histórica entre Guimarães e Braga pode dizer-se que o derbi tem mil anos de história sendo que os últimos noventa tiveram a sua máxima expressão através do futebol.
Dérbi é isso mesmo, um jogo carregado de emoção e tradição, em que o melhor momento de uma das equipas é muitas vezes ultrapassado por uma inspiração muito própria da outra face à emotividade que este tipo de jogo sempre encerra.
Na primeira volta o Braga venceu em Guimarães por 2-0 num jogo em que o Vitória nunca encontrou forma eficaz de chegar à baliza adversária mas de lá para cá muita coisa se passou , desde a mudança de treinador no Braga à saída de Tapsoba no Vitória passando pela pandemia que obriga a jogar em estádios sem ´público, pelo que não valerá a pena turar grandes ilacções em relação a esse jogo.
Amanhã é outro jogo.
Ao qual as duas equipas chegam depois de um recomeço de liga titubeante com o Vitória a empatar os três jogos entretanto disputados e o Braga a perder dois e empatar um, o que é bem pior, mas pouco significa perante a carga emotiva de um derbi.
Como vitoriano apenas me preocupa, sem perda de confiança na equipa, o facto de o melhor sector do Braga,o atacante, ir defrontar o menos forte do Vitória, a defesa, o que se não for devidamente acautelado poderá trazer más consequências para a equipa vitoriana.
Uma nota final para o equipamento.
Na primeira volta ( a que se refere a foto) o Braga jogou em Guimarães com a sua camisola principal, e muito bem, porque é aquilo que se espera que ambas as equipas façam sempre num derbi.
Espero bem que amanhã o Vitória se apresente em Braga com a sua camisola branca e não com a malfadada camisola preta.
Um clássico joga-se com a camisola principal.
Sempre!
Depois Falamos.

Memória

Uma notável compilação feita pelo Rui Rocha de frases ditas por responsáveis do governo, do primeiro ministro a vários ministros passando por altos funcionários da Administração Pública, sobre a pandemia do covid-19.
Ficam para memória futura para que nos possamos recordar de quem governou e como Portugal foi governado em tempos tão difíceis e que bem exigiam gente com muito mais competência para o exercício de cargos de tão grande responsabilidade.
Depois Falamos.

Cinismo e Estupidez

Creio que dificilmente um primeiro ministro de um país democrático terá alguma vez dito uma frase tão cínica, despropositada e estúpida como o fez António Costa ao considerar a vinda para Portugal da fase final de uma Champions, que cada vez mais parece que ninguém queria, como um prémio aos profissionais de saúde.
Estes, com incontáveis sacrifícios pessoais e pondo a vida em risco todos os dias, tem combatido a pandemia com uma assustadora falta de recursos nos hospitais e nos centros de saúde que levou alguns deles a usarem máscaras de mergulho à falta das outras contradizendo assim a incapacidade do governo em dotar o SNS dos recursos necessários e a mentiras do primeiro ministro quando teve a distinta lata de numa entrevista televisiva afirmar, sem corar, que no SNS não faltava nada!
Noutros países, em que o respeito pelos profissionais de saúde é muito maior e a intrujice dos governos muito menor, houve o reconhecimento devido ao heróico trabalho de médicos, enfermeiros e auxiliares com  aumentos saláriais, prémios de produtividade, progressão nas carreiras e por aí fora.
Em Portugal, onde o PS no Parlamento travou qualquer reconhecimento desse género, os profissionais de saúde tem de assistir ao cinismo ignorante (diferente do optimismo irritante que caracteriza  também o PM) de um primeiro ministro que acha que a vinda para Portugal da tal prova que ninguém pareceu realmente querer é um prémio para quem tem feito o trabalho de excelência dos profissionais de saúde e por isso não hesita em os incluir às três pancadas em mais um número de propaganda tão estúpido quanto vergonhoso.
Creio que os profissionais de saúde a quererem algum prémio por cumprirem exemplarmente as suas funções gostariam, isso sim, de verem as suas carreiras e salários valorizados e os seus locais de trabalho devidamente equipados para responderem a todas as situações que diariamente se lhes deparam.
Agora uma fase final da Liga dos Campeões, que já todos percebemos que vai ser com espectadores nas bancadas, que trará a Portugal milhares de espanhóis, italianos, alemães, ingleses apenas vai aumentar, pela certa, o já muito trabalho dos profissionais de saúde.
Só por estupidez, cinismo e ignorância se poderá considerar isso um prémio!
Depois Falamos.

Irresponsáveis

A teimosia do PCP em querer realizar a Festa do Avante custe o que custar, doa a quem doer, é de uma irresponsabilidade criminosa e merece a mais viva censura por todos aqueles que tem do combate à pandemia uma perspectiva e uma actuação compatíveis com a dimensão do problema.
Mas a arrogância do PCP, que também assenta na pusilanimidade do governo , faz com que os comunistas se sintam acima da lei e se achem no direito de fazerem o que muito bem querem e lhes apetece perfeitamente insensíveis aos problemas que a sua irresponsabilidade vai causar.
Já assim foi com a comemoração do Primeiro de Maio, já assim foi com o comício que realizaram no centro de Lisboa.
Mas este braço de ferro (os comunistas sempre tiveram especial apreço por ferro nomeadamente por cortinas...) com o bom senso, com as normas sanitárias, com um combate eficaz à pandemia e com a irreprimível vontade de testarem permanentemente os limites do Estado de direito leva-os a mais esta provocação.
Provocação aos profissionais de saúde que depois de terão de arcar com os tratamentos aos infectados, provocação a todos aqueles que com graves prejuízos financeiros, profissionais e familiares respeitam o confinamento, provocação às empresas que fecharam por causa da pandemia, provocação aqueles que sem qualquer culpa ou responsabilidade podem ficar sujeitos aos resultados desta ignóbil insistência em fazer um certame que tudo desaconselha.
Portugal é hoje o segundo pior país da Europa em termos de novos infectados  e isso por si só já aconselharia um redobrar de prudência.
Mas a realização do PCP é na área de Lisboa onde a pandemia parece fora de controlo e onde se registam mais de 90% dos novos casos registados em todo o país o que agrava significativamente os riscos.
Sabendo-se que a essa "Festa" (estará o país em tempo de festas?) acorrem comunistas, e não só, de todo o país a sua realização será oferecer ao covid-19 portadores que levem o vírus para todo o Portugal com as consequências fáceis de prever.
É um caso típico do "posso, quero e mando" dos partidos defensores de totalitarismos absolutamente incapazes de  perceberem que há valores muito mais altos e muito mais importantes do que as suas desgraçadas, antiquadas e ultrapassadas ideologias que querem impor a todo o preço.
Espero que se o PCP persistir nesta irresponsabilidade criminosa os eleitores o castiguem severamente nas urnas.
Porque as sanções com que António Costa ameaça os promotores de festas, convívios e ajuntamentos não se aplicam, naturalmente, ao PCP que com este governo vive acima da lei e ainda lhe sobra tempo. 
Depois Falamos.

sábado, junho 20, 2020

Comparação

Ao contrário do que se pretende fazer crer nas redes sociais não há nenhuma comparação possível entre as duas fotografias que ultrapasse o razoável número de indesejáveis presentes em cada uma delas.
Porque a de cima retrata o momento em que  UEFA atribui a Portugal a fase final do Euro 2004 e os nela retratados, pese embora o que se possa pensar sobre cada um deles, tiveram o mérito de dirigirem uma candidatura bem construida, bem apresentada e com argumentos que decidiram a UEFA a escolher Portugal.
Corresponde a uma escolha feita em função do mérito em tempos normais.
A de baixo, com os habituais participantes em tudo que possa representar campanha política a propósito de tudo e geralmente de nada, corresponde à patética, ridícula e despropositada conferência de imprensa em que as três primeiras figuras do Estado (é, é o Estado que temos ou se quiserem o estado do Estado) se juntaram para festejarem a vinda para Lisboa(não para Portugal) da fase final de uma competição de futebol em condições que ainda ninguém conhece na perfeição, sujeita a uma avaliação da UEFA em Julho ,com riscos para a saúde pública que os responsáveis dignos desse nome já realçaram e deixando a clara sensação de que veio para aqui porque outros não mostraram um forte interesse em que fosse para lá.
Por isso as fotos não se podem comparar.
Na primeira festeja-se a escolha de Portugal para a realização de um evento que prestigiou todo o país.
Na segunda  "celebra-se"a falta de vergonha e de sentido de Estado daqueles que deviam ser os primeiros a defendê-lo de forma intransigente.
Do Euro 2004 ficará para sempre uma memória inolvidável de um evento com uma organização de excelência que mostrou que Portugal, quando quer, é tão bom como os melhores.
Desta atípica fase final da Champions veremos que  memória fica embora receie que não seja tão boa como as festivas personagens querem fazer crer.
Problema de Lisboa porque Portugal nada tem a ver com isso.
Depois Falamos.

Justo Mas...

Este reinício da Liga não está a ser nada agradável para o Vitória.
Depois de um empate injusto com o Sporting, onde a equipa realizou a melhor exibição pós desconfinamento, e de outro empate com o Belenenses em que o Vitória ficou aquém daquilo que podia ter feito, hoje foi tempo de dar concretização aquele velho ditado de que "não há duas sem três" e voltar a empatar.
Desta vez com o Moreirense a quem o Vitória tinha ganho nas cinco últimas épocas no D. Afonso Henriques.
Com uma primeira parte em que o Vitória fez uma exibição agradável, construiu várias oportunidades de golo mas apenas conseguiu marcar de penalti (e mesmo assim...) porque em seis oportunidades os seus jogadores esbarraram uma bola no guarda redes e atiraram as restantes por cima ou ao lado.
A isso respondeu o Moreirense, que jogou sempre o jogo pelo jogo honra lhe seja feita, com dois lances perigosos a que Douglas correspondeu com duas grandes defesas e mais duas jogadas em que apenas os cortes oportunos de Vítor Garcia terão evitado outro desfecho para as jogadas.
Na segunda parte o cariz do jogo foi bem diferente.
O Moreirense apareceu mais ousado ofensivamente desde o primeiro minuto enquanto o Vitória ia perdendo progressivamente "gás", a equipa deu ideia de estar mal fisicamente, não criando grandes (nem pequenas) oportunidades de golo enquanto o adversário se ia assenhoreando do jogo.
Chegou ao empate num lance em que as carências defensivas vitorianas foram mais que evidentes e só não chegou mais longe porque não calhou perante um Vitória a quem as substituições nada trouxeram e a quem foi faltando progressivamente cabeça fria e discernimento.
Em suma uma exibição a deixar muitas interrogações no ar numa altura em que a visita a Braga é o passo que se segue.
Individualmente há que destacar pela positiva a bela exibição de Vitor Garcia, o acerto e a segurança de Douglas, alguns desiquilibrios provocados por Marcus Edwards e pouco mais.
Abaixo do habitual estiveram claramente João Teixeira e Davidson, a dupla de centrais voltou a provocar calafrios cada vez que a bola era posta nas suas costas, enquanto nos suplentes utilizados apenas se pode destacar alguma vivacidade trazida ao jogo por Ouattara.
Para o que resta de campeonato , a começar pelo próximo e importante jogo, há que mudar algumas coisas sob pena de na Pedreira ficar muito comprometido o objectivo europeu que o empate de hoje entre Famalicão e Braga ainda mantém vivo.
O árbitro João Pinheiro fez um excelente trabalho o que naturalmente apraz registar.
Depois Falamos.

Penoso

Para ser franco do trio Marcelo-Costa-Ferro apenas espero uma coisa útil para o país que é o dia em que vão embora!
Sei que vai demorar, que vai ser precisa muita paciência para os continuar a aturar, que vão continuar a envergonhar muitos portugueses com a sua habitual, reiterada e descarada falta de sentido de Estado mas lá virá o dia em que desampararão a loja e deixarão os lugares para quem, pelo menos, os prestigie.
Ontem foi mais um dos muitos momentos penosos que eles tem proporcionado ao país.
A propósito de realização em Portugal da fase final de uma competição desportiva, decisão anunciada na tarde de ontem pela UEFA, foram a correr fazer uma ridícula e patética conferência de imprensa  apenas para terem mais uma oportunidade de aparecerem, de fazerem campanha, de se promoveram à custa do futebol.
As três primeiras figuras do Estado (um só já era péssimo que fará os três...) a realizarem uma conferência de imprensa conjunta por causa de uns jogos de futebol é neste país, cada vez mais à beira do terceiro mundo, transformar o futebol num assunto de Estado coisa que ele não é nem nunca será.
Por mais que gente sem qualquer noção do que é sentido de Estado o queira fazer crer.
Com Marcelo, Costa e Ferro o Estado é cada vez menos Estado e cada vez mais um folclore permanente onde à custa do futebol (e talvez do Fado porque de Fátima já se percebeu que não) se vão desviando as atenções dos muitos e graves problemas do país.
Da TAP ao Novo Banco, das escolas fechadas aos problemas nos hospitais, dos países europeus que não querem os nossos turistas à maior divída pública de sempre passando por uma pandemia que tem neste momento os piores números de toda a Europa em termos de infectados.
Apenas alguns dos muitos exemplos infelizmente possíveis  e que deviam estar no cerne das precupações das figuras cimeiras do Estado neste tempo de crise grave que vivemos, e que ameaça piorar, ao invés de andarem a protagonizar momentos tão penosos quanto ridículos à custa do pontapé na bola.
Depois Falamos.

Lisboa

A realização desta atípica fase final da Liga dos Campeões em Lisboa merece um aplauso e três discordâncias.
O aplauso para a FPF que através de Fernando Gomes e Tiago Craveiro, cujo peso na UEFA é hoje muito grande, conseguiram numa hábil jogada de antecipação e diplomacia trazer para a capital do país a fase decisiva da mais importante prova de clubes a nível europeu e mundial.
E mesmo nas condições muito especiais em que se disputará será sempre bom para Lisboa onde o mundo do futebol terá os olhos durante onze dias.
E se digo, e repito, bom para Lisboa é porque Portugal é outra realidade que nada tem a ver com a velha obsessão de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.
E essa é a primeira discordância.
Porque aplaudiria sem reservas a vinda para Portugal desta fase final se ele ficasse sedeada no norte do país e não na capital do falecido império.
Por razões de saúde pública, de igualdade desportiva, de promoção de Portugal.
Então se a razão para esta fase final ser assim, com todos os jogos na mesma cidade, é a pandemia que assola a Europa vai-se fazer essa fase final na região do país onde a pandemia está mais activa e dando a sensação de estar fora de controle?
Faz algum sentido?
Quando no norte do país as coisas estão perfeitamente controladas e as garantias sanitárias bem melhores.
Depois a igualdade desportiva.
Lisboa (e arredores) já acolheram quatro finais europeias de clubes.
Duas finais da Liga dos Campeões, uma na Luz e outra no Jamor, uma final da extinta Taça das Taças (na Luz) e uma final da Liga Europa em Alvalade.
No Norte nunca tal aconteceu.
A promoção de Portugal é algo de bem diferente da contínua promoção de Lisboa.
Centrar as atenções do mundo do futebol no Porto, em Guimarães, em Braga seria, isso sim, mostrar um belíssimo Portugal fora de Lisboa e que também merece ser promovido.
A segunda discordância tem precisamente a ver com a subalternização do norte.
As três cidades que referi, todas elas próximas umas das outras, garantem capacidade hoteleira mais que suficiente para receberem as oito equipas que vão disputar a fase final, garantem quatro estádios à altura (Dragão, D.Afonso Henriques, Bessa e Municipal de Braga)e garantem centros de treino suficientes para todas as necessidades.
Para lá de um clima mais suave para a altura do Verão em que os jogos se vão disputar.
E por isso lamento muito que a obsessão por beneficiar Lisboa, promover Lisboa, fazer de Lisboa o centro de tudo tenha significado o desperdiçar de uma bela oportunidade para promover outra região do país que bem o merece.
A terceira discordância é mais um ponto de interrogação do que uma discordância.
Não percebo porque razão a FPF, cujo brilhante trabalho em tantas áreas (e também no conseguir esta fase final) tenho várias vezes elogiado, não gastou uma pequena parte da energia que consagrou a este assunto da Liga dos Campeões a organizar uma fase final do Campeonato de Portugal, com os dois primeiros classificados de cada série, para que as subidas de divisão fossem por mérito desportivo e não por decisão administrativa que fere de forma injusta todos os clubes excepto os dois escolhidos.
É pena que as coisas sejam assim.
E é essencialmente pena que Portugal não aproveite estes momentos para se afirmar como um todo e não apenas como uma pequena parte.
Depois Falamos