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sábado, novembro 30, 2019

Sorteios...

É certo que uma coisa são as previsões quanto a jogos que se vão disputar daqui a sete meses e outra, que pode ser bem diferente, a realidade que esses jogos trarão.
Ainda assim , e sem por em causa a confiança na nossa selecção , parece-me evidente que Portugal caiu no grupo mais difícil deste Europeu ao coincidir com França e Alemanha , reconhecidamente duas enormes potências do futebol mundial, e mais uma selecção a sair do quarteto Islândia, Roménia, Bulgária e Hungria.
Ter no mesmo grupo o campeão europeu, o campeão mundial e a Alemanha que é sempre favorita em todas as competições em que entra é uma junção invulgar de grande selecções( todas elas já vencedoras de campeonatos da Europa) que fará deste grupo F o mais interessante do Europeu.
Falta saber quem se juntará a estas três equipas em resultado dos play off que oporão Islândia a Roménia e Bulgária a Hungria (os vencedores das duas eliminatórias disputam entre si a vaga restante) sendo certo que em teoria qualquer uma das quatro é inferior às três selecções já apuradas.
Sendo certo que se o vencedor deste play off for a Roménia esta equipa transitará para o grupo C por troca com outra selecção.
Em teoria, uma vez mais, vantagem é Portugal iniciar a participação defrontando em Budapeste a tal selecção vencedora do play off (só em Março se saberá quem é mas se for a Hungria esta jogará em casa) que será a menos forte do grupo , deslocando-se depois a Munique para jogar com a Alemanha e terminando a fase de grupo frente à França novamente em Budapeste.
Apuram-se os dois primeiros de cada grupo mais os quatro melhores terceiros classificados e espera-se que Portugal , campeão europeu em titulo, esteja na fase a eliminar por uma ou outra via.
Depois Falamos

quinta-feira, novembro 28, 2019

Sugestão de Leitura

Depois da monumental biografia de Leonardo da Vinci foi a vez de ler outra biografia igualmente monumental e igualmente repleta de interesse.
A de Mikhail Gorbachev.
Que foi uma das mais importantes figuras políticas do século XX , com uma influência absolutamente decisiva na política mundial, mais admirado e louvado no Ocidente do que no seu próprio país onde foi e continua a ser uma figura controversa.
Ideólogo da Perestroika e da Glasnost deu um contributo decisivo para o fim da guerra fria, e para a conquista da Liberdade por países que durante décadas foram satélites da União Soviética (com que ele ajudou a acabar) , tornando assim o mundo menos perigoso.
Mas para lá da sua história política esta biografia é também a narração do percurso de vida de um "self made man" que se fez à sua custa e subiu na vida com trabalho, perseverança e sacrifício.
É também uma história de amor com a mulher de toda a sua vida, Raisa Titarenko, que o acompanhou durante quatro décadas de vida em comum até falecer vitima de leucemia em 1999.
Hoje com 88 anos de idade Mikhail Gorbachev está retirado da vida pública mas deixou no seu país e no mundo uma marca de que poucos estadistas se podem gabar.
Tudo isso e muito mais nesta excelente obra de William Taubman que ao longo de 712 páginas (mais anotações e bibliografia) trata um retrato exaustivo de Gorbachev.
Depois Falamos

Culpa Própria

Ontem vi, sem um interesse por aí além, o jogo entre Leipzig e Benfica a contar para a Liga dos Campeões que se saldou por um empate a dois golos depois de a equipa encarnada estar a vencer durante muito tempo.
Durante o jogo, que foi bem disputado mas não teve a qualidade de outros que se veem nesta prova, recordei frequentemente algumas críticas que em Portugal se fazem a alguns adversários do Benfica (e também do Porto e de vez em quando do Sporting) acusando-os de jogarem muito fechados, praticarem anti jogo e simularem lesões para queimarem tempo que foi exactamente o que o Benfica fez nos últimos minutos de jogo embora de forma pouco competente.
Pouco competente porque não evitou a recuperação do adversário e pouco competente porque algumas "lesões" foram tão mal simuladas (especialmente por André Almeida) que nenhum árbitro de qualidade acreditaria nelas.
Mas o empate , que foi justo face ao que se passou durante toda a partida, tem um responsável principal que ontem falhou em toda a linha e assim viu o seu clube afastado da Liga dos Campeões e veremos se da Liga Europa.
E esse responsável foi Bruno Lage.
Um treinador que aprecio, que tem feito um excelente trabalho no Benfica, mas que ontem não esteve à altura do que era necessário.
Porque geriu pessimamente o jogo, as substituições, as respostas às alterações na equipa adversária.
Porque já o Leipzig tinha esgotado as substituições (uma forçada pela lesão do guarda redes) , decorridos 70 minutos, e ainda Lage não tinha mexido na equipa embora um ou outro jogador já desse sinais de esgotamento.
E se a primeira mudança, troca de Vinicius por Tomas, embora tardia fizesse sentido porque era necessário refrescar o ataque para manter o adversário em algum respeito, a partir daí foram só erros que custaram o empate.
Com o Leipzig a ganhar cada vez mais lances aéreos na área encarnada , muito por força da entrada de Schick, e percebendo-se que era preciso ganhar supremacia no sector com a entrada de outro central (já que a aposta era defender a todo o custo) a verdade é que Lage nada fez e a pressão alemã tornava-se cada vez mais intensa adivinhando-se o golo a qualquer momento.
E quando ele surgiu, fruto de um penálti cometido inocentemente por Rúben Dias esquecido que os árbitros da Liga dos Campeões não são os da liga portuguesa, percebeu-se que os últimos minutos iam ser de tremenda pressão com constantes bolas cruzadas para a área o que reforçava a necessidade de reforçar a defesa com Jardel.
O que fez Lage?
Só então, com 92 minutos de jogo, fez a segunda substituição tirando Pizzi, exausto, mas em vez de colocar Jardel ou, no mínimo, Florentino para tentar pressionar logo na intermediária optou estranhamente por...Caio Lucas que até ontem tinha jogado 31 minutos na liga dos campeões (divididos por dois jogos) e 49 na liga portuguesa (divididos por três jogos) ou seja um jogador que não tem sido opção para nada .
Claro que a sua influência no jogo foi absolutamente nula.
E por isso o empate acabou por aparecer, num lance em que o "buraco" no centro da defesa foi bem visível, e se pior não sucedeu foi porque já não houve tempo.
A terceira substituição, Jota no lugar de Cervi, a minuto e meio do fim foi apenas a cereja em cima de um bolo recheado de erros por parte do treinador do Benfica porque obviamente que já nada poderia resolver.
Bruno Lage é um bom treinador, repito, mas ontem errou demasiado numa prova em que todos os erros se pagam caro.
E por isso o Benfica só se pode queixar de si próprio por uma vez mais ficar pela fase de grupos da liga dos campeões.
Depois Falamos

O Apanha Bolas

Há mais de trinta anos, seguramente, colaborava eu no extinto "Jornal do Vitória" que se publicava em papel (nesse tempo não havia outras opções) e era dirigido por Lourenço Alves Pinto tendo como chefe de redacção José Eduardo Guimarães.
Jornal que como muitos recordarão tratava apenas assuntos do clube com crónicas e reportagens dos jogos de futebol ,e das poucas modalidades ao tempo existentes, e entrevistas a jogadores, treinadores e dirigentes entre outras rubricas.
Num determinado fim de semana foi-me atribuída a crónica de um jogo caseiro do Vitória, não tenho já a mínima ideia de quem era o adversário, que fiz dentro das minhas capacidades analíticas concluindo-a com uma crítica , que entendi justa, à inoperância dos apanha bolas que em nada ajudavam a equipa!
Foi o bom e o bonito.
Alguns dirigentes de então ficaram tão melindrados com a critica que o assunto foi a reunião de direcção, então presidida por António Pimenta Machado (que ao que soube posteriormente não ligou nada ao assunto), porque consideravam critica de lesa majestade que no jornal do clube se criticasse um determinado aspecto da organização dos jogos mais propriamente a escolha dos apanha bolas e as instruções que (não) lhes eram dadas.
Passaram trinta anos.
E a situação não melhorou.
No estádio do Vitória os apanha bolas continuam a ser crianças ou jovens adolescentes que num tempo de profissionalismo rigoroso, em que todos os detalhes contam, continuam a não saber interpretar o jogo, a perceberem quando tem de ser mais rápidos (ou mais lentos) a reporem as bolas , nem sequer procedem à elementar pressão de quando o Vitória está em desvantagem e a bola sai pela linha final para pontapé de baliza atirarem de imediato outra bola para dentro do relvado para limitarem a perde de tempo por parte do guarda redes adversário.
Nos escassos meses de 2012 em que estive como vice presidente para o futebol e modalidades, entre as muitas coisas que havia para fazer e as muitas preocupações com o estado do clube, também quis resolver essa questão da inoperância dos apanha bolas a bem da eficácia das equipas A e B.
Para isso, com o apoio do Rui Leite ao tempo director da formação, delineamos um projecto em que os apanha bolas seriam jovens futebolistas da formação já com noções básicas do que é o jogo e da importância da temporização das jogadas quando a bola sai do terreno.
Entretanto saí da direcção ,o projecto caiu no esquecimento, e os apanha bolas no estádio D.Afonso  Henriques continuam a ser de um amadorismo que já não devia existir.
Mas existe.
Recordei tudo isto a propósito da acção de José Mourinho quando ontem foi abraçar um apanha bolas como agradecimento por uma rápida reposição de bola em jogo (leitura perfeita do lance pelo jovem) que permitiu ao Tottenham fazer o segundo golo face ao Olimpiakos.
No futebol a "sério" os apanha bolas não são uma questão menor.
Serão um detalhe, dentro da enorme orgânica de um desafio de futebol, mas é nos detalhes que muitas vezes se ganham jogos.
Depois Falamos.

P.S. Quando refiro que os apanha bolas deviam saber ler o jogo consoante os interesses do Vitória isso não significa que, a (mau) exemplo do que acontece noutros estádios portugueses, eles atrasem reposições ou até desapareçam quando o clube da casa está a ganhar nos últimos minutos.
Fair play e respeito pelo jogo não são incompatíveis com inteligência.

Um Herói Português

Hoje  dia em que se comemoram quarenta e quatro anos sobre o 25 de Novembro, data em que as forças democráticas civis e militares impediram que Portugal mergulhasse numa ditadura de esquerda, importa lembrar a data e aqueles, como Jaime Neves, a quem o país tanto deve.
A data porque foi nela ,e não a 25 de Abril, que o país conquistou definitivamente a Democracia.
Porque se em Abril de 1974 chegou a Liberdade, por força da acção do MFA, em Novembro do ano seguinte conquistou-se a Democracia e o regime em que desde então vivemos.
E passados 44 anos , tanto e tão pouco tempo, importa lembrar de que lado estavam o PS, o PPD, o CDS, o "grupo dos 9" e os militares democratas e de que lado estavam o PCP , os partidos que vieram a dar origem ao Bloco de Esquerda e ao Livre e os militares afectos ao COPCON e aos sectores gonçalvistas que queriam fazer de Portugal uma Cuba europeia.
E muitos que hoje enchem a boca a falar de democracia e liberdade mas que nesse tempo lutavam (e cantavam...) pela implantação no nosso país de um regime que nada tinha de democrata que faria da Liberdade uma palavra vã.
Portugal tem muito a agradecer a homens como Ramalho Eanes (que foi o comandante das forças militares democráticas) e os seus camaradas do grupo dos nove, a Mário Soares e aos dirigentes do PS , a Francisco Sá Carneiro e aos s dirigentes do PPD, a Freitas do Amaral e aos dirigentes do CDS e a tantos portugueses sem partido que estiveram do lado da democracia e da liberdade.
Mas muito em especial ao coronel Jaime Neves.
Comandante do Regimento de Comandos da Amadora que foram as forças que no terreno asseguraram a vitória da democracia.
Um militar distinto, dos mais condecorados das Forças Armadas, que já nas guerras de África dera sobejas provas de coragem e valor em combate e que no 25 de Novembro soube comandar as suas tropas com uma determinação inabalável mas também com a preocupação de não causar baixas nos militares que se lhes opunham.
Tive o prazer , e a honra, de o conhecer muitos anos depois quando a empresa que ele dirigia prestava serviços de segurança ao Vitória de que eu era então secretário geral.
E de constatar que para além de ser uma lenda viva era igualmente uma pessoa de enorme simpatia e afabilidade pessoal.
Para mim ele será sempre o rosto maior do 25 de Novembro.
O dia em que Portugal conquistou a Democracia.
Depois Falamos

domingo, novembro 24, 2019

Dois Títulos

Que o Flamengo com os seus mais de 40 milhões de adeptos é considerado o maior clube do Brasil e de todo o mundo já se sabia de há muito.
Como se sabia também que o seu palmarés, quer nas provas internas quer nas competições continentais está algo aquém da sua grandeza associativa muito por força de algumas especificidades do campeonato do Brasil  mas também por responsabilidade própria.
Mas este fim de semana os adeptos do Flamengo tiveram duas enormes alegrias.
As maiores que o adepto de um clube brasileiro pode ter diga-se de passagem.
No sábado venceram a taça Libertadores, numa final muito bem disputada com outro colosso sul americano como o é o River Plate de Buenos Aires, titulo que escapava ao Flamengo há 38 anos desde o tempo de outra grande equipa que tinha em Zico o seu maior expoente.
E hoje fruto da derrota caseira do Palmeiras frente ao Grémio conquistaram matematicamente o campeonato do Brasil ao mesmo tempo que festejavam nas ruas do Rio de Janeiro a competição ganha no dia anterior.
Dois títulos em dois dias, o nacional e o continental, não é para qualquer um.
Aliás o último clube brasileiro a conseguir a conquista das duas provas no mesmo ano tinha sido, em 1963, o Santos de Pelé.
Razões de sobejo para justificar a enorme festa que se vive hoje no Rio de Janeiro e um pouco por todo o Brasil e por todo o lado onde há brasileiros.
Mas também para os portugueses que gostam de futebol, independentemente de terem ou não simpatia pelo Flamengo, se sentirem satisfeitos (orgulhosos até) por essas duas grandes vitórias terem sido conseguidas sob a batuta de um treinador português.
E Jorge Jesus, campeão em Portugal e agora no Brasil, deu não só uma sobeja prova da capacidade que já se lhe reconhecia como também uma bela bofetada de luva branca naqueles que do lado de lá do Atlântico tem por hábito depreciar o futebol português pondo em causa o valor dos seus jogadores e treinadores.
Pois é, cá se fazem cá se pagam.
Depois Falamos

sexta-feira, novembro 22, 2019

Equilíbrio

Morreu José Mário Branco.
Existindo no país um outro "país" que adora funerais, cerimónias fúnebres, visitas de condolências e tudo aquilo que as televisões mostram quando morre alguém conhecido, seja em que área for, não admira que estes últimos dias tenham sido preenchidos com directos do velório e funeral, com entrevistas aos que o conheceram, com recordações das suas músicas e espectáculos.
Sem faltar, naturalmente, a activa participação do Presidente da República em todo o estendal montado à volta do falecimento.
Mas somos também um país em que não há nada como morrer para se passar a ser bestial, para se esquecer o mau e hipervalorizar o bom, para quase se pedir ao Papa Francisco a beatificação de cada personagem mediático que termina o seu percurso de vida.
Exageros sem equilíbrio.
E por isso importa dizer, ainda que sendo politicamente incorrecto (o que de resto nunca me preocupou), que José Mário Branco foi um excelente músico, um excelente interprete, um excelente compositor, um excelente produtor e certamente uma excelente pessoa fazendo fé naqueles que o conheceram e com ele privaram.
Mas não foi um excelente democrata!
Porque tendo combatido a ditadura, mérito que ninguém lhe retira, depois do 25 de Abril esteve sempre do lado daqueles que queriam substituir uma ditadura de direita por uma ditadura de esquerda, do lado das forças que recusavam uma democracia parlamentar preferindo as ditaduras do proletariado importadas de leste e que então ainda não tinham falido, apoiando as tentativas de instaurar um regime de poder popular que mais não seria do que uma ditadura ao serviço de doutrinas com que os portugueses nunca se identificaram.
Basta ver  qual foi o seu posicionamento no 25 de Novembro para perceber que JMB nada queria com uma democracia como a que felizmente existe em Portugal desde então.
Dir-me-ao que eram tempos revolucionários, de exaltação ideológica e de algum romantismo idealista em que as musicas e os cantores de intervençao se limitavam a seguir as modas revolucionárias.
Pois sim.
Felizmente houve gente nesse tempo que não foi em modas nem idealismos e lutou por uma verdadeira democracia porque caso contrário, seguindo as teses da extrema esquerda em que José Mário Branco não só se revia como propagandeava, Portugal hoje seria uma Cuba europeia como alguns revolucionários de então tanto gostariam.
E por isso reconhecendo os méritos do músico e da pessoa exige o equilíbrio que se refira que José Mário Branco combateu a ditadura mas não defendeu a democracia.
Opções que também devem ser recordadas num balanço do que foi a sua vida.
Depois Falamos 

quarta-feira, novembro 20, 2019

A Melhor de Sempre

O meu artigo desta semana no zerozero.

Se há coisa a que sempre resisti , e vou continuar a resistir, é a entrar em comparações para saber quem é o melhor jogador de sempre porque acho que é absolutamente impossível comparar um futebolista dos anos 50 do século passado com um futebolista da actualidade.
Tudo é diferente.
Preparação fisica, regime alimentar, medicina desportiva, equipamentos, relvados, qualidade das bolas, metodologia de treino, profissionalismo e tantas outras diferenças que tornam impossível dizer quem foi o melhor de sempre.
Pelé, Eusébio, Di Stéfano, Stanley Mathews, Maradona, Cruyff, Bekenbauer, Ronaldo, Ronaldinho, Messi, Cristiano Ronaldo, Garrincha um deles terá sido mas não é possível compará-los.
Questão não muito diferente  é, uma vez mais em teoria porque de outra forma não é possível, escolher aqueles que em conjunto formariam a melhor equipa de sempre de um determinado clube ou de um determinado país.
Por exemplo de Portugal.
Entre a primeira grande competição em que estivemos, o Mundial de 1966 em Inglaterra, e o próximo europeu “saltimbanco” em mais uma péssima invenção da UEFA qual seria o naipe de jogadores que constituiria os 23 seleccionados capazes de fazerem a felicidade de Fernando Santos e de todos os portugueses?
Começando pela baliza, entre os guarda redes desse mundial (Carvalho, José Pereira e Américo) e todos os que se lhes seguiram quais seriam os três convocados para essa selecção ideal?
Damas, Vítor Baía e Rui Patrício seriam as minhas opções com a devida licença de Bento, Silvino, Neno, Ricardo, etc.
Na lateral direita duas escolhas: Artur “o ruço” e João Pinto  que foram os dois melhores laterais direitos que me lembro de ver jogar com o devido respeito por Morais, Gabriel, Paulo Ferreira, Pietra ou os actuais Cancelo e Ricardo Pereira.
Centrais ? Humberto Coelho, Ricardo Carvalho, Vicente e Fernando Couto com Eurico, Rui Rodrigues , Jorge Andrade e Pepe a serem também opção.
Do lado esquerdo da defesa ainda não vi melhor que Hilário que seria acompanhado por Dimas num sector onde a concorrência não é muita pese embora o belo percurso que vem fazendo Raphael Guerreiro e boas prestações de Nuno Valente, Alberto, Rui Jorge ou Inácio.
Quanto ao meio campo aí as coisas fiam mais fino porque as escolhas são muitas e boas.
Sem grandes preocupações quanto a sistemas tácticos ou a posições especificas digamos que tendo de escolher seis médios as opções (quase nenhuma indiscutível) seriam:
Coluna, o grande capitão, que provavelmente é o único que merecerá uma concordância generalizada por parte de todos os que lerem este texto, João Alves “o luvas pretas” , Rui Costa que espalhou magia em Florença, Milão e Lisboa, António Oliveira cujo talento ímpar foi acompanhado por uma visão de profissionalismo muito pouco exigente, Deco que chegou, viu e venceu superando algumas animosidades por ser brasileiro de origem e Maniche que tinha sempre um rendimento elevadíssimo nas fases finais das grandes provas.
Claro que ficam de fora nomes de peso e que podiam discutir com os escolhidos um lugar sem qualquer dúvida como são os casos de Jaime Graça, Rui Barros, António Sousa, Toni, Jaime Pacheco, Costinha, Shéu e mais alguns.
O ataque ,contando com as seis vagas restantes , não deixa grandes dúvidas.
Eusébio, Ronaldo, Figo e Futre parecem-me completamente indiscutíveis e depois se lhes juntarmos Jordão e Chalana creio que seria um sexteto absolutamente fabuloso em termos de qualidade.
Deixando de fora nomes como Néné, Gomes, Pauleta, Manuel Fernandes, Simões, José Augusto, José Torres, Ricardo Quaresma, Bernardo Silva e mais alguns.
E com a “sorte “ de Peyroteo, Travassos e Matateu não entrarem para estas contas, por serem anteriores a 1966, porque caso contrário as escolhas seriam mais difíceis
Esta é matéria, como tantas no futebol, em que o velho provérbio de “cada cabeça cada sentença” tem a mais plena das aplicações porque em cada adepto há um treinador/seleccionador de bancada e por isso se entende perfeitamente que não hajam duas opiniões iguais quanto à totalidade dos jogadores.
Acreditando que pelo menos Eusébio, Ronaldo e Figo serão amplamente consensuais.
Mas nunca fiando...

Montjuic 1973

Sempre gostei de Fórmula 1, embora não seja o meu desporto favorito nem sequer esteja no top 3 , desde os tempos remotos em que a RTP transmitia os grandes prémios com os comentários do Adriano Cerqueira.
Confesso que a morte de Ayrton Senna "arrefeceu" o meu interesse pela modalidade porque em bom rigor sem ele a Fórmula 1 nunca mais foi a mesma em termos de espectacularidade e da perfeição na condução de um carro.
Então à chuva...
Mas continuei a ver Fórmula 1 com interesse, apreciando a pilotagem dos que sucederam a Senna ( e à cabeça o grande Michael Schumacher) e assistindo a corridas com grande interesse e emoção face aos duelos em pista que se sucediam.
Mas já não era a mesma coisa e fui perdendo progressivamente o interesse também por força de alguns horários a que as conveniências comerciais e os patrocinadores foram obrigando a Fórmula 1 com uma progressiva deslocação para Oriente.
Mas de todos os grande prémios, disputados em tantos e tantos circuitos, guardei naturalmente a minha preferência quanto a alguns traçados.
Com três deles bem à frente de todos os outros.
O GP de Mónaco nas ruas de Monte Carlo, o GP de Espanha no circuito urbano de Montjuic e o GP da África do Sul no rapidíssimo circuito de Kyalami que possuía a maior recta da Fórmula 1.
Sem prejuízo de outros circuitos como Silverstone em Inglaterra, Spa-Francorchamps na Bégica, Monza em Itália e o velho circuito de Nurburgring na Alemanha com os seus 22 klm de extensão (neste já a Formula 1 não compete desde o acidente de Nikki Lauda)  onde se assiste sempre a corridas de grande interesse.
Mas aqueles três eram os meus preferidos e sempre tive a expectativa de neles assistir a corridas ao vivo.
Em Mónaco ainda será possível porque continua a fazer parte do calendário, em Kyalami é muito mais difícil porque está há muito fora do roteiro do campeonato e em Montjuic será impossível porque a Fórmula 1 embora dispute o GP de Espanha em Barcelona há muito que não o faz naquele belíssimo circuito urbano do qual se veem paisagens espectaculares da cidade e do porto de Barcelona.
Tal como Mónaco, onde se pode circular pelas ruas onde se disputa o GP, também em Montjuic isso é possível podendo fazer-se a pé ou de carro o traçado do antigo circuito dado que todas as vias se encontram transitáveis e com pequenas alterações em relação ao tempo em que lá se corria.
Já tive oportunidade de o fazer, em Monte Carlo e em Barcelona, e se no primeiro caso aumentou e de que maneira a vontade de lá ver uma corrida já no segundo apenas exponenciou a nostalgia por um circuito que não voltará a existir.
Depois Falamos

P.S. A fotografia refere-se ao GP de 1973 , vencido por Emerson Fittipaldi, tendo em primeiro plano os dois pilotos da Tyrrell Ford (uma equipa há muito desaparecida)  Jackie Stewart e François Cevert que foram os meus primeiros ídolos na modalidade.
Cevert viria a morrer num acidente nos GP dos Estados Unidos desse ano e Stewart, que viria a vencer esse mundial,  deixaria de imediato a competição já não participando nesse GP que era o último da temporada.

segunda-feira, novembro 18, 2019

Alternativos

Tenho por várias vezes deixado aqui a minha opinião sobre o que são, e essencialmente sobre o que devem ser, os equipamentos alternativos usados pelas equipas do Vitória sabendo-se que a camisola branca é e será sempre a primeira camisola mas tendo pena que os calções pretos nem sempre sejam os primeiros calções conforme tradição do clube durante longos anos.
Mas dando de barato que o primeiro equipamento é camisola branca e calções pretos ou brancos já nos restantes equipamentos não há nenhuma obrigação estatutária ou tradicional sobre de que cor devem ser.
É certo, e estou de acordo, que a segunda camisola deve ser preta por inteiro ou com algum tipo de desenho como já aconteceu no passado, por exemplo, com os equipamentos fornecidos pela "John Smith" em que o segundo equipamento (lindíssimo diga-se de passagem) era preto e cinzento em listas verticais.
E por isso fazer uma segunda camisola praticamente igual à primeira, apenas com a mudança de branco para preto, é um desperdício em termos de potencial de comercialização e não entendo a passividade nessa matéria ao longo dos anos.
Já quanto ao terceiro equipamento, que nem sempre há mas devia haver, esse deve ser totalmente virado para o marketing e mudar todos os anos de desenho e de cores como acontece em muitos clubes de outros países.
Amarelo, rosa, laranja, castanho, lilás, etc, tantas são as cores disponíveis com as óbvias excepções do vermelho , azul e verde porque não sendo parecidos com nenhum clube em tanta coisa era o que faltava usarmos cores de que desportivamente não gostamos para ainda nos parecermos com eles.
Aliás todos nos recordamos que já por várias vezes o Vitória teve terceiros equipamentos e com sucesso assinalável juntos dos adeptos pelo que me parece que deve insistir nessa vertente até por razões comerciais.
Penso que a nova SAD do clube deve equacionar seriamente essa possibilidade quando definir com  a Macron os equipamentos para a próxima temporada.
Depois Falamos.

P.S. Na foto uma equipa do Vitória com um equipamento alternativo que se usava bastante nas décadas de setenta e oitenta mas que depois desapareceu das opções.

Apurados

Portugal sabia que dependia apenas de si próprio para se apurar para o próximo europeu, sétimo consecutivo para a nossa selecção,  mas sabia, igualmente, que esse depender apenas de si tinha de passar por um triunfo para ficar ao abrigo do que se passasse em Belgrado no Sérvia vs Ucrânia.
E Portugal venceu.
Num jogo muito difícil quer pelo péssimo estado do terreno quer pelo arreganho do adversário, mas também pela dificuldade portuguesa em conseguir pegar no jogo, a equipa nacional foi pragmática até ao limite marcando um golo numa execução perfeita de Bruno Fernandes, numa altura em que o golo luxemburguês não surpreenderia,  e depois aguentou a pressão adversária até que friamente num lance de contra ataque o suspeito do costume acabou com as dúvidas e colocou definitivamente Portugal no Europeu.
Tendo feito uma das suas menos bem conseguidas exibições dos últimos anos a verdade é que Portugal tem aquela estrelinha de campeão que brilha mais quando as circunstâncias se tornam mais difíceis e isso aconteceu uma vez mais no jogo de hoje face a um adversário que foi fácil noutros tempos mas que já não o é na actualidade.
Num jogo em que não se pode negar a nenhum dos jogadores o empenho e o espírito de sacrifício creio que Bernardo Silva, José Fonte e Ricardo Pereira terão sido os mais próximos do seu real valor enquanto Bruno Fernandes luziu a espaços e os restantes estiveram claramente abaixo do que lhes é normal com excepção de Rui Patrício que pouco teve para fazer.
Dos suplentes utilizados destaque apenas para Diogo Jota, que animou o ataque e foi decisivo no segundo golo, porque Moutinho pautou-se pela discrição e Rúben Neves entrou apenas para queimar tempo numa substituição que poderia ser destinada a um dos suplentes que ainda não conta nenhuma internacionalização...mas não foi.
Agora com o apuramento concretizado há que preparar bem o Europeu e esperar que o flagelo das lesões ande bem longe dos seleccionáveis.
Depois Falamos

Prioridades

Na passada sexta feira o Presidente da República recebeu uma delegação do partido Aliança, chefiada pelo respectivo Presidente, que lhe foi apresentar um conjunto de argumentos relativos à defesa feita pelo partido de que o novo aeroporto de Lisboa deve situar-se em Alverca e não no Montijo.
Posição, aliás, que o partido começou a defender sozinho e na qual é hoje acompanhado pelos mais diversos especialistas, associações empresariais, profissionais de turismo, etc,etc.
É um assunto de relevante interesse para o país, que nele vai investir muitos e muitos milhões de euros, com implicações na Economia, no Ambiente, no Turismo, nos Transportes e nuns quantos mais sectores de actividade pelo que seria expectável que a comunicação social, nomeadamente as televisões, lhe tivessem dado o justo relevo.
Mas qual quê.
Para elas, televisões, é muito mais importante mostrar até à exaustão o Presidente da República a espreitar para dentro de um contentor de lixo, a ministra da Justiça a envergonhar o Estado visitando uma criminosa que está presa, o senhor Costa a multiplicar-se em promessas que não vai cumprir, o senhor Rio a dizer porque foi a um sitio perto de casa mas não iria ao Alentejo que para ele é outro lado do mundo, o senhor Jerónimo a jurar que nunca mais fará o que evidentemente fará se for preciso ou a senhor Catarina a bolsar as banalidades diárias próprias de uma arrependida que ainda não digeriu o não ser ministra.
É a comunicação social que temos.
Que corresponde na perfeição ao país diga-se de passagem.
Depois Falamos

Dever Cumprido

Portugal cumpriu ontem, frente à Lituânia, o seu dever vencendo o jogo e conquistando três pontos que são indispensáveis para o apuramento directo para o próximo Europeu.
Sendo certo que o adversário é de quarta linha europeia é igualmente certo que Portugal fez um belo jogo em termos exibicionais e em termos de concretização fazendo seis golos e falhando, no mínimo, outros tantos.
E a história do nosso futebol, num passado que felizmente se vai tornando remoto, está cheia de adversários fáceis que nos fizeram a  vida difícil e em várias ocasiões contribuíram para que ficássemos pelo caminho em apuramentos para europeus e mundiais.
Felizmente o Portugal dos tempos modernos já nada tem a ver com esse do passado e por isso a selecção vai apurar-se para o próximo europeu o que significará vinte anos de apuramentos sem falhas para todos os europeus e mundiais.
Ou seja desde o Europeu de 2000, organizado conjuntamente por Bélgica e Holanda, Portugal não falhou uma única fase final.
Ontem, mais golo menos golo, Portugal venceu e deixa para domingo no Luxemburgo o carimbar do passaporte para o europeu de 2020 onde defenderá o seu titulo de campeão conquistado em 2016 em França.
Ronaldo fez três golos, Bernardo Silva, Pizzi e Gonçalo Paciência os restantes numa exibição que como atrás dissemos foi de excelente nível e deixa boas perspectivas para a fase final do prova sem contudo se entrar em euforias que face à valia dos adversários que vai encontrar seriam disparatadas.
Até porque Portugal que tem um excelente lote de jogadores para quase todas as posições, liderados pelo génio de Ronaldo e Bernardo Silva, tem algumas lacunas que não sei se serão passíveis de colmatar e que colocam um determinado sector da equipa numa posição de alguma fragilidade.
Refiro-me, está bom de ver, ao centro da defesa.
Pepe e Fonte estão a caminho da reforma e cada vez mais vulneráveis (especialmente o primeiro) a problemas físicos, Rúben Dias ainda não tem a experiência necessária a liderar a defesa de uma selecção campeã da Europa e para lá deles são mais as incógnitas que as certezas.
Rúben Semedo, Ferro, Domingos Duarte são jogadores prometedores mas com zero jogos na selecção, Luis Neto desapareceu das convocatórias e nas selecções mais jovens há talento mas sem experiência.
No resto dos sectores creio que Portugal está francamente bem.
Na baliza Rui Patrício é indiscutível mas depois há boas opções que asseguram tranquilidade.
Bons laterais direitos com Cancelo , Nelson Semedo, Ricardo Pereira (outro jogador que o Vitória vendeu prematuramente e ao preço da chuva) , bons laterais esquerdos, muitas opções para o meio campo ( esperemos que Renato Sanches possa ser opção) e na frente para lá dos referidos Ronaldo e Bernardo há também várias boas opções com destaque para a fartura de pontas de lança o que não é vulgar no nosso futebol.
Gonçalo Paciência (que excelente jogador se fez), André Silva , Éder e o jovem Rafael Leão garantem a posição nove e depois há ainda Gonçalo Guedes, João Félix, Bruma, Gelson Martins. Rafa, Diogo Jota, Hélder Costa, Rony Lopes, etc.
O centro da defesa é que...
Depois Falamos

Nazismo vs Comunismo

Nazismo e Comunismo são as duas doutrinas políticas mais execráveis da História da humanidade traduzidas em extermínios em massa, repetidas violações dos direitos humanos, completa ausência de liberdade e democracia, perseguições aos adversários políticos, assassinatos, tortura e mais um conjunto de características absolutamente condenáveis mas , curiosamente, comuns aos dois tipos de regime.
Estaline, Mao e Hitler foram os três maiores criminosos da História da humanidade repartindo entre os regimes por eles chefiados a responsabilidade por mais de cento e trinta milhões de mortos a esmagadora maioria dos quais pertencendo aos seus próprios povos.
O Parlamento Europeu, um orgão democrático que nada tem a ver com os "Politburos" desses regimes, aprovou meses atrás uma resolução condenando por igual nazismo e comunismo (o que me parece mais do que justo) e fê-lo com 535 votos a favor, 66 abstenções e 52 votos contra.
Não é uma votação"à Coreia do Norte" como o PCP tanto gosta mas é perfeitamente clara da condenação esmagadora do Parlamento Europeu quanto a essas doutrinas totalitárias e criminosas.
Hoje no cada vez mais decepcionante Parlamento português a Iniciativa Liberal , o CDS  e o Chega apresentaram votos de saudação à resolução do Parlamento Europeu ,que deveriam em circunstâncias normais ter merecido a aprovação do Plenário,  enquanto o PCP (pudera...) apresentou um voto contra o que nada admira vindo de quem tem um percurso histórico a combater ditaduras de direita e a tentar implementar uma ditadura de esquerda.
Enquanto PSD, e bem, votava favoravelmente os documentos em linha com o do Parlamento Europeu o PS, este PS sem princípios nem valores , chumbava todas as propostas e acabava por aprovar um voto seu em que condenava todas as ditaduras mas sem as nomear.
A habitual cobardia perante os seus parceiros de esquerda de quem necessita para aprovar os orçamentos de estado e outros documentos que lhe garantam manter-se no poder a qualquer preço e de qualquer forma.
Valeu a Portugal o facto de em 1975 o PS ser liderado por homens como Mário Soares e Salgado Zenha absolutamente incapazes de transigirem, pactuarem, fazerem o jogo de quem não respeitava os valores da democracia e da liberdade.
Porque se fosse dirigido por António Costa, Pedro Nuno Santos, Ana Catarina Mendes, Carlos César e afins não sei de que lado da barricada teria estado no 25 de Novembro.
Provavelmente daquele que lhe desse mais jeito!
Depois Falamos

quarta-feira, novembro 13, 2019

Memória Futura


Vitória e Sporting de Braga jogaram o derbi com os seus principais equipamentos.
Vitorianos de camisola branca e bracarenses de camisola vermelha.
Como deve ser sempre em jogos destes. 
Fico na expectativa de ver o que acontecerá na segunda volta. 
Se o Vitória jogará de camisola branca ou se os malfadados (neste contexto) equipamentos pretos voltarão a marcar presença. 
É que nos detalhes também se marcam diferenças.
Depois Falamos

Paridade

Sendo a raça humana composta por dois sexos (peço desculpa mas não alinho nalgumas tristes modernices que por aí andam) é perfeitamente natural que o acesso às profissões, à educação, à igualdade de oportunidades e aos mais diversos cargos seja feita de forma equilibrada entre mulheres e homens.
Infelizmente a História tem-se encarregado de demonstrar ao longos dos séculos e das diferentes civilizações que assim não é sendo as mulheres remetidas para um inaceitável plano de inferioridade a vários níveis que ainda hoje se mantém em muitos lados incluindo Portugal.
Portugal onde ainda no século passado, durante a ditadura, as mulheres não tinham o mesmo acesso ao direito de votar que os homens, onde as mulheres casadas tinham de pedir autorização aos maridos para viajarem para o estrangeiro, onde as diferenças salariais para trabalhos iguais eram significativas e em que o acesso feminino a cargos políticos era praticamente nulo.
Entre outras discriminações que se pensava serem exclusivas dos malefícios do regime mas não eram.
Porque se com o 25 de Abril muita coisa melhorou, é inegável, outras houve em que ainda há muito caminho para fazer como é o caso, a titulo de exemplo, da igualdade salarial que ainda hoje remunera de forma diferente alguns tipos de trabalho iguais.
Também na política a conquista da liberdade e da democracia não foi plenamente correspondida pela igualdade de oportunidades no acesso aos cargos partidários , de eleição para orgãos de soberania e do poder local continuando durante décadas a verificar-se um claro desequilíbrio a favor dos homens e em detrimento das mulheres.
Ao ponto de quando a pressão da opinião pública se tornou insustentável os partidos terem optado por contribuir para a questão de uma igualdade mínima através da lei da paridade que não sendo o desejável, porque encerra em si alguma discriminação, é ainda assim uma forma de obrigar à reforma das mentalidades por via legislativa.
Ou, por outras palavras, sem essa medida legal as coisas estariam bem mais atrasadas em termos de paridade.
E por isso a paridade é hoje uma realidade.
Nas eleições partidárias, nas eleições para orgãos de soberania, nas eleições para o poder local.
É uma realidade expressa na lei mas que mais do que respeitar a  lei deve corresponder a princípios éticos e de decência que estarão sempre na primeira linha daqueles que consideram a política como algo de nobre.
E nobreza, neste aspecto da política, significa não serem precisas leis para aceitar aquilo que decorre da própria essência da raça humana que é a igualdade entre sexos.
Não pensar assim será perder o comboio do História.
Depois Falamos.

Blogues

Fui, sou e continuarei a ser um entusiasta da blogosfera pelo que a continuidade deste "Depois Falamos" não me parece que venha a estar em perigo prosseguindo assim um percurso iniciado em Abril de 2006.
Mas hoje olho para o panorama dos blogues com algum saudosismo mesclado de tristeza porque as coisas manifestamente já não são nada do que foram.
Ao entusiasmo despertado pelos blogues, como grande espaço de opinião em liberdade, há quinze ou vinte anos atrás (e que resultou numa proliferação destes espaços) sucedeu um progressivo abandono dos mesmos por força da migração dos seus autores para as novas redes sociais emergentes.
E passo a passo o Facebook, o Twitter, o Instagram foram ocupando o espaço que outrora pertencia aos blogues ao sabor do imediatismo de que se revestem mas também da preguiça em escrever que vai caracterizando as novas gerações mais propensas ao teclar furiosamente nos seus telemóveis.
E é pena.
Porque na sua diversidade opinativa os blogues constituíam, e continuam a constituir pese embora a quebra de praticantes, um espaço de opinião onde é possível aprofundar opiniões, fomentar debates e fugir do "escreve e deita fora" típico das redes sociais.
Neste blogue há um campo, chamemos-lhe assim, onde recomendo a de outros blogues cuja leitura sempre me deu prazer e interessou pela multiplicidade de temas e pela riqueza opinativa com que eram tratados.
Da política ao desporto, passando por viagens e outros temas.
Alguns deles essencialmente pessoais.
Hoje deu-me para ir ver, nesse tal campo das recomendações, blogue a blogue como estávamos em termos de postagens e até novidades.
Fiquei espantado e a tal tristeza saudosista aumentou.
Nalguns deles não é publicada uma linha há quatro ou cinco anos (nalguns casos mais ainda), outros já nem existem (já os apaguei das sugestões) e outros tem publicações tão esporádicas que nem prova de vida conseguem ser.
Mantenho-os todos, menos os que já não existem como atrás referi, nas sugestões apenas como um tributo ao prazer com que os lia sabendo que esses tempos não voltarão e que esses blogues serão doravante  apenas uma recordação parada no tempo.
Mas a vida também se faz delas.
Em bom rigor mantém a actividade regular uma mão cheia deles, e não mais do que isso, teimando em resistir às novas modas comunicacionais.
O "Depois Falamos", a caminho dos seus catorze anos de vida , continuará a fazer o seu caminho indiferente a modas e sabendo que cada vez mais o que se escreve é para memória futura a par do gosto pessoal do seu autor em escrever.
E por isso...
Depois Falamos.

Europa...

O meu artigo desta semana no zerozero.

As competições europeias de clubes são, e no futuro serão ainda mais, uma realidade cada vez mais distante da verdade dos clubes portugueses que nelas participam e que nalguns casos ainda alimentam sonhos sem qualquer razão de ser.
Não é segredo para ninguém que o actual modelo da Liga Europa e muito especialmente da Liga dos Campeões criaram realidades competitivas destinadas a premiarem com troféus apenas e só aqueles grande clubes europeus que garantem enormes retornos publicitários às marcas patrocinadoras das competições e que para isso precisam de ter orçamentos de muitos e muitos milhões para assegurando os melhores jogadores terem reais hipóteses de vencerem as competições.
E por isso quando os “pelintras” dos clubes portugueses tentam competir com os colossos espanhóis, ingleses, alemães ou italianos (já que em França apenas o PSG compete a esse nível de topo) podem até conseguir um ou outro bom resultado neste ou naquele jogo da fase de grupos mas quando o apuramento depende da regularidade em seis jogos ou de um “mata mata” em duas partidas é certo e sabido que a eliminação é o resultado mais que certo.
Porque o dinheiro manda e no futebol manda a dobrar sem querer entrar em detalhes quanto ao conceito.
E se assim é no presente, em que às equipas portuguesas ainda é permitido participar em plano de relativa igualdade com os tais colossos europeus, no futuro tudo se prevê mais complicado face à vontade da UEFA (leia-se das empresas patrocinadoras) em criar competições de clubes à escala europeia com recurso a várias divisões a que o poderio económico não será seguramente alheio.
E aí não terão as equipas portuguesas a mínima possibilidade de fazerem uma “gracinha” ainda que de longe a longe.
Aliás se olharmos para a jornada europeia da passada semana perceberemos, se o quisermos fazer, que essa realidade está mais próxima do que se pensa.
Olhemos o Benfica.
Único clube português na Liga dos Campeões.
Onde joga quase para cumprir calendário porque mesmo equipas de terceiro plano europeu, como o Lyon, lhe ganham com relativa facilidade (eu sei que na Luz ganhou o Benfica mas com um brinde natalício antecipado em gentil oferta de Anthony Lopes) e o remetem para a contingência de ser relegado para a Liga Europa ou nem isso.
E tem sido essa a sua história de vida nos últimos anos.
Olhemos o Porto.
“Cliente” habitual da Liga dos Campeões que este ano nem a uma pré eliminatória com o anónimo (em termos de competições europeias) Krasnodar conseguiu resistir e está em enormes dificuldades para conseguir o apuramento para a fase seguinte num grupo da Liga Europa em que anos atrás passearia sem qualquer dificuldade.
E quando se fala de Benfica e Porto fala-se dos dois mais fortes clubes portugueses, “clientes” certos das competições europeias e os únicos que nelas já conquistaram troféus, que estão agora na Europa a confrontarem-se com uma realidade bem diferente daquela que semanalmente encontram no nosso campeonato.
Porque para além de encontrarem adversários mais fortes futebolisticamente e mais poderosos economicamente não encontram árbitros tão condescendentes com os seus interesses, nem VAR tão vesgos nuns lances e com olhos de lince noutros, nem orgãos disciplinares tão díspares na aplicação das mesmas leis aos participantes das mesmas competições , nem sequer o constante colo de uma imprensa que os protege e condiciona quem os defronta.
E por isso, e cada vez mais, as equipas portuguesas de topo irão à Europa cumprir calendário, recolher uns trocos de uma vitoria aqui e uns empates ali, mas nada mais poderão almejar do que tentarem passar as fases de grupo que serão os “troféus” doravante ao seu dispor.
E os outros?
O Sporting e o Braga, que até estão a fazer excelentes fases de grupo, e o Vitória que tem rubricado excelentes exibições mas sem a correspondência nos resultados que papel lhes está destinado?
Mais o Sporting por razões históricas e de dimensão, menos os outros dois (ou outros clubes que se apurem para a  Europa) , a sua ambição passará por um ou outro apuramento para a Liga dos Campeões e quando isso não for alcançado por fazerem na Liga Europa o melhor possível que será, necessariamente, a ultrapassagem da fase de grupos.
É a Europa que nos resta!
Até ao dia em que o poder económico dos patrocinadores das provas nos retire essa Europa e nos remeta para a segunda ou terceira divisão das competições europeias.
Não será amanhã.
Mas também não será muito depois.