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sexta-feira, março 31, 2017

Futebol

Gosto muito de futebol.
De ver grandes jogadores e grandes equipas, de ver estádios cheios e adeptos a vibrarem no apoio às suas equipas, de ver provas de grande qualidade, golos fantásticos, dribles para história, defesas "impossíveis", arbitragens competentes e verdade desportiva nas competições.
Não gosto por tudo isso do actual futebol português.
Com excepção do Vitória e da selecção nacional.
Porque o futebol português é uma mentira cada vez maior, assente em poderes de bastidores que o desfiguram, centrado em três clubes perante os quais tudo e todos se vergam e com estádios cada vez mais vazios e adeptos (com excepções) cada vez mais afastados da modalidade por cada vez menos estarem dispostos a verem o seu dinheiro gastos em competições em cuja verdade estão longe de poderem acreditar.
Mas será que podia ser diferente?
Podia e devia.
Mas como se numa semana em que há um jogo (apenas um jogo...) importante para a disputa do titulo se assiste ao triste espectáculo que todos os dias nos entra pelas televisões dentro?
Se assiste à nomeação de um árbitro sem categoria nem condições parar arbitrar um jogo em que está uma equipa a quem nunca se cansa de fazer favores?
Se assiste ao histerismo da comunicação social em volta de um simples jogo de futebol, como se o futuro do país dele dependesse, extremado pelos cada vez mais inenarráveis programas de suposto debate em que os paineleiros de serviço (com uma ou outra excepção) em vez de debaterem futebol parece discutirem guerra assumindo o vergonhoso papel de incitadores das massas ao descontrolo e à intolerância para não dizer pior?
Se vê a PSP a ter de tomar medidas de segurança tão rigorosas que até parece que o país está em alerta vermelho perante uma ameaça terrorista?
Mas como, se vemos os dois clubes em compita a serem os primeiros a exaltar os ânimos e a exacerbarem a clubite cega dos adeptos em vez de fazerem pedagogia e procurarem desdramatizar o jogo "reduzindo-o" aquilo que ele de facto é?
O futebol português hoje é cada vez menos uma competição desportiva e cada vez mais o retrato de uma sociedade doente em torno de valores fundamentais como a tolerância, a educação, o respeito pelo próximo, a honestidade e a aceitação de quem pensa diferente.
E por isso não gosto dele.
Gosto do Vitória e apoio a selecção.
E chega.
Depois Falamos.

quinta-feira, março 30, 2017

Brexit

Depois de uma longuíssima espera o Reino Unido formalizou a sua decisão de abandonar a União Europeia consumando aquilo que de há muito é conhecido como o Brexit.
Decisão livre dos ingleses, fruto de um referendo e prevista no tratado de Lisboa, mas longe de ser consensual dada a escassa diferença daqueles que votaram a favor da saída perante os que se lhe opunham o Brexit abre agora um enorme período de incertezas que abrange toda a União Europeia e talvez não só.
Desde logo quanto ao período de transição.
Previstos estão dois anos mas parece cada vez mais evidente a todas as partes envolvidas que esse período é demasiado curto face à complexidade das decisões e procedimentos a adoptar.
Depois que impacto real terá no Reino Unido e na UE em termos económicos, políticos, militares, aduaneiros e tantos mais que são abrangidos por esta saída de um país membro da União o que, em boa verdade, nunca ninguém julgou possível acontecer.
A seguir vem outro tipo de interrogações nomeadamente sobre o efeito de contágio que esta saída pode ter noutros países em que os extremos politicos ( e nisso extrema direita e extrema esquerda estão cada vez mais parecidos...) são também partidários do fim da Europa como espaço comum e o regresso a uma Europa de nações e de nações com moeda própria.
Em boa verdade o projecto Europeu, que ainda dias atrás comemorou os seus sessenta anos, está cada vez mais em risco face ao evoluir da situação política e à fragilidade das lideranças que um pouco por todo o lado parece ser sua sina por contraponto com os grandes estadistas que foram os "pais fundadores" da União Europeia e com os quais a Europa deu passos importantes como espaço político e económico.
O Brexit, feito por um Reino Unido que em bom rigor esteve sempre com um pezinho fora da UE e por isso não aderiu ao euro, deixa de facto muito mais interrogações que certezas e adensa as sombras negras que cada vez mais pairam sobre uma Europa que parece sem rumo.
Mas, ou não fosse o Brexit britânico, também nele é possível encontrar a profunda ironia de que o humor inglês se reveste mesmo quando aplicado aos próprios ingleses e ao seu Reino Unido.
E neste caso do Brexit a subtil ironia do humor inglês pode estar no "Scotexit" (ou lá como lhe chamam...) e traduz-se pela vontade de a Escócia , discordante do Brexit e por isso lá o "Não" ganhou o referendo, deixar o Reino Unido e continuar a integrar a União Europeia.
Ou seja ao deixar a Europa como Reino Unido o próprio Reino pode deixar de estar Unido!
A ver vamos...
Depois Falamos

Memória & Prática

O PSD tem tido ao longo dos anos a boa tradição de não misturar política com justiça deixando à política o que é da política e aos tribunais o que é da Justiça.
E creio que faz bem.
Ao contrário do PS, por exemplo, que mistura lamentavelmente as duas áreas e procura politizar as questões judiciais sempre que alguns ilustres socialistas se encontram a contas com a Justiça e em risco de se saírem mal.
São muitos os exemplos, de José Sócrates ( e as lamentáveis romagens de figuras gradas do PS à cadeia de Évora) a Paulo Pedroso passando por Armando Vara ou Carlos Melancia entre outros num sinal de que o PS não aceita que os seus dirigentes sejam sequer suspeitos de cometerem qualquer tipo de crime.
Basta puxar pela memória para recordar isso.
No PSD a doutrina sempre foi diferente e nunca o partido politizou problemas com a Justiça de alguns dos seus dirigentes como Miguel Macedo,Valentim Loureiro, Isaltino Morais ou Dias Loureiro entre outros que poderia citar.
Há contudo uma ou outra excepção e com elas o partido deu-se sempre mal.
Nessas excepções incluem-se os episódios em que dirigentes "justicialistas" do partido, querendo substituir-se aos tribunais e ignorando o principio da presunção da inocência, quiseram condenar eles próprios alguns companheiros antes de a própria Justiça o fazer ou não o fazer nunca por serem inocentes.
O caso mais flagrante é o de Carmona Rodrigues que a dupla Luís Marques Mendes/Paula Teixeira da Cruz obrigou a demitir-se de presidente da câmara de Lisboa por ser arguido num processo (e assim oferecendo a câmara a António Costa...) de que a Justiça viria a considerá-lo inocente e consequentemente pronunciando a sua absolvição.
Só que o mal estava feito, um tremendo erro cometido e hoje andamos todos a pagar por isso!
E por isso há que distinguir entre ser arguido e ser acusado.
O ser arguido, uma figura jurídica que até visa a protecção dos direitos do próprio, não deve ser impeditivo de alguém exercer na plenitude os seus direitos políticos incluindo candidaturas a municípios ao Parlamento ou o exercício de cargos políticos que já ocupe salvo se o próprio entender que fica fragilizado na sua autoridade para exercer esses cargos.
Como fez, exemplarmente, Miguel Macedo que uma vez constituído arguido considerou, e muito bem, que não tinha condições para continuar a ser ministro da administração interna.
A partir do momento em que se é acusado ,então sim, deve ser o próprio agente político a não querer ocupar nenhum cargo até ao cabal esclarecimento da verdade dos factos.
Se não entender assim então deve ser o partido, aí sim, a impedir a candidatura.
Acho que todos temos de ter memória para os exemplos do passado e se o fizermos isso impedirá que sejam repetidos no futuro.
E por isso creio que a direcção nacional, a comissão autárquica, a distrital de Braga e  a concelhia de Barcelos do PSD deviam fazer esse esforço de memória a tempo de escolherem o candidato à Câmara de Barcelos pelos méritos políticos e de cidadania, de cada um dos quatro putativos candidatos em análise, e não por misturas de Justiça com política que mais não servem do que para tentar por a Justiça ao serviço da política fazendo um trabalho de exclusão que decididamente não lhe compete.
E essa não é a nossa tradição nem a nossa prática.
Depois Falamos.

Opções

Este fim de semana, em Gondomar, o Vitória não conseguiu vencer aquela que seria a sua terceira taça de Portugal em basquetebol.
Começou bem, vencendo a Oliveirense, mas depois nas meias finais o Benfica foi (naturalmente) mais forte e a equipa vitoriana ficou pelo caminho para desolação de todos os vitorianos e em especial dos seus seguidores habituais (e outros menos habituais) que se deslocaram até ao pavilhão de Gondomar.
O insucesso na Taça não ofusca de forma nenhuma, como é evidente, a brilhante época que a equipa está a fazer e que a torna num dos candidatos ao titulo nacional em disputa directa com Porto e Benfica que pese embora disporem de "argumentos" que o Vitória não tem nem assim se conseguem libertar da companhia da equipa vitoriana no topo da tabela.
E é precisamente nesses "argumentos" que o Vitória não tem que se centra esta pequena reflexão.
Este ano em jogos do campeonato o Vitória já venceu por duas vezes o Porto, campeão em titulo, e o Benfica o que mostra que a nossa equipa em disputa directa tem o valor suficiente para os vencer algumas vezes mas não a maioria das vezes porque os orçamentos desses clubes permitem-lhes ter no plantel um conjunto de soluções que na quantidade/qualidade acabam por ser superiores aquelas de que dispõe Fernando Sá.
E não é por acaso que o Vitória nalguns jogos com esses clubes (e pontualmente com outros da parte superior da classificação) lidera o marcador nos primeiros períodos e depois vê-se ultrapassado no terceiro ou quarto período quando a valia do banco começa a pesar face ao cansaço dos titulares e às exclusões por acumulação de faltas.
Esta é a realidade.
E muito tem feito Fernando Sá e os seus adjuntos, o responsável pela secção Pedro Guerreiro e os jogadores que nestes anos tem passado pelo Vitória para que ela exista.
Para mais do que isto, para o Vitória poder lutar pelo titulo em plano de igualdade, então tem de ser o próprio clube a assumir que o basquetebol é uma modalidade estratégica para o crescimento e implantação e investir financeiramente no reforço do plantel para que Fernando Sá possa ter argumentos idênticos aos dos principais adversários.
E com a excelência do nosso treinador e dos seus colaboradores tenho a certeza que com metade do que os outros tem ele fará melhor!
Creio que o basquetebol vitoriano chegou a uma encruzilhada:
Ou a direcção investe de forma sensata , de acordo com as nossas possibilidades, e os sonhos serão realidades ou então vamos continuar a ganhar uma taça aqui e um troféu ali e o Vitória continuará a construir um palmarés honroso mas limitado  à custa da generosidade do director Pedro Guerreiro.
Há que optar.
Depois Falamos.

Negócios & Opiniões

Nas saudáveis polémicas, próprias de um clube "vivo" e que tem adeptos com opinião, acerca dos negócios que o Vitória tem feito em termos de transferências de jogadores tem surgido ultimamente nas redes sociais (e não só...) uma nova tese por parte dos que ,com a mesma legitimidade dos que discordam, concordam com os valores dos negócios,
E essa tese afirma, genericamente, que os negócios foram por valores adequados porque nenhum dos jogadores que o Vitória vendeu a outros clubes foi posteriormente transferido por valores superiores.
É uma tese. Respeitável. Mas de que discordo.
Por várias razões que explanarei de seguida:
Em primeiro lugar porque há clubes cuja prioridade não é vender mas sim construir boas equipas, lutar por títulos e troféus e almejar boas carreiras nas competições europeias.
E esses compram mais do que vendem.
Em segundo lugar porque se esses clubes não venderam os jogadores que contrataram ao Vitória é porque não lhes vendemos "gato por lebre" mas sim futebolistas de boa valia que tem encontrado nesses clubes o seu espaço de afirmação e a quem tem sido úteis.
Em terceiro lugar porque para quem não faz de vendas apressadas a sua estratégia de negócio é mais racional contratar os jogadores, valorizá-los no plantel (ou através de empréstimos a clubes com visibilidade)e só passados dois ou três anos os por no mercado salvo alguma proposta irrecusável que entretanto apareça.
E isso também ajuda a explicar que esses jogadores ainda estejam nos clubes a que os vendemos na sua grande maioria.
E os negócios de que já se fala para o final da temporada, como Ricardo Pereira pretendido por Inter e Liverpool entre outros e Dalbert a caminho do PSG , apenas confirmam o acerto da estratégia de quem compra, utiliza, valoriza e vende.
Por estas e por outras razões discordo dessa tese de que vendemos bem porque ainda ninguém os comprou por mais.
Até porque levada ao limite é uma tese que poderia ser utilizada pelos adeptos dos clubes que venderam Ronaldo e Bale ao Real Madrid, Neymar e Suarez ao Barcelona, Lewandoski e Robben ao Bayern, Higuain à Juventus, Hazard ao Chelsea e outros exemplos possíveis de grandes jogadores que foram comprados por x e ainda não foram vendidos por y.
Aceito perfeitamente que haja quem pense que os negócios do Vitória tem sido bons e os jogadores vendidos pelo seu real valor.
Quem assim pensa está no seu pleno direito.
Podiam era arranjarem argumentos melhores para sustentarem a tese.
Depois Falamos.

Estacionar

O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras

Uma das mais clássicas narrativas da pequena politica vimaranense pertence ao PS e dela consta a afirmação, repetida até à exaustão, de que a oposição não tem ideias nem apresenta propostas sendo isso um exclusivo dos socialistas.
Houve em tempos que não deixaram boa memória quem afirmasse que uma mentira mil vezes repetida se transformava numa verdade e há no PS de Guimarães quem, insensível aos ensinamentos da História, alinhe pelo mesmo diapasão.
Mas é uma narrativa falsa.
A verdade é bem outra.
A oposição, nomeadamente a coligação “Juntos por Guimarães”, tem apresentado ao longo dos anos várias propostas em sede de Câmara e de Assembleia Municipal e a maioria socialista é que as tem chumbado para nalguns casos apresentar logo a seguir propostas iguais ou no mesmo sentido.
Já em artigos anteriores apresentei aqui vários exemplos de propostas apresentadas e chumbadas para estar a maçar os leitores de novo com a sua enumeração até porque as pessoas têm memória, ao contrário do que alguns pensam, e por isso sabem bem ao que me refiro.
Também nessa matéria, insensível aos ensinamentos da História, o PS de Guimarães segue o péssimo exemplo daqueles que no passado eliminavam os adversários e depois os apagavam das fotografias oficiais dos tempos em que ainda não tinham caído em desgraça fazendo a mesma coisa com as propostas da oposição.
Primeiro elimina-os pelo chumbo através do voto e depois diz que nunca existiram!
Debilidades de regimes em final do seu tempo.
E hoje mesmo (escrevo na segunda feira dia 27) a coligação “Juntos por Guimarães” apresentou uma proposta de fundo, de largo e importante alcance, para transformar o centro histórico de Guimarães numa vasta zona pedonal dele retirando o trânsito automóvel e permitindo que a cidade, como tantas e tantas cidades portugueses e estrangeiras possuidoras de centros históricos de referência, possa ser devolvida aos transeuntes e assim dê um passo importante para consolidar a referência turística que já é.
Essa proposta visa algo de que se fala há muitos anos, através das várias forças políticas, mas que só a coligação transformou numa proposta concreta e que certamente mobilizará a atenção e o debate dos vimaranenses neste período pré eleitoral em que se torna fundamental os cidadãos perceberem e distinguirem quem tem propostas para o futuro e quem se propõe a apenas dar mais do mesmo.
E esta proposta é simples na formulação mas vastíssima no alcance.
Passa pela construção de dois parques de estacionamento subterrâneos, um no Toural com lugar para 500 veículos e outro no Largo da República do Brasil com capacidade para 300, resolvendo de uma vez para sempre o problema do estacionamento de verdadeira proximidade no centro histórico e concretizando uma aspiração antiga dos vimaranenses.
Tal proporcionará que Toural, ruas Paio Galvão e de Santo António e parte superior da Alameda sejam transformadas em zonas exclusivas para peões com o trânsito automóvel a fazer-se por um túnel entre a avenida Conde de Margaride e o Largo Valentim Moreira de Sá bem como pelas traseiras da igreja dos Santos Passos cujo largo fronteiro será também destinado exclusivamente a peões.
Será a maior revolução no trânsito urbano que Guimarães alguma vez conheceu e com benefícios imensos em termos de revitalização do comércio do centro histórico dado que os cidadãos passarão a ter um estacionamento verdadeiramente próximo dessa zona permitindo que ela se transforme num verdadeiro centro comercial a céu aberto dotado de enorme atractividade para os vimaranenses e para quem nos visita.
Por outro lado esse estacionamento de proximidade contribuirá também, e de forma substancial, para politicas de fixação de moradores no centro histórico permitindo que este continue a ter “vida” própria e não apenas aquela que resulta de quem o visita face à progressiva desertificação que vem conhecendo nos últimos anos.
Creio ser uma proposta excelente para Guimarães.
É a primeira grande proposta da coligação “Juntos por Guimarães”, feita a ainda razoável distância das eleições de molde a poder ser conhecida, discutida e até melhorada com o contributo de quem por ela se quiser interessar.
E embora não seja certamente essa a razão da sua existência, e apresentação neste timing, ajuda a resolver a angústia revelada pelo PS nos últimos tempos quanto ao programa eleitoral da coligação e às propostas que dele constarão.
Aí está uma.
Podem criticá-la, denegri-la, declará-la impossível de concretizar e depois…copiá-la!
Não era seguramente a primeira vez que o faziam quanto a propostas da coligação.
E por isso esta proposta de fundo tem um valor simbólico que não é passível de ser escondido por mais que o PS tente manobras de diversão.
Ao propor uma medida de fundo para o estacionamento (a que se seguirão muitas outras nas mais diversas áreas) André Coelho Lima e a coligação “Juntos por Guimarães” estão a dar aos vimaranenses muitas e boas razões para de uma vez por todas “estacionarem” …o PS.
Para Guimarães andar!

Presidencialismo

O meu artigo desta semana no site zerozero

Portugal é um país de longa tradição monárquica modelo de regime que durante quase oitocentos anos serviu a Nação e que viria a ser substituído, em 1910, pela República que de lá para cá, ao longo de mais de 100 anos, tem sido a base do nosso sistema político.
Acontece que durante quase metade desse tempo republicano foi passado em ditadura de um só homem o que também ajuda à definição do raciocínio que a seguir explanaremos sobre futebol propriamente dito.
Ou seja a milenar nação portuguesa e as muitas gerações que atravessam quase mil anos de História viveram sempre sobre o anátema do “homem providencial” que mandava, decidia e até pensava pelo colectivo dispensando os cidadãos dessa maçada.
E são hábitos que se enraízam, se transmitem de geração em geração e se tornam muito difíceis de contrariar pese embora serem uma aberração nos tempos que correm em que a liberdade, a democracia e a transparência são cada vez mais valores caros ao comum dos cidadãos.
O futebol, como grande fenómeno social dos últimos 100 anos, não foge em Portugal a essa regra de viver pendurado nos seus homens” providenciais “e mais do que não fugir…cultiva-a de forma cada vez mais intensa.
Tão intensa quanto estranha.
E tal como no sistema politico português (semipresidencial de 1976) em que não existe presidencialismo, como em França nos Estados Unidos em que o presidente está no topo da governação, mas em que das juntas de freguesia ao governo passando pelas câmaras a figura do presidente (ou primeiro-ministro) tem um peso desmesurado também nos clubes desportivos se vive num presidencialismo cada vez mais exacerbado, mais cego, mais contrário aquilo que deve ser a boa governação de uma sociedade desportiva.
Tenho um velho amigo, que segue o desporto português há mais de sessenta anos, que me diz muitas vezes uma frase plena de sabedoria e que é mais ou menos isto.
“…Em Portugal na ditadura os clubes eram geridos em democracia e na democracia são geridos em ditadura. Ditadura dos presidentes…”.
Tem toda a razão e basta olhar à volta para verificar isso.
Descodificando as suas palavras o que ele pretende dizer com este conceito é que antes do 25 de Abril, e na gestão totalmente amadora (no sentido de que não existiam profissionais a gerir os clubes a tempo inteiro) que todos os clubes experimentavam, as decisões directivas eram tomadas em reuniões de direcção depois de amplamente discutidas e ponderadas e sem que o presidente fosse mais que um coordenador dos trabalhos a quem ninguém negava o estatuto de primeiro director mas que era precisamente isso: O primeiro entre iguais!
A que acresce o facto de a chegada à presidência de um clube significava o atingir o topo directivo depois de ter passado por outros cargos, ter sido director em direcções anteriores à sua, conhecer o funcionamento do clube nos seus diversos patamares antes de atingir a presidência.
Não esquecendo que as direcções eram constituídas pelos notáveis da comunidade, que iam para o desporto num espirito de missão a tempo certo e a quem jamais passaria pela cabeça fazerem do dirigismo profissão.
Depois do 25 de Abril as coisas foram-se alterando paulatinamente. 
E se é certo que a profissionalização dos dirigentes passou a corresponder, grosso modo, à cada vez maior exigência do futebol profissional que não se compadece há muito tempo com dirigentes que iam ao clube depois do termo diário da sua jornada profissional é igualmente verdade que no desporto em geral, e especialmente no futebol, se foi “importando” do sistema político esse “presidencialismo” latente na sociedade portuguesa (por força do que atrás se referiu quanto a monarquia e república) em que a figura do presidente se começou a sobrepor cada vez mais aos colectivos a que preside remetendo para a pura subalternidade os restantes dirigentes tão eleitos como ele.
Bastará, uma vez mais, olhar-se em volta para se perceber que assim é.
A par disso, que mina lenta mas inexoravelmente a qualidade dirigente porque cada vez há menos gente que se sujeite a essas formas de autoridade despótica, há outra realidade em desaparição que é a de se chegar a presidente depois de passar por outros escalões directivos e conhecer transversalmente os respectivos clubes.
E se nos presidentes mais antigos do nosso futebol isso ainda aconteceu nas “levas “ mais recentes constata-se que alguns chegaram aos órgãos sociais dos clubes entrando pela “chaminé” ou, quando muito, por alguma” janelita” do sótão ao invés de entrarem pela porta do rés-do-chão e depois subirem paulatinamente os diversos andares.
Quero com isto dizer que boa parte começa logo as funções directivas num clube pela presidência ou por uma vice-presidência sem adquirir os conhecimentos que experiência de exercer outros cargos de menor responsabilidade acarreta e permite, uma vez chegados ao topo, serem presidentes mais completos em termos de saberem o que é a realidade de um clube.
Hoje nos clubes portugueses os presidentes sabem de tudo.
De futebol (alguns até acham saber mais que os treinadores…), de finanças, de marketing, de modalidades desportivas, de património, de segurança, de comunicação, de organização de jogos, de scouting e mais uma infinidade de conhecimentos que tornam lamentável o comité Nobel não atribuir um prémio anual ao dirigismo desportivo português.
É pena tanta sabedoria corresponder a um futebol falido, a clubes carregados de dívidas e passivos vergonhosos, a competições sem verdade desportiva, a um panorama comunicacional carregado de guerrinhas de “alecrim e manjerona”, a constantes e enfadonhas polémicas sem sentido, à concepção do dirigismo desportivo como profissão para a vida e a estádios que com raras excepções são um autêntico deserto de espectadores entre muitos outros exemplos possíveis.
Há excepções?
Uma ou outra mas que não fazem mais do que confirmar a regra.
E a regra é que a presidencialização dos clubes desportivos, e a crença em “homens providenciais” que tudo resolvem, está a levar o nosso futebol para um atoleiro sem saída que trará as mais nefastas consequências a curto/médio prazo para a generalidade dos clubes.

Bilhetes

Foto: Associação Vitória Sempre.

As coisas são o que são ,como diria o senhor de La Palice, e por isso não há como fugir à realidade de o Municipal de Chaves só ter oito mil lugares.
Uma lotação que chega perfeitamente para os jogos do clube da casa excepto quando lá de deslocam clubes, como o Vitória, que atrás de si levam muitos e muitos adeptos alturas em que o recinto se torna pequeno.
Naturalmente que quando o que está em jogo é a ida a uma final da taça de Portugal, com o Vitória muito bem posicionado para ir ao Jamor, o entusiasmo que a partida desperta em adeptos por natureza sempre entusiasmados com o seu clube é ainda maior e por isso não admira que os 2000 bilhetes que o Chaves disponibilizou (mais do que os regulamentos obrigavam) tenham desaparecido num ápice.
Ao que sei o critério definido pelo Vitória para a venda dos bilhetes foi o de cada sócio poder comprar dois bilhetes, exibindo os respectivos cartões de associado, pelo que os ambicionados ingressos ter-se-ão certamente esgotado com as primeiras mil pessoas a chegarem às bilheteiras partindo do principio lógico de que todas elas comprariam dois bilhetes.
Percebo perfeitamente o desapontamento de todas aquelas que foram para as filas e não conseguiram bilhete bem como daqueles que tencionavam comprá-los ao longo do dia e perceberam que já nem valia a pena lá ir por não conseguirem o rectangulozinho mágico que franqueia a entrada no estádio de Chaves.
É certo que alguns ainda conseguirão arranjar bilhete em Chaves, sujeitando-se a eventualmente irem para bancadas destinadas a adeptos locais, mas esses serão infelizmente uma pequena minoria porque os adeptos do Desportivo também estarão em peso no jogo e não haverá muita sobra de bilhetes.
As coisas são o que são!
E por isso quem não arranjou bilhete tendo todas as razões para como vitoriano ficar triste não deve, do meu ponto de vista, andar a arranjar bodes expiatórios para o não ter conseguido o desejado ingresso quer culpando aqueles que só acompanham a equipa em momentos especiais quer evocando "teorias da conspiração" que me parecem desajustadas da realidade conhecida.
2000 bilhetes são 2000 bilhetes e o Vitória é um grande clube com muitos milhares de adeptos.
Essa é a realidade que nos honra e ajuda a mitigar a tristeza de quem não arranjou bilhete.
Depois Falamos.

P.S. Eu sou um dos que não arranjou bilhete. Tinha combinado com três amigos, com quem curiosamente fui à final de taça de 1987/1988 entre Vitória e Porto (vinte e nove anos atrás), irmos a Chaves como prelúdio de um desejado regresso ao Jamor. Mas para já, e salvo milagre de última hora, acho que vamos ter de nos conformar em ver o jogo na televisão.

Sugestão de Leitura


Devo dizer, desde já, que gostei muito de ler este livro de Mário Soares.
Que o próprio define como uma autobiografia política e ideológica na qual traça o seu percurso de vida entre a juventude e a ,digamos assim, reforma política em 2011 naquilo que é um retrato poderoso do século XX português e europeu visto pelos olhos de alguém que esteve nos principais "palcos" e conhecer alguns dos maiores "actores" da cena política mundial.
É um livro interessante, com uma visão de autor sobre a resistência à ditadura, a candidatura de Humberto Delgado, o 25 de Abril, a descolonização, os governos provisórios, a assembleia constituinte, o PREC, os governos constitucionais, as eleições presidenciais, a adesão europeia, o desempenho dos cargos de primeiro ministro e de Presidente da República, a ida para o Parlamento Europeu.
É evidente que aqui ou ali, mas sem particulares exageros, o autor atribui a si próprio e ao PS uma importância maior do que a que realmente tiveram em determinados aspectos da História subalternizando outros forças políticas como o PPD e outros lideres como Francisco Sá Carneiro nomeadamente na resistência à tentativa de impor em Portugal um regime comunista em 1975.
Mas sem exageros repito.
É uma visão da História e a respectiva interpretação de alguém que esteve no centro dela e por isso torna esta obra quase indispensável a quem quiser estudar os últimos 70 anos de Portugal,
Quis o destino, e bem,  que esta autobiografia tenha sido terminada em 2011 o que a poupou aos últimos anos de vida e de intervenção política de Mário Soares que foram de um radicalismo que em nada condizia com a sua personalidade e a sua carreira política.
Depois Falamos

Dispensável

Volto a um assunto a que já me referi várias vezes mas que declarações recentes de um dirigente do PSD tornam actual.
O PSD tem o seu programa, os seus estatutos,os seus regulamentos internos.
Nos estatutos, que são a nossa "Bíblia" em termos de organização, não consta entre os orgãos do partido a existência daquilo a que eufemisticamente se chama a "Comissão Autárquica" e que tem como função tutelar a escolha dos candidatos às Câmaras Municipais de todo o país.
Contudo, e desde há muito anos a esta parte, as sucessivas lideranças do partido resolvem nomear de quatro em quatro ano uma comissão para dentro do partido organizar, tutelar, aprovar ou vetar as candidaturas aos orgãos das autarquias.
A primeira de que me lembro, e com quem tive enfrentamentos duros num processo tão antigo que já nem vale a pena lembrar, foi em 1996 e era constituída por Manuela Ferreira Leite, Leonor Beleza e José Luís Arnaut tendo sido nomeada pelo então líder Marcelo Rebelo de Sousa.
Foi há mais de vinte anos mas de lá para cá, talvez influenciado por essa experiência desagradável mas essencialmente porque acho que estatutos são para cumprir, nunca concordei com a criação de um orgão artificial , sem existência estatutária mas com poderes efectivos que lhe permitem contrariar decisões de orgãos democraticamente eleitos como as concelhias e a as distritais.
E isto nada tem a ver, como é óbvio, com as pessoas que ao longo dos anos integraram as sucessivas comissões autárquicas (sou até amigo de algumas delas) mas sim com essa anormalidade estatutária de quatro em quatro anos repetida.
Até por outra razão: Creio que eleições locais são...locais e por isso quem está no terreno é que conhece as realidade dos respectivos concelhos, conhece as melhores pessoas para integrarem as  listas, sabe o que é e não é adequado em termos de estratégia ganhadora.
E por isso devem ser as concelhias a decidirem sobre as respectivas candidaturas.
Nos casos, mas verdadeiramente excepcionais, em que as concelhias não deem, por isto ou por aquilo, conta do recado então as distritais respectivas terão de intervir com o conhecimento que a proximidade sempre lhes dá de cada situação.
Agora remeter para uns "sábios" (partindo do principio que o são...) em Lisboa a decisão sobre realidades que desconhecem em absoluto, ou quase, insere-se numa visão dogmática de infalibilidade dos dirigentes própria daqueles que acreditam e praticam o "centralismo democrático".
Que não existe no nosso programa nem nos nossos estatutos convém lembrar.
Discordo , e discordarei sempre, da criação de "comissões autárquicas".
O partido tem vice presidentes, tem um secretário geral , tem vogais da CPN que podem perfeitamente integrar um grupo de acompanhamento do processo eleitoral autárquico e aconselhar os orgãos distritais e concelhios caso isso se torne necessário mas sem poderes de aprovação e veto das candidaturas.
Mas, ao menos, enquanto persistirem neste orgão "artificial" tenham o cuidado de o integrarem com pessoas que tenham tempo e disponibilidade para assegurarem o seu funcionamento e não com presidentes de câmara que tem os seus municípios para se preocuparem e não andarem preocupados com os municípios dos outros.
Em suma creio que as comissão autárquicas são perfeitamente dispensáveis e não devem voltar a repetir-se no futuro dada a sua inexistência estatutária, a sua inutilidade prática e até o potencial de conflitos dispensáveis que em si próprias encerram.
Depois Falamos

P.S. Claro que o presidente da actual comissão autárquica, depois das afirmações inacreditáveis que fez sobre os resultados do PSD e do CDS em Lisboa, também ele se tornou perfeitamente dispensável.
O que me admira é que ainda não o tenha percebido.
Ou não lho tenham feito perceber...

Keep Cool...

Pelo que se vai lendo e ouvindo há muito boa (outra nem tanto...) gente preparada para indexar a liderança de Pedro Passos Coelho às eleições autárquicas e preparadinha para exigir a sua demissão se os resultados não forem bons.
A par de outros que ,embora professem a sua lealdade ao líder, não deixam de estarem presentes em todo o lado onde lhes parece que podem marcar terreno para um futuro que pode ser diferente da actualidade.
Nada de novo em bom rigor.
Conviria, contudo, que se lembrassem de que eleições autárquicas são eleições locais das quais é impossível extrapolar leituras nacionais que ponham em causa as lideranças dos partidos precisamente porque as votações vão traduzir 308 realidade bem diferentes e não uma avaliação única de um programa eleitoral e de um líder.
Significa isto que o líder( e  a CPN) não tem responsabilidades nos resultados?
Não.
Porque é evidente que tem e até acrescidas nos casos em que avocaram os processos de escolha dos candidatos a algumas autarquias ou por ser tradição ou por as estruturas locais não serem capazes de por elas próprias encontrarem as melhores soluções.
Mas são excepção e não regra.
E por isso não pode ser esquecido, mesmo que a alguns desse jeito, que nas eleições locais quem vai a votos são os candidatos autárquicos e quem é avaliado pelas escolhas são as direcções concelhias e distritais que intervieram nos processos.
E algumas delas vão ter, isso sim, muito que explicar depois das eleições face a "naufrágios" mais que previsíveis face à fragilidade de algumas escolhas que fizeram ou deixaram fazer mesmo contra todas as evidências.
Do meu ponto de vista Pedro Passos Coelho não está em "jogo" nestas eleições.
E será um erro persistir na tentativa de o colar a um eventual mau resultado.
Os líderes do PSD avaliam-se em eleições legislativas e nessas, peço desculpa de o recordar, Passos Coelho saiu vitorioso nas duas a que concorreu.
Depois Falamos.

terça-feira, março 21, 2017

Pelo Seguro

O meu artigo de hoje no jornal digital Duas Caras

Creio que uma das regras básicas para a saúde da democracia é a alternância democrática que permite refrescar ideias, mudar de protagonistas, acabar com maus hábitos que a longa permanência no poder enraíza e regenerar na oposição quem esteve longo tempo no poder.
E se isso vale para o poder nacional por maioria de razão se aplica ao poder local onde a existência de longos e personalizados consulados é cada vez mais frequente numa forma de poder em que quem o detém possui cada vez mais dinheiro para gastar e quem está na oposição se vê obrigado a inventar meios e a travar um desigual combate de amadores contra profissionais.
É o caso de Guimarães.
Onde depois de quatro actos eleitorais de alternância entre PS e PSD ou AD se assistiu à conquista de uma maioria absoluta pelos socialistas em 1989 que valeram seis mandatos a António Magalhães, entre 1989 e 2013, e um a Domingos Bragança iniciado em 2013 e que terminará lá para Setembro/Outubro do corrente ano.
Ao todo sete mandatos de lideranç absoluta do PS, ao longo de 28 anos, que se tiveram aspectos muito positivos (e por isso ganharam tantas eleições) também tiveram e tem outros que são profundamente negativos e que se vem intensificando com o passar dos anos e do reforçar na ideia de alguns socialistas que este poder é para sempre.
E isso leva ao autismo, à arrogância, à incapacidade de reconhecer os erros, à presunção da infalibilidade, à "surdez" quanto aos contributos e reparos da Oposição, a um sentimento de impunidade que torna alguns protagonistas numa espécie de "donos disto tudo" em modo autárquico.
Os exemplos são mais que muitos mas hoje vou deixar aqui três à consideração dos leitores:
Um é velho, já devia estar resolvido há muito em nome da democracia e da transparência, mas o PS teima obstinadamente em não o permitir por razões que nunca conseguiu explicar à luz dos tempos que vivemos e da cada vez maior exigência dos cidadãos perante os detentores dos cargos políticos.
Refiro-me à permanente obstrução do PS a que as sessões da assembleia municipal possam ser transmitidas através da internet e chegarem assim a casa de todos os vimaranenses a exemplo do que acontece noutros municipios.
E até hoje a única explicação que o PSD obteve para esta obstrução foi que devia ter falado com o PS antes de apresentar a proposta em sede de assembleia municipal.
Como se vivessemos numa democracia tutelada pelo PS onde os outros partidos antes de poderem apresentar as suas propostas nos orgãos autárquicos tivessem que ir solicitar a aprovação e beneplácito de suas excelências os socialistas.
O PSD nunca o fará.
Porque defendendo o diálogo construtivo e a cooperação entre partidos naquilo que for importante para Guimarães nunca nos deixaremos tutelar, controlar ou condicionar por ninguém e ainda menos por quem tem tão peculiar entendimento do que é a democracia.
Não desistiremos desta proposta.
E um dia, seja pela desejável alternância democrática seja por no PS haver uma nova classe dirigente com outro entendimento do que é a democracia, estou certo que os vimaranenses também terão acesso aquilo a que tantos outros portugueses já hoje tem.
O segundo caso é bem mais recente mas igualmente incompreensível ao luz do que entendemos ser a democracia e o entendimento entre partidos.
A coligação “Juntos por Guimarães” apresentou em reunião de câmara na passada semana uma proposta (apresentamos muitas ao longo dos anos embora o PS quando lhe dá jeito diga que não...) com este teor: “..submete-se à consideração do executivo municipal a aprovação de uma deliberação para que se proceda ao início imediato de um procedimento para abertura de concurso público que permita a transferência da responsabilidade por acidentes de trabalho para uma entidade seguradora...”
Esta proposta mereceu também o apoio da CDU.
O PS votou contra.
Com o espantoso argumento de que “a proposta não fazia sentido” (sic) e que "...Nós vamos fazer concurso público para contratar um seguro de acidentes de trabalho dentro daquela que tem sido a tradição da Câmara..."
Ou seja exactamente a mesma coisa.
O que prova que o PS recusou a proposta da coligação “Juntos por Guimarães” apenas e só por ser uma proposta da oposição e nada mais!
O que é de uma horrível pobreza democrática.
O terceiro exemplo passou-se também na mesma reunião de câmara com a rejeição pela maioria PS de uma proposta do vereador da CDU,Torcato Ribeiro, apoiada pela coligação “Juntos por Guimarães”(até por acolher algumas propostas já apresentadas por André Coelho Lima), de alteração do regulamento de projectos económicos de interesse municipal com o inacreditável argumento de que até poderiam aprová-la se o vereador da CDU se tivesse previamente sentado com o presidente de câmara a discuti-la.
Tal como na transmissão das sessões da assembleia municipal pela internet mais uma vez o PS, qual “dono disto tudo”, quer uma democracia por ele tutelada em que os partidos de oposição para terem o direito de apresentarem ideias e propostas tem de primeiro pedir licença ao PS.
Está enganado.
E esta visão redutora, canhestra, pobre e ridicula de democracia não passará por muito que o PS de Guimarães e os seus dirigentes nela insistam porque é completamente inaceitável num Estado democrático e de direito.
Razão pela qual me parece que cada vez se torna mais urgente os vimaranenses jogarem pelo seguro (eu sei que seguro é um termo que incomoda os dirigentes locais do PS não tanto pelas atrás descritas peripécias em volta de um seguro de acidentes de trabalho mas pelo inevitável peso na consciência que os acompanhará para a vida pela forma como trataram outro...Seguro) e darem a Guimarães a alternância democrática que o concelho merece face a um poder velho, gasto, sem ideias nem capacidade interna de renovação, com tiques ditatoriais e que já nada tem para oferecer que não seja o impor a razão da força à força da razão como os três exemplos atrás descritos amplamente comprovam.
Guimarães merece mais e melhor.
Já em 2017!

O Nosso 14

Sabia-se que para este jogo com o Rio Ave a equipa vitoriana esteva desfalcada ,por razões disciplinares, de quatro jogadores que tinham visto cartões amarelos e vermelhos no jogo com o Estoril.
Os titulares Rafael Miranda e Hurtado, um suplente utilizado (Tozé) e um não convocado para esse jogo (Moreno) que estranhamente tinha conseguido chegar à fala com o arbitro num episódio que não cabe aqui comentar.
Sem eles, mas com outros, a equipa apresentou-se num esquema ligeiramente diferente com Bernard à frente de Zungu e Célis, ou seja um trio a meio campo, que rapidamente seria corrigido, e com bons resultados, face à entrada de Raphinha para o lugar do ganês ainda na primeira parte.
E no resultado final está espelhada essa alteração táctica bem sucedida.
Individualmente:
Miguel Silva: Plena segurança no pouco que teve para fazer.
Bruno Gaspar: Mais uma excelente exibição em especial na primeira parte.
Josué: Jogo tranquilo em que foi muitas vezes o primeiro a lançar o ataque.
Pedro Henrique: Boa exibição sem problemas para anular quem lhe aparecia.
Konan: Muito bem quer a atacar quer a defender. Evolui de jogo para jogo.
Zungu: Boa segunda parte a dar amplitude à sua zona de acção.
Célis:Também ele melhorou na segunda parte onde foi decisivo na organização ofensiva.
Bernard: Quem o viu e quem o vê. Bem substituído.
Hernâni: Mais uma bela actuação de um jogador em grande forma.
Rafael Martins: Grande golo, grande passe para Hernâni, está de volta o goleador que se conhecia.
Marega: Lutou bravamente os 90 minutos e quase conseguiu o golo que merecia. A barra não deixou.
Foram suplentes utilizados:
Raphinha: Entrou bem no jogo e a equipa melhorou com a sua velocidade e capacidade de drible.
João Aurélio: Rendeu Hernâni e integrou-se numa equipa na mó de cima.
Texeira: Um excelente golo em que demonstrou o seu sentido de baliza.
Não foram utilizados:
Douglas, Prince, Rúben Ferreira e Sturgeon

Melhor em campo: Rafael Martins

Um triunfo justo e moralizador perante uma boa equipa que vendeu cara a derrota.
O campeonato para agora por causa da selecção e será o tempo para Pedro Martins afinar a equipa para um final de época muito exigente com oito jogos para garantir o quarto lugar e uma meia final da Taça em Chaves para confirmar a ida ao Jamor.
A equipa deu boas indicações, há jogadores em grande momento de forma como Hernâni, Bruno Gaspar, Konan, Josué e Pedro Henrique, outros a subirem de rendimento como Rafael Martins, Zungu, Célis e Raphinha e outros ainda dispostos a agarrarem com ambas as mãos as oportunidades como Miguel Silva, Texeira, Tozé e João Aurélio.
Na próxima jornada ,na visita ao aflitissimo Nacional, pela primeira vez a dupla totalista (Josué-Pedro Henrique) não poderá alinhar face ao quinto amarelo mostrado ao "capitão" no que poderá ser a oportunidade para Prince também mostrar atributos.
Uma vez mais com uns ou com outros há que ganhar.
Depois Falamos