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terça-feira, fevereiro 28, 2017

Guimarães Got Talent

O meu artigo desta semana no Jornal Digital Duas Caras

Desde o início de mandato dos actuais órgãos autárquicos que o PSD vem propondo, em sede de Assembleia Municipal, que as sessões desta sejam transmitidas em directo numa página da internet para que os vimaranenses possam na tranquilidade das suas casas seguirem as sessões da sua assembleia municipal.
É uma proposta que para além de permitir aos cidadãos essa comodidade, evitando deslocações que nalguns casos com ida e volta serão de dezenas de quilómetros, também contribui para a aproximação entre eleitos e eleitores com notórios benefícios na imagem do órgão autárquico.
É algo que já acontece em muitos outros municípios com maioria socialista como Guimarães podendo citar-se a titulo de exemplo Lisboa, o maior município do país, e Cabeceiras de Basto no nosso distrito para além de Fafe que aprovou na passada sexta-feira, por proposta do PSD local, que doravante também as sessões da sua assembleia passarão a ser transmitidas via internet.
Em Guimarães é que não porque o PS não deixa.
Devo dizer que por vezes, ao ouvir algumas intervenções da bancada socialista, quase percebo a teimosia em não deixarem os vimaranenses terem amplo acesso às sessões mas creio que a transparência deve sempre e em qualquer circunstância ser um valor primeiro para os eleitos pelo povo.
Mas para além dessas questões importantes da transparência, da aproximação entre eleitos e eleitores, do respeito pelos cidadãos há outras razões que fazem o PSD lamentar esta obstinação socialista em manter uma “lei da rolha” quanto à transmissão das assembleias.
É que o PS, como por exemplo na última sexta-feira, proporciona momentos de bom humor, de entretenimento e deleite democrático face ao que os outros partidos presenciam das actuações de deputados socialistas que sobem ao palco e é pena que muitos vimaranenses não possam assistir também.
Na sexta-feira cheguei a pensar que estávamos num verdadeiro “Got Talent Guimarães”!
Com meia dúzia de “concorrentes” socialistas a subirem ao palco para exibirem os seus talentos oratórios, perante o moderado entusiasmo da sua “família” em maioria na “plateia” e o olhar embevecido do “júri” e do seu presidente.
Manda a verdade que se diga que nem foram muito criativos, tão pouco originais ou diferenciados nos “números” que protagonizaram, porque o “guião foi igual para todos e seguiu cinco pontos obrigatórios:            

  •  Louvar entusiasticamente a Câmara.                                
  • Criticar verrinosamente a Oposição PSD/CDS/MPT
  •  Elogiar o governo da geringonça e criticar o do PSD/CDS.
  • Mostrar ao presidente da Câmara a mais intensa das solidariedades.
  • Proclamar que é Deus no céu, Domingos Bragança na terra e Guimarães o “jardim do Éden”.
Com uma ou outra nuance, como a obstinação em falarem do programa eleitoral da coligação “Juntos por Guimarães” de 2013 quando o que está em escrutínio na assembleia é obviamente o programa de quem ganhou as eleições e foi mandatado pelos vimaranenses para dirigir o município, os diversos “concorrentes” socialistas alinharam pelo mesmo diapasão e proporcionaram momentos de bom humor embora não possam ser levados muito a sério tal a divergência entre a realidade e as suas fantasiosas “actuações” talvez já influenciadas pelo espirito de Carnaval.
A verdade é que as fizeram dando animação ao “concurso” e merecendo do presidente do  “júri” acenos de concordância e trocas de opinião com os restantes “jurados”, que sentados à sua volta e conscientes de que a sua opinião vale cada vez menos (e por isso nenhum deles foi sequer chamado a avaliar” concorrentes”), se limitavam a ouvir e calar.
O que terá corrido menos bem, mas isso é algo que a “produção” do “concurso” terá que resolver internamente, foi o pormenor de quando o presidente do júri se pronunciava sobre as actuações dos “concorrentes”, mesmo quando o fazia num tom de voz a exigi-los, os aplausos eram escassos ou nenhuns o que de alguma forma contradizia os pontos 1) 4) e 5) do guião anteriormente citado.
Foi, no que aos “concorrentes “ do PS diz respeito, uma sessão proveitosa do “Got Talent Guimarães” e mais um passo nas bem animadas “primárias” socialistas para vereador que se vem disputando por todo o concelho.
E como até ao final do mandato ainda haverá mais sessões do “Got Talent” é de esperar que os “concorrentes” socialistas sem fugirem ao guião definido ainda apresentem novos “números” e actuações mais convincentes para tentarem convencer o presidente do “júri” dos seus talentos e capacidades para serem vereadores.
Não sei é se vale a pena tanto trabalho, tanto empenho, tanto fundamentalismo para serem vereadores da oposição.
Mas eles lá saberão as linhas com que se cosem…

segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Je Suis Ranieri

O meu artigo desta semana no zerozero.
Depois Falamos.

Todos sabemos que o futebol é, por excelência, um desporto que gera fortes emoções, desenvolve paixões sem igual e tem em seu torno uma corrente emocional que mais nenhuma modalidade consegue atingir.
Mas é também uma modalidade que se alimenta do momento, na qual a gratidão é excepção e não regra, a memória débil e onde o bestial passa a besta e o amado a odiado com uma velocidade fulminantes que por vezes até atordoa aqueles que gostam de apesar de tudo manterem alguma racionalidade na sua paixão pelo futebol.
De igual forma trata-se de um desporto que convive mal com o erro, que faz da desculpa o pão nosso de cada dia, em que o alijar de responsabilidades faz parte de uma coreografia muito própria de quem nele participa.
Dirigentes, jogadores e treinadores.
E é precisamente neste último caso, o dos treinadores, que a forma de o futebol ser tem um impacto mais directo, em que o modo como é vivido tem uma repercussão mais directa, porque em mais nenhuma profissão ligada à modalidade o “momento” é tão importante nem a facilidade passar de bestial a besta tão evidente na genial imagem criada há muitos anos por Cândido de Oliveira.
Em Portugal, então, onde já se viu despedir treinadores há segunda ou terceira jornada (Artur Jorge no Benfica) ou mesmo antes de a época começar (Di Stéfano no Sporting e Del Neri no Porto) para citar apenas os clubes “donos disto tudo” a facilidade com que se passa de bestial a besta é assombrosa como se pode constatar época após época pelo número de treinadores substituídos.
Por todos os motivos.
Normalmente para tentar evitar descidas de divisão mas também porque a luta pelos lugares europeus ou pelos títulos não está a correr bem e por isso sendo o treinador o elo mais fraco há que partir a corda precisamente por aí.
Até porque é mais difícil substituir um plantel quase por inteiro e menos ainda ver dirigentes assumirem as suas responsabilidades e irem embora quando as épocas correm de forma bem diferente do planeado (e prometido) e longe de satisfazerem as ambições dos adeptos.
E é precisamente nos treinadores que o que atrás escrevemos sobre a ausência de gratidão e de memória tem mais significado.
Veja-se os casos recentes de Jorge Jesus empurrado para fora do Benfica depois de seis anos de bons resultados e saindo como campeão, de Vítor Pereira que ganhou dois títulos consecutivos no Porto e levou a respectiva guia de marcha ou de Inácio e Boloni despedidos pouco depois de se iniciarem as épocas seguintes aquelas em que tinham sido campeões pelo Sporting para se perceber até onde vai a importância do “momento” e a falta de gratidão e de memória.
Nos últimos dias o mundo do futebol teve mais um brutal exemplo disso.
Cláudio Ranieri, “inventor” e maestro do Leicester campeão (algo que parecia tão impossível que quem nisso apostou ficou milionário) após uma época inesquecível, iniciou a presente temporada com avisos claros de que seria praticamente impossível repetir o feito e que este ano a prioridade seria uma boa carreira na Liga dos Campeões.
Pese embora ter mantido os principais jogadores como Vardy, Mahrez ou Kasper Schemeichel e ter efectuado algumas contratações como por exemplo Slimani a verdade é que Ranieri sabia que seria impossível repetir o título.
Por um lado porque uma equipa que joga toda uma época em permanente atitude de superação física e emocional (só assim foi possível ganhar um campeonato em que não tinha o melhor plantel nem nada que se parecesse) sofre um desgaste de tal ordem que é difícil voltar a atingir os mesmos índices na época seguinte e por outro porque apanhar os tradicionais candidatos “distraídos” uma vez consegue-se mas duas já é pedir demasiado.
A verdade é que cumprindo o objectivo europeu (está nos oitavos de final da Champions e com francas possibilidades de seguir em frente depois do 1-2 de Sevilha) no plano interno a época tem sido desoladora e a equipa está no fundo da tabela ameaçando cair a qualquer momento nos lugares de despromoção.
E perante este cenário de nada valeu a Ranieri o milagre da época passada.
O “momento” é mau e por isso nem gratidão, nem memória, nem o apoio do balneário serviram de nada ao treinador italiano a quem foi apontada a porta de saída perante a incredulidade geral e a solidariedade de homens do futebol como José Mourinho, Jurgen Klopp ou Gary Lineker entre outros.
Nem sequer, ironia das ironias, o ter sido consagrado há pouco mais de um mês pela FIFA como treinador do ano.
“O meu sonho morreu ontem” declarou Ranieri no dia seguinte a ser despedido.
Na verdade sempre que no futebol se assiste a factos como este, e eles são infelizmente tão vulgares nos tempos que vivemos, creio que morre um pouco o sonho de tantos em termos um futebol com outros valores, outra moral, outros dirigentes.
Je Suis Cláudio Ranieri!

domingo, fevereiro 26, 2017

O Nosso 14

Apesar das exibições continuarem longe de agradar (tal como as justificações que para isso vão sendo dadas pelo treinador) o Vitória vai somando pontos na luta pelo quarto lugar mais fácil dos últimos anos.
E isto porque desistiu de lutar por um terceiro que podia ter estado ao seu alcance.
Frente ao Moreirense o melhor foram mesmo os três pontos.
Individualmente:
Douglas: Uma boa exibição a garantir os três pontos.
Bruno Gaspar: Menos ofensivo mas bem a defender.
Josué: Alguma intranquilidade face às movimentações do adversário.
Pedro Henrique: Roberto deu muito trabalho e nem sempre se saiu bem.
Konan: O melhor da defesa no equilíbrio entre defender e atacar.
Zungu: Joga sempre ao mesmo ritmo. Lento. Tem qualidade mas precisa de intensidade.
Celis: Lento nas movimentações, curto nos passes , precisa de dar dimensão ao seu futebol.
Hurtado: Fez o golo . Algumas movimentações ofensivas interessantes mas a intermitência habitual.
Marega: Muito esforçado mas longe do golo.
Rafael Martins: Que dizer de um ponta de lança que não tem um lance perigoso em 90 minutos?
Hernâni: Como de costume o melhor dos avançados. O que se fez de bom passou por ele.
Foram suplentes utilizados:
João Aurélio: Mais uma vez entrou a substituir outro trinco. Deu amplitude à pressão alta.
Bernard: Outro jogador que peca por lentidão. Nada trouxe de positivo.
Sturgeon: Sem tempo , nem jogo, para destaque.
Não foram utilizados:
João Miguel Silva, Prince, Rubem Ferreira e Texeira.

Melhor em campo: Douglas

Há opções difíceis de entender em Pedro Martins.
Desde as substituições que nem alteram tacticamente a equipa nem produzem resultados visíveis a levar para o banco, num jogo com o antepenúltimo , um central e dois laterais de raiz como se defender pudesse ser primeira prioridade na hora de mexer na equipa.
Ele é o treinador e a ele cabem as opões. Mas que é estranho lá isso é.
Uma nota final que tem a ver com este jogo mas também com o futuro:
O Vitória entrou com cinco emprestados no onze inicial e depois ainda entrou um sexto nessas condições.
Não me parece que o caminho seja por aí.
Depois Falamos

sábado, fevereiro 25, 2017

A Teoria dos Copos

Podemos olhar para este jogo entre equipas vimaranenses, do ponto de vista vitoriano, à luz da velha teoria dos copos.
O copo meio cheio e o copo meio vazio.
Os que defendem a teoria do copo meio cheio argumentarão que o Vitória ganhou, conquistou os três pontos e manteve-se na luta pelo quarto lugar e pela presença na final do Jamor que é o que mais importa porque o futebol faz-se de resultados e não de exibições.
E tem razão!
Por seu turno os defensores do copo meio vazio dirão que o Vitoria fez uma exibição muito pobrezinha, que o tal plantel mais equilibrado e com mais soluções continua longe de ser visto, que o Moreirense foi a melhor equipa e a que mais oportunidades criou e que por este caminho não só vai ser difícil o quarto lugar como antes de pensar no Jamor há que pensar com muita preocupação nos jogos com o Chaves.
E também estes tem razão!
É este o retrato possível do jogo de ontem.
Em que o Vitória a jogar em casa perante o 16 classificado viu este ser-lhe superior em jogo jogado, em número de remates, de pontapés de canto e de oportunidades de golo enquanto o Vitória apenas assegurou vantagem na posse de bola mas soube ser mais eficaz na hora de concretizar e apenas por isso ganhou um jogo em que não foi a melhor equipa.
E não o foi porque já toda a gente, pelo menos os que nos defrontam,  percebeu que o nosso meio campo joga a "gasóleo" , que a dinâmica ofensiva da equipa vive dos rasgos de Hernâni e das subidas de Bruno Gaspar e Konan e que conseguindo perturbar a acção dessas unidades o Vitória tem imensas dificuldades em ser ofensivamente consistente porque  Marega está longe do Marega do inicio da liga , Rafael Martins...não está e Hurtado não consegue pegar no jogo com a fiabilidade e consistência que se espera de um numero 10.
 Augusto Inácio, um treinador experiente e competente, estudou bem o Vitória e organizou-se defensivamente  de forma a neutralizar da melhor forma os seus movimentos ofensivos vitorianos e simultaneamente pôs a sua equipa a atacar (incluindo as jogadas estudadas em lances de bola parada) da forma que mais problemas causasse à defensiva adversária. 
Não fora a inépcia concretizadora dos jogadores do Moreirense, e a boa exibição de Douglas, e certamente que Inácio teria visto a sua estratégia atingir o sucesso total e regressado a Moreira de Cónegos com os três pontos no bornal.
Em suma há que dizer que o Vitória venceu, e ainda bem, mas que a equipa continua longe de atingir os padrões exibicionais exigíveis a quem tem aspirações de se classificar no "seu" quarto lugar à frente do pior Braga da ultima meia dúzia de anos.
Já sabemos, e atrás disse-o, que numa prova de regularidade os resultados contam muito mais que as exibições.
Mas todos sabemos,também, que jogando bem é mais provável vencer-se.
É dos livros.
O árbitro Jorge Ferreira não teve influência no resultado mas rubricou uma exibição fraquíssima com o Vitória a ter fartas razões de queixa face à sua permissividade disciplinar com o jogo faltoso de alguns jogadores do Moreirense.

sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Cuidado...

Um Vitória-Moreirense não é bem um dérbi.
Esses são com o Braga.
Mas é um jogo especial, entre duas equipas do mesmo concelho, que tem privilegiado ao longo dos anos a manutenção de um relacionamento exemplar entre elas bem ao contrário do que acontece no Porto, em Lisboa ou no Funchal únicos concelhos que também tem mais de uma equipa na primeira liga.
Claro que esse relacionamento e essa amizade entre clubes, extensível aos adeptos, não confunda as coisas e quando as equipas se defrontam cada uma faz pela sua vida porque "amigos amigos campeonato à parte".
E na história dos jogos entre os dois clubes tem havido triunfos para ambos os lados, mais para o Vitória com a naturalidade própria de ser o maior dos dois, pelo que cada jogo com o Moreirense deve ser olhado de uma forma muito própria e com o cuidado acrescido que merece um jogo entre "irmãos".
Todos nos recordamos, vitorianos e cónegos, das três vezes em que o Moreirense eliminou o Vitória da Taça de Portugal, de forma quase consecutiva, e duas delas em pleno estádio D.Afonso Henriques!
Por isso há que ter muito cuidado na abordagem ao jogo de hoje.
É certo que enquanto o Vitória luta pela Europa o Moreirense luta pela manutenção mas isso não o impediu de bem recentemente ter vencido Porto, Benfica e Braga (e o Sporting esteve quase...) e ganho a Taça CTT.
E por isso, pese embora a distância pontual entre as equipas, há que jogar hoje como se de uma final se tratasse e fazer da recepção ao Moreirense a oportunidade para terminar um ciclo de quatro resultados maus em que a equipa perdeu pontos de forma impensável.
Tem a palavra Pedro Martins e a sua equipa.
Depois Falamos

P.S. O facto de o Moreirense ser treinado por Augusto Inácio, um técnico competente e de larga experiência, bom conhecedor do Vitória e dos seus adeptos é "apenas" mais uma razão para o cuidado com que é preciso abordar este jogo.

Respect !

No Porto -Juventus de ontem, e sendo dois clubes que não me dizem nada em termos de afectos, o meu principal interesse centrava-se no confronto, a 100 metros de distância, entre duas lendas vivas do futebol.
Buffon e Casillas.
Durante muitos anos, na minha modesta opinião, os melhores guarda redes do mundo (depois apareceu Manuel Neuer...) que protagonizaram exibições épicas ao serviço de Juventus e Real Madrid e das selecções nacionais de Itália e Espanha pelos relvados deste mundo.
Sempre tive, e naturalmente mantenho, uma enorme admiração pelos dois e pelos palmarés que conquistaram ao longo dos anos beneficiando, é verdade, do facto de jogarem em grandes equipas mas também sendo essas equipas grandes graças ao inestimável contributo de ambos.
De ambos lembro momentos marcantes.
Assisti à estreia internacional de Buffon num Vitória-Parma, de boa memória para os vitorianos, em que ainda muito jovem dava início a uma caminhada que se revelaria extraordinária e ainda não terminou.
E de Casillas lembrarei sempre a final da liga dos campeões de 2001/2002 em que entrando a vinte minutos do fim, a substituir o lesionado César Sanchez, protagonizou três ou quatro espectaculares defesas a garantirem o triunfo (2-1) do Real Madrid sobre o Bayer Leverkusen.
Tinha vinte anos mas já era um grande guarda redes.
Ontem , no "Dragão", reencontraram-se estes dois "monstros" das balizas.
Provavelmente pela penúltima vez.
Foi bom revê-los e constatar o enorme fair play que existe entre ambos de há muitos anos a esta parte cimentado por tantos jogos históricos entre as suas equipas.
As suas carreiras aproximam-se do fim mas são daqueles que vão deixar saudade, a quem gosta de futebol, um dia que arrumem as luvas.
Depois Falamos

"Filmes"

Quando depois de muitos anos de política activa no PSD (e às vezes no país) tendo ocupado cargos concelhios , distritais e nacionais e depois se regressa à honrosa situação de militante de base sem outra obrigação que não pagar cotas e respeitar programa, estatutos e regulamentos do partido consegue-se ter uma visão mais distanciada, e talvez mais rigorosa, do estado actual da política e da própria organização partidária de que fazemos parte.
É um pouco como saltar da tela para a plateia e assistir ao "filme" com algum distanciamento.
E em duas penadas direi o seguinte sobre o "filme" que estou a ver.
No país, governado por um executivo com legitimidade constitucional mas sem a ética dos valores, é evidente que pese embora todas as mentiras de Costa, erros de percepção de Centeno e despudorado encobrimento de Jerónimo e Catarina a situação caminha para o abismo de novo resgate face aos indicadores económicos que apontam para uma divida pública a aumentar colossalmente (à boa maneira socialista), os juros da mesma a dispararem, a Europa (credores) com cada vez mais duvidas sobre a veracidade dos números que lhe são apresentados entre outros números do nosso descontentamento.
No PSD, com a tal distância crítica que o ser militante de base sem qualquer responsabilidade em qualquer orgão executivo do partido me dá, estou absolutamente certo que Pedro Passos Coelho é o líder certo para conduzir o partido neste "caminho das pedras" que um dia o levará de novo ao poder.
Mais que provavelmente cumprindo a triste sina de ser novamente chamado a resolver os problemas, erros e disparates da governação socialista.
Devo dizer que tendo apoiado , com o tal distanciamento critico, a governação e a liderança partidária de Passos Coelho entre 2011 e 2015 e nem sempre tendo concordado com ele em ambos os patamares estou hoje mais ao seu lado do que estive nesses tempos.
Não só por lhe reconhecer o mérito da obra feita enquanto primeiro-ministro numas condições dificílimas mas também porque acho que cada vez mais o nosso país precisa de um homem pessoalmente sério, politicamente coerente, institucionalmente ponderado, competente e responsável na governação e patrioticamente preocupado com Portugal para dirigir os nossos destinos.
Passos Coelho é tudo isso ao contrário de António Costa que não é nada disso.
É o que se vê desta "plateia" onde assisto ao "filme".
Onde infelizmente vejo outros espectadores comodamente sentados, e que nalguns casos nem se abstém de comentarem o "filme" em voz alta, quando deviam estar na "tela" a participarem no espectáculo face às responsabilidades que tiveram noutros tempos em que o caminho não era de pedras mas sim das suaves alcatifas dos gabinetes ministeriais ou dos lugares de nomeação governamental e generosa retribuição no vencimento  mensal.

quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Favoritos

Jogados os restantes quatro desafios da primeira mão dos oitavos de final pode já detectar-se uma clara tendência quanto aos que passarão aos quartos de final na maior parte dos casos.
Na passada semana passada já tinha apontado claro favoritismo a Bayern e PSG, favoritismo... mas.. a Real Madrid e favoritismo a Borussia de Dortmund.
Ontem, depois de dois espectaculares jogos, é fácil prever o Atlético de Madrid na fase seguinte e algum favoritismo do Manchester City sem nada estar perdido, longe disso, para o Mónaco.
Hoje dois jogos e duas situações bem diferentes. 
A Juventus, salvo cataclismo de todo improvável, já está nos quartos de final enquanto Sevilha e Leicester deixarão tudo para decidir em Inglaterra com o favoritismo a repartir-se pelo Leicester por jogar em casa e pelo Sevilha pela experiência europeia.
Em suma "arrisco" uns quartos de final com as seguintes equipas:
Atlético de Madrid, Real Madrid, PSG,Leicester,Juventus,Manchester City,Borussia e Bayern.
Lá para meados de Março saberemos.
Depois Falamos

Futebol!

Às vezes a televisão prega-nos boas partidas.
Foi o caso de ontem com a RTP.
Que transmitindo o Manchester City vs Mónaco permitiu que milhões de telespectadores vissem um excelente jogo de futebol, cheio de golos e alternâncias no marcador, com grandes exibições individuais naquela que foi certamente uma noite de bela propaganda para o futebol
Pep Guardiola e Leonardo Jardim mostraram ontem de forma exuberante que estar a disputar uns 1/8 da Liga dos Campeões não implica necessariamente conservadorismo táctico, cautelas defensivas, jogar no erro do adversário.
Ambos consideraram, e bem, que a melhor defesa é o ataque e por isso ambas as equipas fizeram da procura do golo a sua prioridade primeira oferendo a espectadores e telespectadores um jogo vibrante e cheio de emoção que perdurará nas memórias por muito tempo.
Ganhou o City, como podia ter ganho o Mónaco, mas ganhou essencialmente o futebol que bem precisa de espectáculos destes face a tanta mediocridade que por aí se vê e afasta os espectadores dos estádios.
Uma referências às exibições individuais de Sané e Aguero no City e de Bernardo Silva e Falcao no Mónaco com saliência especial para o segundo golo do colombiano que foi uma autêntica obra de arte.
Oito golos em Manchester mais seis no Bayer Leverkusen vs Atlético de Madrid ambos jogados ontem dão o espantoso, e muito invulgar, pecúlio de catorze golos em apenas dois jogos dos oitavos de final da Champions.
E se considerarmos que,excepto a "sovinice" do golo solitário no Benfica vs Dortmund,  em todos os outros jogos já realizados se marcaram  quatro golos no PSG vs Barcelona e no Real Madrid vs Nápoles e seis no Bayern-Arsenal podemos bem estar perante os oitavos de final mais produtivos em golos desde sempre.
Para já em seis jogos já se marcaram vinte e nove golos.
Hoje tem a palavra Porto vs Juventus e Sevilha vs Leicester.
Esperemos que contribuam para manter a média.
Depois Falamos

terça-feira, fevereiro 21, 2017

Tolerância

O meu artigo de hoje no Duas Caras

Não existe, naturalmente, uma bitola universal que permita medir a qualidade da democracia, o sentir democrático das pessoas e a prática civilizada de uma convivência em sociedade que permita ultrapassar as naturais divergências de opinião e posicionamento perante factos.
Cada um terá a sua.
Eu dou imenso valor à tolerância.
A tolerância com que se ouve, a tolerância com que se dialoga, a tolerância com que ao entrarmos num debate nos permite estarmos receptivos à opinião e aos pontos de vista com quem debatemos.
Essa tolerância inclui, embora de forma sempre capaz de ser melhorada, o sermos capazes de aceitar a diferença, respeitarmos aquilo com que não concordamos e acima de tudo capacitarmo-nos que quando há duas opiniões razoavelmente diferentes sobre algo isso não significa que uma das opiniões vise céu e a outra o inferno.
Creio que a democratização das opiniões expressas que atinge o seu expoente na comunicação social e nas redes sociais ao mesmo tempo em que permite a todos terem uma opinião publicada, mais que não seja no facebook ou twitter, tem o perverso efeito colateral de exacerbar alguns tipos de radicalismo, alguns fundamentalismo bem dispensáveis e fazer aumentar o grau de intolerância tal a ferocidade com que se opina e a facilidade com que se transforma quem não pensa da mesma forma num autêntico inimigo a abater.
Para tudo tem de haver um limite.
Mais que não seja a educação, o bom senso e a humildade de se saber que nem sempre se tem razão e às vezes os “outros” também a tem.
Nos últimos dias, quer a nível nacional quer a nível local, tem aparecido alguns fenómenos de intolerância que me custam a perceber embora andando há tantos anos na vida pública, quer na política quer no desporto, já consiga reduzir o espanto a níveis próximos da insignificância.
Um ex Presidente da República entendeu, mais de um ano após deixar funções, publicar um livro sobre os dez anos em que por votações expressas, claras e maioritárias dos portugueses exerceu esse cargo.
Fê-lo como já o tinha feito quando deixara o cargo de ministro das finanças e depois o de primeiro-ministro por entender prestar contas aos portugueses da forma como exercera os cargos.
Contou a sua versão, a sua verdade e naturalmente sujeita-se ao contraditório de outros personagens que aparecem na narrativa e à crítica dos leitores e dos comentadores políticos como é de bom tom em democracia.
Mas não tem que se sujeitar, nem ele nem ninguém seja de que área politica for, ao chorrilho de mentiras, insultos, calúnias e invenções de que foi alvo quer nas redes sociais quer por parte de alguns políticos com responsabilidades, e alguns deles com frágeis telhados de vidro, desde que a obra veio a público.
Seguramente que muitos deles nem o livro leram mas o ódio e o ressabiamento contra o seu autor é de tal ordem que tiveram como primeira prioridade insultar, mentir, caluniar, denegrir fosse de que forma fosse antes de terem o rigor e a honestidade intelectual de lerem a obra.
Naturalmente que nas redes sociais, especialmente no facebook que é terreno fértil para os cobardes, o fenómeno multiplicou-se para pior porque anda por lá gente que de facto não tem os mínimos de educação, bom senso e inteligência e para os quais “vale tudo”.
Mas mesmo tudo.
Naturalmente que esse fenómeno da falta de tolerância repercute-se depois a nível local nas mais diversas áreas sociais assistindo-se a demonstrações recentes de pessoas com responsabilidades em instituições de fins diversos a aceitarem muito mal a critica, o contraditório, o afirmar de opiniões diferentes.
Agindo como se as instituições fossem delas, olhando quem diverge como perigosos agentes subversivos, arrogando-se de uma infalibilidade que nem o Papa Francisco quer embora o Sumo Pontífice tenha com ele o dogma da infalibilidade.
Em Guimarães é preciso mais tolerância, mais democracia, mais fair play em várias áreas.
Porque Guimarães é de todos.
E todos querem, de forma diferente como é normal em democracia, o melhor para o concelho e para as suas instituições.

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

O Nosso 14

O Restelo foi o primeiro jogo pós Janeiro em que Pedro Martins pôde contar praticamente com todo o plantel, incluindo reforços , sem as restrições causadas pelos empréstimos nem ausências por esta ou aquela razão.
É verdade que não pôde contar com Rafael Miranda (mas isso infelizmente tem sido mais regra que excepção) nem com Bernard (cuja influência tem sido muito abaixo do expectável) mas todos os outros estavam disponíveis para um primeiro teste ao "plantel mais equilibrado e com mais soluções" que é a " bandeira" erguida para justificar as saídas de Soares e João Pedro.
Correu mal.
O Vitória foi a melhor equipa, a que mais oportunidades criou mas as "falhas na concretização" identificadas pelo treinador, e para as quais me dispenso de apontar uma razão óbvia tão evidente ela é, impediram o regresso a Guimarães com os três pontos que tanto jeito dariam.
Individualmente:
Douglas: Sem culpa no golo ainda fez duas intervenções de bom nível. Jogo tranquilo.
Bruno Gaspar: Não foi tão ofensivo como habitualmente face à presença regular de Miguel Rosa (como é que este talento ainda joga no Belenenses?) nos seus terrenos mas esteve em bom plano.
Josué: Boa exibição sem problemas a defender e tentando ajudar o ataque. Quase marcou.
Pedro Henrique: O Belenenses não lhe pôs grandes problemas e ele também não os criou. Divide com Konan responsabilidades no golo porque Miguel Rosa isolou-se em zona que lhes competia defender.
Konan: Melhor a atacar do que a defender ,o que vem sendo habitual nele, embora neste ultimo aspecto apenas se lhe possam apontar algumas responsabilidades no golo.
Zungu: Já sabemos que tem bom toque de bola. Mas joga sempre à mesma velocidade,lenta, sem uma aceleração de ritmo, sem um passe longo, sem criar um desiquilibrio que seja.
Celis: Parecido com Zungu o que origina um centro de terreno vitoriano amorfo, sem mudanças de ritmo, sem variações de flanco nem pressão alta. É neste meio campo modificado para pior, por força das lesões de Rafael Miranda e da saída de João Pedro que reside boa parte da quebra de rendimento da equipa.
Hurtado: Não há dois sem três. E o peruano, embora jogador de raio de acção mais vasto que Zungu e Celis, passa boa parte do jogo dando a sensação de que anda à procura da sua verdadeira posição. E é pena porque podia ser uma unidade bem mais importante na equipa.
Marega: Não foi feliz embora tivesse tentado lutar contra a má sorte. Um remate ao poste, algumas iniciativas a tentar levar a equipa para a frente, mas uma exibição aquém do que desejaria. Foi o primeiro a sair ,provavelmente devido ao problema de "fadiga crónica", quando pelo andamento do jogo isso nem se justificaria.
Rafael Martins: É seguramente melhor do que aquilo que tem mostrado e que anteriores passagens pelo nosso futebol atestam. O maior problema dele será o necessitar de algum tempo para ganhar ritmo (quase não jogou no Levante)  e se adaptar quando se sabe que a meio da época tempo é um bem muito escasso. Apenas um remate relativamente perigoso.
Hernâni: Está em forma! Os dribles saem-lhe bem, as arrancadas desbaratam as defesas e em termos de remate nota-se que está confiante. Um grande golo, um remate que lhe saiu por alto quando estava bem posicionado para fazer melhor e algumas jogadas que foram o melhor que se viu no jogo de ontem. A sua substituição só pode dever-se a cansaço. 
Foram suplentes utilizados:
Raphinha: Percebeu-se a sua chamada ao jogo e ele procurou corresponder. Teve o seu melhor momento na execução de um livre às malhas laterais.
Sturgeon: Teve a melhor oportunidade da segunda parte mas o remate saiu-lhe por alto.
Texeira: Esperava-se a sua chamada mais cedo para formar dupla com Rafael Martins, e não para o substituir, porque o Belenenses dava claros sinais de estar contente com o resultado e pouco interessado em arriscar na busca do segundo golo. Entrou a quatro minutos do fim. Muito tarde.
Não foram utilizados:
João Miguel Silva, João Aurélio, Prince e Tozé.

Melhor em campo: Hernâni

O Vitória foi a melhor equipa, a que mais oportunidades criou mas a verdade é que não ganhou o jogo. 
Do meu ponto de vista, naturalmente discutível, também porque Pedro Martins não arriscou o suficiente para isso quando na segunda parte o adversário conseguiu "adormecer" o jogo sem reacção visível do Vitória.
Substituir dois extremos e um ponta de lança por outros dois extremos e outro ponta de lança foi manter tudo como estava, sem inovar, sem mudar a estratégia, sem em suma ...arriscar.
Ter-se-ia, talvez, justificado trocar um dos trincos por Tozé para dar mais dinâmica à intermediária e Hurtado por Texeira para aumentar a pressão no centro da defesa belenense que me pareceu francamente vulnerável.
Não foram essas as opções de Pedro Martins e o treinador é ele.
A verdade é que empatamos.
Há que dar a volta a este ciclo que já vai em quatro maus resultados.
Depois Falamos.

Cinco Casos

O meu artigo desta semana no zerozero.
Cinco Casos
Depois Falamos

Com o campeonato a encaminharem-se para a fase das decisões parece-me oportuno reflectir sobre alguns casos que tem marcado as ultimas semanas dos cinco primeiros classificados e a influência que esses casos podem ter na sua carreira até final da prova.
Farei a análise do primeiro para o quinto correspondendo à presente classificação da Liga.
O primeiro caso é o nervosismo do Benfica.
É verdade, o Benfica está nervoso.
E isso é patente de várias formas a começar pela última conferência de imprensa de Rui Vitória em que o treinador benfiquista apareceu num registo que não lhe é nada habitual em termos de exaltação e contundência das afirmações.
Mas é patente também neste pedido urgente de reunião com o conselho de arbitragem numa muito mal disfarçada tentativa de pressão, nas exibições descoloridas das últimas jornadas ou naquela milagrosa vitória sobre o Borussia Dortmund num jogo que teve tudo para os alemães vencerem por goleada.
O triunfo tangencial em Braga pode ajudar a dissipar algum desse nervosismo mas a verdade é que sentir no pescoço o bafo do “dragão” não está a fazer nada bem a este Benfica.
O segundo caso é a cirúrgica contratação de Soares pelo Porto.
Única contratação dos “dragões” na reabertura de mercado o ponta de lança tem tudo para se transformar num jogador decisivo no Porto (acho até que já o é…) como no próprio campeonato podendo significar para a sua equipa a diferença entre ser ou não ser campeão.
Porque marca golos, dá dimensão e agressividade ao ataque, segura a bola de forma exímia dando tempo à equipa para subir e ainda pressiona tremendamente os adversários.
Uma grande contratação e ainda por cima a preços de segundos saldos!
O terceiro caso tem a ver com o regresso de Francisco Geraldes ao Sporting em Janeiro.
O jovem médio estava a fazer uma época notável no Moreirense onde era o “cérebro” da equipa, teve papel importantíssimo na conquista da taça CTT pelos “cónegos” e foi de forma súbita mandado regressar ao Sporting para ajudar a colmatar as vagas criadas no plantel leonino pelo descartar apressado de algumas sonantes contratações de Verão que se tinham revelado autênticos flops.
Chegado a Alvalade no primeiro jogo foi para o banco, no segundo para a bancada (estava nos vinte convocados) e no terceiro nem para a bancada depois de ter ido jogar pela equipa B frente ao Varzim.
Ou seja passou de uma equipa onde tinha espaço para o crescimento e afirmação, que lhe permitiriam no final da época ser um jogador mais preparado para outros níveis de exigência, para o limbo que sempre existe para os jovens que andam entre as equipas A e B dos tradicionais candidatos ao título.
Oxalá não se perca nessa zona de indefinição porque me parece um jogador de grande talento e que se der (e o deixarem dar…) os passos certos pode chegar longe.
O quarto caso tem a ver com o despedimento de José Peseiro pelo Braga.
Regressado à “Pedreira”, onde tinha deixado muito boa imagem em anterior passagem pelo clube, o técnico ribatejano iniciou a época com grandes expectativas face ao percurso do Braga na temporada anterior e aos reiterados desejos da sua SAD em conquistar títulos e troféus.
E a verdade é que sem poder contar com um plantel tão rico em soluções como alguns dos seus antecessores o Braga de Peseiro vinha fazendo um bom campeonato, jogando bom futebol e lutando pelo terceiro lugar.
Mas depois veio a “trágica” noite com o Covilhã para a Taça de Portugal.
E Peseiro não resistiu à já conhecida impaciência do presidente bracarense e foi substituído por Jorge Simão.
Com quem o Braga passou a jogar pior, a perder mais vezes, a atrasar-se na luta pelo tal terceiro lugar e a perder a final da taça CTT para o Moreirense.
Depois da derrota caseira com o Benfica, e com o Sporting a seis pontos, parece restar ao Braga a defesa de um quarto lugar para o qual o principal concorrente (o Vitória) não se tem cansado de fazer cerimónia para ocupar.
Ou seja mudou para pior.
Prova de que as soluções mais fáceis nem sempre são as melhores.
O quinto caso é o já tradicionalmente fatídico Janeiro para o Vitória.
Que vinha fazendo uma boa carreira, também ele na luta por um terceiro lugar que estava acima dos objectivos , mas perfeitamente ao seu alcance como se foi vendo pelo desenrolar da prova, mas depois vendeu dois jogadores essenciais (Soares e João Pedro) perdendo com o primeiro tudo que ele deu ao Porto, e que já está atrás descrito, e com o segundo um médio com visão ampla do jogo, com capacidade de passe longo, bom remate de meia distância e capaz de pressionar a toda a largura do campo.
E pese embora as optimísticas declarações de Pedro Martins sobre um plantel mais equilibrado e com mais soluções a verdade diz-nos que nos últimos doze pontos possíveis o Vitória fez apenas dois (!!!), perdeu o Sporting de vista e já sente sobre ele a pressão de Marítimo e Chaves.

Veremos, lá para Maio, até que ponto estes casos influenciaram realmente as carreiras e classificações dos actuais cinco primeiros classificados da Liga.

domingo, fevereiro 19, 2017

Frustrante

Frustração é o único termo que encontro para definir este pobre e melancólico empate do Vitória face a um Belenenses que se pode dar como bem contente pelo ponto que ganhou na sua própria casa num jogo que o adversário dominou.
Frustração por duas razões.
A primeira porque o Vitória foi a melhor equipa, criou mais oportunidades, dominou o jogo e não fazendo um grande desafio (longe disso) fez ainda assim o suficiente para vencer um adversário que esta época lhe arrancou dois empates.
Mas as já habituais falhas na concretização (um golo nos últimos quatro jogos) impediram isso.
Frustração também porque uma vez mais o Vitória desperdiçou a oportunidade de alcançar o quarto lugar (porque o terceiro,esse, já lá vai...) limitando-se a reduzir a diferença para o Braga numa Liga em que bastaria manter o nível da primeira volta para ainda estar na luta pela pré eliminatória da Champions.
Quanto ao jogo não há muito que dizer.
Boa entrada do Vitória, golo de Hernâni seguido de remate à trave de Marega, empate do Belenenses num lance em que a defesa se esqueceu de Miguel Rosa e depois duas oportunidades não concretizadas por Hernâni e Rafael Martins.
Numa primeira parte em que Douglas, sem culpa no golo, apenas teve de se aplicar a fundo por uma vez num remate de fora da área.
Na segunda parte o Vitória...apagou-se.
Menos intensidade, menos ataques, menos pressão e algum facilitismo provavelmente assente na convicção de que o golo acabaria por aparecer mais cedo ou mais tarde.
Não apareceu pese embora uma boa oportunidade de Sturgeon (atirou por alto) e um livre de Raphinha (rasou o poste) que foram o mais perto que o Vitória esteve do golo num segundo período em que a equipa caiu muito.
Face ao afirmado por Pedro Martins ("plantel mais equilibrado e com mais soluções") esperava-se que do banco viessem opções que permitissem à equipa elevar o nível de jogo, para padrões ao menos idênticos aos da primeira parte, mas isso não aconteceu .
O técnico foi conservador, tirou dois extremos e um ponta de lança para meter dois extremos e um ponta de lança, não inovou, não arriscou, não mudou minimamente o sistema de jogo.
Ou seja nada mudou para melhor com as substituições.
A que acresce a estranheza por tirar Marega e essencialmente Hernâni que estava a ser o melhor jogador do Vitória e aquele que mais perturbava a defensiva belenense.
Uma noite frustrante em Belém.
Perdida qualquer hipótese de atingir o terceiro lugar é verdade que estamos mais perto do quarto mas também temos Marítimo (especialmente se amanhã vencer o Nacional ) e o Chaves a aproximarem-se paulatinamente e isso é claro factos de preocupação.
Na próxima jornada recebemos o Moreirense e depois vamos a Alvalade.
A margem de erro é cada vez menor.
O árbitro Hugo Miguel fez uma excelente arbitragem num jogo em que as duas equipas também não lhe complicaram o trabalho.

Clássico

Os jogos entre Vitória e Belenenses são autênticos clássicos do nosso futebol ou não se disputassem eles entre dois clubes que são "apenas" o quarto e o quinto com mais participações no campeonato da 1º divisão.
76 participações para o Belenenses e 72 para o Vitória.
Tive ao longo dos anos a oportunidade de assistir a muitos e muitos jogos entre ambos os clubes.
Ao vivo vi dezenas em Guimarães e alguns no Restelo enquanto na televisão também vi bastantes ao longo destes anos de liberalização das transmissões.
A propósito do jogo deste fim de semana, com as equipas separadas por dez pontos favoráveis ao Vitória, recordarei três jogos no Restelo separados por décadas de diferença mas com um ponto comum entre eles.
O primeiro é na época de 1968/1969.
Não vi esse jogo mas ele permanece na minha memória por duas razões.
Uma é porque a derrota terá custado o título ao Vitória e a outra porque tendo o meu pai e alguns amigos ido ver o jogo a Lisboa recordo sempre a indignação com que falavam da arbitragem tendenciosa desse jogo responsável pela derrota.
E a história é fácil de contar.
Na jornada anterior o Vitória tinha derrotado em Guimarães o Benfica por 2-0 e igualara-os no primeiro lugar, a quatro jogos do fim, nas com a vantagem de ter ganho em casa e empatado na Luz na primeira volta.
A derrota no Restelo perante um tranquilo Belenenses (ficaria em oitavo nesse campeonato pelo que não foi seguramente ele o maior interessado nos erros da arbitragem) atrasou o Vitória e nem o triunfo na jornada seguinte sobre o Braga por 5-0, seguido de empate em Setúbal e novo 5-0 sobre a Sanjoanense na ultima jornada, permitiu recuperar porque o Benfica viria a vencer os restantes jogos e seria campeão.
O Vitória foi terceiro a três ponto de distância!
O segundo é na temporada de 1986/1987.
Estive no Restelo, juntamente com o Lázaro Nunes, para fazermos o relato do jogo para a Rádio Fundação de que ao tempo éramos colaboradores nas horas vagas.
Foi um jogo sem grande história que terminou com um empate a um golo tendo o do Vitória sido apontado por Ademir repondo a igualdade no marcador.
A história engraçada desse jogo é outra.
Ao tempo existiam em alguns estádios (Restelo, 1º de Maio, Coimbra, Alvalade,são os que me lembro de ver mas havia mais) uns marcadores do totobola onde um funcionário ia actualizando os resultados conforme os relatos radiofónicos (os jogos eram todos ao mesmo tempo) e seguindo a chave dessa semana pelo que era preciso saber,por exemplo, quem eram os intervenientes do jogo 5 para perceber o resultado que ia aparecendo à frente do número 5.
Nessa tarde de domingo lembro-me bem que na segunda parte  começamos a reparar que um desses jogos estava a dar muito trabalho ao funcionário dadas as constantes alterações no marcador que o obrigavam a subir a um escadote para alterar os números.
E quando chegou ao 7-1 não resistimos à curiosidade e perguntamos para o lado que jogo era esse de marcador tão elevado.
Curiosamente era um derbi de Lisboa, disputado em Alvalade(a  meia dúzia de quilómetros do Restelo) e em que a equipa que viria a ser campeã regressou a casa com um saco de golos às costas.
O Vitória , esse, regressou a Guimarães com um empate que soube a pouco mas contribuiu para o terceiro lugar no final da prova.
O terceiro jogo é bem mais recente.
Foi em 2007/2008 quando o Vitória ,treinado por Manuel Cajuda, chegou ao Restelo na penúltima jornada a defender o segundo lugar e a entrada directa na fase de grupos da Liga dos Campeões,
Apoiado por milhares de adeptos o Vitória começou mal com um golo madrugador do adversário logo seguido de um erro gravíssimo de Jorge Sousa ,que apenas amarelou uma entrada criminosa de Rodrigo Alvim sobre Carlitos que obrigou à substituição do extremo vitoriano, a que se seguiriam outros erros menos graves mas que dificultaram a vida ao Vitória e o impediram de ganhar o jogo.
Ainda chegamos ao empate,por Flávio Meireles, mas não deu (nem o árbitro deixou) para mais.
Na jornada seguinte o triunfo por 4-0 sobre o Estrela da Amadora apenas confirmou o terceiro lugar.
E são estas as memórias de três jogos separados por décadas mas com o ponto comum de em todos essas épocas o Vitória ter terminado o campeonato em terceiro lugar.
Depois Falamos

Voltou

Voltou.
A Liga dos Campeões bem entendido. 
E voltou com quatro grandes jogos a que na próxima semana se juntarão outros quatro de molde a ficar completa a primeira mão dos oitavos de final e selecionar os oito clubes que seguirão em frente rumo aos quartos de fina.
Quatro jogos, quatro resultados, um ponto em comum e quatro diferenças.
O ponto em comum centra-se no facto de as quatro equipas que jogaram como visitadas terem ganho os respectivos jogos o que confirma o factor" casa", de certa forma, mas esgota aí qualquer semelhança entre jogos e resultados.
Em Madrid o Real venceu o Nápoles com alguma clareza (3-1) mas é um resultado "perigoso" porque no inferno do S.Paolo os dois golos de vantagem podem ser muito mas também podem ser nada face ao golo fora marcado pelos napolitanos.
A vantagem é do Real mas a eliminatória não está decidida.
Em Paris, numa noite de gala do PSG ,e de horror do Barcelona, o resultado de 4-0 a favor dos parisienses coloca-os, praticamente, nos quartos de final tal a vantagem adquirida.
Nunca na História da Liga/Taça dos campeões europeus uma equipa conseguiu dar a volta a uma desvantagem de quatro golos e creio que ainda não será desta vez. É claro que quem tem um trio de ataque com Messi-Neymar-Suarez pode sempre sonhar com uma noite mágica no Nou Camp mas creio que ,com muita pena minha, desta vez o Barça vai ficar pelo sonho.
Em Munique acredito que o Bayern resolveu a questão.
Um triunfo esmagador (5-1) sobre o Arsenal remete para o reino dos "milagres" (raríssimos no futebol) a possibilidade de os londrinos conseguirem manter-se em prova.
É bem provável,isso sim, que os alemães voltem a ganhar na segunda mão.
Em Lisboa o triunfo do Benfica sobre o Borússia (1-0) é o resultado mais enganador dos quatro jogos disputados.
Jogo de total domínio alemão, meia dúzia de claras oportunidades desperdiçadas (até um penálti), duas ou três monumentais defesas de Ederson tiveram como contrapartida o golo encarnado no único remate enquadrado com a baliza que fizeram em noventa minutos.
Seria motivo de farta admiração que na segunda volta os alemães não conseguissem o apuramento.
Em suma acredito que Real Madrid, PSG, Bayern e Borússia marcarão presença nos quartos de final.
A sete e oito de Março se confirmará. 
Ou não...
Depois Falamos

terça-feira, fevereiro 14, 2017

Muralha Amarela

Não sei porquê mas nunca tive particular simpatia pelo futebol alemão.
Que é de alto nível, muito bem organizado, com grandes equipas e grandes jogadores, regista a melhor média de assistências do futebol europeu e já teve várias equipas a venceram a Liga dos Campeões e mais ainda a vencerem a Bundesliga.
E por isso ao contrário do que acontece noutros campeonatos onde tenho equipas com quem simpatizo claramente (Barcelona, Atlético de Bilbau, Liverpool, Newcastle, Milan, Nápoles) na Alemanha terei, quando muito, uma leve simpatia pelo Borússia Dortmund.
Mas talvez por causa da famosa frase de Gary Lineker "o futebol são 11 contra 11 e no fim ganham os alemães", talvez pela injusta derrota da Holanda na final do mundial de 1974 , talvez por outros episódios como a expulsão de Rui Costa num Alemanha-Portugal que nos impediu de ir ao Mundial de França a verdade é que nunca fui, repito, grande adepto do futebol alemão.
De vez em quando vejo um ou outro jogo mas raramente porque as minhas preferências vão muito mais para os campeonatos da Inglaterra e de Espanha onde se joga um futebol muito mais do meu agrado.
Mas há na Alemanha algo que admiro sem qualquer reserva.
Os adeptos.
Que acorrem em massa aos estádios, que tem como atrás disse a melhor média de assistências do futebol europeu, que transformam praticamente todos os jogos em grandes espectáculos nas bancadas com coreografias magnificas.
E entre todos destaca-se o Borússia Dortmund.
Cujo estádio regista espantosas médias de assistência (mais de 80.000 espectadores por jogo!!!) ano após ano e independentemente de o clube estar a lutar pelo titulo ou apenas pela presença nas competições europeias o que o transforma no maior clube europeu em termos de assistência aos seus jogos.
E nesse estádio destaca-se a bancada que se vê na fotografia que encima este texto.
Conhecida como a "muralha amarela" , por razões óbvias, leva 25.000 pessoas e está cheia em todos os jogos dela brotando um apoio que galvaniza a sua equipa e quantas vezes atemoriza os adversários.
Talvez nesses adeptos espectaculares resida boa parte da minha leve simpatia pelo Borússia  Dortmund que este ano não será campeão alemão mas pode bem ser campeão europeu se for suficientemente forte para ultrapassar as grandes equipas que lhe aparecerão pela frente numa fase mais adiantada da competição.
Depois Falamos

Autárquicas 2017

O meu artigo de hoje no Duas Caras

Sem que se dê muito por elas, pelo menos em termos mediáticos, as eleições autárquicas vão-se aproximando pé ante pé e pouco tarda para que os partidos estejam a apresentar as suas listas de candidatos.
Quando se fala em autárquicas, em leitura dos seus resultados, no quem ganha e quem perde a leitura nacional das mesmas é de cariz “futebolístico” porque parece que o que conta são as grandes câmaras do Porto e de Lisboa enquanto o resto do país parece ser apenas uma soma de belas paisagens.
A mim, que noutros tempos também já andei por esses “guerras, interessam-me hoje particularmente as câmaras do nosso distrito e muito especialmente a de Guimarães como é bom de ver.
E no que a câmaras do distrito concerne qual é a situação a pouco mais de seis meses das eleições?
Muito melhor para o PSD que para o PS.
Porque em catorze câmaras, liderando o PSD sete e o PS as outras sete, a situação é claramente mais favorável ao PSD que aos socialistas por razões que adiante explicarei e que se prendem com a estabilidade de um lado e as divisões no outro.
O PSD tem a franca expectativa de manter as suas sete renovando as maiorias (nalguns casos em coligação com o CDS) em Braga, Famalicão, Vieira do Minho, Vila Verde, Celorico de Basto, Esposende e Póvoa de Lanhoso contando para isso com a recandidatura dos actuais presidentes nas primeiras seis e apenas tendo de mudar na última dado Manuel Batista atingir o limite de mandatos.
Em condições normais manterá as sete.
E depois olha com ambição ganhadora para as do PS.
PS esse que se encontra profundamente dividido em quase todas as câmaras do distrito a que preside o que não deixa de ser profundamente reveladora das razões últimas que movem as suas secções onde o poder a qualquer preço parece ter tirado o discernimento, bom senso e pudor aos dirigentes socialistas.
Em Amares de há muito que PS e o presidente por ele eleito estão desavindo o que leva inclusive a que este se vá candidatar pelo PSD praticamente assegurando para os social-democratas a reconquista de um município que já lideraram por várias vezes.
Barcelos, outrora um bastião laranja, é o retrato da mais mediática divisão socialista entre o actual presidente (e recandidato) e a secção do partido liderada pelo deputado Domingos Pereira que se candidatará como independente.
Se o PSD fizer as coisas bem feitas e souber escolher o melhor candidato pode perfeitamente vencer.
Cabeceiras de Basto, onde o fim do longo reinado de Joaquim Barreto deixou feridas longe de cicatrizarem, assistirá pela segunda vez a eleições com duas listas socialistas; a oficial, liderada pelo actual presidente Francisco Alves e a oficiosa liderada pelo ex vice presidente de Barreto, Jorge Machado, novamente em representação do movimento “Independentes por Cabeceiras”.
Concelho de largas maiorias PSD em eleições legislativas e europeias “exige” ao partido uma solução eleitoral que permita por fim a vinte e quatro anos de liderança do PS.
Fafe, onde o PS está no poder desde 1979, é outra câmara em que socialistas estão profundamente divididos entre o actual presidente, Raúl Cunha, que depois de assegurar que não seria candidato se a concelhia caísse nas mãos de José Ribeiro (antigo presidente da câmara) deu uma enorme pirueta e é novamente candidato numa estranhíssima aliança com os “Independentes por Fafe” a quem em 2013 derrotou por apenas 15 votos.
Também em Fafe haverá outra lista socialista, afecta à concelhia liderada por José Ribeiro, o que abre ao PSD, no mínimo, a expectativa de voltar a ser o fiel da balança como foi desde 2013 até à passada semana quando os seus vereadores entregaram os pelouros que detinham em protesto contra a deslealdade de que foram alvo pelo líder dos independentes Parcidio Sumavielle.
Mas pode ser que haja condições para ambicionar a mais que ser o fiel da balança…
Vizela, como Fafe, Cabeceiras e Barcelos também terá duas listas socialistas fruto das divisões entre Dinis Costa o actual presidente e Vítor Hugo seu ex vice-presidente que concorrerá como independente ao que tudo indica.
É um município em que o PSD acalenta francas hipóteses de vencer pela primeira vez.
Terras de Bouro, o mais pequeno município do distrito em termos eleitorais, assistirá a uma recandidatura do actual presidente sem que este tenha a “sorte” de colegas seus de ter uma lista concorrente do próprio partido.
Embora ainda não anunciada tudo indica que o PSD terá uma candidatura forte e face à pequena dimensão eleitoral tudo é possível numa câmara que os social-democratas já ganharam imensas vezes.
Resta Guimarães.
Que como Terras de Bouro também escapou, há quem diga que por pouco, a ter duas listas oriundas do PS e em que o actual presidente é recandidato depois de um primeiro mandato em que não encantou ninguém a começar pelos seus próprios apoiantes.
Mas de Guimarães falaremos mais detalhadamente noutra oportunidade.
Em suma creio que o PSD, se fizer as coisas bem feitas (e não é difícil) pode perfeitamente ambicionar passar de sete para nove ou dez presidências.

E não é pedir muito…