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terça-feira, junho 30, 2015

Astrónomos e Astronautas

Dar novos mundos ao mundo que já se conhece é algo que sempre me fascinou.
Talvez por gostar muito de História, talvez por adorar ler, sempre tive uma profunda admiração por todos aqueles que ousam deixar as suas zonas de conforto e partem em busca de novos mundos e novos sonhos ousando enfrentar os perigos que o desconhecido sempre acarreta.
Movidos pelo sonho, pela fé, por uma "causa" o mundo que hoje conhecemos fez-se com base nos que ousaram ir mais longe sem olharem para trás nem se deterem com medo de fábulas, "Adamastores " ou outros perigos reais e imaginários.
Foi assim com os vikings, com os fenícios e com outros povos que desde a mais remota Antiguidade ousaram meter os pés a caminho em busca de um mundo maior que supunham existir mas não era conhecido.
Foi assim também com os portugueses.
Que no tempo das Descobertas, embarcados em navios frágeis e inseguros, tiveram a destemida coragem de navegarem por mares nunca dantes navegados (ao menos por europeus) e trouxeram ao nosso conhecimento terras, povos e civilizações até então desconhecidos.
Gente de coragem.
Hoje as " Novas Fronteiras" (na feliz definição de John F. Kennedy) são outras.
E embora na Terra ainda exista "mundo" por conhecer o paradigma do conhecimento nessa matéria está virado para o espaço que nos rodeia e cuja dimensão e limites são por nós desconhecidos pese embora os extraordinários avanços da ciência.
E aqui,como no passado, há os que vão e os que ficam.
Os que perscrutam o espaço com telescópios de extraordinária potência, mas sempre no conforto dos seus observatórios astronómicos, e os que embarcam em naves espaciais e partem à descoberta com os riscos inerentes e bem conhecidos.
Tal como nos séculos 15 e 16 uns ficavam em Sagres e outros embarcavam nas caravelas.
E por isso respeitando e conhecendo as funções de cada uns não tenho qualquer dúvida que aqueles que nos alimentam o conhecimento de um mundo maior, e o sonho de dele fazermos parte, são os que ousam partir em busca dele, correndo riscos e perigos de vária ordem, e não aqueles que ficam nas suas zonas de conforto esperando o dia em que todos possam usufruir dos benefícios da coragem de alguns.
É a diferença entre astrónomos e astronautas que baliza tantas outras diferenças em tantos outros sectores.
Depois Falamos.

segunda-feira, junho 29, 2015

Ponto de Situação

A dois meses do encerramento do mercado futebolistico seria precisa uma enorme dose de ingenuidade, de que felizmente não padeço, para considerar como definido o plantel de qualquer clube que vá participar nas provas nacionais e europeias .
Até ao fim de Agosto ainda se vão fazer muitos negócios, processar muitas entradas e saídas, mexer com alguma profundidade nos grupos de trabalho.
Naturalmente que para alguns a pressa de definir um plantel tão aproximado quanto possível do que vai fazer a época (pelo menos até Janeiro...) será maior do que para outros por força das pré eliminatórias de acesso ás competições europeias que começarão dentro de um mês aproximadamente.
E mesmo esses em muitos casos esperarão para saberem se tem acesso à fase de grupos (ou seja...dinheiro) para optarem por reforçar as respectivas equipas ou caso fiquem pelas pré eliminatórias se limitarão a manter o que já tem ou até a vender este ou aquele jogador com mais mercado.
O Vitória não andará longe dessa lógica.
Neste momento, a exactamente um mês do primeiro jogo da pré eliminatória de acesso à Liga Europa(sem esquecer que passando a pré eliminatória ainda terá um play off com um adversário teoricamente mais forte) constata-se que o Vitória já fez algumas aquisições e registou algumas saídas do seu grupo.
Nas saídas merece destaque a de André André, um dos esteios da equipa nos últimos três anos, e a dos três jogadores emprestados pelo Porto que não deixarão grandes saudades ao contrário do citado André.
Nas entradas (Montoya, Tyler Boyd, Digo Gomes, Serginho, Dalbert, João Correia e Kafu) a constatação óbvia é que além do colombiano, e de alguma boa surpresa pela afirmação imediata, são jovens que terão de fazer o seu percurso na B antes de poderem sonhar em jogar nos principais palcos do nosso futebol pela equipa A.
Pelo que , mesmo contando com as mais valias vindas da B (João Pedro, Areias, Vigário, Zitouni, etc), é evidente que ainda há lacunas a preencher na equipa A para esta poder almejar a chegada à fase de grupos da Liga Europa
Diria que um central "feito", um ponta de lança (se Álvez ficar o assunto está bem resolvido) e um extremo que jogue pelos dois flancos.
Partindo, é claro, do pressuposto de que não sai mais ninguém do grupo de  jogadores considerados como potenciais titulares.
Uma coisa é certa: o tempo agora corre muito depressa e a entrada na fase de grupos da Liga Europa é uma das prioridades para esta época.
Depois Falamos

Primeira Dama

Agora que o estado de saúde de Maria Barroso não permite alimentar nenhuma esperança positiva,segundo os últimos boletins médicos, é expectável que nos próximos dias os elogios à pessoa e ao seu percurso aumentem exponencialmente ou não vivêssemos nós em Portugal.
E por isso gostaria, singelamente, de aqui deixar uma peque na reflexão sobre a cidadã Maria Barroso.
Portugal teve quatro presidentes eleitos desde 1974.
Ramalho Eanes,Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva.
Todos eles cumpriram dois mandatos, ou não estivessemos nós em Portugal onde apesar de vivermos num regime republicano existe uma forte tendência monárquica na forma como se olha para o chefe de estado ( e não só em bom rigor...), de forma muito diferente e cuja avaliação não importa aqui fazer.
E embora em Portugal não exista formalmente a figura de "primeira dama", como nos Estados Unidos, convencionou-se denominar assim a esposa do Presidente da República.
E foram quatro,até à data, as primeiras damas portuguesas.
Manuel Ramalho Eanes, Maria Barroso, Maria José Ritta e Maria Cavaco Silva.
Personalidades diferentes, tempos históricos e políticos diversos, mas do meu ponto de vista a certeza de que Maria Barroso foi aquela que melhor exerceu a função e que mais prestígio acarretou para esse cargo oficioso.
Porque teve uma agenda própria, porque soube fazer um percurso que só se misturou com o do marido/presidente quando estritamente necessário, porque mostrou sempre uma independência de pensamento e acção que foram afinal a imagem de marca de um percurso de vida.
Essencialmente porque foi sempre muito mais "Maria Barroso" do que "Primeira Dama".
E esse é um legado, pelo exemplo, que deixa ás vindouras.
Depois Falamos

Espinha Dorsal

Não sou treinador de futebol nem tenho qualquer habilitação para isso.
Mas ao fim de quase 50 anos a ver futebol ao vivo e na televisão, depois de centenas /milhares de horas de conversas sobre futebol , de ter tido o privilégio de conhecer e conversar com muitas pessoas que sabem de futebol muito mais do que eu (especialmente com alguns treinadores) sinto que as reflexões que sobre ele vou fazendo terão alguma sustentação.
A propósito do que escrevi sobre um dos jogos da selecção de sub 21 (com a Suécia) e da discordância que manifestei, e mantenho, sobre as opções de Rui Jorge ocorre-me precisamente uma pequena reflexão sobre aquilo que aprendi sobre como se estrutura uma equipa de futebol.
Que como tudo na vida deve ter uma espinha dorsal.
Grosso modo estruturada em função de um guarda redes que "valha" pontos, dois centrais que façam jus à velha máxima de "os avançados ganham jogos e as defesas ganham campeonatos", um trinco de largo raio de acção que saiba sair a jogar quer com passes curtos quer com aberturas de longa distância, um "número" 10 que defina os ritmos de jogo e seja exímio no ultimo passe e um ponta de lança que faça golos.
É a espinha dorsal essencial a quem quer lutar por objectivos.
Depois há os laterais, os extremos, os médios construtores que são muito importantes nos apoio a essa espinha dorsal e dão largura e profundidade ao jogo da equipa como é sabido.
Mas sem esse eixo central bem construído, e respeitando as posições básicas dessa espinha dorsal, não há equipas que possam funcionar bem durante toda uma competição.
Podem fazer uma "gracinha" num ou noutro jogo mas não a podem fazer numa prova inteira porque se tornam demasiado previsíveis e relativamente fáceis de anular por treinadores argutos e que saibam ler eficazmente o jogo e produzir nele as alterações necessárias no decorrer do mesmo.
E pensar-se que é possível construir uma equipa sem ponta de lança é, para além de um erro primário que mais cedo ou mais tarde se paga caro, negar a essência do futebol.
Que é o golo!
Depois Falamos

sexta-feira, junho 26, 2015

Cumplicidades Conhecidas!

Neste blogue, no exercício da inalienável liberdade de opinar sem ofender, publiquei aqui e aqui a minha opinião sobre a promoção de Armando Evangelista a treinador da equipa principal do Vitória.
Manifestando uma discordância a que tenho direito como qualquer vitoriano a tem.
Não ofendi, não insultei, não caluniei nem inventei.
No passado sábado o Vitória realizou uma assembleia geral conforme o previsto estatutariamente.
No final da mesma, como é normal, os jornalistas questionaram o senhor presidente da direcção sobre vários assuntos da actualidade do clube.
Entre os assuntos postos estavam alguns que os senhores jornalistas leram neste blogue.
Embora no exercício de um entendimento muito particular do que é a liberdade(no sentido mais lato da mesma)de imprensa em lado nenhum tenham referido a "fonte" a que foram buscar as razões para a pergunta.
Na resposta o senhor presidente da direcção permitiu-se, no gozo da sua já conhecida falta de jeito para lidar com opiniões divergentes, tecer um conjunto de considerações sobre o autor das criticas (eu próprio), infelizmente sem a frontalidade de lhe citar o nome (no velho género de Octávio Machado "...vocês sabem do que eu estou a falar..."), que merecerão a resposta adequada noutro contexto que não aquele que aqui se trata.
Porque eu respeito muito as opiniões divergentes, convivo bem com a critica, mas não aceito ao senhor engenheiro Júlio Mendes lições de vitorianismo nem de amor e respeito ao Vitória.
Respeito-o como presidente eleito do meu clube na mesma proporção que lhe exijo respeito por um associado com 43 anos de vida associativa e quase cinquenta de acompanhamento e apoio ao Vitória em todas as suas modalidades.
Todas!
Na sequência da resposta do senhor presidente da direcção seria obrigatório, até no respeito por uma deontologia que os jornalistas tão abundantemente citam quando lhes dá jeito, que o visado tivesse o elementar direito de resposta face ao teor do afirmado.
Como é "normal" isso não aconteceu.
Como não acontece nunca quando este e outros blogues, ou outros modos de exprimir opiniões, são visados por algum tipo de poder.
Por mim quero que saibam que pouco me importa.
Registo, para memória futura, mas isso não me impedirá nunca de continuar a escrever sobre os assuntos que entender.
Com frontalidade, sem tabus nem subserviências, respeitando as pessoas mas divergindo das ideias e das práticas quando for caso disso.
É o exercício de uma liberdade de que nunca prescindirei.
Depois Falamos.

quinta-feira, junho 25, 2015

"À Portuguesa"...

Tenho acompanhado com algum interesse a participação da selecção de sub-21 no europeu da categoria a decorrer na República Checa.
Não por sentir actualmente um intrínseco "espírito de selecção", o que Paulo Bento, Fernando Santos e Rui Jorge tornaram impossível, mas pela simpatia pessoal por dois jogadores (Paulo Oliveira e Ricardo Pereira) e por algumas boas exibições que se vão vendo dos jogadores portugueses.
Vistos os três jogos e conseguido o apuramento para as meias finais, que foi justo mas bem à portuguesa com um sofrimento maior que o necessário, há que dizer que nesta equipa estão jogadores que prometem chegar rapidamente ao patamar mais elevado das nossas selecções para lá ficarem por bons anos.
É o caso do já referido Paulo Oliveira, um central de enorme qualidade, mas também de Bernardo Silva provavelmente o melhor jogador deste europeu tal a qualidade das suas exibições e os espectáculos que tem proporcionado.
Ou de Raphael Guerreiro que mesmo estando a fazer um campeonato abaixo das suas possibilidades é um belíssimo lateral esquerdo como já o provou na própria selecção A.
Mas há mais.
Ricardo Pereira, se Lopetegui perceber que ele é um excelente avançado/extremo e não um razoável lateral, Sérgio Oliveira, Ivan Cavaleiro e José Sá um guarda redes que tem feito exibições excelentes deixando a inevitável interrogação de como é possível andar pelo Marítimo B ao invés de estar a jogar na 1ª liga.
E dois casos particulares.
Gonçalo Paciência, que pode vir a ser um excelente ponta de lança se continuar a evoluir como o tem feito, e  William Carvalho que tem excelente imprensa (roça o ridículo o entusiasmo dos comentadores da RTP quando ele tem a bola) e seguramente um óptimo empresário mas tem de perceber que o futebol não se joga a passo como ele faz na maior parte dos jogos.
Penso que esta selecção merecia, isso sim, ter um treinador de outro nível que soubesse( ao menos)que para marcar golos dá jeito jogar com um ponta de lança e não com aquele losango complementado com dois extremos que até cria situações de golo mas depois não há quem finalize.
E ontem Gonçalo Paciência provou-lhe isso mal teve oportunidade.
Agora vem a Alemanha.
Que mesmo em sub 21 é a Alemanha mas está longe de ser imbatível.
Especialmente se Portugal enfrentar o jogo com a estratégia correcta e com o onze inicial que melhor potencie as qualidades dos nossos jogadores.
Depois Falamos.

P.S. Claro que não gosto de Rui Jorge como seleccionador.
Porque é mais um que selecciona pelos clubes e não pelo valor e mérito dos jogadores.
É absolutamente escandaloso que jogadores como Josué, Cafu e Tomané que jogaram regularmente na 1ª Liga não estejam na selecção enquanto por lá andam alguns que passaram a época na 2ª Liga ou no banco dos seus clubes jogando uns minutinhos de quando em vez.
Por isso esta e a A são cada vez mais as selecções "deles" em vez de serem de "todos nós".

segunda-feira, junho 22, 2015

O senhor Abílio

Já aqui e  aqui me tinha referido aos barbeiros de que fui e sou cliente e à relação muito particular que os da minha geração mantinham com as suas barbearias mantendo uma fidelidade como cliente que durava décadas.
Uma vida inteira em muitos casos.
No meu caso particular comecei a ir ao barbeiro por volta de 1964/1965 e naturalmente que fui à barbearia onde já iam o meu pai e o meu avô (chamava-se "Simão Costa" e ficava no inicio da rua de Santo António entre a esquina do Toural e a pastelaria Ribela) e depois foram durante anos os meus filhos.
Era uma barbearia verdadeiramente familiar frequentada ao longos de mais de cinco décadas por quatro gerações da minha família.
Lá conheci os três barbeiros que nela trabalhavam (o senhor José, o senhor Maia e o senhor Abílio)e todos eles me cortaram o cabelo dentro do seu estilo muito próprio e sempre com grandes conversas á mistura como é típico de um barbeiro que se preze.
Um dia a barbearia fechou porque o edifício foi vendido e hoje nele funciona um estabelecimento de pronto a vestir.
E os barbeiros dispersaram-se.
O senhor Maia reformou-se e viria a falecer pouco tempo depois.
O senhor José ainda trabalhou numa ou noutra barbearia mas hoje está também reformado.
E o senhor Abílio foi para uma barbearia junto ao antigo posto de turismo para onde também "migrei" e continuei seu cliente por mais quase vinte anos.
Onde acumulamos muitas dezenas de horas de conversa sobre Guimarães, o Vitória, as famílias de cada um, os amigos comuns, a politica autárquica,os clientes da antiga barbearia (pela qual ele tinha uma enorme nostalgia), alguns negócios cambiais a que ele se dedicava antes do advento do euro e sei lá que mais.
As visitas mensais aos senhor Abílio, especialmente durante os anos em que trabalhei fora de Guimarães, eram sempre uma preciosa actualização relativamente ao que se passava na cidade e nas suas instituições.
Até que em Março de 2013 quando cheguei à barbearia e perguntei pelo senhor Abílio me foi dito que se tinha reformado.
Fiquei de boca aberta porque tinha lá estado um ou dois meses antes e ele nada me tinha dito sobre o assunto nem manifestado qualquer intenção de abandonar as lides de barbeiro em que se encontrava há mais de cinquenta anos.
Na altura tive de pela primeira vez na vida escolher um novo barbeiro e uma nova barbearia.
Dei aqui conta num dos posts acima citados da opção que fiz pela barbearia do Paulo Salgado onde dois anos depois continuo a ser cliente e espero continuar por muitos e bons anos.
Mas na altura fiquei intrigado com a reforma do senhor Abílio por inesperada que foi.
E tendo-o encontrado poucos dias depois, numa pastelaria que ele frequentava em frente ao Museu Alberto Sampaio, questionei-o sobre o assunto ao que ele me respondeu que andava a pensar no assunto há meses mas não comunicou a nenhum dos clientes dado que sendo um homem  que se emocionava com facilidade ter de se despedir dos clientes de uma vida era muito doloroso.
Compreendi perfeitamente.
E nas vezes que o encontrei nessa pastelaria, e foram vários ao longo dos dois últimos anos, sempre trocamos dois dedos de conversa bem humorada como é normal entre duas pessoas que se conheciam à quase cinquenta anos e que tantas vezes tinham conversado.
Numa das ultimas vezes que o encontrei, em finais do ano passado, comentei com ele que era uma pena ter-se reformado porque senão ainda teria oportunidade de cortar o cabelo ao meu neto e ficaria com o quase recorde (muito perto disso acredito) de ter cortado o cabelo a cinco gerações da mesma família!
Penso que depois dessa conversa, em que ele me disse do gosto que teria em ter esse particular recorde, só o voltei a encontrar mais uma vez no inicio do corrente ano e lembro-me que dessa vez praticamente só nos cumprimentamos porque eu ia com pressa e não pude parar para a conversa habitual.
Semanas atrás, quando lá fui cortar o cabelo, soube pelo Paulo Salgado que o senhor Abílio tinha falecido de um cancro que se desenvolvera rapidamente e para o qual não houvera solução.
Foi um choque porque não estava nada à espera.
E com ele, com a sua simpatia, com o seu gosto por Guimarães e pelas suas instituições e pessoas, com o prazer que sempre eram as nossas conversas se foi mais um amigo e mais uma parte das minhas boas memórias do ultimo meio século.
Depois Falamos.

Mal a Pior

A noticia de um jornal madeirense, ainda não confirmada, de que o União da Madeira utilizará o estádio do Algarve para os seus jogos caseiros com os três clubes que se sabe mais Nacional e Marítimo é apenas mais uma achega para retirar credibilidade a uma Liga já bastante carente dela.
Porque confirme-se ou não a questão essencial é que no futebol profissional existem clubes que ascendem ao escalão máximo sem terem as condições elementares para nele participarem.
A primeira das quais é um estádio com condições para nele receber todos os jogos que tenha de efectuar na qualidade de visitado.
Todos!
Porque caso contrário fere a verdade desportiva da competição criando aos seus adversários condições desiguais quando visitam essas equipas.
Lembro-me bem de em tempos idos existirem na 1ª Liga (então chamada campeonato da 1ª divisão) clubes como o Salgueiros e o Espinho que a pretexto das transmissões televisivas na RTP (ainda não havia Sport-tv nem meia dúzia de transmissões por fim de semana) dos seus jogos com os tais três clubes iam jogar ao estádio da Maia porque os seus estádios não tinham iluminação.
E uma coisa era jogar na Maia, onde esses clubes até juntavam mais adeptos que o teórico visitado, e outra bem diferente em "Vidal Pinheiro" ou no "Manuel Violas" onde a pressão dos adeptos locais era muito mais intensa face á proximidade entre bancadas e relvado para além de os próprios estádios não terem condições comparáveis com a Maia a começar pelas dimensões do terreno de jogo.
Na verdade por trás do pretexto televisivo estava também o "colinho" que esses três clubes sempre tiveram (e continuam a ter) dos poderes que mandam no futebol.
Pelos vistos à boleia do União da Madeira estamos a reeditar esses episódios com mais de vinte anos.
Porque jogue ou não no estádio do Algarve esses cinco jogos certo é que não os jogará na Ribeira Brava e sim num dos dois estádios do Funchal em que já se disputam jogos da 1ª liga há muito tempo como é sabido.
Mas Vitória, Braga, Belenenses, Académica e todos os outros que não os três jogarão lá.
É a "verdade desportiva " que a LPFP dá ás suas competições.
Perante um inexplicável silêncio de todos os 14 restantes clubes que não beneficiam do "manto protector".
Começa "bem" a Liga 2015/2016...
Depois Falamos

P.S. É claro que Marítimo e Nacional no "pacote" dos chamados grandes, neste contexto especifico, devido às patéticas quezilias entre os presidentes dos três clubes madeirenses

quinta-feira, junho 18, 2015

Não? Não!

Num texto anterior tive a oportunidade de explicar quais as razões pelas quais não concordei com a escolha de Armando Evangelista para treinar a equipa A do Vitória.
Razões factuais, que nada tem de pessoal, e que não vou aqui repetir como é evidente.
Neste texto darei apenas a minha visão pessoal sobre as razões pelas quais terá sido eventualmente esta a opção da SAD que comanda os destinos do futebol do Vitória.
Recuemos três anos.
Na sequência das eleições de Março de 2012 assumi responsabilidades directivas como vice presidente para o futebol e para as modalidades.
Nesse contexto convidei Rui Leite (coadjuvado por Ricardo Almeida e Jorge Freitas) para ficar como primeiro responsável pelo futebol de formação não só pela experiência que já detinha nessa área mas também pelo facto de o projecto desportivo para a formação ter sido em grande parte da sua responsabilidade e dos dois colegas e amigos citados.
Naturalmente que uma das prioridades, por razões que seria moroso estar aqui a explanar, era a reestruturação do quadro técnico de todo o futebol de formação para o que lhes dei "carta branca" apenas com a exigência de ser informado periodicamente do que ia sendo feito.
O que sempre foi cumprido.
Foi assim que numa das reuniões quase diárias me informaram das alterações que pretendiam fazer a nível de equipas técnicas , desde os "Afonsinhos" aos juniores, mantendo umas e substituindo outras consoante lhes parecia adequado.
Nessas alterações manifestaram-me a vontade de substituírem Armando Evangelista na equipa de juniores , nomeando outro técnico, e colocando-o em funções de maior responsabilidade mas não ligadas ao treino e comando de uma das equipas da formação.
Mais propriamente como coordenador de todo o futebol de formação um lugar importantíssimo no projecto desportivo que estávamos a implantar no clube até pela ligação que lhe caberia fazer ao futebol profissional.
Fundamentaram-me a opção com argumentos que entendi como perfeitamente plausíveis e dei-lhes o meu ok para levarem avante essas mudanças no imediato.
Passados dois ou três dias apareceram-me profundamente surpreendidos com o teor de uma conversa tida com Armando Evangelista e em que este tinha recusado ser coordenador do futebol de formação com o argumento de que tinha promessa de um lugar melhor dentro do Vitória!
Desatei-me a rir como é evidente.
Porque sem ser o Rui Leite apenas duas pessoas podiam ter feito convites para cargos técnicos no futebol do Vitória: Eu ou o presidente Júlio Mendes.
Qualquer outro convite, que não fosse feito pela hierarquia do futebol, era pura e simplesmente um convite pirata cujo destino só podia ser o caixote do lixo.
E como o convite não fora meu restava saber se porventura teria partido do presidente.
Nesse mesmo dia coloquei o assunto ao presidente que me garantiu que não tinha formulado nem sabia de qualquer convite a Evangelista.
E tenho a certeza que estava a ser absolutamente verdadeiro.
Pelo que transmitindo esta conversa a Rui Leite lhe dei a óbvia indicação de que para Armando Evangelista deixava de haver lugar no Vitória dado ele não aceitar o lugar que o Vitória tinha para ele.
Mas não me esqueci do assunto até porque me foi garantido por Rui Leite e pelos dois outros directores da formação que Evangelista falava verdade quando referia esse tal convite que o próprio não sabia ser um convite pirata.
Passados poucos dias quando em reunião de direcção anunciei que com a concordância de Júlio Mendes tinha convidado Luiz Felipe para treinador da equipa B confirmei, pelo alvoroço e contrariedade de um dos senhores sentados à mesa, quem tinha sido o autor do tal convite pirata.
Como se , em boa verdade, alguma vez tivesse tido dúvidas.
A vida continuou.
Armando Evangelista foi para Vizela, dado o seu legítimo desejo de continuar a carreira de treinador, com isso recusando integrar o inovador projecto desportivo que então se ia começar a implementar no Vitória e cujos resultados são hoje conhecidos.
E há coisas que ficam para memória futura.
Em Dezembro de 2012 demiti-me da direcção do Vitória e assisti, como vitoriano de bancada, à forma como a equipa B foi abandonada à sua sorte ao ponto de Luiz Felipe ter de efectuar treinos com apenas oito ou nove jogadores ou a equipa jogar na Covilhã ás 15.00h saindo de Guimarães ás seis da manhã (o que implicava que os jogadores se tivessem de levantar ás quatro e meia!!!) para uma viagem de mais de quatro horas de autocarro com todos os prejuízos inerentes a uma equipa que disputava uma liga profissional.
Entre muitos outros exemplos que não vou citar aqui.
Foi pois com naturalidade  que depois de três meses penosos, em que a equipa passou do meio da tabela para os lugares de descida, vi Luiz Felipe apresentar a sua demissão dado considerar não ter condições para continuar a dirigir a equipa naquelas condições.
E como Luiz Felipe não estava no clube apenas para ganhar dinheiro saiu pelo seu pé recebendo apenas o ultimo mês que trabalhou e prescindindo de mais de um ano de salários que era aquilo a que teria direito se quisesse sair por despedimento e não por demissão.
Sem NENHUMA surpresa tomei conhecimento que o seu sucessor seria ...Armando Evangelista que para o efeito rescindiu o seu contrato com o Vizela.
Era apenas a confirmação, diferida no tempo, do convite pirata de Maio de 2012 uma vez removidos os obstáculos.
E por isso sorrio quando ouço falar de "méritos" , de "dar oportunidades aos da casa", do "profundo conhecimento do clube e dos jogadores", " do vitorianismo", do "dar oportunidades aos jovens", da "escola de treinadores" e por aí fora.
Armando Evangelista é hoje treinador da equipa A do Vitória porque há pessoas em lugares de decisão que acreditam cegamente no seu potencial e impuseram a sua promoção contra o que a lógica das coisas (e do próprio futebol) recomendaria.
O resto é treta para encher ouvidos.
E por isso há uma coisa que fica clara.
Decidiu quem tem poder para decidir e quanto a isso nada a obstar.
Mas quem decidiu é bom que tenha consciência que fez uma opção de elevadíssimo risco, que não dá direito a margens de erro ou tolerâncias , e que tem o seu destino indissoluvelmente ligado ao sucesso ou insucesso de Evangelista como treinador da equipa A do Vitória.
E quem ignorar isso pode conhecer muitas famílias mas não conhece seguramente a família vitoriana!
Depois Falamos.

P.S. : Este é o segundo e ultimo texto sobre a nomeação de Armando Evangelista como treinador da equipa A do Vitória. A partir daqui este treinador, como qualquer outro no passado, será aqui avaliado em função dos resultados, das exibições e da gestão do plantel ao seu dispor. E nada mais!

quarta-feira, junho 17, 2015

Opções

Nesta história de comentar o dia a dia do Vitória, uma matéria que mexe e muito com emoções e sentimentos de adeptos apaixonados pelo seu clube, há pelo menos três opções perante os factos mais importantes como,por exemplo, a escolha de um treinador.
A primeira é ficar calado a ver no que param as modas.
Depois, se as coisas correrem bem, juntarem-se aos  que aplaudem e sentirem-se no conforto de estar em com a enorme maioria.
Se pelo contrário as coisas correrem mal então há que alinhar com os que criticam e continuar confortavelmente junto da opinião maioritária.
Com outras nuances, mas igual no essencial, é este o principio que explica porque há em Portugal um fenómeno chamado "benfiquismo".
E no Vitória há muito quem perfilhe esta postura.
É um bocado como as crianças a quem se pergunta por quem são e elas dizem que são por quem ganha.
Depois há a segunda opção.
Que é a de aceitar como bom tudo que sejam opções directivas, independentemente das direcções serem presididas por Pimenta Machado, Vítor Magalhães, Emílio Macedo ou Júlio Mendes.
É um misto de mentalidade herdada do "Estado Novo" ( há um "chefe" que manda e tem sempre razão) e do conforto de estar sempre de acordo com quem exerce o poder.
Conheço casos, e não são tão poucos como isso, de vitorianos que apoiaram entusiasticamente todos esses presidentes, todas as suas decisões, todos os programas, todas as formas de gerir sem sequer repararem em tudo que os diferenciava.
Importa é estar ao lado de quem manda.
E se possível no poder e a mandar.
E esses nos assuntos fundamentais (como a escolha do treinador da equipa A) são absolutamente fundamentalistas no apoio ás decisões de quem manda que transformam em autênticos dogmas que é proibido discutir.
Depois, se as coisas correrem bem, não perdem tempo a apregoarem aos quatro ventos o conhecidissimo "...eu bem dizia..."!
Se correrem mal então há que arranjar os bodes expiatórios do costume: os árbitros, o "sistema", a LPFP e a FPF e como recurso ultimo os "vitorinos" que não apoiaram a equipa nem foram solidários com a direcção.
Admitir erros é que não é mesmo com eles. 
A culpa é sempre de terceiros.
E depois há a terceira opção.
Que é a de apoiar o Vitória e não os jogadores/treinadores/dirigentes especificamente.
Apoiar quem em cada momento, e dentro das responsabilidades que lhes estão cometidas, serve bem o clube.
Escrevendo livremente, correndo o risco de ter opinião, recusando dogmas e tabus, apoiando quando é de apoiar e criticando quando é de criticar.
Sabendo que o risco de ter opinião inclui o ás vezes não ter razão, o aturar gente sem nível nem educação que anonimamente coloca comentários abjectos, o desagradar a quem convive pessimamente com as diferenças de opinião.
Mas quando se faz essa opção na plena consciência de que é feita tendo, apenas  e só, como objectivo contribuir para um Vitória maior e melhor é uma opção que vale a pena.
Depois Falamos

P.S. : A seguir o segundo texto sobre a opção para treinador da equipa A do Vitória

terça-feira, junho 16, 2015

Não !

Não!
Não concordo com a escolha de Armando Evangelista para treinador da equipa A do Vitória Sport Clube. 
E é uma discordância que assenta em factos e que nada tem , obviamente, de pessoal até porque não conheço o senhor em causa tanto quanto me lembro.
Neste texto explicarei porque não concordo com aquilo que considero um erro grave da SAD do Vitória  e noutro a seguir as razões pelas quais, do meu ponto de vista, este erro foi cometido.
Comecemos pelas razões pelas quais considero ter sido uma opção errada.
O treinador Armando Evangelista (AE) não tem experiência rigorosamente nenhuma de 1º Liga. Nela não treinou, até agora, um minuto que fosse.
Um clube como o Vitória, com a História que tem e os objectivos que tem de ter sempre (pese embora alguns discursos "enrolados" que ás vezes se ouvem) , tem de ser comandado por um treinador para os quais o campeonato não tenha segredos.
A verdade é que AE de futebol profissional tem um ano e uns meses de experiência, sempre no Vitória B, tendo passado a restante carreira na formação ou no CNS ao serviço do Vizela e os tais meses no Vitória.
É muito pouco para treinar o Vitória.
E recordo aqui que mesmo no CNS o Vitória não conseguiu a subida directa, tendo de disputar um play off com o Benfica de Castelo Branco, num plantel que contava com Hernâni, Bernard, Cafu, Alex,Bruno Alves, Josué, João Pedro, Areias,Luís Rocha, etc e que nalguns jogos ainda teve  Moreno, Assis, Tomané já para não citar participações residuais de André André, Paulo Oliveira ou Leonel Olímpio.
Não se pode considerar como especialmente brilhante a subida mas apenas como o estritamente obrigatório.
Pese embora caiba aqui recordar, uma vez mais, os tais "discursos enrolados" (incluindo do próprio AE) sobre o facto de o CNS ser o escalão adequado a uma equipa B do Vitória Sport Clube o que traduzia uma pobre ambição face ao que deve ser a realidade de um conjunto que tem como missão ser o primeiro apoio da equipa A.
Por outro lado, mas também importante face á época que agora se inicia, o treinador AE não tem qualquer experiência de dirigir uma equipa nas competições europeias (face ao seu percurso também não era possível)o que se torna particularmente delicado para uma equipa que para atingir a lucrativa fase de grupos tem de ultrapassar duas eliminatórias prévias em que qualquer erro pode ser a "morte do artista".
E num clube com as mil vezes repetidas dificuldades financeiras não é questão menor o ir ou não ir à tal fase de grupos.
A isto acresce ainda, o facto insólito e em estreia absoluta no Vitória (que é um clube cuja grandeza o devia por ao abrigo de situações destas) , de AE ainda não ter as habilitações necessárias a treinar uma equipa da 1ª liga.
Ao que se sabe concluirá no final deste mês, espera-se que com a devida aprovação, o curso de treinador de IV nível que o habilitará a poder treinar no primeiro escalão do nosso futebol.
Caricaturalmente pode dizer-se que já tem um Ferrari na garagem mas ainda anda a tirar carta de condução!
 O preço da inexperiência, a perigosa sedução pela acessibilidade financeira (há que não esquecer que o barato ás vezes sai caríssimo...), o neste contexto mais que duvidoso critério de "ser da casa" podem vir a ser custos de quantificação impossível,neste momento, mas certamente muito gravosos para o Vitória.
Uma coisa é lançar três ou quatro jovens sem experiência num grupo de trabalho que os absorve e lhes transmite a experiência necessária a jogarem na 1ª Liga e outra muito diferente entregar todo esse grupo a um líder sem experiência nenhuma nas competições em que os vai orientar.
São factos.
E por isso, mas não só, discordo da sua promoção a treinador da nossa primeira equipa.
Creio que só um "fundamentalismo" em ultimo grau impedirá os que apoiam esta solução de perceberem a diferença entre as duas situações.
Que fique contudo claro, até porque nenhum vitoriano deseja mal ao seu clube ou a quem o serve, que esta discordância assumida não significa nenhum desejo de que as coisas corram mal ao treinador Armando Evangelista.
Escolheu quem está mandatado para escolher, aceitou quem foi convidado, agora resta desejar muita sorte ao Vitória e ao seu treinador para a época 2015/2016.
Vai ser bem precisa.
Depois Falamos

P.S: No próximo artigo explicarei as razões pelas quais, do meu ponto de vista, esta opção foi feita.

domingo, junho 14, 2015

A "Tragédia" Targino

Esta publicação não se refere ao Tiago Targino, nem a uma carreira que prometia ser bem melhor do que tem sido, mas sim à forma como a sua malograda transferência para o Benfica tem "assombrado" os últimos anos do Vitória.
Recordemos:
Ainda no tempo de Emílio Macedo como presidente o clube de Lisboa interessou-se pela contratação do jogador Targino e terá adiantado cerca de um milhão de euros como sinal de uma transferência que rondaria os cinco milhões de euros.
Quis o azar que precisamente num Benfica-Vitória o jogador se lesionasse com alguma gravidade o que impediu que o negócio se efectuasse no imediato e o Vitória encaixasse a restante verba acordada entre as partes.
E aqui começa a "assombração".
Porque depois de recuperado o jogador não seguiu para Lisboa, como seria natural , mas ficou em Guimarães dado o SLB ter-se desinteressado da sua contratação.
E o Vitória ficou com o jogador, e com a dívida de um milhão de euros referente ao tal sinal previamente adiantado ,quando o normal seria o clube comprador dado já não querer o jogador ficar sem o sinal.
Contratos mal feitos em suma.
Já com a direcção eleita em 2012 em funções o Benfica reclamou insistentemente o tal milhão de euros ameaçando o Vitória com recurso a outros meios de pressão se não fosse satisfeita a sua pretensão de receber o dinheiro.
Foi então que o Vitória pôs à disposição do Benfica um lote de jovens da formação, todos eles(ou quase) com internacionalizações no seu currículo,entre os quais o clube lisboeta poderia escolher cinco para a dívida ficar liquidada.
E assim foi.
O Benfica veio ao "supermercado", escolheu quem quis e lhe apeteceu, e pensava-se que o assunto estaria resolvido pese embora um dos jovens transferidos ter regressado a Guimarães pouco tempo depois por não se ter adaptado .
Diga-se de passagem que toda esta atitude do Benfica tem muito mais a ver com usura do que com um negócio normal entre dois clubes.
Adiante.
Pensavam os mais crédulos que o "fantasma" Targino seria assunto resolvido e nunca mais se ouviria falar dele nesta perspectiva de um negócio falhado.
Pura ilusão.
Meses atrás noticiaram os jornais que numa reunião da Liga o presidente da agremiação lisboeta teria interpelado, alto e bom som com a "educação" e a "fineza" de trato que se lhe reconhece, o presidente do Vitória perguntando quando é que o nosso clube lhe pagava (ao Benfica) o que lhe devia.
Para uns foi "ruído"  mas para outros, entre os quais me incluo, foi a reaparição oficial do "fantasma" Targino.
E o tempo continuou a andar.
Até ao dia em que o treinador Rui Vitória, do Vitória, foi pretendido pelo clube de Lisboa.
E a primeira noticia dava conta de que RV estaria blindado com uma clausula de um milhão de euros caso algum clube o quisesse levar antes do final do seu contrato.
Muito bem pensaram os vitorianos, aí estava uma decisão que acautelava os interesses do clube face ao possível assédio a um treinador com bom nome na praça.
Eis senão quando, confirmada a transferência, se começa a andar para trás no que parecia ser a boa notícia.
E as notícias seguintes eram quase aterradoras.
O Benfica não pagaria a clausula mas em troca cederia em termos definitivos o jogador Bruno Gaspar o que significava que o Vitória compraria um defesa direito (que o SLB não tinha qualquer interesse em manter) pela maior verba despendida em toda a sua história na aquisição de um jogador.
Para um clube que faz das dificuldades financeiras o seu cartão de visita em muitas situações não estava mal, estava...péssimo.
Mas constatou-se a seguir que a história não era bem assim.
Afinal a clausula era de um milhão, sim, mas metade pertencia ao treinador!
Ou seja o Vitória só tinha a receber 500.000 euros.
Confesso que nunca tinha ouvido falar de semelhante coisa em lado nenhum.
Mas se o negócio já parecia mau com estas novidades mais recentes eis que ainda consegue piorar mais um bom bocado.
Com a reaparição de...Targino!
Porque dos 500.000 euros que o Vitória tinha a receber metade ficava no SLB por causa da celebérrima dívida do negócio Targino.
Que afinal ainda não estava completamente pago.
E o Vitória que tinha ficado com Targino e sem os quatro jovens atempadamente levados pelo SLB ainda via "voarem" mais 250.000 euros para liquidarem definitivamente (???) esse malfadado negócio.
Uma verdadeira "tragédia".
E o vir-se a saber, porque as más notícias neste assunto parece não terem fim, que os restantes 250.000 euros serviram para pagar a cedência de apenas 50% do passe de Bruno Gaspar é apenas o corolário do que foi de principio a fim um péssimo negócio para o nosso clube.
Em que o risco ficou sempre do lado do Vitória e os proveitos do lado do Benfica.
Resta-me,nesta matéria, apenas uma curiosidade:
Será que o "fantasma" Targino é assunto resolvido ou como "assombração" que se preza voltará a aparecer um dia?
Aceitam-se apostas...
Depois Falamos.

P.S : Se tivesse vocação para trazer a público o que se passava nas reuniões de direcção em que participei ainda contaria como em 2012 o vice presidente para o futebol (eu) soube absolutamente por acaso da proposta feita ao SLB para vir ao "supermercado" escolher cinco jogadores.

sábado, junho 13, 2015

Equívocos, Erros e Enganos

Portugal venceu a Arménia e por isso tornam-se mais fáceis as linhas seguintes deste texto.
Fui dos que olhou a chegada de Fernando Santos á selecção com alguma esperança e uma expectativa positiva.
Pelo seu percurso, pelo que já conquistara, pelos clubes por onde já passara pensei que seria independente de lobbys e pressões e chamaria ao onze nacional os melhores independentemente de factores alheios à sua qualidade e da cor das camisolas clubisticas que vestem.
Enganei-me.
É mais um que parece estar lá para convocar jogadores de determinados clubes, de certo empresário, para defender grupos de pressão que de há muito tomaram conta da nossa selecção.
Só isso justifica que os erros que são a titularidade de jogadores de fraquíssimo rendimento como Nani ou Eliseu que não fora as camisolas que vestem e não seriam certamente chamados quando nada fazem para o merecer.
Então Nani é o caso chocante de um jogador que nos últimos dois/três anos não só não evoluiu como parece ter regredido e muito.
E depois esses erros levam a equívocos.
Que é o de para caberem todos que "tem" de jogar se utiliza Ronaldo a ponta de lança e Coentrão a médio lugares que estão longe de serem aqueles em que dão o maior rendimento e potenciam as suas qualidades.
E os três golos de Ronaldo apenas confirmam isso porque não foram (um até foi de penalti)golos de lança puro mas sim golos de um jogador que teve de andar em busca do seu espaço natural para poder ter a tremenda eficácia que o caracteriza.
E  soma de erros e equívocos, de que destaquei apenas os mais relevantes, levam aos enganos.
O maior dos quais foi o de perante um adversário mais fraco, e perante o qual tinha de se entrar a "matar" para definir o jogo, Portugal tenha entrado com uma equipa mal composta, um meio campo sempre em inferioridade perante os adversários e três jogadores na frente que gostam de pisar os mesmos terrenos acabando por se perturbar uns aos outros.
E assim Portugal não teve bola, deu a iniciativa ao adversário, deixou a Arménia jogar e ia pagando isso muito caro naquela que foi uma das mais fracas exibições de que me lembro da selecção nacional nos ultimos anos.
Mas ganhou.
Ganhou, apenas e só, porque tem a felicidade de ter no seu onze um génio do futebol que continua a resolver "sozinho" o que o colectivo se mostra incapaz de fazer.
Ronaldo não é mesmo deste "filme".
Depois Falamos.

P.S Sejamos justos com Ricardo Carvalho. Hoje foi o único do "filme" de Ronaldo.

quinta-feira, junho 11, 2015

Gestão Deplorável

A forma como a SAD do Benfica geriu o anúncio da contratação de Rui Vitória foi tão deplorável que é inevitável considerar-se que constitui um mau prenuncio para o treinador agora recém chegado ao estádio da Luz.
Há muito apontado como possível sucessor de Jorge Jesus, no dia em que este fosse à sua vida, sabia-se que  nunca seria uma contratação consensual no universo encarnado face ao "peso" da herança e ao facto de nunca ter treinado um clube candidato ao titulo.
Pelo que a mais elementar estratégia imporia que face à saída de JJ, e muito em especial ao destino que tomou, a sua contratação fosse fulminante e exterminando à nascença qualquer duvida ou possibilidade de contestação.
Até para dar não só uma ideia de normalidade (sai um ,entra outro e a vida continua...) como para desvalorizar a saída de Jesus mostrando que a sua substituição era fácil e não causava contratempos de qualquer espécie.
E era,realmente, uma contratação facílima.
Rui Vitória queria ir, o Vitória não se importava nada que ele fosse (por razões, umas mais conhecidas que outras, de que se falará noutra oportunidade) e o Benfica tinha-o como primeira prioridade.
E que fez o Benfica?
Tudo ao contrário.
Adiou, voltou a adiar, era hoje depois amanhã e logo a seguir num dia próximo, pelo caminho ainda se assistiram a desmentidos de Luís Filipe Vieira (num jantar com deputados benfiquistas) sobre a tomada de qualquer decisão e andaram neste folclore mais de uma semana.
Permitindo a especulação, legitimando as duvidas sobre outras hipóteses, abrindo espaço à manifestação de opiniões de adeptos sobre a preferência por Marco Silva.
Acima de tudo fragilizando Rui Vitória.
Que em vez de chegar à Luz como a opção indiscutível lá aparece como uma opção muito discutida!
E isso a prazo, se os resultados iniciais não ajudarem (a começar pela final da Supertaça a 9 de Agosto com o Sporting de Jorge Jesus), pode ser devastador para o novo treinador do Benfica.
Que não merecia, e por isso escrevi este texto solidário, começar assim esta nova etapa da sua vida profissional.
Depois Falamos

terça-feira, junho 09, 2015

Buffon

O futebol mundial das duas ultimas décadas conheceu guarda redes extraordinários.
Casillas, Kahn, Schmeichel, Preud'homme, Vitor Baía, Cech, Van der Saar, Chilavert, Toldo, Barthez, Lehmann, Valdés, entre outros que poderiam ser aqui citados.
Mas entre todos há um que sempre me mereceu particular atenção e alguma simpatia.
Gianluigi Buffon.
Por três razões essenciais.
Em primeiro lugar, como é evidente, pela sua enorme categoria.
Que levou inclusive a Federação de História e Estatística do futebol a considerá-lo o melhor guarda redes mundial do século 21.
Em segundo lugar porque ele está associado (contra vontade seguramente) a um grande feito do Vitória, em termos europeus, que foi a eliminação do então poderoso Parma da edição da Taça Uefa de 1996/1997.
Buffon, então com dezoito anos, já era titular desse grande Parma (vice-campeão de Itália) e sofreu em Guimarães os golos de Vitor Paneira e Ricardo Lopes que espantaram a Europa do futebol.
A terceira razão tem a ver com a lealdade à Juventus onde está desde 2001.
Quando em 2006/2007 a "Vechia Signora" foi jogar a série B, despromovida por questões disciplinares ligadas à manipulação de resultados, Buffon era (e continua a ser) um dos melhores guarda redes mundiais e foi pretendido por alguns dos maiores clubes europeus em Itália e noutros paises.
Mas ficou.
E ajudou a "Juve" a regressar no ano seguinte ao primeiro escalão do futebol italiano.
E num desporto tão mercantilizado, onde a força do dinheiro move montanhas, atitudes como estas são exemplares e remetem par aos gloriosos tempos do "amor à camisola" que ajudaram a construir e a popularizar a "lenda" do futebol.
No passado sábado, na final de Berlim, eu apoiava sem qualquer reserva o Barcelona como será óbvio para quem frequenta esta página.
Mas confesso que ver Buffon levantar a taça das "orelhas compridas" teria um certo sabor a justiça.
Porque este enorme (em todos os sentidos) guarda redes já ganhou tudo que de mais relevante há para ganhar no futebol,com o Mundial de 2006 à cabeça, mas por incrível que pareça nunca ganhou a Liga dos Campeões.
Logo ele um enorme campeão.
E aos 37 anos de idade as possibilidades de o vir ainda a conseguir já não são muitas.
Depois Falamos.

Discreto e Eficaz

Jorge Moreira da Silva é o tipo de ministro que qualquer primeiro-ministro goste de ter num governo.
Competente nas funções, eficaz na aplicação das politicas e discreto na forma de ser e agir.
Conhecedor da hierarquia, capacitado de que as únicas imagens que interessa promover são a da acção governativa no seu todo e a do PM em particular( porque é aí que se ganham eleições), proporciona ao líder do governo a tranquilidade de saber que dali não virão afirmações polémicas, tomadas de posição difíceis de defender ou uma constante vontade de aparecer e ser notícia.
A par de um trabalho profícuo na execução do programa de governo e da aplicação das politicas sectoriais que lhe estão confiadas.
Não tenho nenhuma dúvida de que JMS é um dos melhores ministros deste governo.
E um daqueles de que ficará obra visível em prol das gerações futuras.
Seja na fiscalidade verde, seja nas politicas ambientais, seja nas questões ligadas à energia.
Pode não ser o ministro mais popular, não é seguramente dos que usufrui de maior mediatismo, não cultiva uma proximidade "reprodutora" à comunicação social, ás agências de comunicação, aos "lobbys ou aos fazedores de opinião.
Diria até que ás vezes "foge" dessa "tropa" toda.
Mas para aqueles que quiserem analisar seriamente a actividade governamental, que escolherem dar importância ao que é realmente importante, que queiram separar o que é essencial da mera aparência, esses sabem que JMS cumpriu "com lealdade as funções que lhe foram confiadas".
Com lealdade e com competência.
E isso será recordado no futuro.
Fora e dentro do PSD.
Depois Falamos