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domingo, novembro 30, 2014

As Voltas do Futebol

Um destes dias via na TVI 24 uma reportagem sobre o Clube Oriental de Lisboa , popular clube da zona oriental da capital(freguesia de Marvila) que disputa este ano a II liga depois de muitos anos perdido em divisões inferiores.
Como se sabe o Oriental eliminou o Vitória Futebol Clube da taça de Portugal e isso motivou a reportagem referida.
Entrevistas ao presidente, ao treinador e a alguns jogadores.
Entre eles...Carlos Saleiro.
Tinha-o perdido de vista nos últimos dois anos(eu e quase toda a gente) mas confesso que o fazia a jogar num qualquer campeonato estrangeiro,e não "perdido" na II liga, ele que fora um dos mais promissores pontas de lança portugueses da ultima década.
E vê-lo lembrou-me um história com dois anos e pico.
Na pré época de 2012/2013 o Vitória estava a reformular o seu plantel ,como muitos dos leitores estarão lembrados, com a saída de alguns consagrados e a tentativa de contratar alguns jogadores ao alcance de um clube em sérias dificuldades financeiras.
E Carlos Saleiro foi precisamente uma dessas tentativas.
Inseria-se perfeitamente no perfil definido em termos do projecto desportivo que estávamos então a implementar no clube.
Português, jovem, talentoso, com enorme margem de progressão.
Nos três anos anteriores tinha feito duas épocas interessantes no Sporting (onde fora formado) depois de empréstimos ao nosso homónimo de Setúbal, à Académica e ao Servette da Suíça onde tinha estado na época anterior
Eu e Júlio Mendes tivemos duas reuniões com o empresário do jogador.
Na primeira manifestamos-lhe o interesse no jogador e as condições em que podíamos contratá-lo deixando bem claro que não tínhamos condições para entrar em "loucuras" de qualquer espécie.
Na segunda o empresário apresentou-nos a contra proposta.
Impossível de aceitar.
Porque os valores que pedia eram acima do nosso orçamento (mas nem foi tanto por isso)e porque só aceitava assinar por um ano.
E aí fomos absolutamente intransigentes.
Ou assinava por dois anos ou nada feito porque o Vitória se recusava a ser "barriga de aluguer" de quem quer que fosse.
Nada feito.
E Saleiro voltou a Coimbra,onde já tinha estado em 2008/2009, para fazer uma fraquíssima época de 2012/2013 também por força de uma grave lesão que o afastou dos relvados durante meses.
A época passada, pelos vistos, esteve parado não sei se pelo arrastar da lesão se por não ter encontrado clube.
E agora está no Oriental onde em 12 jogos na II liga marcou apenas um golo(tem mais 3 na taça da liga)o que está muito longe de ser ...brilhante.
Apenas com 28 anos de idade parece um jogador com a carreira no mais completo declínio o que é triste face ao potencial que tinha e ao que chegou a prometer.
Pergunto-me, e nunca terei resposta, o que poderia ter sido a carreira dele se tem aceite a proposta do Vitória e integrado essa equipa que na mais bela tarde vitoriana levantou a taça no Jamor.
O futebol dá realmente muitas voltas.
Depois Falamos.

P.S A não contratação de Saleiro permitiu a contratação de Amidó Baldé.
As vezes Deus escreve direito por linhas tortas!

O Congresso da"Omertà"

Imagem: www.observador.pt

O congresso do PS ,agora terminado, não trouxe nada de novo.
Querem o poder, de preferência com maioria absoluta para não terem de partilhar nada com ninguém, querem governar o mais depressa possível mas sem dizerem como e muito menos calendarizarem medidas e explicarem como as vão por em prática.
Fora isso ( e um discurso de encerramento de António Costa bem construído. e inteligente na forma como dirigiu algumas mensagens a segmentos específicos, há que reconhecê-lo) foi blá blá atrás de blá blá dos oradores do costume.
Do exemplo mor de ressabiamento, Ferro Rodrigues, aos "jovens turcos" que emergem convictos de que são os donos e senhores da verdade e o país um bando de lorpas ansiosos pela sabedoria de que querem dar mostras.
Mas foi também um congresso marcado pela "lei do silêncio" anunciada por António Costa logo no discurso de abertura com três ou quatro "sound bytes" quanto ao recluso 44 do estabelecimento prisional de Évora sem nunca lhe pronunciar o nome.
E com isso deixando claro que nada mais havia para dizer sobre o assunto.
Silêncio quanto a Sócrates e ao processo judicial em que está envolvido.
Pelo receio de que a discussão do caso caísse mal na opinião pública mas também pelo enorme jeito que essa "lei do silêncio" acabou por lhe dar.
Porque não falar de Sócrates significou também não ter de falar do seu governo e da responsabilidade no estado do país em 2011 ,aquando das eleições que arredaram o PS do poder, a menos de um mês da bancarrota!
E por isso Sócrates, o "menino de oiro" do PS foi apenas um fantasma a pairar sobre o congresso sem ninguém se atrever a citá-lo e sem ninguém assumir(ó ironia...) a sua herança politica.
O que viria a confirmar-se nos novos orgãos com o arredar dos mais próximos de Sócrates do poder interno tentando com isso dar ao tal país de lorpas a ideia de que o socratismo estava afastado da direcção do PS como se o novo secretário geral não tivesse sido durante  anos o nº 2 do recluso de Évora na direcção do partido.
Mas se o silêncio quanto a Sócrates foi uma directiva de Costa houve outro silêncio que pesou como chumbo.
António José Seguro.
O anterior líder, "defenestrado" em nome da (agora maldita) herança de Sócrates, e cujo nome também não foi ouvido na FIL.
Pese embora ter vencido duas eleições (autárquicas e europeias) como líder do PS sem para isso precisar de evocar heranças outrora benditas para alguns.
E esse silêncio sobre Seguro foi o silêncio do comprometimento e da vergonha.
Do comprometimento por parte dos seus apoiantes, receosos de desagradarem ao novo "chefe", que agora integram orgãos do partido e amanha, em alguns casos, querem continuar nas listas de deputados em lugares elegíveis.
E por isso se dispensaram da maçada de evocarem o até à pouco líder.
Mas também o da vergonha.
Dos outros.
Daqueles que apoiaram Seguro e depois se passaram apressadamente para Costa quando este desafiou Seguro para as "primárias" (conheço tantos casos no país, no distrito de Braga e no concelho de Guimarães...),dando o dito por não dito, e assumindo a necessidade de mudarem de líder porque Seguro não defendia a herança de Sócrates!!!
E sabem bem, hoje melhor que nunca, que Seguro tinha razão e estava no caminho certo em termos de estratégia perante o país.
E sabem, também, que a forma como "defenestraram" Seguro foi uma vergonha para o PS.
E esses naturalmente nunca falariam do ex líder.
Daí que num congresso em que tanto discurso se ouviu o que mais releva são os silêncios.
Sobre Sócrates e sobre Seguro.
Silêncios ensurdecedores.
E que vão continuar a pairar sobre o PS.
Os silêncios...e os silenciados.
Depois Falamos.

sábado, novembro 29, 2014

Uma Pequena História

Na segunda quinzena de Julho de 2002 passava férias perto de Barcelona e tinha como leitura diária, entre outras, os jornais desportivos Marca e Mundo Deportivo que são os dois maiores jornais desportivos de Espanha (há mais dois de circulação nacional, o As e o Sport, mas sem a dimensão dos citados) com o primeiro a ser mais próximo do Real Madrid e o segundo do Barcelona.
Nesse tempo, e estávamos em plena pré temporada, o grande tema era o regresso a Espanha de Ronaldo depois de cinco temporadas não totalmente felizes no Inter de Milão muito por força de duas graves lesões.
E a disputa, como sempre, era entre Barcelona e Real Madrid.
Ronaldo tinha feito, sob o comando de Bobby Robson, uma época extraordinária em 1996/1997 e saíra para surpresa geral para Itália cumprindo apenas um ano de contrato com os catalães.
Que naturalmente desejavam o seu regresso
Por outro lado os merengues, sabedores do valor do jogador, tudo faziam para o contratar.
Nesse ano de 2002 estava de regresso ao Barcelona o treinador Louis Van Gaal, que tinha sucedido a Robson em 1997 e cumprido três épocas antes de ir orientar por dois anos a selecção holandesa, que não era particularmente querido pelos adeptos culés e muito menos pela imprensa catalã.
E foi em plena disputa pela contratação de Ronaldo que um dos adjuntos de Van Gaal, cujo nome não recordo nem para o caso importa, se saiu com uma declaração retumbante:
"Ronaldo não interessa ao Barcelona porque não cabe no nosso sistema de jogo".
E lembro-me bem do editorial do dia seguinte, no Mundo Deportivo, em que o director do jornal comentando essa declaração terminava o artigo dizendo:
"Se Ronaldo não cabe no sistema de jogo do Barcelona é porque esse sistema não presta".
Nunca mais esqueci esse episódio, essas declarações e a profundidade do conceito que lhe está subjacente.
Depois Falamos

P.S. Resta dizer que Ronaldo acabou por ser contratado pelo Real Madrid onde fez quatro épocas de sucesso antes de regressar a Itália via...Milan.
Quanto a Van Gaal ( e à"inteligencia" que tinha como adjunto) foram despedidos no final dessa época, sem nada ganharem, e nunca mais regressaram ao F.C. Barcelona.

O Nosso 14

Há pouco mais de dois anos estive com Pedro Coelho Lima, então director geral das modalidades e agora vice presidente do clube, na apresentação do projecto olímpico do Vitória "Rio 2016" que visa a colocação de um ou mais atletas vitorianos na delegação portuguesa que vai competir nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
E apetece-me dizer que neste momento já temos dois atletas muito bem posicionados para isso:
Tomané para correr a Maratona e Hernâni a estafeta dos 4x400 metros.
Deixando mais para diante a explicação desta pequena brincadeira vamos ás exibições individuais:
Assis: Partilha com João Afonso a responsabilidade no golo sofrido. No resto esteve bem com pelo menos duas defesas difíceis a evitar o segundo golo "cónego".
Bruno Gaspar: Não me parece num momento alto de forma. Permeável a defender e pouco incisivo a atacar.
Josué: Mais um jogo em que transmitiu confiança à equipa rubricando uma boa exibição. É um jogador que estava a precisar de jogar com regularidade para mostrar o seu real valor.
João Afonso: Deixou-se antecipar por Elizio no lance do golo. No restante,tal como Josué, chegou para as "encomendas".
Traoré: Jogo pouco conseguido. Melhor a defender mas pouco expressivo a atacar. Pensava-se que seria ele a sair, e não Alex, quando da entrada de Crivellaro.
Bouba: Já com o Braga dera a sensação de estar com alguma perda de "gás". Ontem confirmou-a. Foi bem substituído e talvez Cafu esteja perto do regresso à titularidade.
André: Uma exibição em bom plano do "capitão" vimaranense. Mais empenhado em atacar do que defender foi sempre o líder de que a equipa precisava.
Bernard: Tem vinte anos,veio do CNS, e por isso percebe-se que depois de um inicio de época em extraordinário plano esteja agora numa fase de menor fulgor. Perfeitamente normal. Continuo a achar que tem de ser "defendido" e isso pode passar por uma passagem pelo banco. Fez um jogo discreto. Sinceramente já não me lembro de o ver fazer um remate digno desse nome.
Hernâni: Mais uma vez quando o jogo de equipa não funciona tudo se lhe pede. E por isso tal como um corredor de 400 metros ele tem de fazer "percursos" sempre em alta velocidade quer por passes dos colegas,quer por iniciativa individual, quer por lançamentos longos e geralmente bem colocados do próprio Assis. E se Hernâni fizer sete/oito grandes acelerações por jogo é demolidor. Tendo de fazer uma dúzia ou mais desgasta-se torna-se menos eficaz. Digamos que é como se numa estafeta de 4x400 metros ele tivesse de fazer os quatro percursos.
Tomané: É o homem da Maratona. Até cansa de tanto o ver correr em busca de jogo, no desgaste dos adversários, no segurar a bola e no procurar linhas de passe e espaços de remate. É um sacrificado. E sem que desse sacrifício resultem golos. Porque emparedado(e massacrado) pelos centrais nunca encontra os espaços que potenciem o seu talento e espontaneidade. Quando Álvez entrou Tomané pareceu logo outro.
Alex: Estava a fazer um bom jogo quando foi substituído. Com alguma surpresa porque se aguardava o seu recuo e a consequente saída de Traoré.
Crivellaro: A sua entrada trouxe claro benefício à equipa. Que passou a ter posse de bola no ultimo terço, passou a ter passes de ruptura e "outra circulação" da bola. Com Bernard em fase de menor fulgor parece-me que Crivellaro "exige" a titularidade.
Álvez: Não percebo como não é titular. Entrou a vinte(?) minutos do fim e fez um excelente golo, teve outro remate a rasar o poste e ainda participou em várias jogadas de perigo. Em vinte minutos. E, claro, ainda "libertou" Tomané para as funções em que este se sente melhor.
Cafu: Entrou para ajudar a segurar o resultado.
Miguel Oliveira, Plange, Caiado e Ricardo Gomes não saíram do banco.
Depois Falamos

Justo e à Justa

Foto: www.vitoriasc.pt /João Santos

Há coisas no futebol que detesto.
Uma delas são as superstições, as manias da sorte e do azar e tudo que que existe em volta dessas crendices.
Acredito firmemente que marcar golos dá sorte e sofrê-los dá azar.
A partir daí é treta em que não embarco.
Outra coisa que abomino são frases feitas em volta de ideias pré concebidas.
Como essa de que em equipa que ganha não se mexe.
Porque mexe.
Em equipas que ganham e em equipas que perdem.
Pela simples razão de que não há jogos e adversários iguais.
E por isso a equipa para o próximo jogo tem de ser a equipa para o...próximo jogo e não a equipa do jogo anterior só porque ganhou.
O que não significa que não possa ser a mesma,se o treinador entender que é a mais adequada, mas não apenas porque eventualmente tenha ganho o jogo anterior.
O Vitória vinha de uma derrota.
Injusta mas derrota e com alguns sinais de alerta quanto ao funcionamento da equipa e ao estado de forma de alguns jogadores.
Hoje Rui Vitória entendeu apostar no mesmo onze da eliminatória da taça.
E a exibição,  especialmente na primeira parte, voltou a estar muito aquém daquilo a que estamos habituados desde o inicio de época com uma equipa a denotar dificuldades em construir lances ofensivos, com lacunas evidentes em termos de construção de oportunidades de golo e com alguma intranquilidade defensiva agravada pelo golo madrugador do adversário.
A que uma arbitragem sem nível de Cosme Machado apenas ajudou a aumentar as dificuldades.
E a equipa quando o jogo de conjunto não "sai" vira-se para Hernâni e quase lhe exige que faça toda a "despesa" do futebol ofensivo fazendo do excelente extremo um "pau" para toda a obra.
O problema é que todos os adversários já se aperceberam disso e as marcações são cada vez mais impiedosas com o consequente desgaste do jogador vitoriano.
Na segunda parte com as entradas de Crivellaro e Álvez a equipa melhorou porque passou a ter posse de bola no ultimo terço do terreno e simultâneamente uma agressividade ofensiva muito maior fruto da qualidade do uruguaio e das dificuldades causadas pela sua presença na área em simultâneo com Tomané.
E quase arrisco dizer que nos 15 minutos que jogaram em simultâneo foram os mais produtivos do Vitória em termos de criação de lances de perigo para a baliza do Moreirense.
Em resumo pode falar-se de um triunfo justo, mas à justa, e com alguns sinais de alerta cada vez mais claros quanto ao funcionamento da equipa, ao estado de forma de alguns jogadores e ao próprio sistema de jogo.
Depois Falamos

sexta-feira, novembro 28, 2014

Encontro de Irmãos

Hoje , na abertura da 11ª jornada da Liga, joga-se um Vitória-Moreirense.
Que não é um derby, porque derbys são com o Braga, mas é um jogo entre "irmãos" dado tratarem-se de duas equipas do concelho de Guimarães.
O que para os vimaranenses é um orgulho.
Só Lisboa, Porto e Funchal se podem gabar de terem mais do que uma equipa nos respectivos concelhos pelo que Guimarães, que não tem o peso sócio-económico dos outros três, merece também por isso um destaque bem especial.
É um jogo entre dois clubes que tem muito em comum.
O mesmo concelho, como já referi, jogadores que foram figuras preponderantes em ambos, dirigentes que o foram dos dois clubes, directores desportivos no presente (Flávio Meireles e Marco Couto) que vestiram as duas camisolas e muitos adeptos que são associados de ambos os clubes.
Não tenho por isso nenhum problema em assumir que depois do Vitória é o Moreirense o clube que mais aprecio no futebol português e aquele que espero ver jogar todos os anos frente ao Vitória nestes "encontro de irmãos" perfeitamente invulgar no nosso futebol.
Porque nas bancadas todos temos a nossa preferência  não deixo de querer(como qualquer vitoriano) que o Vitória ganhe ao Moreirense todos os jogos em que se defrontarem assim como os adeptos "cónegos" pensarão exactamente o inverso.
Hoje será assim uma vez mais.
No palco do "Rei" vão encontrar-se o Vitória a fazer um campeonato excelente e ocupando o segundo lugar na classificação e um Moreirense a "navegar" em águas tranquilas, ocupando o nono lugar, pelo que à partida estão reunidos os condimentos para um bom jogo.
No qual o Vitória é, à partida, claramente favorito mas não podendo esquecer-se que esse favoritismo tem de ser comprovado no relvado face a um adversário de bom valor e o qual a História nos ensina a olhar com muito respeito.
Ou não fossem três eliminatórias da Taça de Portugal(duas no nosso estádio) em que o Vitória foi eliminado pelo Moreirense!
Por isso cautelas e caldos de galinha que nunca fizeram mal a ninguém.
E a certeza de que o triunfo corresponderá a ,pelo menos, mais duas noites no primeiro lugar!
Depois Falamos

quinta-feira, novembro 27, 2014

Um PS em Cacos?

Pela segunda vez na história da democracia portuguesa o PS é atingido por um escândalo de repercussões ainda impossíveis de prever na sua totalidade.
Depois do ainda hoje muito mal esclarecido caso "Casa Pia" surge agora o "Caso Sócrates".
E se no primeiro foram envolvidos nomes de dirigentes socialistas (sem que nada se tenha provado)neste é um ex líder do partido que por força de uma decisão judicial é encarcerado num presídio em regime de prisão preventiva.
Nada de pior podia ter acontecido ao recentemente eleito secretário-geral António Costa (um pouco a exemplo do acontecido em 2004 ao então recém líder Ferro Rodrigues) do que ver os seus primeiros dias de liderança atingidos por um "tsunami" desta dimensão.
Com a experiência de 2004 (era então líder parlamentar e presenciou a detenção de Paulo Pedroso) e do desvario socialista subsequente, Costa procurou via SMS travar os danos e colocar o PS o mais longe possível do epicentro da questão.
Definiu uma linha de rumo (separar politica de Justiça e a primeira não comentar a segunda) e convidou implicitamente os socialistas a não se pronunciarem sobre um assunto tão explosivo quanto este.
O problema de Costa, como de quase todos os lideres do PS excepto...Sócrates, é que a autoridade interna não é uma marca afirmativa da liderança e por isso não admira que um número crescente de socialistas se marimbe para as instruções do líder e desatem a comentar o que Costa nunca quereria ver comentado.
É certo que com alguma contenção (excepto Mário Soares mas esse é um caso aparte por várias razões)mas comentando.
Ferro Rodrigues, Vieira da Silva, António Vitorino, Silva Pereira, Santos Silva, Vera Jardim entre os mais destacados não resistiram à tentação e lá vieram publicamente manifestar a convicção na inocência de Sócrates o que é, por mais que o neguem, uma critica implícita à investigação e à autonomia do poder judicial.
Isto para já nem falar em "figuras menores" como João Soares (tem a quem sair), Edite Estrela ou o inenarrável deputado Fernando Serrasqueiro que teve a ousadia de comparar Sócrates a Mandela!
Tudo isto faz "ruído", enfraquece a liderança de Costa e chama a atenção para o PS quando o líder socialista sabe bem que a ultima coisa que interessa ao PS é ver atenções concentradas nele por este assunto.
E o pior ainda pode estar para vir.
Porque este fim de semana o PS tem congresso.
E Costa sabe bem que corre o risco de o congresso que devia ser o da consagração da sua liderança se poder facilmente tornar num congresso de solidariedade com Sócrates.
Não tanto por força das intervenções das principais figuras (partindo-se do principio de que esses terão "juízo) mas porque num congresso do PS,como do PSD ou CDS, é impossível impedir que militantes de base com o coração ao pé da boca subam à tribuna para fazerem discursos exaltados de apoio a Sócrates e de critica feroz (seguindo o péssimo exemplo do fundador do partido) ao poder judicial.
E esse é um cenário de terror para Costa.
Ver um congresso em pé a aplaudir o recluso nº 44 da cadeia de Évora e a vaiar o poder judicial, os magistrados e a separação de poderes essencial à estruturação de um estado de Direito.
É uma ameaça, real, de curto prazo.
A que se junta outra , bem pior, porque vai estender-se no tempo.
E que é o estabelecimento prisional de Évora transformar-se num local de romagem, para gáudio dos jornalistas que por lá vão "acampar", de amigos de Sócrates, de saudosos do "socratismo" e de todos aqueles personagens em busca de mediatismo e que sabem que lá terão os seus cinco minutos de fama garantidos.
E isso não interessa a Costa por duas razões.
Uma porque centra as atenções no "velho" PS quando ele quer afirmar o"novo" PS (já vi esta separação de entidades em qualquer lado...)longe de escândalos e da má memória de uma herança que ironicamente o levou ao poder interno mas que é agora puro "lixo tóxico".
E a outra, a mais importante e decisiva de todas, porque Costa sabe que em Évora não está preso apenas José Sócrates o outrora "menino de oiro" do PS.
Em Évora também está em prisão preventiva a forma como o PS , e não apenas Sócrates, governou Portugal entre 2005 e 2011.
E essa é a bomba de relógio que Costa teme que lhe estoire nas mãos na pior altura.
Porque ele sabe que deste processo, inevitavelmente, surgirão danos colaterais para o partido e para alguns dos seus dirigentes ou ex dirigentes.
E por isso receia que depois da subida ao "Coliseu", este fim de semana no congresso na FIL, a porta do estabelecimento prisional de Évora seja a "Rocha Tarpeia" da sua liderança.
E a distância entre Coliseu e Rocha Tarpeia, como se sabe, nunca foi muito grande...
Depois Falamos

quarta-feira, novembro 26, 2014

A Jornada da Champions

A penúltima jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, e no que toca ás equipas portuguesas, limitou-se a confirmar uma tendência que se vinha afirmando desde algum tempo a esta parte.
O Porto realizou uma fase de grupos brilhante e já está apurado como vencedor do respectivo grupo o que, em teoria, lhe permitirá escapar nos oitavos de final aos clubes mais difíceis que são os que como ele vencerem os respectivos grupos.
Em teoria porque nos oitavos de final da liga dos campeões há tudo menos adversários fáceis.
Ontem , jogando em casa do Bate Borisov, o Porto fez uma exibição tranquila e venceu com toda a naturalidade.
Obrigação cumprida.
O Sporting tem lutado bravamente pelo apuramento é o mínimo que se pode dizer.
Que até já podia estar garantido se não fosse a ingenuidade com que deixou o Maribor empatar em tempo de descontos no jogo disputado na Eslovénia e depois aquele "roubo de igreja" de Gelsenkirchen que o privou de um precioso ponto.
Mas continua a só depender dele próprio e do que conseguir fazer em Londres perante um Chelsea já apurado.
Ou até pode nem precisar desse resultado se o Maribor,em casa, não perder com o Schalke 04.
O Benfica também ele confirmou o que se esperava.
Derrotado por um Zénit que não lhe foi superior despede-se da Champions com o sabor amargo de ter feito uma fase de grupos abaixo das suas possibilidades e ver apurarem-se equipas ao seu alcance.
Terá pago, uma vez mais,o provincianismo do seu treinador para quem é mais importante tentar ser o "rei da paróquia" do que afirmar o clube no espaço europeu que é o que mais interessa a um clube com a dimensão e o palmarés do Benfica.
E se esta época o SLB não tem equipa que lhe permitisse sonhar com altos voos na prova milionária já nos anos anteriores, com equipas de bem maior valia, podia ter feito outro percurso se tivesse um treinador com outras ambições.
Problema dele.
Do Benfica.
Para a ultima jornada as expectativas são bem diferentes.
O Porto vai cumprir calendário e tentar acabar a fase de grupos com mais um triunfo(e os correspondentes milhões) , o Sporting lutar por um apuramento que bem merece e o Benfica  tal como o Porto também cumprirá calendário.
Mas num contexto bem diferente dos "dragões".
Porque fruto da derrota de hoje e do triunfo do Mónaco face ao Bayer Leverkusen o SLB está afastado quer da Champions quer da Liga Europa.
Sortes bem diferentes para os três clubes.
Depois Falamos

terça-feira, novembro 25, 2014

Talento Imenso

Ver jogar Hernâni é hoje um privilégio para quem gosta de futebol independentemente da respectiva cor clubistica.
Porque os grandes jogadores, os senhores de um talento imenso, não são apenas jogadores de um clube mas património de todos aqueles que gostam e seguem a mais fabulosa modalidade desportiva existente no nosso planeta.
Não é preciso ser do Real Madrid para apreciar Ronaldo, do Barcelona para apreciar Messi, do PSG para apreciar Ibrahimovic, do Manchester United para apreciar Falcao ou do Manchester City para apreciar Kun Aguero para citar apenas alguns exemplos do topo do mundo.
Pelo contrário é preciso não gostar nada de futebol para não se gostar de ver esses jogadores espalharem talento, magia e arte pelos relvados.
Em termos nacionais o ser vitoriano não me impede de apreciar o talento de Gaitan, de Jackson Martinez, de Nani, de Miguel Rosa, de Rafa (este, por acaso, no domingo não apreciei nada...) e de outros jogadores que dão qualidade e dimensão ao futebol.
É o caso de Hernâni.
Que é não só um dos melhores jogadores deste campeonato como um dos melhores futebolistas portugueses da actualidade com um futuro absolutamente brilhante se a sua evolução continuar e confirmar tudo que tem mostrado até aqui.
É um jogador que entusiasma.
Pela velocidade, pelo drible, pela espontaneidade, pela fantasia, pela capacidade de remate, pelas assistências que faz, pela coragem com que sendo castigado com sucessivas faltas se põe a pé e na jogada seguinte vai outra vez "para cima" do adversário faltoso.
Num país que formou grandes extremos (José Augusto, Simões, Dinis, Marinho, Néné, Seninho, Chalana, Costa, Futre, Figo, Quaresma, Nani entre outros) , daqueles que levantam as bancadas com o brilho das suas arrancadas,dribes,cruzamentos e golos o vitoriano Hernâni está no caminho de se juntar a essa galeria de ilustríssimos executantes.
Tem tudo para isso.
Por isso o gosto que temos de o ver com a nossa camisola e a pena que teremos quando um dia ele partir para outros voos no futebol internacional e de preferência num grande clube europeu.
Espero apenas que quando esse dia chegar a tristeza de o ver partir seja devidamente recompensada por um encaixe financeiro compatível com o seu talento e com o prejuízo desportivo de deixar de jogar por nós.
Porque de Paulinho Cascavel a Paulo Oliveira são já demasiados os exemplos de tristezas mal compensadas!
Depois Falamos

segunda-feira, novembro 24, 2014

O Nosso 14

Fizeram tudo para ganhar.
Com garra, coração, talento e esforço.
Jogando, em boa parte do jogo, bom futebol e reduzindo o adversário à vulgaridade.
Mas há dias assim...
Individualmente:
Assis: Sofreu dois golos sem culpa e ainda terá evitado mais três.Uma excelente exibição de um guarda redes com com jogos em continuidade tem mostrado o seu valor.
Bruno Gaspar: Um jogo de grande intensidade em que procurou apoiar o ataque. A defender ...algumas dificuldades.
Josué: Fez um bom jogo sem grandes problemas para resolver. A substituição ter-se-à devido ao "amarelo" mas não sei se foi boa opção. O seu bom jogo de cabeça podia ter ajudado nos últimos minutos.
João Afonso: Tal como Josué não teve grandes ( mas com Éder quem tem ?) problemas embora aqui ou ali tenha denotado alguma precipitação . A atacar bem procurou o golo mas não era dia.
Traoré: Não fez um grande jogo muito por força das cautelas defensivas a que Pardo o obrigou. E não podendo atacar como gosta o seu jogo perde dimensão. Saiu numa substituição natural.
Bouba: Um dos melhores vitorianos uma vez mais. Bem a defender, bem a sair para o ataque com processos simples, é um jogador essencial nesta equipa. O seu recuo para central,depois da saída de Josué, abriu uma clareira na nossa intermediaria que bem cara nos podia ter saído se o Braga tivesse aproveitado melhor esse espaço. Felizmente, e com muito mérito de Assis, isso não aconteceu.
André: Empenho e vontade inegáveis. Mas o jogo não lhe "saiu" particularmente bem. Por vezes parecia algo perdido em terrenos que não lhe são habituais. No penalti uma execução perfeita.
Bernard: Vai a caminho de ser um grande jogador. Mas que, até pela juventude, tem de ser defendido. E isso passa por retirá-lo do jogo quando,como ontem a partir dos 60/65 minutos, se encontra cansado. E o cansaço fê-lo perder discernimento, começou a refugiar-se em jogadas individuais em que parecia querer fazer tudo sozinho, e as consequentes perdas de bola deram origem a perigosos ataques adversários. Enquanto esteve bem..."tivemo-lo" em muito bom plano.
Hernâni: De longe a "estrela" maior do jogo de ontem. Grandes jogadas, grandes dribles,passes de encantar um gama de recursos que torna o seu futebol espectacular. Muito "castigado" com faltas (perante a tolerância do apitador) nunca se atemorizou e fez 90 minutos de alto nível.
Tomané: Continua a sacrificar-se como ponta de lança fixo quando as suas caracteristicas apontam para jogar mais solto caindo dos flancos no meio a secundar um avançado mais em ponta. Luta bravamente, não regateia esforços, sai esgotado mas não se tira todo o partido das suas qualidades.
Alex: Fez um bom jogo. Quer nas jogadas de ataque quer quando recuou para lateral após a saída de Traoré. Nos lances de bola parada dividiu com Bernard um série de cruzamentos perigosos. Se noutros jogos ser o primeiro a sair se tem justificado ontem ,se calhar, nem devia ter saído.
Álvez: Está com falta de jogo como se notou em alguns pormenores. Lutou muito mas teve muito poucas oportunidades de visar a baliza. Acho que a equipa ganharia mais com ele a ponta de lança e Tomané mais solto.
Crivellaro: Mereceu uma oportunidade mas longe das zonas onde podia ser mais eficaz. Jogador eximio no ultimo passe e no remate forte e colocado jogou muito longe da área adversária e dos pontas de lança. Acabou quase a lateral esquerdo depois da saída de Alex.
Ricardo Gomes: Ultima tentativa de chegar ao empate percebeu-se a intenção da sua entrada. Alto,forte,com bom jogo de cabeça podia dar maior poder de "fogo" na área bracarense. Teve um remate perigoso mas ligeiramente ao lado.
Miguel Oliveira, Plange, Cafu e Gui não foram utilizados.
Depois Falamos.

P.S. Não posso deixar de dizer que tive saudades de...Barrientos.
Mas isso são outros contos...

Imagens do Vitória-Braga

  
                                                                                                                 

                    
                                   

domingo, novembro 23, 2014

Inglório

Há derrota que provocam mais azia do que outras.
Já se sabe que perder com o Braga é uma das piores derrotas para um verdadeiro vitoriano.
E quando se perde como hoje então a azia é ainda maior.
Em traços gerais há que dizer que num jogo de sentido quase único, e de completo domínio vitoriano, os bracarenses souberam aproveitar bem duas oportunidades e construíram uma vantagem que se revelou intransponível para a equipa vitoriana.
O Vitória até entrou bem no jogo empurrando o adversário para um jogo defensivo, continuamente faltoso e de queima de tempo do mais primitivo que se tem visto nos últimos tempos, mas que não impediu que em esporádicos contra ataques criasse dois lances de grande perigo junto da baliza vitoriana.
Por seu turno o Vitória, especialmente através de uma soberba exibição de Hernâni, criou vários lances de golo junto da baliza visitante mas a verdade é que por isto ou por aquilo a bola não entrou e as oportunidades goraram-se.
E como quem não marca...sofre foi precisamente isso que aconteceu.
Num lance em que os jogadores vitorianos fizeram demasiada cerimónia em tirar a bola da sua área um ressalto isolou Rafa que fez golo sem qualquer hipótese para Assis.
Logo a seguir, e aproveitando alguma ânsia do Vitória (e também alguma ingenuidade derivada da falta de experiência), num lance de contra ataque em que tudo lhes correu bem (a começar pela "cegueira do árbitro)o Braga conseguiu chegar ao segundo golo e foi para intervalo com uma vantagem em nada merecida.
Na segunda parte mais do mesmo.
Faltas atrás de faltas, queimas de tempo atrás de queimas de tempo, o Braga lá foi gerindo o tempo e esperando que o discernimento da equipa adversária fosse diminuindo com o aproximar do fim do jogo.
Pelo meio, e aproveitando o balanceamento ofensivo vitoriano, lá foram ensaiando uns contra ataques com algum perigo a que a defensiva vitoriana e Assis conseguiram por cobro em dois dos casos com imenso mérito do guardião vitoriano.
O Vitória ainda marcou, de grande penalidade (à terceira o árbitro lá marcou...), e até ao fim continuou a pressionar intensamente o adversário com a bola a rondar a baliza bracarense com perigo em meia dúzia de ocasiões mas sem a felicidade que tivemos em Arouca mas nos faltou hoje.
E como os golos é que contam o Braga lá se apurou com uma exibição pouco mais que miserável mas a que a sorte, a eficácia ofensiva em dois momentos e a complacência do árbitro deram o acréscimo necessário a vencer .
Sendo certo que a jogar assim não irá muito mais longe.
O Vitória sai da Taça de cabeça erguida e credor de aplauso, que não lhe foi regateado pelos seus adeptos, pela exibição que fez e por tudo ter tentado para sair vencedor.
Mas hoje a sorte do jogo não estava com a equipa.
Sobre o árbitro não me vou pronunciar longamente porque há hoje pessoas na nossa SAD que são remuneradas para defenderem os interesses do Vitória.
Se estiverem tão incomodadas como eu e a generalidade dos vitorianos que o façam.
Se não estiverem, tudo bem, também já estamos habituados aos silêncios nestes assuntos.
Mas ainda direi o seguinte sem querer falar das três faltas não assinaladas no segundo golo do Braga ou dos dois penaltis que ficaram por marcar contra os visitantes.
Na segunda parte foram feitas seis substituições, a equipa médica bracarense entrou em campo três ou quatro vezes, foram mostrados a jogadores de ambas as equipas um total de oito cartões e foi apontado um golo.
Um árbitro que com tantas interrupções dá quatro minutos de compensação anda a mais no futebol.
Depois Falamos.

sábado, novembro 22, 2014

PS "Tóxico" ?

Ponto prévio: Ser detido não é ser preso, ser investigado não é ser julgado, ser acusado não é ser condenado.
E por isso José Sócrates tem direito, como qualquer cidadão, à presunção da inocência até prova definitiva de culpa.
A Justiça fará o seu trabalho e o que se espera é que consiga apurar toda a Verdade.
Agora é inegável que a sua detenção no âmbito de investigações complexas e que o levam a ser suspeito de crimes graves (corrupção, fraude fiscal agravada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos) pressupõe a existência de indícios fortíssimos porque só isso levaria um juiz a autorizar a detenção de um ex primeiro ministro e ex líder do PS ao invés de o constituir arguido e convocar para depor.
E se na liderança de António José Seguro o PS poderia passar relativamente ao lado deste caso dado o distanciamento do também ex líder em relação á acção governativa de Sócrates já com António Costa o caso muda, e muito, de figura.
Porque Costa foi durante anos o número dois de Sócrates no partido, integrou o seu primeiro governo e sempre alardeou uma profunda solidariedade politica e pessoal com o agora detido.
Aliás o "golpe de estado" que patrocinou no PS para depor Seguro teve como agentes activos alguns ex governantes de Sócrates (Pedro Silva Pereira, Vieira da Silva, Marcos Perestrelo, Santos Silva, etc) a par de outros apoiantes "ilustres" como Mário Soares, Manuel Alegre e Ferro Rodrigues num autêntico exército de ressabiados contra o PSD e o CDS mas também contra Seguro e a sua equipa dirigente.
Que nunca esconderam a saudade dos tempos de Sócrates, os elogios ao seu governo e à sua pessoa e o desejo de um regresso rápido a esses tempos via António Costa.
Todos recordamos o patético (e agora comprovadamente pateta) discurso de Ferro Rodrigues no Parlamento,semanas atrás, numa tentativa de reabilitação pura e dura do ex primeiro ministro.
Muito aplaudido por quase toda a bancada socialista convém lembrar.
E por isso no dia em que vai ser formalmente eleito líder do PS o alcaide lisboeta tem o mais sério problema da sua vida politica para resolver.
E as hipóteses são apenas duas:
Ou tem uma atitude humilde, reconhece os erros, admite que o tempo de Sócrates foi um "buraco negro" na governação e na transparência do governo e deixa-se de arrogâncias e de um ar de "salvador" da Pátria que não convence ninguém fora do circulo de fieis esperando que os portugueses façam o seu juízo relativo a esses tempos.
Ou então procura, num estilo que é mais o dele há que reconhecer, misturar o que não é misturável, evocar sinistras "conspirações",demarcar-se do que apoiou, renegar o que seguiu, desdizer o que disse e fazer tudo isso sem parecer um "troca tintas" e procurando convencer as pessoas de que aquilo que agora diz é que é verdade e o que andou anos a dizer não era bem assim.
Porque Costa sabe bem que a partir de ontem tudo que diz respeito a Sócrates é altamente "tóxico".
E se essa toxicidade se estender ao PS, ainda que por mero contágio e sem factos adicionais que envolvam outros governantes desse tempo, então vencer 2015  será ainda mais difícil do que acreditar
que Sócrates está inocente de tudo que o acusam.
Depois Falamos

sexta-feira, novembro 21, 2014

Sugestão de Leitura


Foi-me oferecido num aniversário já algo remoto.
Comecei a ler mas depois meteram-se outras prioridades, outras leituras e foi ficando na estante à espera de vez.
Que aconteceu por estes dias.
E li-o rapidamente porque é um livro magnifico sobre não só a Família Bush e os seus políticos como também um retrato cru (mas não é cruel) de uma certa América desde o inicio do século 20 até ao fim da presidência de George W. Bush.
Uma "viagem" acompanhando os percursos dos dois presidentes Bush, passando pelos bastidores do Partido Republicano e por algumas das personagens incontornáveis desses tempos não muito gloriosos para os Estados Unidos.
Lá encontramos Dick Chenney talvez o mais poderoso vice-presidente da história americana, Donald Rumsfeld o "falcão" do Pentágono, Condolezza Rice a especialista em politica internacional que aconselhava o 43º presidente e Karl Rove o mago das campanhas eleitorais e que fez de Bush um ganhador.
Pelo livro passam também alguns dos mais significativos acontecimentos da ultima década desde o 11 de Setembro à invasão do Iraque.
E todos os processos decisórios relacionados com esses acontecimentos.
É um livro extremamente interessante mas que deixa algumas preocupações.
Nomeadamente sobre como se pode chegar a presidente dos Estados Unidos e como depois de o ser se ouvem determinados conselhos e se tomam determinadas decisões que implicam o mundo inteiro.
Em qualquer dos casos uma livro que vale bem a pena ler.
Tenho pena, mas quanto a isso nada pode ser feito, de não o ter tirado da estante mais cedo.
Depois Falamos

Um Erro de Regime

Actualização: Na sessão parlamentar de hoje de manhã o PSD, através do deputado Couto dos Santos, retirou a proposta de restabelecimento das subvenções vitalícias. É uma atitude digna e que prova que a direcção do partido não é insensível à opinião pública.
Mas fica a "mancha" de a proposta ter existido e sido aprovada em comissão.
E essa "mancha" era bem dispensável.

Detesto a demagogia que tantos gostam de cultivar contra a política e os políticos, o Parlamento e os deputados, no fundo contra a própria Democracia e contra isso me tenho batido neste e noutros espaços ao longo dos anos.
E continuarei a fazê-lo.
Porque a democracia nem se discute, o Parlamento é um orgão de soberania essencial e os deputados são eleitos pelo povo e representam-no com todas as suas virtudes e defeitos.
Mas hoje digo, de forma contida, que não me arrependendo desta posição considero que a bandeira que encima o palácio de S. Bento devia estar a meia haste.
Como forma de luto parlamentar, já que arrependimento não me parece que exista, pela "atrocidade" ontem cometida naquelas bancadas por uma "insólita" maioria de Bloco Central (PSD e PS que por vontade do segundo não se entendem em mais nada entenderam-se "naquilo")que viabilizou o fim da suspensão das subvenções vitalícias pagas a ex titulares de cargos políticos.
Num país com as dificuldades que se conhecem, com um povo sujeito aos tremendos sacrifícios que se sabem, com as famílias a atravessarem dificuldades imensas os senhores deputados do Bloco Central não tinham mais nada em que convergirem que no reestabelecer de regalias, já de si altamente discutíveis, a quem não precisa delas.
Não precisa!
Porque elas não são reformas nem pensões de sobrevivência.
São uma regalia que PS e PSD criaram em 1985, no governo do Bloco Central liderado por Mário Soares (que fala de tudo mas deste assunto ainda não lhe ouvi uma palavra..), para quem tenha cumprido "x" anos de vida politica e acumuláveis com reformas ou salários para aqueles que ainda se mantenham na vida activa.
Uma obscenidade em suma.
E quando a obscenidade é cometida pelos dois partidos que sustentam o regime, porque ao longo dos anos tem alternado nas lideranças dos governos, é um erro tão grande que só não põe em causa o próprio regime tal como é porque temos uma opinião pública relativamente fraca e muito pouco exigente.
Num tempo de incertezas várias, de descrédito do povo relativamente ás instituições, de um descrédito que se acentua em relação aos políticos e aos partidos só faltava mesmo um disparate destes para aumentar a revolta latente nos cidadãos.
E nem vou responsabilizar José Lello (que ninguém leva a sério para coisa nenhuma senão para "isto") nem Couto dos Santos (que ninguém se lembraria que ainda anda na vida política se não fora "isto")pela autoria da proposta.
É evidente que a sua aprovação tem "benção superior" das direcções parlamentares de ambos os partidos.
Lamentável.
Depois Falamos.

P.S. PCP,que sempre foi contra esta regalia, e BE votaram contra a proposta.
Fizeram muito bem.
CDS absteve-se, numa matéria em que a abstenção é um consentimento pelo silêncio, e fez mal.